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A modelagem representa uma parte importante do trabalho abrangido atualmente pela Psicologia, porque se ocupa de descrever a atividade cognitiva sob o ângulo de seu funcionamento, ou seja, em termos de processos cognitivos. O quadro conceitual dominante para apreender estes processos é aquele de um sistema cognitivo concebido de maneira geral como um dispositivo de tratamento e arma- zenamento de informação.

Os primeiros modelos, elaborados por Newell e Simon (1961), para tentar analisar a atividade cognitiva em situações de resolução de problemas, eram modelos procedurais que se aplicavam a problemas cujo objetivo, a resposta final, era co- nhecida e que eram formalizáveis de modo unívoco (espaço-problema).

Esses modelos não conservavam nenhum traço de seu funcionamento e não apelavam a nenhum conhecimento externo ao espaço-problema (caracterização

dos estados e dos operadores) e suas próprias regras de funcionamento (análise meios-fins).

Assim, eles geravam uma única solução, a solução ideal, considerada por simular o comportamento de um sujeito que já sabe resolver o problema tratado.

Passamos, então, dos modelos procedurais a modelos que, partindo das hipóte- ses sobre o conhecimento e os mecanismos de tratamento dos sujeitos, situavam as resoluções observadas no conjunto das resoluções possíveis. A primeira questão importante é sobre o grau de generalidade que visam estes modelos na descrição e interpretação dos comportamentos de resolução de problemas. Deste ponto de vista, os modelos publicados nos últimos anos apresentam um leque espantoso.

No presente estudo, modelamos Gaia, o Socius, e a subjetividade Humana, como organismos vivos, entidades autopoiéticas competindo cegamente pela própria sobrevivência. O objetivo maior da modelagem que estamos propondo, no en- tanto, é buscar um nível de conhecimento que substitua essa ‘evolução cega’ em uma ‘evolução consciente. O modelo é dinâmico, permitindo simulações e previ- sões, dentro de uma abordagem heurística em que a retroalimentação dos resul- tados reais, permite o ajuste da máquina, o contínuo aperfeiçoamento do modelo.

Piaget, Lacan, Moscovici e outros teóricos fornecem a sustentação teórica para o modelo. Se o homem fala, a sociedade fala, e a terra reclama contra os abusos contra ela praticados, é possível, através de técnicas de análise de discurso, reu- nir os dados necessários à construção do simulador proposto.

Um organismo atua dentro de seu meio ambiente executando tarefas que podem ser decompostas em atividades. Regulação da atividade é a função que tem por objetivo a seleção das tarefas e seu ordenamento no tempo e consiste em:

â definir prioridades entre estas tarefas,

â conceder recursos para sua realização (tempo a passar, esforço a fornecer), â em decidir pelo abandono de uma tarefa.

Controle consiste em utilizar os meios necessários à realização de uma tarefa, na monitoração do seu bom desenvolvimento e na avaliação dos resultados.

O controle é constituído pelas atividades que, uma vez fixada a tarefa, concorrem para sua realização sem aparecer diretamente nesta realização: são, de uma parte, anteriores e, de outra, posteriores à execução. As primeiras constituem a programação das ações, a qual utiliza planos elaborados especificamente para a tarefa ou procedimentos gerais. As segundas são as atividades de vigilância da execução, de diagnóstico e recuperação dos incidentes, de avaliação dos resulta- dos da ação. (Richard, 1990)

Os elementos e relações entre elementos da máquina autopoiéticas humana po- dem ser definidos, numa metáfora psicológica aos trabalhos de Lacan e Piaget, pelos conceitos de Subsistema de processamento primário (Real), Subsistema de processamento secundário (Imaginário) e Espaço de Restrições (Simbólico).

:Subsistema de processamento primário

Definimos como subsistema de processamento primário aquele que, a partir de estruturas que apresentam a forma 〈pulsões: objetos destas pulsões〉 regulam todo o processo de aquisição de conhecimento. Essas estruturas são construídas pelo mecanismo de equilibração de Piaget a partir de estruturas inatas e pelo dis- curso do ‘outro’.

Entidades

Atributos Vínculos com outras entidades

Dimensão Dimensão Dimensão Dimensão Física Afetiva Cognitiva Espiritual

Domínio Domínio Domínio Domínio Linguístico Cognitivo Conduta Observação

Domínio de Auto-observação

Processador Primário Eapaço de Restrições

fomes físicas fomes de afeto fomes cognitivas vontades Memória Episódica Resistência Repressão

Figura 4 Arquitetura aberta, para simulação de entidades autopoiéticas

:Subsistema de processamento secundário

Do processador primário saem as mensagens internas que nos fazem ir ao mun- do em busca dos objetivos que atendam nossas pulsões. O subsistema de pro- cessamento secundário domina a capacidade de síntese, a motricidade e organi- za a simbolização. É ele que processa as informações vindas do universo à sua volta e tenta conciliar os dados do meio-ambiente com os desejos da entidade autopoiética e as restrições construídas durante a ontogênese da mesma.

Eventos

Memória Episódica Processador

Em nosso modelo usamos uma arquitetura do tipo quadro-negro com os níveis definindo as dimensões de expressão da entidade e os subníveis definidos pelo tipo de comportamento exibido em cada uma dessas dimensões. Cada entidade possui, dentro de cada um desses domínios e dimensões, atributos, os quais po- dem agrupar-se quanto à forma como se relacionam e quanto à forma como são representados

:Espaço de restrições

Através da experiência da entidade no mundo vão sendo internalizadas normas referentes ao que é proibido e o que é valorizado e deve ser ativamente buscado. Essas proibições não são dados a priori mas devem ser construídas, ou seja, vão depender da história psicológica da entidade autopoiéticas que se pretende mo- delar. Para isso modela-se o espaço de restrições como um processador associ- ado a uma memória episódica.

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