• Nenhum resultado encontrado

Parte II – Trabalho de investigação

Capítulo 2 – Revisão da literatura

2.4 Didática da História

Quando se fala em Didática da História, somos de imediato conduzidos em torno da ideia de estratégias de ensino transmissivo, ou seja, leitura do manual, exposições e exercícios de consolidação. A Didática reporta-se ao ensino e é um conjunto de princípios, métodos e técnicas para o ensino-aprendizagem ser eficaz. A Didática não pretende relatar o que se ensina, mas sim como se deve ensinar. O que se pretende com a Didática da História é melhorar o ensino da História, de forma que os alunos possam ter um melhor aproveitamento escolar e pessoal nesta área disciplinar.

Sendo a sala de aula um local propício para o desenvolvimento do conhecimento, alarga as hipóteses de se alcançar outras dimensões do ensinar e aprender e repõe o debate, não apenas em termos das

estratégias de ensino, mas da própria essência das funções que os alunos e os professores têm na formação do conhecimento.

O conceito de didática está diretamente associado ao triângulo didático proposto por Brousseau (1996)

“Uma reflexão é histórico-didática na medida em que investiga seu objeto sob o ponto de vista da prática da vida real, isto é, na medida em que, no que se refere ao ensino e à aprendizagem, se preocupa com o conteúdo que é realmente transmitido, com o que podia e com o que devia ser transmitido.”

Bergmann, 1990, p.29

Figura 1- Triângulo Didático. Fonte: Almouloud, 2007,

que se baseia em três elementos – o professor, o aluno e o saber – que são partes integrantes de uma relação dinâmica e complexa que determina a forma como estas relações se irão estabelecer. Contudo, não se deve ter só em conta os vértices, mas também as inter-relações que estabelecem entre os vértices que originam o campo didático, ou seja, o processo de ensino-aprendizagem. Assim, podemos dizer que o triângulo didático estabelece as interações entre o professor e o aluno em torno do conhecimento.

A relação existente entre o professor e o saber está relacionada com a elaboração de conteúdos, isto é, o docente familiariza-se com o conhecimento com o intuito de transmitir o mesmo aos seus alunos.

Segundo Schmidt (1998, p.57), na perspetiva do ensino da história, defende-se a ideia da aula como “o momento em que, ciente do conhecimento que possui, o professor pode oferecer ao seu aluno a apropriação do conhecimento histórico existente, através de um esforço e de uma atividade que edificou este conhecimento.”

Desta forma, coligada a este ponto de vista que repõe o método de produção do conhecimento com o método de ensino, defende-se como espaço de compartilhamento de significados (Schmidt & Garcia, 1999).

É fundamental que um professor tenha conhecimentos consistentes sobre a didática da História para conseguir ensinar História aos seus alunos.

A relação entre o discente e o saber remete para as “estratégias de apropriação” (Astolfi, 1997, p.81), isto é, os alunos são “confrontados no decurso do seu processo de ensino-aprendizagem com representações ou conceções sobre a escola e os professores e com os obstáculos e erros que se interpõem na resolução de problemas” (Antas, 2014, p. 184), ou seja, esta representação em didática está associada a ideias pré-definidas que criam em volta de uma disciplina.

Temos de ter conta a importância da relação entre o professor e o aluno, pois esta é essencial para o sucesso do processo ensino-aprendizagem.

O professor deve apropriar-se dos recursos didáticos de que dispõe e tirar o seu melhor aproveitamento com o objetivo de facilitar a aprendizagem do aluno, nunca esquecendo que os mesmos devem ser bastante variados.

No triângulo didático existe ainda um setor central de construção de situações didáticas, sendo este o momento em que os três vértices interagem entre si. O professor e o aluno, tendo como o objetivo o conhecimento, “estabelecem o denominado contrato didático que pode ser definido como o conjunto de comportamentos específicos do professor que são esperados pelo aluno e vice-versa” (Antas, 2014, p. 186).

Como é sabido, a didática não nos fornece “receitas mágicas”, mas coloca-nos um desafio: como tornar o ensino da História mais prático, mais cativante de modo a que os alunos se sintam motivados e empenhados para se sentirem capazes de procurarem sozinhos os desafios colocados por esta área disciplinar? Tendo em conta que a didática da história fornece apenas ao professor orientações que o auxiliam no ensinamento de história de uma forma mais eficaz, o docente deve ter em conta algumas considerações educacionais no ensino da História, tais como: adequar o ensino da História ao nível etário dos seus alunos; adaptar a forma de ensino da História às caraterísticas dos grupos; orientar o planeamento das atividades de aprendizagem; rentabilizar os recursos didáticos; aplicar e integrar conhecimentos provenientes de outras áreas disciplinares no ensinamento da História; utilizar formas inovadoras de educação; entre outras.

Tal como foi referido anteriormente, os professores de História ainda estão muito apegados a estratégias do tipo transmissivo e este método, consecutivamente, leva a que os alunos sintam que as aulas de História são continuamente iguais umas às outras, o que provoca a desmotivação e o desinteresse. Para contrariar essa tendência, o professor deve ter em conta a didática da História, visto que esta oferece mecanismos para promover diversas estratégias de ensino. Contudo, é importante não esquecer que a própria disciplina impõe variadas limitações que poderão ser contrariadas através das caraterísticas próprias de cada turma. Podemos afirmar que a História desenvolve nas crianças uma certa excitação e atenção, pois estas apreciam fantasia.

Segundo Prats (2006), os objetivos fundamentais do ensino da História são analisar os acontecimentos sucedidos no passado; deduzir que no passado existiram muitas visões diferentes; relacionar que existem diferenciadas maneiras de adquirir, obter e avaliar informações sobre o passado e transmitir de forma estruturada o que se estudou, ou se alcançou sobre o passado.

A História é fundamental para a educação intelectual, pois está relacionada com as diferentes disciplinas para apoiar nos seus variados aspetos.

Um professor de História deve ser capaz de envolver os seus alunos de maneira a que eles sistematizem o seu pensamento e, desta forma, entendam a sequência histórica dos acontecimentos ocorridos no passado.

Moreira (2001, p. 35) afirma que “o ensino da História deve privilegiar a construção de esquemas cognitivos e o desenvolvimento de competências em vez da memorização de conhecimentos”.

Ainda é longo o caminho que a Didática da História tem de percorrer para encontrar formas motivadoras de ensinar História aos nossos alunos atuais, o que

consequentemente melhora o ensinamento da História nas nossas escolas. Para procurarmos encurtar um pouco o caminho, apresentaremos, de seguida, um pequeno contributo, ao cruzarmos a História com a literatura de potencial receção infantil.