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No fi nal da missão organizou-se uma sessão de “debriefi ng” e de análise, em que os presentes sumariaram as suas impressões da visita. Sumariam-se de seguida as opiniões recolhidas:

Martins Ferreira (Intermolde):

Os indianos parecem estar mal informados sobre a indústria portuguesa de moldes e não terem contactos assíduos com os portugueses, apesar de terem consciência da sua qualidade e competitividade.

De um modo geral os indianos vêem os portugueses como potenciais fornecedores, ao con- trário dos chineses que tendem a olhar Portugal acima de tudo como potenciais investidores para produção local.

Leite Pinto (Olesa):

O mercado indiano é um grande mercado, com muita diversidade, onde existem oportunida- des, mas não é um mercado fácil.

A cultura de negócio é difícil para nós. São muito exigentes, voláteis e instáveis. Parecem nunca acreditar no combinado.

Comprar os fornecimentos necessários ás operações exige conhecimento local e é complicado para os estrangeiros, È preciso um indiano que conheça as lojinhas disto e daquilo, e as dis- tancias são grandes... é um ambiente de negócio complicado para um estrangeiro. Por vezes é preciso esperar quinze dias para se conseguir ensaiar um molde. Mas apesar de tudo, é mais fácil do que a China, a qual inspira menos confi ança.

O pessoal tem capacidades, mas precisa de ser estimulado, tendo tendência para um ritmo lento. Todos têm a mania dos computadores: a atracção de um emprego nas tecnologias de informa-

DEBRIEFING, CHENNAI

(3 de Março)

ção é um factor de instabilidade. Mesmo com um vencimento inferior, tendem a sair logo que conseguem uma oportunidade para trabalhar à frente de um computador. Um emprego com computador é hoje em dia sinónimo de promoção social. Na em- presa na Índia tem dois ou três que não se importaria de levar para Portugal e pagar à portuguesa, mas os restantes não.

O problema sindical é muito grave, sendo necessário lidar com os favores aos delega- dos sindicais. Há permanentes fi scalizações às empresas, por tudo e por nada, ainda muito com a ideia de que as empresas europeias vêem para a Índia “para sacar”. Os auditores têm responsabilidades para com o próprio Estado. A burocracia é compli- cada.

Por rupias na Índia a partir de Portugal é muito complicado e em Portugal não há experiência disso e não se consegue assegurar um pagamento fi xo em rupias.

Manter na Índia quadros portugueses também não é fácil, até porque no regresso podem já não saber trabalhar ao mesmo ritmo.

E as viagens são muito longas. Vir à Índia signifi ca na prática uma semana.

Os fabricantes japoneses estão muito agressivos na Índia (gabaris, moldes) e com preços competitivos. Na realidade uma das principais concorrências para Portugal poderá ser os japoneses. Mas os indianos utilizarão apenas os japoneses e os portu- gueses enquanto não forem capazes de os fazerem.

Miguel Fortuna (Plasdan):

A Índia parece ter potencial para as empresas portuguesas. As empresas ocidentais que se instalam na Índia precisam de fornecedores, locais ou ocidentais. A oportuni- dade parece passar pelas empresas ocidentais, que nos conhecem. O conhecimento

227 que os portugueses têm dos grandes OEMs (Ford, GM, Renault), das empresas de

fi rst tier (Delphi, Visteon, ...) e das tecnologias envolventes facilita-lhes a venda de moldes especiais e de sistemas. E vice-versa: o conhecimento que esses operadores têm das empresas portuguesas pode ajudar a credibilizar a oferta portuguesa junto das empresas indianas, Claro que isso não funcionará com a Suzuki e a Toyota...

Moldes grandes, injecção a gás, moldes multicomponente podem ser oportunidades para as empresas portuguesas. Parecem existir oportunidades na Índia. Há que estar atento.

Valdemar Duarte (DRT):

Parece claro que há oportunidades a explorar na Índia, pelo menos nos próximos anos (a longo prazo será uma incógnita), mas será preciso saber gerir o processo de transferência de tecnologia: exportar moldes sim, mas será preciso saber controlar a exportação de tecnologia e de conhecimento. Valerá a pena uma segunda missão, indo a Dehli e ao Norte, para consolidar esta primeira visita. Se nos soubermos proteger, poderá ser um mercado interessante.

Não se viu nada de transcendente, sob o ponto de vista de concorrência. Mas algumas das operações integradas vistas (Godrej, por exemplo) podem ter impacto no merca- do se tiverem agilidade – têm bons profi ssionais, dominam as tecnologias e conhecem bem o mercado local.

Apostar em mercados como a Índia ou continuar a apostar na Europa? Não podemos andar sempre à procura do mais barato e não devemos fugir agora da Europa., mas antes continuar a concentrar os esforços no mercado europeu (numa altura em que parece mostrar brechas, apesar de maduro), em vez de depositar muitas esperanças

em terrenos que não conhecemos bem e onde teremos difi culdade em liderar. Não devemos fugir dos mercados complexos: temos uma estrutura de pessoal cara, que não é competitiva nos moldes pequenos ou fáceis.

Já não existem mercados fáceis: todos são mercados agressivos e este mercado também o será. Mais do que descentralizar (ou deslocalizar) a indústria, precisamos de trabalhar a cadeia de valor. Deslocalizar até pode ser viável, mas exige recursos fi nanceiros que não temos, dadas as limitações de capital.

Manuel Oliveira (Cefamol):

Surpresa pelo acolhimento tido e interesse suscitado, assim como pelo optimismo manifes- tado pelas empresas visitadas. Parece haver um potencial interessante. É invulgar ver-se na indústria uma tão grande pulverização da indústria automóvel.

A capacidade exportadora da indústria indiana será ainda muito limitada como potencial concorrente da indústria portuguesa.

Valerá a pena ponderar a possível participação de Portugal numa próxima DieMould Índia.

Miguel Monteiro (AZMoldes):

O mercado indiano parece ter potencial, e já tínhamos discutido internamente a sua oportu- nidade, mas precisará de mais algum tempo para que a sua procura seja mais interessante para nós. Há que ir cultivando o mercado e criar empatia, reforçando a imagem de que não há risco em fazerem os moldes complexos nas nossas empresas. Mas o Brasil também parecia ter um grande potencial, mas as previsões não têm funcionado...

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ajudar e vão antes fazer lobby pela concorrência japonesa.

Precisamos de ir também conhecer Dehli e outras zonas, para completar a informação desta missão.

Leonor Sopas (Universidade Católica Portuguesa):

Será interessante ver como as grandes empresas indianas vão reagir e sobreviver ao choque da entrada das multinacionais. A reestruturação dos produtos locais vai precisar de moldes. Um ponto importante é saber quem vai decidir sobre os fornecedores de ferramentas para a GM, Ford, Renault aqui na Índia. Há o perigo de irem parar à China, Malásia,...

Será importante estar atento e usar instrumentos como o InovContact para monitorizar o mercado. Recorda-se que a indústria de moldes é citada no plano do actual Governo... As capacidades locais de formação de recursos humanos deixam uma impressão positiva.

Pedro Costa (F. Ramada):

O ritmo de trabalho parece inferior ao da China. Mas parecem ter uma cultura e um interesse pelo conhecimento superior ao dos chineses.

O desaparecimento de alguns fabricantes de moldes na Europa (especialmente em França) pode estar a criar oportunidades para os portugueses.

Recorda-se que 50% do volume de negócios da Uddeholm é actualmente feito na Ásia. O centro do mundo industrial está a mudar-se para estas zonas da Índia e da China, e as opor- tunidades são para se agarrarem. A Uddeholm vai directa às OEMs, desde há muitos anos, e essa ideia pode ser importante para as empresas portuguesas.

Os aços variam entre 100 e 300 rupias por kg. Em aços para estruturas parecem estar bem servidos internamente (60 Rs/kg), mas os aços para tempera são muito caros (480 Rs/kg, versus 6 euros/kg em Portugal). As facilidades de tratamento térmico parecem ser boas, e os tratamentos em vácuo serão mesmo uma surpresa, a um preço semelhante ao de Portugal (200 Rs/Kg). Em geral os aços especiais são importados da Europa.

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