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Dificuldades ao longo do estudo

PARTE I DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DO CRIME CONTRA A

Capítulo 4. Pressupostos metodológicos

4.4. Dificuldades ao longo do estudo

Quando partimos para a elaboração deste estudo estávamos conscientes das dificuldades pelas quais poderíamos passar, principalmente pelo facto de dependermos de terceiros para a obtenção dos dados pretendidos. Foi com esta consciência que decidimos iniciar os nossos contactos com os intervenientes um ano antes da data do início oficial da dissertação de mestrado. Apesar dos contactos com as entidades ter sido bastante antecipado a informação foi-nos cedida de forma distinta e no caso da P.S.P. com algum atraso.

Obtivemos a informação sobre número de queixas registadas pela G.N.R. em meados de novembro de 2012. Quando nos dirigimos ao Comando Territorial de Guimarães foi-nos transmitido que, apenas a partir de abril de 2010, existiam em formato digital as queixas registadas. Este facto obrigou-nos a reorganizar a nossa investigação. Foi então decidido que o levantamento da informação no Destacamento Territorial de Guimarães ficaria pendente até à conclusão e entrega da parte teórica da dissertação. Foi por tal facto que iniciamos o levantamento dos dados apenas em fevereiro de 2013.

Entre o mês de fevereiro e março fizemos o levantamento de 1.723 queixas relacionadas com crimes de furto e roubo, das quais 1.075 pertencem ao ano de 2009 e 648 aos meses de janeiro, fevereiro e março de 2010. As queixas-crime estavam

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arquivadas em suporte de papel, por mês de ocorrência, e subdivididas por posto de apresentação da queixa. Para podermos fazer o levantamento, tivemos de criar uma base de dados em formato Excel com 16 campos:

-posto onde foi registado o crime; -freguesia da vítima;

-freguesia da ocorrência do crime; -rua da ocorrência do crime; -categoria do crime;

-dia do mês do crime; -mês do crime; -ano do crime;

-dia da semana do crime; -hora do crime;

-período do dia do crime; -sexo da vítima;

-idade da vítima; -estado civil da vítima; -profissão da vítima; -outras Informações.

O nosso objetivo era a obtenção de uma elevada qualidade da informação, mas à medida que o tempo foi avançando percebemos que nem todos os campos tinham sido preenchidos. Existiam muitas omissões de informação, visto que cada posto preenche um auto de notícia com formatos distintos. Apesar das evidências que íamos constatando o facto era que aqueles autos de notícia/denúncia não estavam voltados para a investigação científica, mas voltados para o cumprimento do trabalho dos militares. Quando chegamos ao fim do levantamento, deparamo-nos com outro problema. Para além dos inúmeros campos que já em 2009 não eram possíveis de preencher a base de dados fornecida de 2010 até ao ano de 2012 não estava padronizada. Ao analisarmos inicialmente a base constatamos a existência de inúmeras falhas. No caso do campo pertencente ao “nome da rua da ocorrência do crime” nem sempre estava preenchido da mesma forma. Os campos pertencentes às características das vítimas são os que revelaram mais falhas de descrição. As sucessivas falhas obrigaram-nos a reorganizar toda a base de dados de modo a alcançar a melhor qualidade de dados possível.

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No caso da P.S.P. os dados foram fornecidos muito tardiamente, já que tivemos acesso aos dados apenas a 3 de maio de 2013. Tal como a base da G.N.R., a da P.S.P. também tinha alguns aspetos que precisaram de ser avaliados. O mais moroso foi a união da base que nos reportava as queixas-crime exercidas só sobre uma vítima e a base que detinha várias vítimas mas contabilizado como um crime. A união das duas bases obrigou-nos à construção de uma nova base com a referência ao número de vítimas associadas ao crime em causa. Este processo foi feito para as 5.545 queixas- crime apresentadas junto da P.S.P..

Estes acontecimentos foram atrasando sucessivamente as datas de trabalho propostas inicialmente, inclusive a aplicação dos inquéritos. Sentimos necessidade de trabalhar as bases de dados de forma prudente, porque tínhamos consciência de que as bases de dados disponibilizadas foram criadas para a utilização interna das forças de segurança e não para análise ou estudo científico e como tal tivemos de as retrabalhar sem pôr em causa a veracidade da informação.

Tratados e trabalhados os dados, partimos para a fase seguinte, e nesta fase o nosso principal problema prendia-se com o local da aplicação dos inquéritos. Foram várias as possibilidades consideradas: aplicar nos correios, nas farmácias, nas escolas, nas ruas, em praças, em cafés?

No caso das escolas teríamos de esperar até ao início do ano letivo de 2013/2014, mas aí colocava-se a questão: de que modo se poderia implementar o inquérito? Entregava-mos aos jovens adolescentes para levarem para casa e, além destes, pedindo aos pais e avós para responderem? Aparentemente parecia ser exequível, mas a falta de tempo não nos permitia esperar até ao início das aulas (setembro) para podermos aplicar os inquéritos. Então consideramos a aplicação em ruas e praças aos transeuntes vimaranenses. No entanto colocava-se o problema de não se tornar abrangente a toda a população nem a todas as classes económicas, bem como a existência de uma certa relutância à resposta de inquéritos de rua que nós já sentimos na aplicação de inquéritos realizados noutros estudos. Além disso, seria necessário encurtar o questionário a aplicar, pois não é exequível realizar um inquérito na rua que exceda os cinco minutos. Por outro lado, será que uma problemática tão complexa, como o crime e a insegurança, poderia ser avaliada em poucas questões?

Foi então que nos restou a possibilidade das farmácias e dos correios. Ambos os serviços que estas infraestruturas possibilitam são usados pela população em geral, das

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várias classes económicas e sociais, e para além deste facto, nestes locais existe a probabilidade de espera antes da pessoa ser atendida, o que nos daria tempo para a aplicação do inquérito.

Após alguma ponderação sobre os prós e contras de cada possibilidade sugerida optamos, em primeiro lugar, pela aplicação dos inquéritos nos correios, mas a permissão dependia de pedido de autorização prévia à central dos C.T.T. de Lisboa. Atendendo ao risco que se corria de não se conseguir receber resposta atempada optámos pela aplicação em farmácias. Segundo Ribeiro (2012) a aplicação de inquéritos à população nas farmácias acarreta uma oportunidade de alcançar todas as classes etárias e socioeconómicas, bem como possibilita, mais facilmente, o alcance de todos os munícipes, visto se tratar de um serviço essencial para quem quer aviar uma receita médica ou para quem pretende algum fármaco. Para a obtenção de 200 inquéritos foram abordados 331 vimaranense o que se traduz numa taxa de recusas de 40%.

4.5. Notas Conclusivas

As fontes de informação privilegiadas foram as 9.970 queixas/denúncias deportadas à G.N.R. e P.S.P. de Guimarães, bem como os inquéritos feitos a 200 vimaranenses.

A análise das queixas/denúncias foi uma das principais dificuldades, devido principalmente ao elevado número de elementos de caracterização das vítimas bem como do local da ocorrência sem informação ou com erros de redação. A construção de um modelo de auto de notícia com a limitação da escolha do nome das ruas ou das freguesias onde ocorrem os crimes ajudaria a não existir erros no nome atribuído ao local da ocorrência.

A segunda grande dificuldade esteve relacionada com o entrave colocado por parte dos homens à aplicação do inquérito, o que resultou numa taxa de recusas de 40%. Apesar deste obstáculo, de um modo geral, a aplicação do inquérito foi bem aceite por parte dos inquiridos devido principalmente ao facto de as pessoas estarem com tempo para nos responder. A opção pelas farmácias mostrou-se bastante vantajosa e os responsáveis pelos espaços criaram condições de aplicabilidade a todo o tipo de população que usou as farmácias.

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Capítulo 5. Caraterização no período entre 2009 e 2012 de alguns dos