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Dificuldades sentidas no Jardim de Infância

MOMENTO DA BRINCADEIRA LIVRE

CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO

2.1 DIMENSÃO REFLEXIVA

2.1.4 Dificuldades sentidas no Jardim de Infância

Neste percurso foram várias as dificuldades enfrentadas mas, logo que ultrapassados transformaram-se em aprendizagens. Inicialmente, a gestão do tempo foi uma das grandes dificuldades sentidas relativamente aos momentos de atuação. As atividades orientadas demoravam muito mais tempo do que aquilo que estava planificado, o que levou a dificuldades no controlo do grupo. Passo, assim, a citar uma evidência deste facto ocorrido durante a minha Prática Pedagógica:

Nesse dia, refleti bastante sobre a minha prática e fiquei desiludida com a minha prestação, pois era o meu momento de intervenção e acho que não o aproveitei. Acho que não fui suficientemente dinâmica para poder ter o controlo do grupo, por exemplo nos momentos “mortos” reparava que a educadora preenchia aquele espaço que deveria ser o meu, dado que eu não tomava a iniciativa e por vezes sentia-me tímida (Anexo III – Reflexão da 4º semana em contexto de Jardim de Infância). Houve uma grande reflexão sobre estas duas grandes dificuldades sentidas logo desde o início, questionando muita vez qual a melhor estratégia para conseguir envolver e gerir grupo da melhor forma. Sinto que a essência de bem gerir o grupo, tem a ver com a importância que damos à criança, pois “ (…) se muitas crianças estão inquietas, isto deve ser tomado como um sinal de que perderam o interesse” (Devries & Zan, 1998, p.122). A verdade é que eu inicialmente centrava-me muito mais nos objetivos que tinha estabelecido para as crianças, do que naquilo que elas realmente queriam, surgindo assim momentos onde apresentava atitudes controladoras perante as crianças dando origem a um ambiente pouco saudável para o seu crescimento e aprendizagem. Ao tomar consciência do facto relatado anteriormente, e como não queria que este se mantivesse, adotei novas estratégias que me permitiram lidar melhor com as minhas fragilidades, começando a propor atividades dinâmicas e lúdicas onde as crianças as concretizava fora do tapete.

Foi ao arranjar diferentes estratégias que consegui aprender a gerir o tempo da atuação. No entanto, esta dificuldade nunca foi totalmente superada pois, muitas vezes, as

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planificações incluíam demasiadas atividades, pelo que ou eu optava por cumprir o plano, mesmo que isso implicasse “andar a correr” e negligenciar os interesses das crianças, ou optava por deixar um pouco de parte a planificação e punha em primeiro lugar o que era realmente importante, a criança e as suas aprendizagens. Sempre que esta situação ocorreu acabei por escolher a segunda opção, mas tive que refletir muitas vezes sobre esta minha dificuldade em cumprir o que tinha planificado. Com o tempo fui percebendo que mais importante do que realizar muitas atividades era proporcionar atividades que envolvessem intencionalidade e que facilitassem o desenvolvimento de competências. Apesar de refletir sobre este aspeto e de tentar melhorá-lo, não o considero como sendo necessariamente negativo, pois “o mais habitual é necessitar adaptar o planejamento às mil e uma eventualidades que surgem no mundo da sala de aula das crianças pequenas com menos e seis anos” (Basseada, Huguet & Solé, 1999, p.131).

Outro dos aspetos que encaro como uma dificuldade ao longo do meu percurso como futura educadora de infância foi a avaliação. Sei que a avaliação tem um papel primordial e é algo que faz parte do dia-a-dia, dado que as crianças estão num processo de desenvolvimento é necessário registar e poder analisar esse mesmo processo. No entanto,

sinto que como estava muito centrada na minha atuação, não lhe dava o devido valor. Passo, assim, a citar uma evidência desta dificuldade:

Por fim, o aspeto sobre o qual me debrucei para refletir, é referente à avaliação que continua ser o aspeto mais complicado como estagiária. Tenho noção que nesta Prática não tenho investido na avaliação e considero ser um aspeto primordial como futura educadora. Porém tenho refletido sobre isso, pois nas planificações indico o momento da avaliação com as crianças mas depois, na Prática, não é realizado (Anexo III – Reflexão da 9º semana em contexto de Jardim de Infância).

A avaliação deve ser feita ao longo do percurso com as crianças para que possamos avaliar o processo e não só o produto. No entanto no decorrer da Prática, tentei melhorar esse aspeto mas que não foi totalmente conseguido. Fazia uma avaliação com as crianças sobre as atividades realizadas mas, muitas vezes, não tinha em conta a sua evolução e por isso não podia ter uma ideia concreta sobre a evolução de cada criança. O objetivo da avaliação é “(…) tomar decisões educativas, para observar a evolução e o progresso da criança e para planejar se é preciso intervir ou modificar determinadas situações relações ou atividades na aula” (Basseadas, Huguet & Solé, 1999, p.173).

No que concerne às aprendizagens realizadas ao longo deste percurso sinto que a superação das minhas dificuldades foram as minhas maiores aprendizagens, dado que é

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fazendo que aprendemos. No entanto, existem aprendizagens que vamos adquirindo ao longo do contato com as crianças. Não encaro isto como uma dificuldade mas como uma aprendizagem. Por exemplo quanto à organização do grupo, sendo o meu grupo de crianças heterogéneo, foi necessário, quando havia atividades diversificadas, ao distribuir as crianças pelos vários lugares, tivesse em conta as caraterísticas específicas de cada criança. No entanto, isto só foi possível à medida que fui conhecendo cada criança e percebendo a sua personalidade. Só assim consegui organiza-las da melhor forma, pois “o fato de os locais das crianças no círculo serem determinados pelo professor ou decididos pelas crianças depende da capacidade de auto-regulagem delas” (Devries & Zan, 1998, p.119).

Neste contexto, tenho noção que como estagiária consegui proporcionar momentos de aprendizagens às crianças, mas também afirmo que muitas das minhas aprendizagens se centram naquilo que as crianças me ensinaram.