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Planificar e atuar no Jardim de Infância

MOMENTO DA BRINCADEIRA LIVRE

CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO

2.1 DIMENSÃO REFLEXIVA

2.1.3 Planificar e atuar no Jardim de Infância

Ser educadora envolve muito mais do que apenas o “tomar conta”. É preciso haver um trabalho que tenha em conta os interesses e curiosidades das crianças mas ao mesmo tempo que proporcione aprendizagens significativas. Foi com base neste pressuposto que percebi a importância da planificação para a atuação, pois se partirmos dos interesses das crianças, elas mostram-se muito mais envolvidas na atividade, pois o que se pretende “ (…) é admitir que a criança desempenha um papel activo na construção do seu desenvolvimento e aprendizagem” (Ministério da Educação,1997, p.19).

Ao planificar inicialmente surgiram algumasdificuldades sobretudo ao nível da coerência entre as intencionalidades educativas e as competências. Estas dificuldades foram desfeitas com o trabalho conseguido ao longo do tempo. Quando planificava juntamente com a minha colega tínhamos sempre em conta envolver as várias áreas de conteúdo. Foi

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notória a evolução ao nível das atividades planificadas, começando progressivamente a haver uma exploração maior de outras áreas para além da Expressão Plástica, onde nos sentíamos mais à vontade. Também passou a existir uma maior interdisciplinaridade o que possibilitou às crianças conhecerem a realidade como um todo. Além disso, considero que com o passar do tempo, começámos a arriscar em atividades mais desafiantes para nós e que nos expunham muito mais.

No meu caso, a expressão dramática era uma área que me interessava bastante mas não sabia a melhor forma de a desenvolver. Assim, tentei fundamentar-me sobre a melhor forma de o fazer e planear tendo em conta todos os pormenores. Para isso utilizei os conhecimentos que tinha adquirido nas aulas de expressão dramática e usei-os no momento de atuação. Contudo, existem sempre reações que são impossíveis de planificar, devido à imprevisibilidade deste tipo de atividades, dado que nunca sabemos como as crianças irão reagir. Seguidamente, passo a citar um aspeto ocorrido na minha Prática Pedagógica:

A criança G, primeiramente referiu que queria representar o “leão mau que raptava a tartaruga”. Quando começaram a representar observei que a criança estava triste no seu olhar, baixei-me ao nível dela e questionei-a se não queria ser aquela personagem. A criança acenou com a cabeça que não e abraçou-se a mim. Foi uma situação que me surpreendeu por ser uma criança bastante extrovertida. E eu como futura educadora perguntei à criança se queria interpretar outro papel e ela disse que sim, ficando no lugar dele uma criança que se ofereceu (Anexo III - Reflexão da 10ª semana em contexto de Jardim de Infância).

Esta atividade causou um envolvimento positivo das crianças, pois foi uma atividade diferente onde as crianças tiveram a possibilidade de entrar no mundo da fantasia. Na base de uma boa atuação está certamente uma boa planificação pois planear “ (…) é uma ajuda para ordenar e organizar um ensino de qualidade” (Basseadas, Huguet & Solé, 1999, p.114). Assim, tenho consciência de que a planificação pormenorizada possibilitou uma boa atuação. Esta atividade que destaco superou as minhas próprias expectativas iniciais.

Apesar de considerar a planificação como a base das atuações, tenho consciência de que nem sempre conseguimos cumprir à risca aquilo que planificamos. Contudo, não considero isto um fator negativo, pois vejo a criança como um ser ativo nas suas aprendizagens, pelo que se for necessário explorar um aspeto específico da planificação

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em detrimento de outro, irei faze-lo pois considero ser em prol das aprendizagens ativas e significativas das crianças. Assim, o planeamento:

(…) ajuda no pensamento estratégico do professor, sendo um recurso inteligente por meio do qual ele pode elaborar suas aulas, não fechando nenhum caminho de acesso; ao contrário, o planejamento somente pode concretizar-se na aula, e lá será necessário tomar um conjunto de decisões que, às vezes, afetam pouco o que havia previsto e, em outras, exigem modificações substanciais (Basseadas, Huguet & Solé, 1999, p.114).

Na mesma linha de pensamento, quero destacar alguns momentos que mais me envolveram e fascinaram com as crianças. Um deles foi quando levamos para a sala uma tartaruga. Foi algo que envolveu as crianças de uma forma que eu não estava a espera, pois quiseram desde logo atribuir um nome, cuidar dela, protege-la e integra-la, na canção dos bons dias de manhã. Após este dia, as crianças ficaram responsáveis pela alimentação da tartaruga e pela mudança de água, fazendo assim parte da rotina diária.

Com o desenvolvimento deste projeto, os pais tiverem um papel essencial. Estes foram envolvidos, realizando pesquisas, em casa, com as suas crianças sobre as tartarugas. As informações foram trazida para o Jardim de Infância onde foram partilhadas.

(…) colaboração dos pais, e também de outros membros da comunidade, o contributo dos seus saberes e competências para o trabalho educativo a desenvolver com as crianças, é um meio de alargar e enriquecer as situações de aprendizagem ( Ministério da Educação, 1997, p.45). Com o projeto das tartarugas percebi que os pais se envolviam bastante, pois quando iam levar os seus filhos ao Jardim de Infância queriam sempre ver a tartaruga e perceber o seu comportamento.

Quando falamos em planear e atuar, não é referido só às atividades orientadas, pois ser educadora é muito mais que isso. Inicialmente, dada a nossa inexperiência, era planificado todos os momentos da rotina diária, para assim facilitar a nossa atuação. No entanto, no início da prática pedagógica surgiam os chamados tempos “mortos”. Por vezes não sabia o que fazer para os diminuir, mas ao longo do tempo percebi, observando a educadora, que as crianças adoravam jogos de mímica, sendo essa uma das estratégias utilizada por mim com o objetivo de promover “(…) uma sensação de pertencer àquele grupo. Canções favoritas e mímicas engajam as crianças em um reportório de rituais compartilhados e contribuem para uma sensação de identidade do grupo” (Devries & Zan, 1998, p.114).

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Em suma, ao longo desta Prática Pedagógica, o que foi planificado foi tentado ser realizado na atuação. No entanto houve aspetos que não foram concretizados e outros foram acrescentados sempre que o grupo de crianças assim o exigia. No entanto, para mim uma boa planificação contribui para uma boa atuação, porque a planificação deixa- me mais confiante naquilo que irei realizar.