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4 TRIAGEM DO MELHOR COCRISTAL DE ÁCIDO FERÚLICO

4.1 MATERIAL E MÉTODOS

4.2.4 Difração de raios-X (DRXP)

Os difratogramas das substâncias isoladas e respectivas amostras MF e CC de CIT, MAL, HID e SAL estão mostrados nas figuras 15, 16, 17 e 18. As amostras MF e CC dessas 4 substâncias representaram o somatório dos picos das substâncias isoladas, não houve o aparecimento ou desaparecimento de outros picos, descartando a formação de cocristais. Para as amostras CC de HID e SAL ocorreu apenas uma mudança na intensidade dos picos, podendo ser derivada de uma amorfização ou de um menor tamanho de partícula gerados no processo de obtenção (MÜLLERS et al., 2015).

Figura 15 ‒ Difratogramas do CIT e AFE e respectivas amostras MF e CC.

Figura 16 ‒ Difratogramas do MAL e AFE e respectivas amostras MF e CC.

Fonte: autoria própria

Figura 17 ‒ Difratogramas da HID e AFE e respectivas amostras MF e CC.

Figura 18 ‒ Difratogramas do SAL e AFE e respectivas amostras MF e CC.

Fonte: autoria própria

Nas amostras MF do PAB e NIC ocorreu o somatório dos picos das substâncias isoladas, com a exceção de um pequeno pico na amostra MF de NIC em 2θ 16,1º (figuras 19 e 20), que pode ser justificado por uma pequena alteração na estrutura cristalina no material que ocorreu por interação física em temperatura ambiente, como observado por Ervasti et al. (2015); a DSC também indicou interação física para a amostra MF da NIC (figura 14).

Figura 19 ‒ Difratogramas do PAB e AFE e respectivas amostras MF e CC.

Figura 20 ‒ Difratogramas da NIC e AFE e respectivas amostras MF e CC.

Fonte: autoria própria

Já para as amostras CC do PAB e NIC ocorreram alterações nítidas nos difratogramas, com aparecimento e desaparecimento de novos picos quando comparadas com as substâncias isoladas. Para melhor visualização, as figuras 21 e 22 representam os difratogramas ampliados na região de 5 a 25º 2θ.

Figura 21 ‒ Difratogramas do PAB e AFE e respectivas amostras MF e CC.

Figura 22 ‒ Difratogramas do PAB e AFE e respectivas amostras MF e CC.

Fonte: autoria própria

Para a amostra CC da NIC, as mudanças mais intensas ocorreram com o desaparecimento dos picos em 2θ 8,9; 10,4; 12,8 e 17,3º e na região entre 20 e 24,5º (presentes no AFE isolado), dos picos 14,9 e 22,3º (presente na NIC isolada) e aparecimento de dois picos novos em 2θ 13,8º e 18,9º. Para a amostra CC do PAB, ocorreu o desaparecimento dos picos em 2θ 9,5º, 13,7º e 14,6º (presentes no PAB isolado).

Além do aparecimento e desaparecimento desses picos das amostras CC de NIC e PAB, ocorreu diminuição na intensidade dos picos em ambas as amostras CC, o que indica materiais menos cristalinos que as substâncias isoladas. Essa diminuição na cristalinidade é comum em cocristais, como observado por Kulkarni et al. (2015) e Duarte et al. (2016) que obtiveram cocristais de cafeina e carbamezepina, respectivamente, apresentando difratogramas de menor intensidade comparados aos das substâncias isoladas.

Nos estudos de caracterização de cocristais a informação determinante que indica a formação dos cocristais é a modificação na sua rede cristalina, indicada no drifratograma pelo aparecimento e desaparecimento de novos picos, não seus espaços interplanares, indicados pela intensidade dos picos (SARMAH et al., 2017). Esses achados confirmam uma alteração na estrutura cristalina das amostras CC do PAB e NIC, indicando a possível formação de cocristais.

4.2.5 Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)

Os espectros FTIR das amostras MF e CC do CIT, MAL, HID e SAL (figuras 23, 24, 25 e 26) mostraram ser o somatório dos espectros das substâncias isoladas, descartando a possibilidade de interações moleculares nessas amostras.

Figura 43 ‒ Espectros FTIR do CIT e AFE e respectivas amostras MF e CC.

Fonte: autoria própria

Figura 54 ‒ Espectros FTIR do MAL e AFE e respectivas amostras MF e CC.

Figura 65 ‒ Espectros FTIR da HID e AFE e respectivas amostras MF e CC.

Fonte: autoria própria

Figura 76 ‒ Espectros FTIR do SAL e AFE e respectivas amostras MF e CC.

Já para a NIC e o PAB (figuras 27 e 28), as amostras CC mostraram diferentes espectros quando comparadas as substâncias isoladas, enquanto as amostras MF mostraram ter espectros representando o somatório das substâncias isoladas.

Figura 27 ‒ Espectros FTIR da NIC e AFE e respectivas amostras MF e CC.

Fonte: autoria própria

Figura 28 ‒ Espectros FTIR do PAB e AFE e respectivas amostras MF e CC.

As figuras 29 e 30 representam os espectros ampliados das amostras MF e CC da NIC e do PAB, respectivamente, em diferentes regiões do espectro.

Figura 29 ‒ Espectros FTIR das amostras da NIC e AFE e respectivas amostras MF e CC nas regiões de 4000-2000 (A), 2000-1500 (B), 1500-1000 (C) e 1000-500 cm-1 (D).

Fonte: autoria própria

Os picos mais característicos observados para a amostra CC da NIC mostraram o deslocamento de 3365 para 3328 cm-1, do estiramento N-H da amida da

NIC, e a formação de um novo pico em 3515 cm-1 (figura 29A), provavelmente da

formação de uma nova ligação de hidrogênio com o grupo amino da nicotinamida (SHIMONO et al., 2015); considera-se ainda que o átomo de nitrogênio da piridina da nicotinamida é um bom aceptor de ligações de hidrogênio (LI et al., 2016a). Devido às bandas de absorção do estiramento O-H (em torno de 3100 a 3300 cm-1)e C=O (em

torno de 1630 a 1700 cm-1) estarem alargadas, fica difícil a interpretação; porém é

nessa região. Assim a formação do cocristal entre AFE e NIC pode ocorrer por heterosíntons, onde os grupos ácido carboxílico ou carbonila do AFE forma ligações de hidrogênio com o grupo piridina e amida da NIC.

Figura 80 ‒ Espectros FTIR das amostras do PAB e AFE e respectivas amostras MF e CC nas regiões de 4000-2000 (A), 2000-1500 (B), 1500-1000 (C) e 1000-500 cm-1 (D).

Fonte: autoria própria

Para a amostra CC do PAB ocorreu deslocamento de 3458 para 3434 cm-1 do

estiramento O-H do PAB e de 3362 para 3282 cm-1 do estiramento N-H do PAB (figura

30A). Da mesma forma da amostra CC da NIC as bandas de estiramento O-H e C=O apresentam-se alargadas, dificultado a interpretação. Assim a possível formação do cocristal pode ter ocorrido por heterosíntons e homosíntons, onde o grupo ácido carboxílico do AFE forma ligações de hidrogênios com o grupo amino e ácido carboxílico do PAB.

Conclui-se que o FTIR e DRXP corraboram com resultados obtidos pela DSC e propõem a possível formação de cocristais apenas para NIC e PAB. Para as demais amostras que passaram pelo processo de obtenção dos cocristais e que não obtiveram resultados de DSC que corroboraram com os resultados por FTIR e DRXP (HID, SAL, MAL e CIT), pode-se pensar na hipótese na formação de cocristal durante o processo de aquecimento, como observado por Lin et al. (2015). Devido ao AFE, NIC e PAB serem estruturas cristalinas e apresentarem grupos ionizáveis não se pode descartar a formação de sais ou polimorfos, mais detalhes sobre essa abordagem serão dados no capítulo 4.

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