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A difusão do renascimento na Europa

No documento Resumos de História e Cultura das Artes (páginas 52-54)

O renascimento começou a difundir-se pela Europa por volta do séc. XVI, quando em Itália já se desenvolvia o Maneirismo e o Barroco.

O renascimento inicia a sua expansão europeia com Albrecht Dürer, na Alemanha. Este artista fora seduzido pela arte italiana quando viajou por Veneza em 1494. Lá, aprendeu o método científico da perspectiva, calculo das proporções do corpo e desenho anatómico e assimilou o pensamento artístico clássico. Albrecht Dürer desenvolveu uma considerável obra teórica e prática. Contudo, ficou célebre pelas suas gravuras em que deixou patente as suas qualidades de genial desenhador.

Outro artista que divulgou o renascimento pela Europa foi Hans Holbein, artista que dividiu a sua actividade entre a Basileia, onde conviveu com Erasmo de Roterdão, e a Inglaterra, onde pintou Henrique VIII. Hans Holbein marcou pela sua exímia qualidade de retratista, registando os traços de carácter e natureza humanos.

Nos Países Baixos, Hieronymus Bosch foi quem divulgou a linha renascentista. Bosch imergiu num mundo fantasioso, fugindo às temáticas comuns. Talvez inspirado pelo bestiário medieval, na Bíblia ou na Divina Comédia, recorreu a temáticas como o pecado, a tentação ou a loucura humana, traduzindo visões pessimistas do homem e do mundo. A sua obra acabou por influenciar os surrealistas no séc. XX.

O período do maneirismo iniciou-se por volta de 1520. Foi caracterizado por algumas mudanças no campo do visível na arte, mas com grandes alterações no pensamento.

No segundo quartil do séc. XVI, a Europa encontrava-se desagregada e a igreja dividida: na Europa verificava-se uma grande instabilidade política e guerras e a igreja tinha sofrido uma quebra ideológica que se reflectiu no movimento da Reforma. Assim, aos tempos de certeza, racionalidade (positivismo humanista) sucederam tempos de dúvida, angústia e inquietação.

A crise política da Itália acabou por atingir o seu centro, capital da religião cristã. Assim a igreja foi inevitavelmente afectada. Paralelamente, nos países nórdicos, iniciou-se o movimento da Reforma, que criticava o excesso protagonismo político em detrimento do espiritual na igreja. O impulsionador deste movimento foi Martinho Lutero, conseguindo expandir as suas ideias pelo mundo germânico e escandinávio. Martinho defendeu uma igreja liberta da tutela política e financeira, pelo que foi aceite pelos religiosos mais puritanos do norte da Europa.

A igreja, descontente com este protesto, iniciou a Contra-Reforma, com o intuito de reunificar a igreja. O programa deste movimento foi apresentado no Concílio de Trento, em que se definiu um conjunto de prescrições dogmáticas e reformas disciplinares que ajudariam a restabelecer a unidade católica. Analogamente, surgiu uma nova ordem religiosa, a Companhia de Jesus, que tinha o objectivo de defender e expandir a fé cristã. Esta nova ordem introduziu um novo tipo de templo, constituído por uma só nave majestosa, mais apropriada a divulgar esta nova visão da religião.

A coexistência destes dois movimentos opostos causou instabilidade tanto a nível político como religioso e como social. Aumentaram, neste período, os autos-de-fé, as perseguições, as fomes, a destruição de livros...

No que diz respeito à relação arte-igreja, estes movimentos foram de encontro um ao outro: o reformista defendeu a iconoclastia enquanto o contra-reformista reforçou a defesa das imagens sagradas, afirmando que estas eram o veículo da fé.

A nível formal, esta instabilidade trouxe muitas novidades: por consequência destas mudanças, dá-se a dissolução dos modelos perfeitos, da racionalidade universal, do conjunto de ideias cultivado pelo renascimento, aparecendo o movimento, a torção, a deformação substituindo a harmonia, a ordem e a proporção. A abolição da fronteira entre as artes criou numa nova gama temática: o culto do insólito foi ampliado, e o imaginário e o fantástico começaram a aparecer. Esta nova realidade artística ofereceu o aprofundamento das possibilidades técnicas e plásticas.

A figura que inaugurou o maneirismo foi Miguel Ângelo, já no fim da sua carreira. Este artista libertou a expressão do capricho pessoal, incluindo nas suas obras a sua própria interpretação mais evidentemente. Mais tardiamente, outros artistas desenvolveram as suas obras nestes termos, entre os quais Parmigianino, Giulio Romano e El Greco.

O maneirismo também foi marcado por um grande desenvolvimento na tratadística. Ainda ancorada em Vitrúvio, desenvolveu os aspectos formais e ajudou a difundir esses modelos pela Europa. Um importante tratado foi o de Serlio, que incluía imensas figuras para suplementar informativamente o texto e que serviram de base visual e informativa para a expansão desta linguagem arquitectónica pela Europa.

Gonçalo Vaz de Carvalho - 2008

Vasari definiu, mais tarde, o maneirismo de uma forma pejorativa, designando-a de “arte afectada”, cheia de artificialidades, afastada do equilíbrio e racionalismo humanistas. Contudo, o maneirismo acabou por ser uma busca por maior expressividade formal e plástica, com a introdução do estilo mais pessoal, individual, criando novas hipóteses artísticas.

_O Campidoglio

A reformulação do Campidoglio foi encomendada a Miguel Ângelo de modo a conferir maior dignidade cívica ao coração da Roma antiga. Na sua intervenção, o artista incorporou fachadas novas em edifícios já existentes, dando-lhe aspectos clássicos, e projectou um novo de modo a criar um espaço trapezoidal e reforçar o eixo processional da longa escadaria. A praça, através destas alterações, mais concretamente, através do reforço dos dois eixos da oval contrapostos e da abertura trapezoidal determinada pelas fachadas dos edifícios, foi dinamizada; o desenho que incluiu na oval também foi determinante para a revitalização do espaço.

As características maneiristas subjacentes a este trabalho são, essencialmente, a ambiguidade e inquietude dadas pelas formas oval e trapezoidal.

No documento Resumos de História e Cultura das Artes (páginas 52-54)

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