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4.1 O processo de internacionalização da UFC nas dimensões: análise de contexto,

4.1.3 Dimensão comprometimento

O compromisso, de acordo com Knight (1994), refere-se à participação de toda comunidade universitária de incluírem a dimensão internacional nas atividades de ensino, pesquisa e extensão como forma de transformar compromissos institucionais em estratégias de planejamento.

Para esta dimensão foi feita a seguinte pergunta: “O (a) senhor(a) considera que professores, estudantes e técnico-administrativos têm cooperado com o

compromisso de transformar as atividades de ensino, de pesquisa e de extensão em

ações colaborativas para o processo de internacionalização universitária? Exemplifique.” Esta pesquisa destaca os principais pontos levantados pelos entrevistados para a internacionalização da UFC:

a) Para o entrevistado “A”, o comprometimento está se constituindo junto com a formalização do processo de internacionalização na UFC:

No que se refere ao compromisso, a internacionalização na UFC é um processo que está se formalizando agora e a comunidade está recebendo muito bem, eu não esperava isso. Eu ouvi tantos elogios a essa iniciativa. A PROINTER foi bem acolhida. (ENTREVISTADO A, 2017).

b) Conforme o entrevistado “G”, o comprometimento é uma necessidade:

O compromisso é uma necessidade, principalmente se você quiser melhorar como profissional, ou o seu curso, sua unidade acadêmica e a própria universidade. O compromisso não é com a internacionalização, mas com a

qualidade e a qualidade perpassa pela internacionalização. (ENTREVISTADO G, 2017).

c) De acordo com os entrevistados “B”, “C”, “D”, “E”, “F”, “H” e “I”, o comprometimento possui variados níveis:

Em relação a toda a comunidade universitária, o compromisso ainda é incipiente, embora existam setores na universidade com alto grau de compromisso como os curso de pós-graduação com notas 6 e 7 na Capes. (ENTREVISTADO B, 2017).

Não, não acho de uma forma geral. Para ter compromisso com a internacionalização é necessário compreendê-la. A UFC não terá sucesso nesse processo, se não houver compreensão por parte das unidades acadêmicas que isso é algo que deve fazer parte de suas realidades. (ENTREVISTADO C, 2017).

Da mesma forma que a consciência, eu acho que há vários níveis de compromisso. Aqueles que já fazem parte de um nível 6 ou 7 na Capes já possuem isso muito claro. Mas de uma forma geral, acredito que ainda não. (ENTREVISTADO D, 2017).

Eu acho que está começando no nível da administração superior, mas no nível mais abaixo, ou na ponta, precise ainda ser fortalecido e tornar a internacionalização compromisso de todos, embora alguns professores já carreguem esse compromisso. (ENTREVISTADO E, 2017).

Também não, assim como a consciência. Claro que olhando a universidade como um todo. (ENTREVISTADO F, 2017).

Não. Assim como a consciência, eu acho que as pessoas, de uma forma geral, não buscam esse compromisso, principalmente se você não for da gestão ou de algum programa de pós-graduação. (ENTREVISTADA H, 2017).

Não. Mas, por exemplo, como os professores poderiam se comprometer com a internacionalização? (ENTREVISTADA I, 2017).

A pesquisa evidenciou no discurso dos entrevistados que alguns professores, setores e áreas de estudo possuem o compromisso já consolidado, especialmente na pós- graduação, naquelas áreas avaliadas pela Capes com níveis 6 e 7. Outros entrevistados acham que o processo de internacionalização ainda está no início e que o Plano de Internacionalização da UFC, lançado em 2017, simboliza, sobretudo, o compromisso da alta administração.

Todavia, o compromisso, assim como a consciência, possui níveis de comprometimento para com a importância do referido processo que variam de baixo a alto, que chega a ser percebida pelos entrevistados “C”, “F”, “H” e “I” como não existente na universidade de uma forma geral. Essa visão dos entrevistados leva à percepção de que o nível de comprometimento é baixo.

Assim como na dimensão consciência, apresentada anteriormente, quando há um alto grau de comprometimento, é porque existem ilhas de excelência acerca da internacionalização provenientes de cursos de strictu sensu avaliados com notas 6 ou 7 na Capes.

Conforme Knight (1994), o compromisso da alta administração é essencial, assim como dos professores, dos estudantes e dos técnico-administrativos para o alcance da internacionalização. O compromisso pode ser expresso por meio de diferentes caminhos concretos como, por exemplo, o investimento financeiro; e, o simbólico por meio do reconhecimento.

Vale destacar que esse compromisso deve ser levado a todos que constituem a universidade para que possa ser efetivo. Como exemplo de comprometimento para com a internacionalização de IES, foram apontados dois pontos principais pelos entrevistados:

a) Segundo o entrevistado “I”, o comprometimento é algo advindo da iniciativa dos próprios docentes:

Os professores poderiam buscar por eles mesmos mecanismos para a internacionalização. Mas como isso irá ocorrer se o próprio professor rejeita a aprendizagem de línguas? Outro quesito é fazer um mestrado ou doutorado fora, mas depois você precisa validá-lo, mas como? Se há uma grande dificuldade para isso, como a validação de créditos. Isso desmotiva. Então como haver compromisso? (ENTREVISTADA I, 2017).

b) De acordo com o entrevistado “F”, o comprometimento surge a partir de convênios ou acordos:

O CT já possui esse compromisso há bastante tempo, como, por exemplo, a dupla diplomação, Brasil-França pelo BRAFITEC, que tem motivado muitos alunos a buscarem esse tipo de diploma. (ENTREVISTADO F, 2017).

A entrevistada “I” citou que os professores podem ser proativos e buscarem a internacionalização por eles mesmos, essa afirmação corrobora com Mueller (2013), quando a autora afirma que os professores exercem um papel decisivo na internacionalização e são responsáveis pela origem e pela continuidade de muitas ações de cooperação internacional, mesmo que em alguns casos não haja qualquer acordo formal entre as instituições envolvidas nesse processo.

A entrevistada “I” apontou que muitos professores possuem resistência quanto à aquisição de línguas estrangeiras, além disso, mencionou as dificuldades para se validar na universidade um diploma que foi adquirido no exterior. A aprendizagem de

línguas e a validação de diplomas estrangeiros constituem uma resistência e um entrave, respectivamente, e ambos são apontados como colaboradores da falta de motivação para com o compromisso da internacionalização na UFC na percepção da entrevistada.

Por outro lado, o entrevistado “F” citou o comprometimento oriundo de convênios ou acordos, como, por exemplo, a dupla diplomação, Brasil-França pelo BRAFITEC, que já acontece no Centro de Tecnologia há algum tempo, que tem motivado muitos alunos a obterem esse diploma.

O compromisso implica que a comunidade acadêmica esteja integralmente comprometida com o sucesso da internacionalização universitária e tenha consciência que sua contribuição é indispensável para a evolução de um projeto coletivo e institucional.

Conforme Muller (2013, p.126), para que haja o comprometimento da comunidade universitária, é necessário que o processo de internacionalização englobe o conjunto da universidade por intermédio de um projeto coletivo de internacionalização envolvendo os três eixos ensino, pesquisa e extensão.

O Quadro 29 sintetiza os principais tópicos das primeiras dimensões do Círculo de Internacionalização de Knight (1994) dessa primeira etapa: contexto, comprometimento e consciência (respectivamente). No quadro síntese, são apresentados os tópicos mais importantes que foram destacados durante a análise mais outros que também foram citados pelos entrevistados, embora com menos ênfase.

Quadro 29: Síntese da análise da parte 01 - Contexto, Consciência e Comprometimento.

1. Contexto Externo

• Processo de internacionalização ainda está restrito a poucas instituições; • O nível de internacionalização nas universidades brasileiras é muito baixo; • Existência de ilhas de excelência de internacionalização nas IES; • As IES brasileiras estão aquém do potencial que possuem.

Interno

• Evolução da Coordenadoria de Assuntos Internacionais em Pró-reitoria de Relações Internacionais (PROINTER);

• Institucionalização da internacionalização na UFC;

• Criação da Política de Internacionalização;

Abordagem Transição das abordagens ”nacional ad hoc” e “ institucional atividade” para a abordagem

“nacional estratégica” e para a abordagem “institucional processual”.

Pontos Positivos Benefícios

• Melhoria da qualidade; • Amadurecimento científico; • Benefícios relacionados à pesquisa; • Obtenção de bolsas para estudo no exterior;

• Alunos mais qualificados para o mercado de trabalho; • Construção de uma imagem internacional;

• Parcerias para pesquisasse publicações internacionais; • Capacitação dos recursos humanos;

• Conhecimento de novas culturas e línguas; • Melhoria na pontuação de rankings;

Aumento de parcerias e acordos internacionais; Desenvolvimento econômico.

Oportunidades

• Melhoria da qualidade da educação superior;

Melhoria do marketing e da imagem internacional da universidade; Melhoria da pontuação nos rankings;

• Oportunidades de intercâmbio entre cultura e tecnologias.

O processo de internacionalização da UFC e suas forças.

• Apoio e envolvimento da alta administração;

• A criação da PROINTER, a criação e aprovação do plano de política internacional; • A criação do COMINTER;

Inserção da internacionalização no planejamento estratégico da UFC.

Pontos Negativos Entraves em relação à internacionalização da UFC

• A aprendizagem de línguas estrangeiras; • Mudanças culturais; • Financiamento; • Falta de qualificação; • Falta de experiência; • Falta de esforço; • Falta de inovação;

• O sistema de acesso aos cursos de graduação no Brasil não são atrativos para os estudantes estrangeiros.

Riscos da internacionalização da UFC

Os entrevistados não percebem, de uma forma geral, que a internacionalização trará riscos, mas benefícios; no entanto, seguem alguns riscos encontrados na literatura Miura (2006), Knight (2007) e Schwartzman (2003):

• Excessiva exposição;

• Ausência de indicadores estratégicos da internacionalização; • Implementação incompleta de políticas nacionais;

• Indisponibilidade de recursos físico, tecnológicos e humanos; • Abertura exagerada à internacionalização;

• Dominação cultural;

• Atraso econômico e tecnológico,

• Risco de ser dominado econômico e tecnologicamente. • Fuga de cérebros;

• Considerar que a internacionalização é solução para tudo.

Fraquezas

• Rigidez curricular;

• Baixo nível de motivação ou de interesse pela internacionalização; • Falta de clareza sobre o conceito internacionalização de educação superior; • Falta de integração do internacional nas funções substantivas;

• Cultura fraca do relacionamento internacional;

• Ausência de indicadores institucionais estratégicos da internacionalização; • Barreiras linguísticas.

Resistências

• Aquisição de línguas estrangeiras;

• Dificuldades em se interessar e em se comprometer com a internacionalização;

2. Consciência • Consciência como um elemento indispensável;

• A consciência não é formada gratuitamente; • A consciência possui variados níveis;

• A necessidade da consciência acerca da internacionalização de IES deve ser trabalhada na universidade.

3. Comprometimento • Comprometimento com a constituição do processo de internacionalização na UFC;

• O comprometimento possui variados níveis; • Comprometimento como uma necessidade;

• Comprometimento advindo da iniciativa dos próprios docentes; • Comprometimento a partir de convênios ou acordos.

Fonte: Elaborada pela autora (2017).

4.2 O processo de internacionalização da UFC nas dimensões: planejamento,