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Dimensão 1 – Cooperação orientada pela singularidade contributiva

Estando todos os itens constituintes desta dimensão bem demarcados é possível afirmar que a mesma está claramente definida e desmarcada dos outros dois factores e que a sua permanência tem a ver com o sentido que cada pessoa, enquanto elemento de uma equipa de investigação, dá à cooperação enquanto elemento estruturante para um grupo de trabalho ou, por outro lado, enquanto contributo individual de cada um.

No enquadramento teórico o conceito de confiança foi tido como central para a adopção de comportamentos de cooperação, tendo, cada vez mais, sido tomado como central no estudo da cooperação em ambientes organizacionais.

Assim, a confiança, ao ser considerada como um fenómeno colectivo em que a interacção entre os diferentes actores sociais resulta na facilitação de acções cooperativas colectivas consubstanciado num capital social (Coleman,1990; Putnam, 1993; Lochner, Kawachi & Kennedy, 1999), é passível de estar interligada com esta dimensão.

Com as mudanças laborais que têm ocorrido, principalmente, pós II Grande Guerra, estudos revelam que os sujeitos que têm índices de confiança mais elevados em si e nos seus colegas de equipa tendem a dar mais contributos válidos ao seu grupo. (Barney & Hansen, 1994).

A existência deste factor propício à cooperação faz com que se baixem custos de produção nas organizações e que estas sejam mais competitivas a nível externo contra os seus concorrentes, na medida em que, há uma maior união e articulação entre os seus membros o que torna a instituição mais forte e coesa, com alianças internas fortes, aumentando o trabalho em equipa (Gulati, 1995).

Mantendo-nos ao nível de equipas de trabalho, a confiança como elemento facilitador de adopção de comportamentos cooperativos, está dependente dos níveis de familiaridade entre os colaboradores. Este tem uma estreita ligação com o maior ou

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menor tempo desde que trabalham juntos e com a maior ou menor dependência entre os mesmo no alcance dos objectivos pré-estabelecidos (Costa, 2003).

No panorama da investigação, em específico, o que torna a confiança tão importante para a cooperação é a necessária relação de interdependência entre investigadores, visto que, todos os inputs (conhecimento anterior) e outputs (novos conhecimentos para a sociedade) produzidos em novas investigações são partilhados pela comunidade científica. Por consequência esta particularidade das equipas de trabalho obriga que a cooperação seja entendida como um instrumento de partilha para atingir os intentos do trabalho de investigação (Morris & Moberg, 1994). Consequentemente, quanto maior confiança existir em cada colaborador maior será o contributo de cada um para a adopção de comportamentos cooperativos.

Na análise desta dimensão, alguns dos seus itens remetem-nos para o sentido de levar a equipa de trabalho enquanto grupo, além da confiança necessária para a existência de cooperação. Este ponto remete-nos para a teoria da auto-categorização, amplamente comentada no capítulo 2 “Fundamentação teórica”.

Percebendo-se a importância do endogrupo, no contexto laboral, o sujeito muitas vezes comporta-se mediante os comportamentos deste, relegando para segundo plano as suas especificidades enquanto sujeito individual, denotando a sua interdependência em relação ao mesmo. Neste panorama o sujeito sente-se como uma peça fundamental para o atingir dos intentos do grupo, na medida em que, com o contributo individual de cada um atingem-se os objectivos propostos, aumentando a confiança dos membros das equipas uns nos outros porque cada um sente-se como uma mais-valia que pode dar contributos únicos para o grupo (Simpson, 2006).

Nesta mesma dimensão nota-se a necessidade dos sujeitos quererem-se assumir como pertencentes a um grupo e, ao mesmo tempo, assumirem-se como seres singulares e com características diferenciadoras dos restantes membros. Esta relação que parece um contra-senso, de facto não o é, como comprova a inclusão dos itens que apontam para uma situação (necessidade de integração no endogrupo) e para outra (necessidade de autonomização e diferenciação nesse grupo) num mesmo factor.

Aqui, por analogia existe uma espécie de balanceamento inversamente proporcional entre o sentimento de individuação e o sentimento de pertença ao grupo. Assim, quanto mais um sujeito se sente como pertencente ao grupo menor é a sua consciência de individuação (maior despersonalização), ao invés, quanto mais o individuo se sente como um Ser único e individual menor é a tendência de se integrar no endogrupo (Stets & Burke, 2000).

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Em suma, os mecanismos de auto-categorização e de individuação do sujeito fazem com que a conexão às suas equipas de trabalho se traduzam na adopção de comportamentos cooperativos, existindo sempre um balanceamento entre o sujeito enquanto membro da equipa e a pessoa enquanto indivíduo particular (Kelly, 1993).

Assim, na dimensão 1 os itens que fazem com que os indivíduos se percepcionem como membros de um grupo são:

1. Nesta organização cooperamos uns com os outros no nosso trabalho debatendo as nossas diferentes opiniões antes de chegarmos a um acordo.

5. Nesta organização cooperamos uns com os outros no nosso trabalho sabendo que ter opiniões diferentes não é um problema.

9. Nesta Organização cooperamos uns com os outros no nosso trabalho porque existe uma cultura de cooperação entre todos.

12. Nesta organização cooperamos uns com os outros no nosso trabalho havendo um sentimento de igualdade entre as pessoas.

14. Nesta organização cooperamos uns com os outros no nosso trabalho sacrificando-se cada um pelo colectivo

Os itens que direccionam para a assumpção do sujeito como um Ser único com capacidades individuais que contribuem para o atingir de metas pré-estipuladas ou que concebem um individuo com um maior grau de despersonalização em relação ao endogrupo são:

2. Nesta organização cooperamos uns com os outros no nosso trabalho percebendo que quanto mais ganham os nossos colegas mais ganhamos nós também.

10. Nesta organização cooperamos uns com os outros no nosso trabalho procurando alcançar os objectivos de cada um.

15. Nesta organização cooperamos uns com os outros no nosso trabalho porque há diferenças entre todos, o que melhora a cooperação.

21. Nesta organização cooperamos uns com os outros no nosso trabalho sendo reconhecido o contributo único de cada um.

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24. Nesta organização cooperamos uns com os outros no nosso trabalho salvaguardando os interesses individuais de cada um.

26. Nesta organização cooperamos uns com os outros no nosso trabalho porque percebemos que cada um só atinge as suas metas se os colegas atingirem também as suas.

30. Nesta organização cooperamos uns com os outros no nosso trabalho porque a organização valoriza as competências únicas de cada um.