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CAPÍTULO III OUTRAS EXPERIÊNCIAS

1. Uma Experiência em Saúde Familiar

1.7 Apresentação de Dados

1.7.2 Dimensão de Desenvolvimento

A dimensão de desenvolvimento “possibilita a compreensão dos fenómenos associados ao crescimento da família, numa abordagem processual e contextual” (Figueiredo, 2012). Nesta dimensão será avaliada: a satisfação conjugal, o planeamento familiar e o papel parental.

a) Satisfação Conjugal

A satisfação conjugal encontra-se associada à adaptação às transições dos vários elementos, para manutenção de uma relação satisfatória, tornando-se possível de medir

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através de uma avaliação pessoal, de cada um dos membros do casal faz da sua própria relação. Durante o módulo III foi apenas possível obter respostas de um elemento do casal, neste caso, da esposa, pois o marido encontra-se a trabalhar longe de casa (motorista de longo curso) e o único momento de contacto com o mesmo não seria apropriado (falecimento a mãe).

Relativamente à relação dinâmica do casal, a esposa refere satisfação na divisão/partilha de tarefas domésticas, no entanto não esta satisfeita relativamente ao tempo que passam juntos e da forma como cada um expressa os seus sentimentos. Indica que o motivo desta insatisfação se prende com as constantes ausências do marido devido ao emprego. Quanto à comunicação do casal, refere conversar sobre as expectativas e receios de cada um e que na maioria conseguem chegar a acordo quando há discordância de opinião, no entanto reconhece que o padrão de comunicação poderia ser melhorado. Relativamente à interação sexual e à função sexual, não foram abordados, pois consideramos que em nenhum dos momentos de contacto foram adequados, pela falta de privacidade que poderia comprometer a relação terapêutica.

b) Planeamento Familiar

O Planeamento Familiar está relacionado com os processos de tomada de decisão do casal relativamente ao número de filhos e ao espaçamento entre eles (Figueiredo, 2012). “Pressupõe o conhecimento e acessibilidade dos casais a métodos de planeamento familiar, que sejam seguros, eficazes e aceitáveis e, ainda, o acesso a consultas pré-concecionais que ofereçam aos casais as melhores oportunidades de terem crianças saudáveis”. (Figueiredo, 2012)

Relativamente à fertilidade e ao conhecimento sobre vigilância pré-concecional, refere não querer ter mais filhos e menciona ter sido seguida em consultas pré-concecionais antes da última gravidez. O uso do contracetivo é utilizado adequadamente e descreve, vantagens e desvantagens da sua utilização e ainda o que fazer no caso de esquecimento, toma simultânea com outra medicação ou vómitos/diarreia. Refere ainda encontrar-se satisfeita com o método contracetivo utilizado. A nível do conhecimento sobre reprodução, indica ter conhecimento do ciclo sexual da mulher, anatomia e fisiologia do sistema reprodutor feminino e masculino, sobre fecundação e gravidez, os espaçamentos adequados da gravidez e as desvantagens da gravidez não planeada.

75 c) Papel Parental

O papel parental “caracteriza-se essencialmente pelos padrões comportamentais dos membros da família face à expectativa e crença do papel, resultante, entre outros fatores do modelo funcional do sistema e dos fatores culturais adjacentes à co-construção desse modelo, em interação contínua com as suas finalidades e o meio envolvente” (Figueiredo, 2012).

A família em estudo é uma família com filhos adolescentes, o que implica que já passaram por diversas transições no que se refere, primariamente à transformação da díade em grupo familiar e a responsabilidade de serem pais, posteriormente com a entrada do filho na escola tiveram de reforçar o papel de educadores e lidar com a contestação da autoridade paternal confrontada com a opinião do professor. Na atualidade, com o filho adolescente, cabe aos pais facilitar a autonomia, promovendo um equilíbrio entre liberdade e responsabilidade.

As categorias avaliativas das dimensões operativas definidas para esta etapa são: o conhecimento do papel e o comportamento de adesão.

Relativamente ao conhecimento do papel a nível do padrão alimentar/ingestão de líquidos/sono/repouso/higiene/higiene oral/prevenção de cáries dentárias/exercício e atividades de lazer adequado à criança encontram-se presentes. A nível da prevenção de acidentes/vigilância de saúde/vacinação, também se encontra presente, reconhece a importância da vigilância de saúde/vacinação e demonstra preocupação com a mesma. Sobre a socialização, refere que as crianças se encontram bem integradas nas escolas, têm amigos e evitam conflitos/ contacto que os jovens mais problemáticos. Relativamente ao desenvolvimento infantil/cognitivo, psicossexual e social, refere que as crianças têm uma aprendizagem escolar de média normal, e considera que o adolescente tem pensamento crítico e capacidade de tomar decisões; reconhece a importância das regras, da privacidade do jovem e ainda da importância da opinião do jovem na tomada de decisões familiares.

Quanto aos comportamentos de adesão, o adolescente realiza as consultas previstas na USF e tem o plano de vacinação atualizado. São seguidas regras alimentares adequadas, apresenta uma higiene adequada, geralmente o tempo livre do adolescente é ocupado em casa (jogos de computador) e a única atividade física é a efetuada na escola. O adolescente socializa com a família e com os amigos da escola, com estes, geralmente, apenas nos horários que está na escola. A nível da resolução de problemas do jovem, os pais tentam

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resolve-los e não estimulam o desenvolvimento cognitivo e emocional. Os filhos conhecem as regras e geralmente cumprem-nas e considera que estabelecem uma interação positiva.

As dimensões associadas aos fatores de tensão do papel são: consenso, conflito e saturação de papel.

O consenso de papel “relaciona-se com a aceitação dos membros da família sobre as expectativas associadas ao papel”. Pela ausência do marido, Liliana assume “naturalmente” o papel parental, referindo que gostaria de ser mais apoiada/valorizada quanto ao mesmo. Os membros da família estão de acordo com as expectativas ligadas ao papel, não existe negociação sobre as tarefas do exercício do papel ou a atribuição das mesmas.

O conflito de papel surge pela dificuldade na conciliação, quer dos vários papéis, quer das tarefas necessárias à consecução do mesmo, originando tensão. Refere sentir sobrecarga de papéis, muito motivada pelos processos de luto do último ano, desempenhando um importante papel de apoio emocional no sistema familiar.

A saturação do papel encontra-se associado à sobrecarga física e ou emocional. A esposa reconhece problema psicológicos, emocionais e sociais associados ao desempenho dos papéis, no entanto sente dificuldade em encontrar estratégias conducentes à mudança.