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Prevenção do consumo de tabaco, bebidas alcoólicas e outras substâncias

CAPÍTULO I ENQUADRAMENTO TEÓRICO

3. Áreas de Atenção do Projeto

3.3 Prevenção do consumo de tabaco, bebidas alcoólicas e outras substâncias

“A evidência científica demonstra a existência de padrões de consumo de alto risco de bebidas alcoólicas, como a embriaguez e o consumo ocasional excessivo, também designado binge drinking, especialmente em adolescentes e jovens adultos, revelando igualmente que a experimentação do álcool é cada vez mais precoce em crianças. Também se constata que a relação entre estes padrões de consumo e a sua precocidade é responsável por uma maior probabilidade de ocorrência de dependência alcoólica, assim como de consequências diretas a nível do sistema nervoso central, com défices cognitivos e de memória, limitações a nível da aprendizagem e, bem assim, ao nível do desempenho profissional.” (Decreto-Lei n.º 50/2013 de 16 de abril)

Em Portugal, num estudo sobre consumos de álcool, tabaco, droga e outros comportamentos aditivos e dependências em 2015, realizado aos alunos que completaram 13 a 18 anos em 2015, verifica-se que as substância com maior número de consumidores continuam a ser por ordem decrescente álcool (experimentação=71%, consumos no último ano=62%, consumo atual=42%, destes, 30% cerveja, 22% vinho e 31% bebidas destiladas), tabaco (experimentação=40%, consumos no último ano=30%, consumo atual=20%), droga (experimentação=19%, consumos no último ano=14%, sendo a cannabis a droga predominantes neste grupo etário) e medicamentos (tranquilizantes/sedativos experimentação=15%). Do mesmo estudo verifica-se que nos últimos 12 meses 3% dos alunos aos 13 anos e 43% aos 18 anos referem ter ficado embriagados. A nível da evolução de 2011 para 2015, as prevalências de consumo de álcool e tabaco diminuíram para quase todos os grupos etários, com exceção dos 17 e 18 anos em que há estabilidade. Quanto ao consumo de droga, a tendência global quanto à experimentação foi de diminuição dos 14 aos 16 anos, estabilidade nos 17 anos e aumento nos 18 anos (SICAD, 2015).

O potencial de consumo de substâncias ou comportamentos aditivos estão diretamente relacionados com fatores de risco ou de proteção, dos vários domínios da vida do individuo, sendo internos ou externos, ou de natureza biológica, psicológica e social.

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Assim, a prevenção destes consumos, em meio escolar, é mais eficaz se toda a comunidade educativa estiver envolvida e forem estabelecidas relações positivas e um clima de escola favorável, no qual o jovem se sente envolvido, seguro e reforçado, para que o mesmo desenvolva capacidades para lidar com o risco associado aos comportamentos aditivos e dependências.

Torna-se assim fundamental fomentar e promover intervenções no meio escolar, baseados na evidencia científica, com carater de continuidade, envolvendo os jovens, os contextos sociais e ambientais em que estes crescem e aprendem, em especial com os pais.

“A prevenção de comportamentos aditivos e dependências em meio escolar é da competência da Direção-Geral da Educação e tem como objetivos: Melhorar o estado de saúde global dos jovens; Contribuir para a definição de políticas em matéria de comportamentos aditivos e dependências; Prevenir os consumos em meio escolar, através de debates, sessões de sensibilização e outras estratégias de trabalho continuado com os alunos e envolvendo toda a comunidade educativa.” (DGE, 2015)

Em Portugal, existe uma grande preocupação referente ao consumo de álcool e tabaco, estabelecendo diversa legislação numa tentativa do controlo da mesma, entre ela:

▪ Decreto-Lei n.º 106/2015 de 16 de junho, em alteração do Decreto-Lei n.º 50/2013, de 16 de abril, relativo à disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos e em locais abertos ao público;

▪ Decreto-Lei n.º 332/2001, de 24 de dezembro, altera o Código da Publicidade, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 330/90, de 23 de outubro, através da proibição do patrocínio por marcas de bebidas alcoólicas de quaisquer atividades desportivas, culturais ou recreativas praticadas pelos menores e alargamento do período de proibição de transmissão de publicidade na rádio e na televisão;

▪ Lei n.º 109/2015 de 26 de agosto, em alteração à Lei n.º 37/2007, de 14 de agosto, relativa ao fabrico, apresentação e venda de produtos do tabaco e produtos afins;

▪ Lei n.º 37/2007, de 14 de agosto (Lei do Tabaco), estabelece a proibição de fumar em determinados lugares, incluindo os estabelecimentos de ensino.

No sentido dar resposta aos problemas de saúde pública e reduzir os riscos, custos e impacto que têm na vida dos indivíduos/famílias/sociedade, os comportamentos aditivos e dependências, com ou sem substâncias, foi criado um Plano Nacional para a Redução dos Comportamentos Aditivos e das Dependências (PNRCAD) 2013-2020, que pretende intervir tanto a nível da procura, através da promoção da saúde, prevenção, redução de riscos,

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tratamento e à reinserção social e a nível da oferta, com a regulação, regulamentação e diminuição da disponibilidade do mercado das substâncias lícitas (SICAD, 2013).

Por comportamentos aditivos sem substância (jogo, internet e outros) entende-se “toda a conduta repetitiva que produz prazer e alívio tensional, sobretudo nas suas primeiras etapas, e que leva a uma perda de controlo da mesma, perturbando severamente a vida quotidiana, a nível familiar, laboral ou social, que pode acentuar-se no tempo e conduzir a uma dependência.” (SICAD, 2013)

Na atualidade verifica-se um consumo digital elevado em todas as faixas etárias, em especial nos jovens, em que grande parte dos seus comportamentos, opções de escolha, redes sociais, lazer e entretenimento é acedido eletronicamente. A boa utilização das tecnologias pode ser uma oportunidade para inovar e capacitar a comunidade educativa, mas o inverso torna-os mais expostos a adições, intimidações (cyberbullying) e assédio. (DGS, 2015)

No estudo sobre consumos de álcool, tabaco, droga e outros comportamentos aditivos e dependências em 2015, realizado ao alunos que completaram 13 a 18 anos em 2015, verifica-se: a prevalência de uso de internet nos últimos 7 dias variou entre 92% aos 13 anos (redes sociais 82%, streaming/downloadind 67%, pesquisar informação 57%, jogos 35%, comprar/vender/procurar 14% e jogos a dinheiro 5%) e 98% aos 18 anos (redes sociais 95%, streaming/downloadind 81%, pesquisar informação 84%, jogos 48%, comprar/vender/procurar 29% e jogos a dinheiro 7%) (SICAD, 2015).

A Enfermagem Comunitária no exercício da “Saúde Escolar deve estar atenta a todos estes consumos no contexto escolar, sensibilizar a comunidade educativa para importância da prevenção e da identificação dos efeitos imediatos, a médio e a longo prazo das adições e dependências, das consequências a nível físico, psicológico, familiar e social e do seu impacto no rendimento escolar. Deve trabalhar em parceria, a influência dos pares, a vulnerabilidade e a resiliência, mas também a vinculação familiar, escolar e social” (DGS, 2015).

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