2.1 PRÁTICAS DE GESTÃO DE PESSOAS
2.1.6 Gestão por competências
2.1.6.2 Dimensões das competências
2.1.6.2.1 Dimensão individual da competência
Para Boterf (2003), competência é assumir responsabilidades frente a situações de
trabalho complexas, buscando lidar com eventos inéditos, surpreendentes, de natureza
singular.
Segundo Zarifian (2008), a competência profissional é uma combinação de
conhecimentos, de saber-fazer, de experiências e comportamentos que se exerce em um
contexto preciso. Ela é constatada quando de sua utilização em situação profissional, a partir
da qual é passível de avaliação. Compete, então, à empresa identificá-la, validá-la e fazê-la
evoluir.
Ainda, Zarifian (1996) diz que a competência faz alusão à metacognição e a atitudes
relacionadas ao trabalho, baseando-se na premissa de que, em um ambiente dinâmico e
competitivo, não é possível considerar o trabalho como um conjunto de tarefas ou atividades
predefinidas e estáticas. Para esse autor, competência significa assumir responsabilidades
frente a situações de trabalho complexas, aliado ao exercício sistemático de uma reflexividade
no trabalho, permitindo ao profissional lidar com eventos inéditos, surpreendentes e de
natureza singular.
Para Zarifian (2008), a competência é a colocação de recursos em uma situação
prática. A partir dos conhecimentos adquiridos, o indivíduo transforma-os à medida que a
diversidade das situações aumenta. A competência é a iniciativa sob a condição de autonomia,
que supõe a mobilização de dois tipos de recursos, os recursos internos pessoais (adquiridos,
solicitados e desenvolvidos pelos indivíduos em dada situação), e os recursos coletivos
(trazidos e colocados à disposição pelas organizações). Para o autor, é a faculdade de
mobilizar redes de atores em volta das mesmas situações, de compartilhar desafios, de
assumir áreas de responsabilidade. Existem algumas palavras-chave que Zarifian (2008)
considera para a definição de competência que são: iniciativa, responsabilidade, inteligência
prática, conhecimentos adquiridos, transformação, diversidade, mobilização dos atores e
compartilhamento. Elas dizem respeito ao indivíduo e ao processo do trabalho.
Sparrow e Bognanno (1994) destacam que competência é um repertório de atitudes
que possibilitam ao profissional adaptar-se rapidamente a um ambiente cada vez menos
estável e ter uma orientação para a inovação e a aprendizagem permanentes. Segundo esses
autores, competências representam atitudes identificadas como relevantes para a obtenção de
alto desempenho em um trabalho específico, ao longo de uma carreira profissional, ou no
contexto de uma estratégia corporativa.
Dutra, Hipólito e Silva (1998) ressaltam que a competência é a capacidade de uma
pessoa de gerar resultados dentro dos objetivos organizacionais.
A noção de competência pode ser relacionada a verbos como: saber agir; mobilizar
recursos; integrar saberes múltiplos e complexos; saber aprender, se engajar; assumir
responsabilidades; ter visão estratégica. Além do mais, as competências devem agregar valor
econômico para a organização, e social para o indivíduo. (FLEURY; FLEURY, 2006).
Para Sandberg e Dall’Alba (1996), a competência humana no trabalho deve ser vista
não só em termos de conhecimento em si, mas também com relação ao conhecimento que é
exigido no desempenho profissional competente. É preciso identificar conhecimentos e
habilidades humanas essenciais ao trabalho, sua aplicabilidade e a relação com a busca por
resultados significativos às organizações. Então, o autor coloca que competência deve ser
vista como a junção das competências dos trabalhadores com as formas de trabalho.
Boyatzis (1982) definiu competências individuais para o trabalho como sendo as
características específicas de uma pessoa, que a direciona a um desempenho superior nas suas
atividades. O foco está na capacidade e habilidade que um indivíduo possui de realizar
determinada tarefa, ou se pronunciar a respeito de algum assunto. Entende-se assim
competências como inputs nos processos, ou seja, um conjunto de conhecimentos, habilidades
e atitudes (CHA) preexistentes, ligados ao cargo do profissional e que determinarão o
desempenho individual.
Para Dutra (2010), competência é a capacidade da pessoa de gerar resultados dentro
dos objetivos estratégicos e organizacionais da empresa, traduzindo-se pelo mapeamento do
resultado esperado (output) e do conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes
necessários para seu atingimento (input).
Para Fleury e Fleury:
Competência é um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que justifica um alto desempenho na medida em que há também um pressuposto de que os melhores desempenhos estão fundamentados na inteligência e personalidade das pessoas. Nessa abordagem considera-se a competência, portanto, como um estoque de recursos que o indivíduo detém. (FLEURY; FLEURY, 2001, p. 28).
Então, competências representam características possíveis de serem verificadas nas
pessoas: conhecimentos, habilidades e atitudes que viabilizam uma performance superior.
Competência é um comportamento observável. As competências são passíveis de
mensuração, observação, identificação, treinamento e certificação. Assim, a competência é
adquirida através do desenvolvimento do CHA (conhecimentos, habilidades e atitudes).
(DUTRA, 2010; FLEURY; FLEURY, 2006).
Ainda, competências individuais são combinações sinérgicas de conhecimentos,
habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissional dentro de determinado
contexto organizacional, e que agregam valor a pessoas e organizações (CARBONE et al.,
2005; FREITAS; BRANDÃO, 2005).
Entende-se, pois, que o conhecimento é tudo aquilo que pode ser formalmente
aprendido; são as técnicas específicas de cada cargo; é o conhecimento que está vinculado a
responsabilidades / processos; pode ser desenvolvido a partir de treinamento/experiência. O
conhecimento implica questionamentos e esforços voltados à informação que possa agregar
valor ao trabalho. O conhecimento é o que se deve saber para desenvolver com qualidade
aquilo que lhe é atribuído. (RUAS, 1998).
A habilidade é um conjunto de conhecimentos que podem ser formalmente
aprendidos. Porém, embora possa ser aprendido, necessita de aptidão pessoal. As habilidades
referem-se ao saber-fazer. Centraliza-se no desenvolvimento de práticas e consciência da ação
tomada. As habilidades são o que se deve saber para obter um bom desempenho (RUAS,
1998).
A atitude é uma postura, um comportamento que o profissional necessita para o
exercício do cargo. As atitudes referem-se ao saber agir. É a busca de um comportamento
mais condizente com a realidade desejada. Neste momento, realiza-se a união entre discurso e
ação. Deve-se saber agir para poder empregar, adequadamente, os conhecimentos e as
habilidades. (RUAS, 1998).
Portanto, conhecimentos, habilidades e atitudes são interdependentes na medida em
que, para a exposição de uma habilidade, presume-se que o indivíduo conheça princípios e
técnicas específicos. A adoção de um comportamento no trabalho exige da pessoa a detenção
não apenas de conhecimentos, mas também de habilidades e atitudes apropriadas.
No documento
Relação entre práticas de gestão de pessoas, modernidade organizacional e inovação disruptiva
(páginas 34-37)