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4. Análise das evidencias recolhidas

4.4 Dimensão interinstitucional

Aspectos de coordenação interinstitucional para fortalecer as ligações entre a provisão da protecção social e o apoio à resiliência climática

O alcance das ligações coerentes e eficazes entre a provisão da protecção social e gestão de riscos climáticos exige uma boa coordenação interinstitucional e capacidade técnica a todos os níveis (nacional, provincial e distrital), bem como um sistema apropriado e credível de monitoria, avaliação e comunicação de forma a fazer-se uma análise sobre o processo, determinar uma resposta adequada ao eventos climáticos e, preparar-se de forma adequada e atempada através da influência ao processo de tomada de decisão e da mobilização de recursos.

Para o alcance da “protecção social adaptativa” é necessário que haja uma boa coordenação e interligação entre as instituições do governo responsáveis pela provisão da protecção social (MGCAS e INAS), as instituições ligadas a gestão do risco (MITADER e INGC), as instituições de importância transversal (por exemplo: MASA, Ministério de Educação, MISAU), as instituições que implementam ao nível local os programas de protecção social (governos distritais ou municípios) e uma plataforma consensual engajando todos os parceiros em todas as fases da iniciativa. Por outro lado, a ligação deve ser estendida para as instituições que lidam com dados sobre a pobreza (MEF) e segurança alimentar (SETSAN) para efeitos de priorização dos locais para a implementação dos programas e, com outras instituições capazes de prover tecnologias ou capacidade técnica necessária para promover a adaptação (MASA, MOPH, etc).

Contudo, para que esta coordenação e interligação institucional possa funcionar de forma efectiva, é necessário que cada actor identificado como relevante para a promoção da proteção social adaptativa faça a sua parte. Isto pode ser conseguido através da criação de um fórum conjunto (ao nível central, provincial e distrital) para a planificação, implementação, M&A e partilha e disseminação das lições aprendidas.

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Entretanto, antecipando a isso, torna-se pertinente que as instituições reconheçam sem equívoco as vantagens dessa interligação; o papel que cada uma pode desempenhar; o estabelecimento de protocolos de cumprimento das responsabilidades; a existência de uma plataforma para a planificação conjunta recorrendo a base de dados integrados e, a posterior se documente lições aprendidas e se aperfeiçoe a comunicação visando consolidar a iniciativa.

Avaliação das funções das instituições envolvidas em iniciativas relacionadas com a adaptação às mudanças climáticas

Na análise ou avaliação efectuada a quatro PLAs referentes aos distritos de Guija, Xigubo, Angoche e Morrumbala, foram constatados desafios (aspectos a melhorar) e oportunidades (aspectos a aproveitar) de forma a permitir uma boa interligação entre as iniciativas de adaptação aos riscos climáticos e de proteção social (vide o anexo 5).

A tabela 11 apresentada a seguir mostra que, em muitos aspectos, a avaliação interinstitucional realizada aos PLAs referentes aos quatro distritos são semelhantes e apontam para a mesma tendência. Por exemplo, uns dos desafios que devem ser melhorados são a integração das mudanças na planificação distrital, a flexibilidade na planificação e, a mobilização de financiamento para a implementação das actividades. Uma das oportunidades que pode ser aproveitada inclui a existência de uma boa coordenação interinstitucional ao nível distrital.

Tabela 11. Estágio dos indicadores para facilitação da ligação entre protecção social e resiliência climática

Indicador Nível Significado da ligação SP e PLA

Integração de mudanças climáticas na planificação

Baixo Integração de assuntos climáticos na planificação em particular Coordenacaointerinstitucional Alto Boa base para a ligação

Financiamento em mudanças

climáticas Baixo Mobilizar recursos adicionais para a adaptação através de trabalhos públicos

Capacidade técnica Médio A capacidade técnica precisa ser aumentada

Uso de informação climática Medio Necessário grande uso de informação climática Flexibilidade da planificação Baixo Necessárias abordagens flexíveis de planificação Participação dos grupos sociais

na planificação

Medio A participação dos agregados familiares mais pobres precisa ser consolidada.

Sensibilização e ligação de parceiros

Alto Boa base para a ligação

DIAGNÓSTICO GERAL DA INTERLIGAÇÃO INSTITUCIONAL

O Anexo 6 fornece uma lista de organizações e agências que têm funções relevantes para ligar a protecção social e adaptação às alterações climáticas.

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Entretanto, prevalece um grande desafio na funcionalidade da coordenação interinstitucional entre os intervenientes da protecção social que consequentemente aumentará os desafios para ligar PS a iniciativas de adaptação a mudanças climáticas. De facto, é consensual que esse constrangimento existiu no passado e continua a existir no presente momento, e urge ser ultrapassado, visando criar um ambiente propício para a implementação da protecção social, particularmente, em sinergia com iniciativas de adaptação a mudanças climáticas.

Ao nível central, existem dois desafios. O primeiro refere à coordenação dentro do MGCAS e com o INAS, e o segundo, com outras instituições e parceiros. Oficialmente, o MGCAS tem um mandato normativo, formulando políticas, estratégias, normas, regulamentos. O MGCAS também é responsável pela supervisão ada implementação de tais instrumentos. Enquanto isso, o INAS é o órgão executivo de tais políticas e estratégias. Existe espaço para melhoria continua na relação entre esses dois actores, e para que tais melhorias consolide-se para a obtenção de resultados de mudanças sistemáticas dentro do MGCAS e na filosofia de implementação dos vários programas. Aliado a isso, existe o facto do próprio MGCAS estar a implementar algumas das acções directas no âmbito de programas sociais. No meio desse processo, a interligação dessas execuções de programas precisa ainda ser aprimorada em termos de planificação, complementariedade na execução e nos monitoramentos.

A relação com outras instituições afins relacionadas à protecção social apresenta ainda algumas fragilidades. A experiência do passado mostrou um fraco cometimento da parte dos sectores. Isso porque não assumiram em pleno as suas responsabilidades. Tal facto existe exactamente porque ainda prevalece a falta de entendimento do carácter universal da protecção social (protecção social público, assistencialista e especial) e dos procedimentos para o cometimento vertical e horizontal das instituições. A Protecção Social é ainda vista como algo da alçada do MGCAS requerendo, no entanto, a contribuição e participação de outros sectores. Essa visão representa o principal nó de estrangulamento o qual precisa ser ultrapassado, caso se queira ter um mecanismo mais robusto de interactividade entre as instituições no processo de implementação da ENSSB. Cenários interinstitucional face ao Conselho Nacional de Acção Social e universalização do conceito de protecção social

A criação do Conselho Nacional de Acção Social (CNAS) e a sua elevação da coordenação ao nível do Primeiro Ministro representa um passo crucial para melhorar a articluação institucional. Essa opção torna-se de capital importância, particularmente por se ter preconizado que os quatro conselhos ora extintos passarão a funcionar como comissões de trabalho conforme ilustrado no anexo 7. Isso pode trazer um novo alento, desde que se faça uma reflexão profunda sobre as causas das limitações funcionais do passado e se adopte uma nova estratégia de articulação entre essas comissões.

A medida visou ainda a racionalização das estructuras de coordenação dado ao facto de uma mesma instituição ter estado a fazer parte em mais de que uma comissão de coordenação, o que punha em causa a eficácia e sobrecarga institucional pela duplicação das actividades de coordenação. Como alternativa, na nova modalidade, o CNAS terá comissões de trabalho das 4 áreas (deficiência, pessoa idosa, criança e segurança social básica). Por outro lado, o facto de se ter elevado a liderança ao nível de Sua Excelência o Primeiro Ministro espelha de forma inequívoca o cometimento e o reconhecimento de que a protecção social são cruciais para o

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desenvolvimento do capital humano e que deve haver um comando uniforme a multiplicidade de actores.

A funcionalidade do CNAS continua a ser um desafio dado a complexidade da protecção social. Existem aspectos importantes que precisam ser reconsiderados tendo em conta a estrutura da figura, em termos de funcionalidade dentro e entre as comissões de trabalho nomeadamente no que respeita a: planificação e programação; responsabilização institucional; mobilização e cometimento de recursos; análises; implementação; monitoramento e avaliação e finalmente documentação de lições aprendidas para consolidar, aperfeiçoar e replicar acções.

Por outro lado, a Protecção Social despertou maior interesse entre os parceiros como via para assegurar a inclusão social e incrementar a eficiência e eficácia da ajuda ao País. Contudo isso trás um desafio acrescido uma vez que, apesar de várias tentativas, persiste a resistência em se trabalhar como um bloco e sob a liderança da estructura do Governo. Discrepância nas metodologias, modus operandi, priorização geográfica, normas de uso de fundos, procedimentos a ser adotado na capacitação, são exemplos de aspectos que impede a consolidação das acções no âmbito da protecção social.

Entretanto, em um contexto que se discute eficácia da ajuda, é dever dos parceiros direccionar-se as prioridades do Governo e tomar em conta a sua filosofia de intervenção conforme plasmado no Decreto 46/2014 que regula e orienta as linhas mestras das intervenções das ONGs e instituições religiosas na implementação da segurança social básica e demais intervenientes da sociedade civil. Nessa perspectiva, urge consolidar e reforçar o respeito pelas normas e mobilizar sinergias colectivas para a acções concertadas da protecção social direccionada aos grupos mais vulneráveis. Apear de o envolvimento efectivo dos parceiros seja a peça-chave, são necessários respeito e cumprimento da íntegra das normas vigentes e do comando da instituição tutelar. Um outro desafio refere ao desempenho da PS em termos de coordenação ao nível provincial e distrital. Várias recomendações foram feitas no âmbito da avaliação de ENSSB, mas ainda não foram implementadas. De entre aspectos mais relevantes destaca-se:

• A incompatibilidade entre o INAS (Delegações) e a (DPGCAS) em termos de subordinação e articulação.

• As limitações do modelo de funcionamento na base de delegação com implicações sérias na implementação, monitoramento e avaliação e mobilização de sinergias; • A representactividade e o desempenho ao nível do distrito, tendo em conta que a

protecção social institucionalmente foi integrada com o sector de saúde através de SDSMAS, fazendo com que assuntos sociais sejam relegados a segundo plano.

A combinação de todos os factores acima mencionados propícia um ambiente de fragmentação na coordenação institucional que urge ser ultrapassado. O anexo 8 apresenta de forma detalhada uma proposta visando estabelecer vários níveis de coordenação, optando pela modalidade de redes.

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