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O dimensionamento da coluna inicia-se com a verificação do requisito mínimo de esbeltez do perfil. Para barras comprimidas o índice de esbeltez não deve ser maior que 200, sendo essa verificação necessária para ambas direções:

𝐾𝐿𝑏,𝑥

𝑟𝑥 < 200 Eq. 4.14

𝐾𝐿𝑏,𝑦

𝑟𝑦 < 200 Eq. 4.15

Onde K é o coeficiente de flambagem, 𝐿𝑏,𝑥 é o comprimento destravado em x (plano x-z), 𝐿𝑏,𝑦 é o comprimento destravado em y (plano y-z), 𝑟𝑥 o raio de giração em torno de x e 𝑟𝑦 o raio de giração em torno de y, todos em milímetros, exceto o K que é adimensional.

O perfil W150 x 13 foi o escolhido para a coluna. Para esse perfil, os índices de esbeltez encontrados, em x e y, foram de 99,191 e 110,450 sucessivamente. Ambos índices menores que 200, demonstrando ser adequado para prosseguir com as verificações quantos aos esforços solicitantes.

Quanto as solicitações, conforme apresentado em 3.2.5.2, a norma pede para que a 𝑁𝑐,𝑆𝑑 seja menor que 𝑁𝑐,𝑅𝑑. Conforme ABNT (2008), a resistência à compressão axial

de projeto da haste, relacionada ao estado último de flambagem em flexão, torção ou flexão-torção e flambagem local, deve ser determinada pela seguinte expressão:

𝑁𝑐,𝑅𝑑 = 𝑥𝑄𝐴𝑔𝐹𝑦 𝛾𝑎1

Eq. 4.16

Onde 𝑥 é o fator de redução relacionado à flambagem local, 𝑄 é o fator de redução total associado à flambagem local e 𝐴𝑔 é a área bruta da seção.

A flambagem local que ocorre em barras metálicas comprimidas é avaliada em termos de um fator de redução Q relacionado à flambagem local. Este fator pode ser entendido como a porcentagem da resistência total da barra que pode ser alcançada antes que a flambagem ocorra em algum lugar do perfil. O fator de redução Q associado à flambagem local, geralmente, exceto para seções de tubos circulares, é calculado por:

𝑄 = 𝑄𝑠𝑄𝑎 Eq. 4.17

O 𝑄𝑠 é o fator de redução que considera a flambagem local dos elementos do tipo AL, e 𝑄𝑎 é o que considera a flambagem local para elementos do tipo AA.

Barras de aço submetidas a forças de compressão axiais, onde a razão entre largura e espessura de todos os elementos constituintes da seção transversal não excede o valor da esbeltez limite, anexo F da NBR 8800, o fator de redução total (Q) será igual a 1,00.

A esbeltez é calculada pela razão da sua largura (b) pela sua espessura (t) do elemento analisado, representados na Figura 7. Para a alma da coluna C1, classificada como elemento AA do grupo 2 pelo anexo F da NBR 8800, a esbeltez limite é calculada pela equação 4.18. No caso da mesa, segundo anexo F, é classificada como elemento AL do grupo 4. A equação 4.19, mostra o valor limite de esbeltez.

Figura 7 – Dimensões consideradas para o índice de esbeltez – (a) Alma. (b) Mesa.

Fonte: Adaptado de ABNT NBR 8800 (2022).

(𝑏 𝑡)

𝑙𝑖𝑚

= 1,49√𝐸

𝐹𝑦 Eq. 4.18

(𝑏 𝑡)

𝑙𝑖𝑚

= 0,56√𝐸

𝐹𝑦 Eq. 4.19

O perfil W150 x 13, disposto da forma representada pela Figura 7, para alma apresenta uma esbeltez limite de 36,321 e para a mesa 13,651. Os índices de esbeltez calculados, para alma e para mesa, foram de 27,442 e 10,204. Ambos não superaram o valor da esbeltez limite, dessa forma, o valor do fator de redução Q é igual a 1, conforme recomendação do anexo F da NBR 8800.

A flambagem global, que ocorre em barras metálicas comprimidas, pode ser avaliada em termos de um fator de redução (𝑥) relacionado à flambagem global. Esse fator pode ser entendido como a porcentagem da resistência total do reforço que pode ser alcançada antes que algum modo global de flambagem ocorra, seja flexão, torção ou flexão-torção. Quanto maior o valor do fator de redução, menor a probabilidade de flambagem global e maior a porcentagem da resistência total da armadura disponível para projeto. O fator de redução associado à flambagem global é calculado, conforme NBR 8800, em função do índice de esbeltez reduzido (𝜆0) da seguinte forma:

𝑥 = {

0,658𝜆02, 𝑠𝑒 𝜆0 ≤ 1,5 0,877

𝜆02 , 𝑠𝑒 𝜆0 > 1,5 Eq. 4.20

O índice de esbeltez reduzido é encontrado, em função da força axial de flambagem elástica (𝑁𝑒), pela equação 4.21:

𝜆0 = √𝑄𝐴𝑔𝐹𝑦

𝑁𝑒 Eq. 4.21

A força axial de flambagem elástica, segundo ABNT (2008), é a máxima força axial de compressão suportada pela barra sem que a mesma manifeste alguma instabilidade por flambagem global. Para seções com dupla simetria, a força axial de flambagem, em relação ao eixo central de inércia x e y, é dada por:

𝑁𝑒𝑥 = 𝜋2𝐸𝐼𝑥

(𝐾𝑦𝐿𝑦)2 Eq. 4.22

𝑁𝑒𝑦 = 𝜋2𝐸𝐼𝑦

(𝐾𝑥𝐿𝑥)2 Eq. 4.23

Onde 𝐾 é o coeficiente de flambagem da direção x ou y e 𝐿 é o comprimento destravado na direção x ou y. O comprimento destravado é distância entre dois travamentos eficazes.

A norma NBR 8800 apresenta os valores recomendados para os coeficientes de flambagem de acordo com seu apoio. Para a coluna C1, os valores para a direção x e y foram de 2 e 0,8. O comprimento destravado, para ambas direções, será o comprimento da coluna.

Figura 8 – Coeficiente de flambagem por flexão de elementos isolados.

Fonte: Adaptado de ABNT NBR 8800 (2008).

Os valores para o índice de esbeltez reduzido foram de 1,294, para o eixo x, e 1,441, para o eixo y. Ambos valores menores que 1,5. Consequentemente, seguindo a equação 4.20, encontrou-se um valor de 0,496 para o fator de redução (𝑥) associado à flambagem global no eixo x, e para o eixo y o valor encontrado foi de 0,42. Dessa forma, adotou-se o valor de 0,42 para a continuação da análise.

Aplicando os valores encontrados das equações 4.20 e 4.17, na equação 4.16, é encontrado um valor de resistência à compressão axial de 218,415 kN. Resistência essa 383,9% maior que a solicitação encontrada pela soma do esforço cortante de V1 e V2, 56,9 kN, validando assim a utilização do perfil W 150 x 13 para a aplicação no mezanino projetado.

4.10 VIGA DESTINADA PARA TALHA

Conforme definido no item 3.1, o mezanino deverá ser provido de uma viga para instalação de uma talha com capacidade de elevação de pelo menos 300 kg. A Figura

4 mostra a viga 5 (V5) que será destinada a esse fim. Aproximando V5 como a viga principal de uma ponte rolante, utilizou-se a norma NBR 8400 para validar a viga como apropriada para elevação de carga.

O primeiro parâmetro, utilizando a norma, é definir a classe de utilização do equipamento e o estado da carga. O primeiro está diretamente relacionado com a frequência de utilização. O estado da carga designa a proporção em que o equipamento eleva a carga máxima. Estes dois parâmetros são encontrados, respectivamente, nas Tabelas 9 e 10.

Tabela 9 - Classes de utilização.

Classe de utilização

Frequência de utilização do movimento de

levantamento

Número convencional de ciclos de levantamento

A

Utilização não regular, seguida de longos períodos de repouso

6,3 ∙ 104

Fonte: Adaptado de ABNT de NBR 8400 (1984).

Tabela 10 – Estados de carga.

Estado de carga Definição Fração mínima da carga

máxima

0 (muito leve)

Equipamentos levantando excepcionalmente a carga

nominal e comumente cargas muito reduzidas

𝑃 = 0

Fonte: Adaptado de ABNT de NBR 8400 (1984).

Para V5 a classificação de utilização é a “A” e o estado da carga é caracterizado como

“0 (muito leve) ”.

Os elementos de uma estrutura de elevação de carga podem, ou não, ficar submetidos a estados de tensão maiores ou menores que as exigidas pela carga. Esses estados

de tensão são definidos, de forma análoga, utilizando a classificação da Tabela 10.

De acordo com a NBR 8400, tendo a classificação da classe de utilização e estado de carga (ou tensão) é classificada a estrutura, ou seus elementos, em grupos conforme a Tabela 11. A viga, de acordo com a tabela, é classificada como grupo 1. Esse grupo indicará o coeficiente de majoração para equipamentos industriais (𝑀𝑥). Segundo a NBR 8400, para grupo 1 o 𝑀𝑥 é igual a 1.

Tabela 11 – Classificação da estrutura dos equipamentos (ou elementos da estrutura) em grupos.

Estado de cargas (ou estado de tensões para um elemento)

Classe de utilização e número convencional de ciclos de levantamento (ou de tensões para um elemento) A

6,3 ∙ 104

B 2,0 ∙ 105

C 6,3 ∙ 105

D 2,0 ∙ 105

0 (muito leve)

𝑃 = 0 1 2 3 4

Fonte: Adaptado de ABNT de NBR 8400 (1984).

A classe de funcionamento caracteriza o tempo médio, estimado no número de horas que a instalação opera por dia. É considerado funcionamento apenas quando há movimento. O conceito de tempo médio é definido para mecanismos que são utilizados com frequência ao longo do ano. Para elementos pouco utilizadas ao longo do ano, o horário de funcionamento diário é o horário de funcionamento anual dividido por 250 dias. A Tabela 12 fornece a correspondência entre a classe de corrida e o tempo médio diário estimado de corrida. Para a viga em questão, a classe de funcionamento é a V0,25.

Tabela 12 – Classe de funcionamento.

Classe de funcionamento

Tempo médio de funcionamento diário

estimado (h)

Duração total teórica da utilização (h)

V0,25 𝑡𝑚 ≤ 0,5 ≤ 800

Fonte: Adaptado de ABNT de NBR 8400 (1984).

A exigência de movimento vertical, segundo a NBR 8400, é causada pelo levantamento súbito da carga de trabalho e choque vertical causado pelo rolamento do carrinho. Desse modo, as requisições por carga de serviço são multiplicadas pelo coeficiente dinâmico (ψ), obtido na Tabela 13. Para a faixa de velocidade de elevação da talha escolhida, 0,4 m/s, o coeficiente dinâmico será igual a 1,24.

Tabela 13 – Valor do coeficiente dinâmico 𝛙.

Equipamento Coeficiente dinâmico ψ

Faixa de velocidade de elevação de carga (m/s) Pontes ou pórticos

rolantes 1 + 0,6 ∙ 𝑉𝐿 0,25 ≤ 𝑉𝐿 < 1

Fonte: Adaptado de ABNT NBR 8400 (1984).

Para determinação das solicitações de peso próprio (𝑆𝐺) e carga de serviço (𝑆𝐿), segundo a NBR 8400, devem ser consideradas no dimensionamento as cargas resultantes de solicitações estáticas e as resultantes de solicitações dinâmicas.

Para o peso próprio foi considerado 1,32 kN referente ao peso do trole e seus acessórios, 0,052 KN/m do peso do perfil e 1,78 kN/m² do piso e estrutura do mezanino. As cargas foram linearizadas e ajustadas para a mesma unidade. Como carga de serviço foi considerado 300 kg da capacidade máxima de içamento do equipamento. Dessa forma, para encontrar a solicitação, segundo a NBR 8400, temos:

𝑆 = 𝑀𝑥(𝑆𝐺 + 𝜑𝑆𝐿 + 𝑆𝐻) + 𝑆𝑊 Eq. 4.24 Como os efeitos de vento (𝑆𝑊) e os de deslocamentos horizontais (𝑆𝐻) serão desconsiderados, devido a viga estar abrigada, movimentada em baixas velocidades e poucas vezes, a solicitação encontrada é 8,358 kN. Essa solicitação gera esforços de 6,9 kN de reação de apoio e 6,3 kNm de momento fletor máximo.

Dispondo da solicitação, a NBR 8400, ela deve ser caracterizada na proporção em que é submetida a solicitação máxima ou somente solicitações reduzidas. Os três

estados da solicitação são caracterizados pela fração da solicitação máxima correspondente à menor solicitação do mecanismo durante o serviço.

A solicitação é encontrada de acordo com a Tabela 14, sendo a viga responsável pela talha tendo sua solicitação caracterizada como grupo 1.

Tabela 14 – Estados de solicitação dos mecanismos.

Estados de solicitação Definição Fração da solicitação máxima

1

Mecanismos ou elementos de mecanismos sujeitos a solicitações reduzidas e raras vezes a solicitações

máximas

𝑃 = 0

Fonte: Adaptado de ABNT NBR 8400 (1984).

Diante do estado de solicitação caracterizado, utilizando a Tabela 15, é possível classificar o funcionamento do elemento em um dos seus seis grupos. Para viga em questão a classificação correspondente é a 1Bm.

Tabela 15 – Grupos dos mecanismos.

Estados de solicitação

Classes de funcionamento

V0,25 V0,5 V1 V2 V3 V4 V5

1 1Bm 1Bm 1Bm 1Am 2m 3m 4m

Fonte: Adaptado de ABNT NBR 8400 (1984).

Segundo a NBR 8400 os elementos são calculados de forma que sejam suficientemente seguros contra suas possíveis causas de falha (fratura, flambagem, fadiga e desgaste). Além disso, outras considerações podem interferir, em particular o aquecimento excessivo e deformações que possam impedir o funcionamento correto.

A validação dos elementos relacionados à falha por ruptura é realizada levando em consideração que a tensão calculada não exceda a tensão admissível relacionada à tensão de ruptura do material utilizado. O valor da tensão admissível é dado pela equação 4.25:

𝜎𝑎 = 𝜎𝑟

𝑞𝐹𝑆𝑟 Eq. 4.25

Onde 𝜎𝑎 é a tensão admissível, 𝜎𝑟 é a tensão de ruptura do material, ambas em Mpa, e 𝐹𝑆𝑟 e 𝑞 são fatores encontrados nas tabelas abaixo, que relacionam o grupo de mecanismos para o valor de 𝑞 e caso da solicitação, para o valor de 𝐹𝑆𝑟.

Tabela 16 – Valores de q.

Grupos de mecanismos q

1 Bm 1

1 Am 1

2 m 1,12

Fonte: Adaptado de ABNT NBR 8400 (1984).

Tabela 17 – Valores de 𝑭𝑺𝒓.

Casos de solicitação 𝐹𝑆𝑟

Casos I e II 2,8

Caso III 2

Fonte: ABNT NBR 8400 (1984).

Combinando os valores das Tabelas 16 e 17, junto com a equação 4.25, encontramos um valor de tensão admissível de 160,714 MPa.

A tensão normal que a viga será submetida (𝜎𝑥) é encontrada, segundo Hibbeler (2009), em função do momento solicitante (𝑀𝑚𝑎𝑥), seu momento de inércia no eixo x (𝐼𝑥) e a distância do centro de massa da seção até a sua extremidade (𝑦). Seguindo a equação 4.26, encontramos uma tensão de 8,385 MPa para viga de instalação da talha.

𝜎𝑥 =𝑀𝑚𝑎𝑥𝑦 𝐼𝑥

Eq. 4.26

Para verificar a tensão cisalhante, consideramos a tensão cisalhante do material como sessenta por cento do limite de escoamento, segundo Hibbeler (2009). Dessa forma temos uma tensão cisalhante limite de 207 MPa para viga.

A tensão cisalhante limite para elementos solicitados ao cisalhamento puro, segundo a NBR 8400, é dado pela equação 4.27. Seguindo a equação, encontramos o valor de 97,788 MPa de tensão cisalhante admissível.

𝜏𝑎 = 𝜎𝑎

√3

Eq. 4.27 O esforço cisalhante máximo da viga em situação de solicitação é encontrado, de acordo com Hibbeler (2009), conforme a equação 4.28. A solicitação máxima considerada foi a reação nos apoios, mesmo que a talha não atinja esse ponto para se ter esse esforço máximo, porém foi considerado como uma forma de segurança.

Para a viga, é encontrado o valor de 3,379 MPa de tensão de cisalhamento.

𝜏𝑥 = 𝐹

𝐴𝑎𝑙𝑚𝑎 Eq. 4.28

Dessa forma, seguindo o procedimento da NBR 8400, verificamos que o perfil selecionado para a viga, onde será instalada uma talha para elevação de carga, atende os requisitos da norma.

4.11 ESCADA DE ACESSO

A ligação entre o piso inferior e o piso do mezanino será realizada por uma escada.

As dimensões dos degraus respeitarão as recomendações da Norma Brasileira 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos de 2015.

A NBR 9050 apresenta algumas condições a serem respeitadas para as dimensões dos degraus. A altura (h) deverá estar compreendida entre 160 mm e 180 mm, e a largura (g) entre 280 mm e 320 mm. Outra condição é que a soma da largura com o dobro da altura deve estar entre 630 mm e 650mm (ABNT, 2015).

A NBR 9050 exige que escadas em rotas acessíveis tenham, pelo menos, 1200 mm de comprimento. Outra exigência da norma é que os lances tenham um patamar a cada 3,20 m de desnível e em mudanças de direção também se faz necessária a adição de um patamar (ABNT, 2015).

Figura 9 – Dimensões de um degrau – (c) comprimento; (h) altura ou espelho; (g) largura ou piso.

Fonte: Autor (2022).

Para Bellei, Pinho e Pinho (2008), a escolha do tipo de degrau está relacionada com a finalidade de uso da estrutura. O degrau escolhido será um perfil de aço de 3 mm dobrado em forma de perfil U. Esse perfil já é utilizado em outras estruturas da empresa mantendo assim a padronização do degrau. A matéria prima selecionada possui disponibilidade na empresa, podendo diminuir os gastos com a compra de perfis.

A mínima elevação, do piso do mezanino em relação ao da fábrica, requerida pelo projeto é de 3000 mm. Para atender a limitação de espaço do projeto, foi necessário adicionar um patamar para alterar a direção da escada, podendo assim otimizar a área disponível. Utilizando valores para altura de 180 mm, largura de 280 mm e 1200 mm de comprimento para os degraus, foi atingido uma elevação de 3060 mm, respeitando a necessidade mínima de projeto, além de atender as recomendações da NBR 9050 para os degraus.

Figura 10 – Representação dos degraus e suas dimensões da escada de acesso do mezanino (medidas em milímetros).

Fonte: Autor (2022).

Modelando o degrau no SolidWorks 2018 obtemos as seguintes características geométricas do perfil:

Tabela 18 – Características geométricas do degrau.

Fonte: Autor (2022).

O carregamento ao qual os degraus estarão submetidos será o somatório da ação permanente com a sobrecarga de 3 kN/m sinalizada pela NBR 6120. A ação permanente será o peso próprio do degrau, obtido pela multiplicação entra sua área transversal, massa específica do aço e a aceleração da gravidade. Assim, somado à sobrecarga, encontramos um valor de 3,074 kN/m para o carregamento atuante no degrau.

Característica Valor Unidade

Altura 180 mm

Comprimento 1200 mm

Largura 280 mm

Área 960,41 mm²

Massa do degrau 9,05 Kg

Momento de Inércia (Ix) 2,36 cm4

No software Ftools, foi modelado o perfil do degrau com suas características geométricas juntamente com a aplicação do carregamento. Os apoios do degrau foram modelados como uma viga bi engastada, representando um degrau soldado pelas suas laterais. Dessa forma obtemos os seguintes valores atuantes no degrau:

Tabela 19 – Esforços no degrau.

Esforço Valor Unidade

Momento fletor máximo 0,4 kNm

Força cortante máxima 1,8 kN

Deflexão máxima 3,43 mm

Fonte: Autor (2022).

O perfil do degrau não é contemplado pela NBR 8800, porém Pinheiro (2005) apresenta algumas considerações para o dimensionamento. Para o deslocamento máximo é utilizado o valor do comprimento do degrau dividido por 180 como o máximo admissível. Aplicando essa consideração, encontramos o valor máximo de 6,67 mm, assim, para deflexão o perfil é admissível, visto que a deflexão máxima calculada foi de 3,43 mm.

A chapa disponível para o degrau é constituída por um aço A36, possuindo uma resistência ao escoamento de 250 Mpa, segundo fabricante, ArcelorMittal (2022). A tensão atuante é calculada com base no momento fletor, sendo este dividido pelo módulo de resistência elástico, devendo resultar em um valor menor que a 60% da resistência de escoamento do aço.

O módulo de resistência elástico da seção do degrau é obtido pela razão do momento de inércia em x pela distância do perfil ao seu centro de massa. Aplicando os valores das Tabelas 18 e 19, é encontrado o valor de 55,783 MPa para tensão atuante, sendo este valor menor que 150 MPa da tensão admissível.

O fato da escada ser dividida em dois lances faz necessário o cálculo de duas vigas.

A fim de simplificar e padronizar o perfil utilizado, a viga de maior comprimento servirá como base para dimensionamento. A Figura 11 apresenta a vista lateral da escada e a dimensão de 3,56 m da maior viga.

O pré-dimensionamento do perfil partiu de atender as características geométricas para fixação dos degraus na viga. O perfil U 203,2 x 17,10kg possui altura de alma adequada para comportar os degraus. As características geométricas, extraídas da Gerdau Aço Minas (2022), são apresentadas na Tabela 20 e na Figura 12.

Figura 11 – Vista lateral da viga com corrimão da escada (dimensões em milímetros).

Fonte: Autor (2022).

Figura 12 – Dimensões do perfil U.

Fonte: Adaptado de Gerdau Aço Minas (2022).

Tabela 20 – Dimensões do perfil selecionado para viga.

Peso

Nominal Alma Aba Eixo X Eixo

Y

Kg/m d (mm) 𝑡𝑤 (mm) 𝑏𝑓 (mm) 𝑡𝑓 (mm) W (cm³) r (cm) r (cm)

17,10 203,2 5,59 57,4 9,5 132,7 7,87 1,42

Fonte: Adaptado de Gerdau Aço Minas (2022).

Para os esforços da viga foram considerados ações permanentes e variáveis, sendo os valores são apresentados na Tabela 21.

Tabela 21 – Valores das cargas atuantes na viga da escada.

Esforço Valor (kN/m)

Sobrecarga 1,8

Carga degraus 0,137

Peso próprio 0,168

Carga corrimão 0,19

Fonte: Autor (2022).

As cargas permanentes são compostas pelo peso próprio da viga, metade do peso dos degraus e o peso do conjunto guarda corpo/corrimão. O corrimão foi projetado para atender as especificações dimensionais da NBR 9050. Como ação variável a sobrecarga apresenta valor de 1,8 kN/m, valor vindo da multiplicação da recomendação para o degrau (3,0 kN) pela metade do seu comprimento.

Após a obtenção das cargas, elas foram combinadas aplicando o E.L.U, considerando apenas a combinação última normal, visto que pela simplicidade de construção e pouca movimentação de equipamento perto de onde a estrutura será construída é possível desprezar as combinações últimas especiais.

Apenas uma combinação se fez necessária, visto que há somente uma ação variável.

Utilizando a equação 3.1 e Tabela 3, é encontrado um valor de 2,05 kN/m para combinação última normal.

Dessa forma, a viga foi modelada de forma bi engastada no software Ftools, tendo seus resultados apresentados na Tabela22.

Tabela 22 – Esforços na viga da escada.

Esforço Valor Unidade

Momento fletor máximo 1,8 kNm

Força cortante máxima 3,7 kN

Deflexão máxima -0,21 mm

Fonte: Autor (2022).

Foi realizado o mesmo procedimento de verificação quanto a resistência ao momento fletor e força cortante que as descritas para o mezanino das seções 4.4 a 4.8.

Tanto para a alma quanto para a mesa, a seção foi classificada como compacta, visto que os 𝜆 encontrados foram menores que os 𝜆𝑝 para ambos os casos. Dessa forma utilizando a equação 4.8, o momento fletor resistente da alma encontrado foi de 33,778 kNm. Consequentemente, o perfil se mostra adequado quanto à solicitação de momento fletor.

Como os degraus travam o movimento lateral da viga, não se mostrou necessária a verificação quanto a flambagem lateral do perfil.

A verificação da resistência quanto ao esforço cortante seguiu os mesmos procedimentos demonstrado para V1, de forma que se encontrou uma resistência de 154,894 kN. Resistência essa maior que a solicitação, dessa forma o perfil se mostra adequado para utilização no mezanino.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foi abordada a metodologia de cálculo para estruturas de aço da NBR 8800 combinada à outras normas brasileiras e estrangeiras, juntamente com os conceitos de resistência dos materiais, a fim de dimensionar um mezanino metálico no qual uma de suas vigas é destinada à instalação de uma talha para elevação de carga.

Utilizou-se das normas NBR 8800 e 6120 para o dimensionamento das vigas 1, 2, 4 e coluna 1. A norma estrangeira Eurocode 3 foi empregada para sinalizar a deflexão máxima para o piso em chapa, visto que a NBR 8800 não trata especificamente dessa situação. Para a viga 5, destinada para instalação da talha, a metodologia da NBR 8400 foi empregada para se obter o resultado. Por fim, para a escada, aliou-se conceitos de resistência dos materiais juntamente com as normas 8800 e 6120 para sua especificação.

As vigas e a coluna calculada apresentaram resistências maiores que suas solicitações, cumprindo com o objetivo do trabalho.

As vigas 1, 2 e 4 apresentaram, respectivamente, resistências quanto ao momento fletor de 7, 3 e 2 vezes maiores que as solicitações. Para a viga da talha, sua resistência, tanto para tensão normal quanto cisalhante, ultrapassou em 10 vezes a solicitação. Quanto a coluna, a resistência supera a solicitação em 3,8 vezes. A escada, por fim, apresentou uma resistência superior a 18 vezes sua solicitação.

Como trabalho futuro, sugere-se que sejam dimensionadas as ligações do projeto, selecionando a mais adequada e dimensionando-a, afim de que a especificação do mezanino seja completa, permitindo sua execução.

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