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Dinâmica da Família e do Agregado Familiar

No documento Constatações da Realidade em Moçambique (páginas 33-40)

4. RELAÇÕES SOCIAIS DE POBREZA E BEM-ESTAR

4.2 Dinâmica da Família e do Agregado Familiar

Movendo-nos para as mudanças na pobreza e bem-estar ao nível de agregados familiares e indivíduos, mostrámos na 1ª Constatação da Realidade que as pessoas nos três locais de

32 estudo têm percepções claras acerca de haver diferentes níveis de pobreza (wakulaga, olemela, ohawa) e bem-estar (wakupata, umphawi, okhalano), e o que isso implica para as opções de mobilidade social das pessoas. A fim de acompanhar sistematicamente as questões de pobreza, saúde e mobilidade social, seleccionámos 20 agregados familiares de diferentes categorias que serão visitados em cada ano para apurar possíveis mudanças.

Este ano, foi dada particular atenção às percepções e experiências dos agregados familiares com instituições públicas. A situação dos agregados familiares seleccionados, em termos de composição, adaptações económicas e percepção de desafios foi apresentada nas 1ªs. Constatações da Realidade. Abaixo focaremos as mudanças na sua situação entre 2011 e 2012.

Tabela 10a: Níveis e Características da Pobreza e Bem-Estar em Cuamba (Macua) Os Pobres

Ohawa vanchipali Os muito pobres. Os que não sabem como e onde vão obter a sua próxima refeição.

Ohawa ovelavela Os relativamente pobres. Os que não têm iniciativa para saírem da pobreza.

Ohawa vakanene Os pobres transitórios. Os que comem pelo menos duas refeições por dia.

Os que estão em Melhor Situação

Opunha Os ‘candidatos’ a ricos. Os que gozam a vida sem serem necessariamente ricos.

Okhalano Os verdadeiramente ricos. Os que têm tudo.

Ohawa vanchipali I. Esta mulher era uma senhora idosa. Foi casada outrora mas o seu marido deixou-a há muitos anos. Tem três filhas e actualmente vive com a filha mais nova, netos e bisnetos. Desde 2011, faleceram a velha senhora, um neto e um bisneto. Morreram no espaço de um mês e os restantes membros do agregado familiar não sabem porque razão. A filha mais nova é agora a chefe do agregado familiar e vive com um filho e uma filha sobreviventes e o marido desta que trabalha como balconista numa farmácia. A filha e o genro vivem numa casa separada no pátio. Os únicos meios de sobrevivência vêm da machamba e de um pequeno salário da farmácia. Não recebem nenhum apoio da família alargada, vizinhos, líderes comunitários, INAS ou outros serviços públicos excepto o hospital.

Ohawa vanchipali II. Este homem está na casa dos 70 anos. É cego e foi casado durante alguns anos até a família da sua mulher ter vindo buscá-la. Voltou então a casar mas depois de alguns anos mandou a mulher embora. Tem uma filha da sua segunda mulher, que é doente. No ano passado a ajuda que recebia do INAS tinha sido interrompida, mas começou agora a receber novamente ajuda. Recebe também uma pequena ajuda da sua segunda esposa, na forma de comida e dinheiro que ela ganha com a venda de lenha. Tem também uma amiga que o visita regularmente e lhe corta o cabelo. O único serviço público que usa regularmente é o hospital, onde procura tratamento para a sua filha doente. Gostaria de ser operado à sua cegueira mas não sabe como pode consegui-lo. A principal mudança desde o ano passado que ele realça é que, enquanto antes costumava dormir em cima de sacos de arroz, agora dorme em mantas que lhe foram oferecidas pela sua segunda esposa.

Ohawa vakanene. Este é um casal na casa dos 60 anos e tem quatro filhos. A filha mais velha tem três filhos e costumava viver nas traseiras do quintal dos seus pais. O chefe do agregado familiar ainda sofre de lepra e a esposa coxeia, o que a impede de caminhar longas distâncias e de prestar ajuda na machamba. Como o marido se sentiu melhor no ano passado, conseguiram aumentar um pouco a produção agrícola. A família sobrevive principalmente com ajuda dos vizinhos e com um pequeno subsídio do INAS. O maior problema do agregado familiar foi que a filha mais velha, que vivia com eles, morreu.

Embora seja casada e viva fora da habitação, a neta mais velha passa muito tempo com os

33 avós. O seu marido não trabalha. Os desenvolvimentos positivos mais pequenos a assinalar referem-se ao facto de o neto do casal ter recebido da Igreja Católica ajuda para o material escolar, a qual também ajudou a família com fundos para uma latrina e para comprar linóleo para proteger a casa da chuva.

Okhalano. O homem está na casa dos 40 anos e tem duas esposas e 14 filhos. Vive no mesmo local que em 2011 e ainda dirige o seu negócio, embora o seu filho mais velho esteja a assumir progressivamente o seu controlo. O negócio principal é a compra de artigos em Nampula e a sua revenda em Cuamba. Tem também um terreno onde produz tanto para consumo como para venda. O Okhalano argumenta que foi um ano difícil devido à pouca chuva e à fraca produção, e candidatou-se sem sucesso ao Fundo de Desenvolvimento Municipal – segundo nos disse, porque recusou entrar em esquemas de corrupção. O seu maior problema no ano anterior foi a sua segunda esposa e um filho terem estado doentes, o que implicou levá-los ao Malawi para tratamento. Outro dos seus filhos tem um problema de audição e não conseguiu arranjar emprego no sector saúde, para o qual Okhalano sente que ele está qualificado. Levou o assunto ao tribunal mas continua a aguardar o resultado.

Tabela 10b: Níveis e Características de Pobreza e Bem-Estar no Lago (Nyanja) Os Pobres

Usuwedwa Pessoas que não têm dinheiro, não têm roupa. Não conseguem casar-se por falta de condições materiais ou porque não aparece ninguém para casar. Dependem de outros.

Chilecua Homens e mulheres preguiçosos, não contribuem com nada para a comunidade.

Maciquine Homens e mulheres deficientes físicos ou mentais.

Ukalama Homens e mulheres idosos que não têm apoio da família porque não têm alguém próximo para ajudar.

Os que estão em Melhor Situação

Odjifunila Pessoas que se conseguem desenrascar na sua vida diária e que não dependem de outros.

Opata Pessoas que estão em posição de dar emprego informal (biscatos) a outras pessoas, na agricultura, pesca e na construção.

Olemela Pessoas que têm carro, têm empresas (em Metangula), pagam salários fixos (mensais) aos seus trabalhadores, têm uma conta bancária e vendem produtos provenientes do Malawi e Tanzania.

Usuwedwa. O agregado familiar vive em Milombe, numa pequena casa só com um quarto.

O casal tem seis filhos dos 2 meses aos 19 anos de idade. Desde 2011 que o agregado familiar não tem mudanças na sua composição. Continua a depender da construção e venda de portas de bambu e da reparação de ferramentas agrícolas. No entanto, o marido começou também a aprender a fazer canoas, as quais ele pensa que aumentarão o seu rendimento. A esposa tem uma machamba de mandioca e também produz milho. As principais mudanças na situação da família durante o ano passado foram o aumento do preço das portas produzidas pelo marido, de 100 para 150 MT, e o filho mais velho que estudava em Metangula ter largado os estudos porque a família não podia continuar a pagar a sua acomodação e as suas faltas frequentes o obrigaram a repetir a 8ª Classe. A relação da família com o Estado é feita através da escola e dos serviços de saúde, e afirmam que

“até agora não houve razões para queixas [acerca das nossas relações com o Estado]

excepto que não há medicamentos no Posto de Saúde”. A família ainda não recebe qualquer apoio das instituições locais mas continua a receber ajuda do tio da esposa em tempos de verdadeiras dificuldades.

34 Crianças Transportando Água,

Majune

Foto: Minna Tuominen

Chilecua. O agregado familiar vive em Lussefa e consiste numa viúva idosa que é a chefe do agregado familiar; a sua filha, que tem três filhos para os quais não recebe nenhuma ajuda; e a sua neta de cerca de 15 anos que tem um filho com 3 meses e um marido que geralmente anda a viajar. Desde 2011 a composição do agregado familiar não mudou, mas a filha da chefe do agregado familiar está no princípio da sua quarta gravidez.

Além disso, os netos de uma outra filha da Chilecua começaram a dar algum apoio financeiro e alimentos básicos quando viram que a situação da sua avó se deteriorava. O agregado familiar sobrevive também com a ajuda das machambas que pertencem à filha e à neta de Chilecua, mas estas esperam uma produção muito baixa dado que são ‘apenas mulheres’. Por último, o agregado familiar às vezes vende lenha. As principais mudanças na vida da família durante o último ano são: a construção de dois pequenos quartos de banho feitos capim, e uma pequena casa para a idosa chefe do agregado familiar, dado que a velha casa ruiu devido ao seu mau estado. A família apenas tem contacto directo com o Estado através dos serviços de saúde. Quando precisaram de ajuda, consideraram que a ajuda era muito fraca. A certa altura a mulher que está grávida visitou o posto de saúde e conta:

“Estou grávida, o meu estômago está a ficar maior e fui ao Posto de Saúde fazer um check-up da gravidez para ‘abrir ficha’, mas eles disseram-me que o meu estômago não tinha nada lá dentro e que eu tinha de voltar mais tarde para outra consulta”. Embora seja uma família muito pobre, os seus membros ainda não recebem qualquer tipo de ajuda, nem de uma instituição pública nem dos vizinhos, e dizem que:

“Quando não temos nada ficamos, não pedimos a ninguém”.

Maciquine. A ‘Maciquine’ vive sozinha com o seu rapaz profundamente deficiente de cerca de oito anos de idade. Desde 2011 não houve mudanças na estrutura da família. A principal fonte de rendimento da família é a produção e venda de esteiras. Em 2011 a senhora também vendia galinhas, mas as galinhas morreram e ela não teve possibilidade de comprar outras. A família obtém alguma ajuda do filho mais velho e do sobrinho de uma chefe de agregado familiar que vive perto. A ajuda tem sido na forma de comida. A chefe do agregado familiar tem uma machamba com mandioca, mas também não teve produção este ano devido a doença. A principal mudança no último ano foi na saúde do filho deficiente: no ano passado ele não podia andar, e este ano já é capaz de se mover sozinho, o que implica mais independência quer para a mãe, quer para o filho. A senhora diz: “Quando estiveram aqui no ano passado, o meu filho não sabia nada, não andava e nunca saía de casa, mas eu trabalhei duramente e encontrei um bom curandeiro que massajou os seus pés e braços com plantas, raízes e ervas. Também lhe deu alguma coisa a beber e agora ele está melhor e muito menos agressivo.” A sua relação com o Estado foi através de um par de visitas ao Posto de Saúde para obter ajuda para o filho, mas o Posto não tinha nenhuns medicamentos. Apesar da sua pobreza, a família não recebe qualquer apoio nem do Estado nem da comunidade.

Ukalama. O agregado familiar consiste em dois idosos que vivem numa pobre casa de um quarto e que têm uma machamba como sua principal fonte de subsistência e rendimento.

Quando chegámos a casa deste agregado familiar, um ano depois da nossa primeira visita, disseram-nos que os moradores têm estado ausentes há um par de semanas e que não regressariam nas próximas duas ou três semanas. A razão era, segundo nos disseram, que o agregado familiar tinha conseguido, com a ajuda de um familiar, abrir um outro terreno agrícola no qual tinha plantado milho. Sendo uma cultura mais importante e nutritiva do que a mandioca, da qual dependiam no ano anterior, decidiram permanecer no terreno e protegê-lo dos macacos e de outros intrusos. Desta forma, o agregado familiar tinha

35 aparentemente visto uma melhoria da sua situação. Isto será acompanhado na Constatação da Realidade em 2013. 4

Odjifunila. O marido tem 46 anos, vive em Nchepa/Ngala e tem duas esposas e 15 filhos Durante o último ano faleceu um filho da sua segunda esposa. Aparte isso, a composição da família é a mesma, tendo ambos os sub-agregados familiares uma mistura de filhos em que uns se foram embora e outros continuam em casa. A principal fonte de rendimento da família continua a ser a comercialização de peixe seco. Nenhuma das co-esposas trabalha fora de sua casa. As principais mudanças no agregado familiar desde o ano passado foram um aumento da quantidade de peixe vendido, para 50 e 60 caixas por mês, e a finalização da construção de uma casa de tijolo próximo da casa principal da primeira esposa. A doença da segunda esposa compeliu o chefe do agregado familiar a permanecer com ela no hospital no Malawi durante quase quatro meses. Isto criou dificuldades no negócio durante aquele espaço de tempo, mas o chefe do agregado familiar trabalhou duramente para restabelecer a sua venda de peixe. Agora a sua maior preocupação é que os seus dois filhos mais velhos, a quem ele pagou a escola secundária, não conseguem encontrar emprego. A sua principal relação com o Estado é através da educação e da escola, e não vê razões de queixa em relação à primeira. Todavia, o seu único contacto com o Posto de Saúde foi uma experiência muito negativa: “Quando o meu filho adoeceu levámo-lo ao Posto de Saúde, mas o enfermeiro não conseguiu tratá-lo e levou muito tempo a preencher um papel de transferência para Metangula. Quando finalmente o fez, a criança estava muito doente. Alugámos um carro para o levar a Metangula, mas faleceu pelo caminho. Isto aconteceu também com outras pessoas que adoeceram”.

Opata. ‘Opata’ tem quatro esposas e 20 filhos entre os 23 anos e um mês de idade. Opata continua a procurar alargar o seu negócio e o seu plano é comprar um carro e iniciar um negócio de transportes. Quando visitámos a família, um ano após a primeira vez, o chefe do agregado familiar tinha-se ausentado para o Malawi, mas a primeira das suas quatro mulheres tinha autoridade para, em seu nome, se reunir e falar connosco. Durante o último ano a mãe do chefe do agregado familiar, que vivia com o Opata, faleceu. De resto a sua grande família permanece na mesma. As principais mudanças no agregado familiar foram uma redução do número de cabeças de gado do marido; a doença da filha mais velha do chefe do agregado familiar e da sua primeira esposa, a qual ficou junto da filha num hospital do Malawi durante cinco meses; a construção de um muro à volta das habitações das quatro esposas; a construção de uma cozinha feita de cimento e com telhado de zinco; a aquisição de uma maior variedade de produtos para o seu armazém (peças sobressalentes para motocicletas e automóveis e tinta, entre outros); um aumento da quantidade de peixe; e melhorias gerais nas condições de vida da família. A família ainda não comprou o veículo de transporte que tinha planeado (“não que não tivéssemos possibilidades, mas porque ainda não tivemos tempo”). As relações do agregado familiar com o Estado Moçambicano têm sido positivas, embora a família vá geralmente ao Malawi para negócio e tratamento. Com a doença da filha tentaram primeiro obter tratamento em Moçambique e foram bem acompanhados: “Quando a nossa filha adoeceu, levei-a primeiro ao enfermeiro do Posto de Saúde em Meluluca que não conseguiu curá-la. Deu-nos uma carta de transferência para o Centro de Saúde em Metangula, mas lá também não souberam tratá-la e transferiram-na para o hospital em Lichinga. Como aqui não entendessem o que se passava com ela, o pessoal da saúde aconselhou-nos a ir a outros hospitais. Fomos então ao Hospital de Mandimba onde nos recomendaram que atravessássemos a fronteira e fôssemos a um hospital no Malawi. No Malawi descobriram finalmente o que estava mal com a nossa filha e operaram-na ao abdómen”.

4 Embora tivesse sido possível perguntar aos vizinhos e a outros sobre as mudanças na situação da família, há muitas boas razões para não o fazer numa aldeia como Meluluca.

36 Tabela 10c: Níveis e Características de Pobreza e Bem-Estar em Majune/Malila (Yao)

Os que estão em melhor situação

Wakupatha Pessoas que têm o seu próprio negócio. Têm outras pessoas a trabalhar para elas e não dependem da agricultura. Têm uma ou mais casas residenciais construídas com blocos de cimento, telhado apropriado e mobiladas. Os wakupathas comem bem, conduzem carros e "têm tudo".

Wakupatha panandi

Homens e mulheres que vivem em casas com estruturas apropriadas e que podem ter um carro. Podem ter um negócio ou um emprego. Podem fazer alguns trabalhos agrícolas mas não dependem das colheitas. Têm utensílios de cozinha, baldes, telefone e alguns também TV. Esta categoria inclui os professores, enfermeiros e outros funcionários públicos.

Os pobres Wakulaga panandi

Homens e mulheres que vivem da agricultura e que estão desempregados. Vivem em habitações construídas com tijolos de barro e palha. Não têm mobília mas geralmente uma cama construída localmente e talvez algumas cadeiras. A comida consiste principalmente no que cultivam. Podem ter uma bicicleta, um balde e uma esteira.

Wakulaga n'nope

Homens e mulheres que têm dificuldades em cultivar. Frequentemente estes agregados familiares consistem apenas num adulto. Dependem de ajuda externa pelo menos durante parte do ano. Vivem em habitações construídas com tijolos de barro e palha. Não têm mobília e nem sequer uma esteira.

Mazikine Homens e mulheres que estão fisicamente incapacitados. Os mazikine vivem sozinhos e dependem de ajuda externa para se sustentarem.

Mazikine. Mazikine 1: Um homem divorciado que, quando criança, foi incapacitado pela poliomielite. Era casado e tem um filho adulto que vive e estuda em Muembe. Há cerca de dez anos, o mazikine 1 perdeu a visão – possivelmente devido a cataratas – e a sua mulher deixou-o. Desde aí, mesmo tendo recuperado a visão através de uma operação custeada pelas freiras católicas, não voltou a casar. Mazikine 1 vive sozinho numa cabana muito pequena feita de tijolos de barro e coberta com palha. Sustenta-se reparando panelas e baldes usados que as pessoas lhe trazem. Nos maus dias, quando não tem nada para comer, pede ajuda aos vizinhos. Não há, desde 2011, mudanças consideráveis no seu agregado familiar ou nível de bem-estar. O único contacto com serviços públicos foi com o INAS, que recentemente começou a pagar-lhe um subsídio mensal de 130 MT. O mazikine teve de avançar duas vezes algum dinheiro “por debaixo da mesa” para se conseguir inscrever.

Mazikine 2: Um homem viúvo que tem quatro filhos adultos no Malawi. Ficou doente no passado e uma das suas pernas atrofiou-se, pelo que não pôde mais trabalhar. O Mazikine 2 vive sozinho em Malila numa pequena cabana a cair e cujo tecto abateu parcialmente.

Tem uma sobrinha adulta em Malila que lhe traz comida e água, mas não regularmente. A cabana foi construída para ele por outros membros da comunidade, que em 2011 costumavam dar-lhe também alguma comida. Em 2012, o mazikine 2 recuperou parcialmente da sua doença e os membros da comunidade deixaram de o ajudar. Depende agora totalmente da ajuda esporádica da sobrinha. O seu único contacto com os serviços públicos foi com o agente local do INAS, um Permanente, mas ainda não começou a receber qualquer ajuda do INAS.

Wakulaga n'nope . Wakulaga n'nope 1 : Agregado familiar chefiado por uma mulher solteira que deve estar bem acima dos 40 anos e que tem três filhos (duas meninas e um rapaz) com 14, 9 e 8 anos. A mulher partiu um pé no tempo da guerra e desde então ficou a coxear penosamente. O agregado familiar tem uma pequena machamba e em 2011 a mulher sustentava os seus filhos com o produto agrícola durante uma parte do ano. No resto do ano, a família era ajudada pela irmã da wakulaga n'nope 1 e pelo marido da irmã que vivia ao lado e que cultivava uma área maior. Em 2012, a wakulaga n'nope 1 tornou-se mais

37 Chegou o Comboio! Cuamba

Foto: Kajsa Johansson

vulnerável do que anteriormente, dado que a sua habitação ruiu após grandes chuvadas e porque a irmã adoeceu. O marido da irmã mudou-se para Lichinga e também não presta assistência à sua mulher doente. A Wakulaga n'nope 1 e os seus filhos estão a dormir temporariamente numa cabana pertencente a um sobrinho que está em Lichinga por algum tempo; a família não sabe para onde ir quando o sobrinho voltar. Durante 2012 a wakulaga n'nope 1 cuidou da sua irmã doente e não pôde por isso cultivar a terra. Ambas as mulheres

vulnerável do que anteriormente, dado que a sua habitação ruiu após grandes chuvadas e porque a irmã adoeceu. O marido da irmã mudou-se para Lichinga e também não presta assistência à sua mulher doente. A Wakulaga n'nope 1 e os seus filhos estão a dormir temporariamente numa cabana pertencente a um sobrinho que está em Lichinga por algum tempo; a família não sabe para onde ir quando o sobrinho voltar. Durante 2012 a wakulaga n'nope 1 cuidou da sua irmã doente e não pôde por isso cultivar a terra. Ambas as mulheres

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