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Ervas ou subarbustos perenes ou anuais, eretos ou prostrados, glabros ou pilosos; ramos tetragonais. Estípulas interpeciolares fimbriadas, adnatas à base das folhas, glabras ou pubescentes. Folhas opostas, sésseis ou pecioladas, glabras ou pubescentes. Inflorescências subterminais a axilares, cimosas (raramente espigas) ou flores solitárias; flores bissexuadas, actinomorfas, alvas, rosadas ou lilases; lacínios 2-4, iguais ou desiguais, base livre ou levemente conata; corola com prefloração valvar, infundibuliforme (2-)4-lobada, glabra ou pubescente, prefloração valvar; estames 4, inseridos na região da fauce da corola, anteras versáteis, dorsifixas; ovário bicarpelar, bilocular, lóculos uniovulados; estigma inteiro capitado. Fruto esquizocarpo seco com 2 mericarpos indeiscentes; sementes 2, obovais, comprimidas ou levemente cilíndricas, presas ao septo na face ventral, sulcadas ao redor do estrofíolo.

Bacigalupo & Cabral (2006, 2007b) segregaram em Diodella sete espécies previamente incluídas no gênero Diodia L. (5 spp.) com base em uma série de características. Diodella apresenta estigma inteiro, corola infundibuliforme, sementes com face ventral sulcada e mericarpos indeiscentes, caducos, enquanto Diodia tem estigma bífido, corola hipocrateriforme e mericarpos que permanecem unidos mesmo quando o fruto está maduro. Apenas espécies de Diodella foram registradas na Serra do Cipó.

Bol. Bot. Univ. São Paulo, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 71-140, 2014

Chave para as espécies

1. Folhas densamente pilosas a escabras, com nervuras secundárias evidentes, ápice não aristado ... 12.3. Diodella radula 1'. Folhas glabras a pilosas, não escabras, com nervuras secundárias inconspícuas ou pouco conspícuas, ápice aristado.

2. Plantas com folhas aproximadas na porção distal, subtendendo ramos laterais curtos; ramos geralmente excedendo 40 cm compr., caules com 3-5 mm diâm. ... .... 12.2. Diodella mello-barretoi 2'. Plantas com folhas regularmente dispostas ao longo dos ramos, pouco ramificadas; ramos atingindo 30 cm compr., caules

até 2 mm diâm.

3. Plantas eretas; folhas com margem plana a espessada ... 12.1. Diodella apiculata 3'. Plantas decumbentes ou prostradas; folhas com margem revoluta ... 12. 4. Diodella teres

12.1. Diodella apiculata (Willd ex. Roem. & Schult.) Delprete, Flora Ilustrada Catarinense RUBI I: 169. 2005.

Diodia apiculata (Willd. ex Roem. & Schult.) K.Schum., Bot. Jahrb. Syst. 10: 313. 1889.

Fig. 4. F-G.

Ervas ou subarbustos eretos, 0,3-0,5 m alt.; ramos 1,5-2 mm diâm., rígido, castanho-claro, cilíndrico, hirsuto a estrigoso. Estípulas glabras a pubescentes, 5-10 x 3 mm, 7-9 fimbriadas. Folhas opostas, regularmente dispostas ao longo dos ramos, sésseis; lâmina lanceolada a estreitamente-oval, base auriculada a truncada, margem espessada, ápice agudo, aristado, 1-1,5(-2,5) cm compr., 3-6 mm larg., coriácea, secando amarelada, geralmente glabra, por vezes apresentando tricomas esparsos, longos; venação uninérvea, nervuras secundárias inconspícuas em ambas as faces. Inflorescências axilares, 1-3-floras; flores sésseis; hipanto 1,5-2 mm compr., ca. 1 mm larg.; lacínios desiguais, bordo serreado, persistentes no fruto; corola lilás a rosada, hipocrateriforme, 4-lobada, 8-12 mm compr., 2-4 mm larg.; anteras azuladas. Mericarpos globosos a obovoides, levemente rugosos, esparsamente pubérulos, ca. 5 mm compr., ca. 3 mm larg.; sementes obovais.

Material examinado: Congonhas do Norte, 13 km NW

de Congonhas do Norte, caminho a Gouveia, aprox. 18°41'S, 43°42'W, M.M. Arbo et al. 5002, 13.II.1991, fl., fr. (CTES, SPF). Jaboticatubas, Serra do Cipó, Estrada da Usina, J.

Semir & A.M. Joly CFSC 3805, 7.I.1973, fl. (SP); 10 km da

Pensão Chapéu de Sol, A.B. Joly et al. CFSC 1511, 15.IV.1972, fl. (SP); idem, A.B. Joly et al. CFSC 1711, 16.IV.1972, fl. (SP); rodovia Lagoa Santa - Conceição do Mato Dentro - Diamantina, km 110, J. Semir et al. CFSC

2819, 24.VII.1972, fl., fr. (SP, UEC); idem, km 112, A.B. Joly et al. CFSC 974, 4.III.1972, fl. (SP); idem, A.B. Joly et al. CFSC 1033, 5.III.1972, fl., fr. (SP); idem, km 112,5, A.B. Joly CFSC 1450, 15.IV.1972, fl., fr. (SP); idem, km 113, J. Semir & M. Sazima CFSC 661, 7.II.1972, fl., fr. (SP); idem, km 115, A.B. Joly et al. CFSC 826, 4.III.1972, fl., fr. (SP); idem, A.B. Joly et al. CFSC 833, 4.III.1972, fl., fr. (SP); idem, A.B. Joly et al. CFSC 844, 4.III.1972, fl., fr. (SP); idem, km 116, A.B. Joly et al. CFSC 98, 6.VI.1970, fl. (SP); idem, km 118, A.B. Joly et al. CFSC 1776, 16.IV.1972, fl. (SP). Santana de Pirapama,

Serra do Cipó, Capela de São José, Trilha da Senhorinha,

caminho a Congonhas do Norte, 18º57'43,7"S, 43º44'26,8"W,

D.C. Zappi et al. 2526, 25.XI.2009, fl., fr. (K, SPF); Fazenda

Toucan Cipó, estrada para a Captação, 19º00'18"S, 43º46'06"W, D.C. Zappi et al. 716, 15.II.2007, fl., fr. (K, SPF); acesso pela Faz. Inhame, Trilha para Senhorinha, 18º57'46"S, 43º45'30"W, D.C. Zappi et al. 1852, 8.III.2009, fr. (K, SPF). Santana do Riacho, estrada Belo Horizonte- Conceição do Mato Dentro, Estrada da Usina, V.C. Souza et

al. 28572, 28.II.2002, fl., fr., (ESA); rodovia Belo Horizonte -

Conceição do Mato Dentro, km 100, M.G.L. Wanderley 52, 25.III.1977, fl., fr. (SP); 7 km ENE de São José de Almeida, na estrada para Conceição do Mato Dentro, 19°26'S, 43°48'W, Arbo et al. 4785, 10.II.1991, fl., fr. (CTES, SPF).

Material adicional: Minas Gerais, Grão-Mogol,

estrada Grão Mogol-Cristália, I.Cordeiro et al. CFCR 936, 15.IV.1981, fl. (K, SPF); idem, margem da estrada Grão Mogol-Montes Claros em direção sudoeste, campo sujo, 16°35’S, 42°53’W, N. Hensold et al. CFCR 3506, 23.V.1982, fl., fr. (K, SPF).

Espécie neotropical, ocorrendo principalmente em lugares secos, em solos arenosos ou graníticos, apresenta grande variabilidade, o que dificulta a delimitação do táxon (Steyermark 1972). Essa variabilidade é expressa principalmente na presença ou não de tricomas, na morfologia dos caules e frutos, bem como na forma, disposição e pilosidade das folhas. Na Serra do Cipó, cresce em campo rupestre sobre solo arenoso e pedregoso, florescendo e frutificando entre janeiro e março.

12.2. Diodella mello-barretoi (Standl.) Bacigalupo & E.L.Cabral, Darwiniana 44(1): 100. 2006.

Diodia mello-barretoi Standl., Publ. Field Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 22: 113. 1940.

Fig. 4. H.

Arbustos com sistema subterrâneo espessado; ramos eretos, (0,3-)0,4-1 m alt., 3-5 mm diâm., rígidos, cilíndricos, castanho-claros, velutinos. Estípulas 8-12, levemente pubescentes, 6-10 x 3-6 mm, fimbriadas. Folhas opostas, concentradas no ápice dos ramos, subtendendo ramos laterais curtos, sésseis; lâmina lanceolada a oval, base auriculada, margem espessada, ápice agudo, aristado, 1,5-2,5 cm compr., 3-10 mm larg., coriácea, secando amarelada, glabra exceto nas margens; venação uninérvea, nervuras

Bol. Bot. Univ. São Paulo, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 71-140, 2014 secundárias inconspícuas em ambas as faces. Inflorescências axilares no ápice do ramo principal e nos ramos laterais, 1-3-floras; flores sésseis; hipanto 4-5 mm compr., ca. 1,5 mm larg.; lacínios 4-5, desiguais, persistentes no fruto; corola rosa, hipocrateriforme, 4-lobada, 7-9 mm compr., 4-6 mm larg., estames exsertos. Fruto não observado.

Material examinado: Jaboticatubas, Serra do Cipó,

rodovia Lagoa Santa - Conceição do Mato Dentro - Diamantina, km 110, M Sazima & J. Semir CFSC 3837, 16 a 24.II.1973, fl. (SP, UEC); idem, km 112, J. Semir & M. Sazima

CFSC 704, 7.II.1972, fl. (SP, UEC); idem, km 113, A.B. Joly et al. CFSC 1523, 15.IV.1972, fl., fr. (SP, UEC); idem, km

115, A.B. Joly et al. CFSC 871, 4.III.1972, fl. (SP, UEC); idem, km 118, A.B. Joly et al. CFSC 974, 4.III.1972, fl., fr. (UEC); idem, km 126, A.B. Joly et al. CFSC 1081, 5.III.1972, fl. (SP, UEC). Santana do Riacho, Serra do Cipó, A. Duarte

7647, 14.II.1963, fl. (RB); idem, J.G. Kuhlmann 26, 16.I.1951,

fl. (RB); idem, E. Pereira 8823, 15.III.1964, fl. (RB); idem, about 5 km down the road to the Cachoeira and Serra Morena, -19.27549º, -43.60067º, F. Almeda et al. 9697, fl., fr. (UEC); idem, km 105, Irwin et al. 20361, 17.II.1968, fl., fr. (K, NY, UB); idem, km 130, A. Duarte 2261, 10.XII.1949, fl. (RB); idem, km 132, Irwin et al. 20225, 16.II.1968, fl., fr. (K, NY, UB); idem, km 132, A. Duarte 6521, 15.III.1962, fl. (RB); idem, km 133, H. Mello Barreto 1280, 15.IV.1935, fl. (RB); idem, J.F.B.M. Campos 1, 19.XII.1966, fl., fr. (SPF); estrada Belo Horizonte-Conceição do Mato Dentro, km 106, W.

Mantovani et al. CFSC 7745, 16.II.1982, fl., fr. (SPF); idem, Zappi & Kameyama CFSC 9632, 24.III.1986, fl., fr. (SPF);

19°17’S, 43°36’W, G. Faria & M. Mazucato 10, II.1990, fl., fr. (SPF); idem, km 111, H.L. Wagner et al. CFSC 9554, 26.I.1986, fl., fr. (SPF); estrada para Lapinha, 19°08'17"S, 43°41'41"W, J.R. Pirani et al. 4216, 5.III.1998, fl., fr. (SPF); idem, J.R. Pirani et al. CFSC 12161, 27.III.1991, fl., fr. (SPF); 7-12 km N de Santana do Riacho, caminho a Lapinha, ca. 19º10'S, 43º41'W, M.M. Arbo et al. 4863, 11.II.1991, fl., fr. (CTES, SPF); APA do Morro da Padreira, estrada da Usina Dr. Pacífico Mascarenahs (ramal da Rodovia MG010), além do Rio Capivara rumo ao Vau da Lagoa, terras de

propriedade da Companhia Cedro & Cachoeira, próximo à porteira da propriedade de José Aécio Drumond,

19º12'59,7"S, 43º36'13,4"W, J.R. Pirani et al. 5997, 11.VII.2009, fl. (SPF).

Espécie endêmica da Serra do Cipó (Bacigalupo & Cabral 2006), ocorre geralmente em altitudes superiores a 1100 m. Diferencia-se das outras espécies de Diodella por meio de seu hábito robusto, com folhas aproximadas em direção ao ápice dos ramos, subtendendo ramos laterais abundantes. Floresce de dezembro a abril.

12.3. Diodella radula (Willd. & Hoffmans. ex Roem. & Schult.) Delprete, Flora Ilustrada Catarinense RUBI I: 174. 2005.

Diodia radula (Willd. & Hoffmans. ex Roem. & Schult.) Cham. & Schltdl., Linnaea 3: 342. 1828.

Fig. 4. I.

Ervas até 80 cm alt., perenes; ramos 2-2,5 mm

diâm., eretos, tetragonais, acastanhados, densamente pilosos. Estípulas 9-10(-15), hirsutas, persistentes, 5-7 x 4-6 mm, fimbriadas. Folhas opostas, regularmente dispostas ao longo dos ramos, sésseis a curtamente pecioladas; pecíolo 0-1 mm compr.; lâmina elíptica a oval-lanceolada, base cuneada a arredondada, margem escabra, ápice agudo, mucronado, 2,5-4 cm compr., (1-)1,5-2,2 cm larg., membranácea, escabra, pubescente; venação eucamptóroma, nervuras salientes na face abaxial, impressas na face adaxial. Inflorescências axilares, 5-8-floras; flores sésseis, 4- meras, hipanto 1-2 mm compr., ca. 1 mm larg., lacínios subiguais, estreito-triangulares, pilosos, ciliados, persistentes no fruto; corola alva a rosada, pilosa no ápice, 8-10 mm compr., ca. 4 mm larg.; estames inseridos na região da fauce da corola. Mericarpos obovoides, pilosos, 2-3 mm compr., 2-3 mm larg.; sementes obovais.

Material examinado: Jaboticatubas, Serra do Cipó,

atrás da sede do IBAMA, L.S. Kinoshita & J.Y. Costa 00/142, 21.XI.2000, fr. (UEC); idem, K. Yamamoto & M.F. Freitas

00/78, 21.XI.2000, fl. (UEC). Santana de Pirapama, Serra do

Cipó, Fazenda Toucan Cipó, estrada para a captação, D.C.

Zappi et al. 714, 15.II.2007, fl., fr.(ESA, HUEFS, K, SPF);

Capela de São José, terreno do Sr. Luiz, perto do Rio das Pedras, 19º00'18"S, 43º46'34"W, D.C. Zappi et al. 2772, 9.III.2010 (SPF, K). Santana do Riacho, caminho para a Lapinha, 19º10'S, 43º41'W, M.M. Arbo et al. 4886, 11.II.1991, fl., fr. (CTES, SPF).

Diodella radula ocorre no Peru, Equador e, no Brasil, nos estados do Pará, Ceará, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e no sul do país (Barbosa et al. 2014). Na Serra do Cipó, foi coletada em solo arenoso à beira de rio, florescendo e frutificando em fevereiro e março.

12.4. Diodella teres (Walt.) Small, Fl. Lancaster Co.: 271. 1913.

Diodia teres Walt., Fl. Carol. 87. 1788.

Ervas 10-50 cm alt.; ramos 1,5-2 mm diâm., glabros ou pilosos, prostrados ou semi-eretos. Estípulas 7, pilosas, 5-10 x 3 mm, fimbriadas. Folhas opostas, regularmente dispostas ao longo dos ramos, sésseis; lâmina linear a linear-lanceolada, base truncada a levemente auriculada, ciliada, margem fortemente revoluta, não espessada, ápice aristado, 1,4-2 cm compr., 1-4 mm larg., cartácea, pilosa a glabrescente; venação eucamptódroma, nervuras secundárias pouco conspícuas ou inconspícuas em ambas as faces. Inflorescências axilares, 1-3-floras; flores sésseis; hipanto 1,8-2 mm compr., ca. 1,2 mm larg.; lacínios levemente desiguais, margem serreada, persistentes no fruto; corola alva com ápice rosado, infundibuliforme, 4-lobada, 6-7 mm compr., 2-4 mm larg. Mericarpos ovoides, costados, levemente rugosos,

Bol. Bot. Univ. São Paulo, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 71-140, 2014 glabros, 4 mm compr., 3 mm larg.; sementes obovais.

Material examinado: Santana do Riacho, Serra do

Cipó, estrada para a Cachoeira da Farofa, R. Simão-

Bianchini CFSC 11682, 27.I.1990, fl., fr. (SPF); estrada Belo

Horizonte – Conceição do Mato Dentro, km 117, A. Furlan et

al. CFSC 7207, 19.IV.1981, fl., fr. (SPF).

Material adicional: Minas Gerais: Grão-Mogol, Fazenda

Francisco Sá, córrego da Bonita, 16°35’S, 42°56’W, 700 m,

M.T.V.A. Campos et al. CFCR 13311, 5.IX.1990 (SPF).

Amplamente distribuída desde o sul dos Estados Unidos, México, Caribe, até o sudeste do Brasil, Bolívia e Paraguai (Govaerts 2013). Na Serra do Cipó, foi coletada em cerrado e campo rupestre, florescendo e frutificando de janeiro a abril.