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DIPLOMAS LEGAIS RELACIONADOS COM A QUALIDADE DAS ÁGUAS

A nova Directiva relativa à qualidade das águas balneares está estruturada de forma a respeitar os diplomas legislativos já publicados em matéria de água, nomeadamente:

 Directiva 91/271/CEE do Conselho, de 21 de Maio de 1991, relativa ao tratamento de águas residuais urbanas;

 Directiva 91/676/CEE do Conselho, de 12 de Dezembro de 1991, relativa à protecção das águas contra a poluição causada por nitratos de origem agrícola;

 Directiva 2000/60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Outubro de 2000, que estabelece um quadro de acção comunitária no domínio da política da água.

O Decreto-Lei n.º 152/97 transpõe para direito interno a Directiva n.º 91/271/CEE, relativamente ao tratamento de águas residuais urbanas, mais concretamente algumas das condições gerais que a descarga de águas residuais urbanas nos meios aquáticos deve observar para uma dada utilização do domínio hídrico. Este documento foi posteriormente alterado pelo Decreto-Lei n.º 348/98, resultante da publicação da Directiva n.º 98/15/CE, elaborada devido aos problemas de interpretação suscitados pela aplicação da Directiva n.º 91/271/CEE, relativos aos requisitos a que

Qualidade de águas balneares. Enquadramento legal 15

devem obedecer as descargas provenientes de estações de tratamento de águas residuais efectuadas em zonas sensíveis sujeitas a eutrofização. A ligação entre a qualidade das águas superficiais e as descargas de águas residuais não tratadas para o meio hídrico justificam a dependência entre diplomas, estando a qualidade das águas balneares dependente do trabalho realizado a montante no domínio da gestão das águas residuais.

A Directiva n.º 91/676/CEE relativa à protecção das águas contra a poluição causada por nitratos de origem agrícola é transposta para direito nacional pelo Decreto-Lei n.º 235/97. Em consequência de alterações posteriores, este Decreto-Lei foi alterado pelo Decreto-Lei n.º 68/99. Quando se pretende actuar ao nível da poluição do meio hídrico, a poluição relacionada com os nitratos é uma das que apresenta maior relevância, pelo que são necessárias medidas e regras que garantam a melhoria do nível de protecção das águas contra a poluição, neste caso a resultante das actividades agrícolas, que constitui as principal causa da poluição azotada.

A 23 Outubro de 2000 foi publicada pelo Conselho Europeu a Directiva 200/60/CE, também conhecida como Directiva Quadro da Água (DQA), que definiu as directrizes que a política da água deverá seguir na Europa e estabelece uma uniformidade nesse espaço. A sua transposição para direito nacional foi realizada através da Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro, estabelecendo as bases e o quadro institucional para a gestão sustentável das águas.

Os principais objectivos da DQA consistem no estabelecimento de uma política de água sustentável, integrando o abastecimento de água potável, a protecção do ambiente e a mitigação do risco e impactes das cheias. Procura-se assim a salvaguarda da disponibilidade de água potável bem como da sua qualidade (Elliott et al, 1999). A implementação desta Directiva terá repercussões a uma escala considerável, sendo necessários progressos na gestão da água de forma a se atingirem os objectivos pretendidos. A abordagem do tema a um nível Europeu torna-se fundamental para uma actuação eficaz, já que muitas vezes as bacias hidrográficas e os impactes associados ultrapassam as fronteiras de cada país, os limites físicos e administrativos, deixando estes regulamentos de fazer sentido, resultado do papel preponderante que as condições naturais/ambientais assumem.

A Directiva Quadro aplica-se a águas interiores, de transição e costeiras; águas superficiais (rios, lagos, albufeiras) e subterrâneas. Implica uma gestão eficaz do contínuo hídrico presente nas bacias hidrográficas, assegurando a participação pública adequada. A obtenção de um “Bom Estado Ecológico” para a bacia hidrográfica e cursos de água associados é a meta a atingir, tendo repercussões na integração da gestão dos recursos, nomeadamente nas zonas costeiras. Podem ser identificados como elementos chave na DQA os seguintes pontos: protecção de todas as águas, de superfície e subterrâneas; bom estado a ser atingido por regra até 2015; qualidade da água definida compreensivelmente em termos biológicos, químicos e morfológicos; gestão da água ao nível da bacia

hidrográfica; programa de monitorização quer das águas superficiais, quer das subterrâneas, ambos como ferramenta de planeamento e instrumento de avaliação; instrumentos económicos, nomeadamente uma definição de tarifas que actuem como agente sensibilizador da necessidade de um uso prudente da água; e por fim a informação ao público.

A implementação da nova Directiva relativa à qualidade das águas balneares e a Directiva Quadro da Água deverá ser realizada em consonância. As águas balneares são áreas consideradas como protegidas, segundo a DQA, consequentemente as acções inerentes à aplicação desta Directiva devem incluir medidas que promovam a melhoria da qualidade das águas balneares. Neste sentido, é de esperar que a qualidade de algumas águas balneares melhore devido às medidas associadas à Directiva Quadro ou a outra legislação com objectivos de melhoria da qualidade do Ambiente. Contudo, pode ser difícil interpretar e delimitar geograficamente as medidas de gestão utilizadas nos diferentes casos. Para cada área do meio hídrico identificada no âmbito da DQA, são definidos objectivos ambientais e medidas de acordo com esses objectivos, estabelecendo-se planos de acção, ou Programas de Medidas (PM). No caso das águas balneares, os PM são estabelecidos de forma a atingirem os parâmetros microbiológicos definidos na Directiva 2006/7/CE.

As entidades responsáveis, o poder político e os governos devem encontrar um equilíbrio entre a necessidade da sociedade de um ambiente de melhor qualidade e os custos de oportunidade de qualquer medida, assim como considerar o impacte económico de mudanças nas políticas relacionadas com a água. Qualquer nova política deve ser compatível com a Política da Água da União Europeia, que está definida pela DQA onde se apresentam as bases de gestão dos recursos hídricos (Georgiou & Bateman, 2005).