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O desenvolvimento de um perfil para as águas balneares implica uma análise ao seu histórico de qualidade. Como já foi referido anteriormente, a frequência de revisão dos perfis é em função da classificação das águas balneares, tendo por base o histórico de qualidade da água balnear. Numa primeira fase o objectivo da análise ao histórico relaciona-se com a avaliação de qual o estado actual das águas balneares, permitindo retirar ilações sobre possíveis causas das alterações verificadas ao longo do intervalo de tempo considerado, pelo que será utilizada a classificação de acordo com o Decreto-Lei nº 236/98. Para isso a construção do histórico tem como base as classificações obtidas a partir da monitorização realizada pelas autoridades competentes de acordo com a legislação em vigor. A construção deste histórico considerou, quando disponível, a classificação presente nos Relatórios Anuais de Qualidade das Águas Balneares, sendo para os restantes anos considerados os resultados da monitorização disponíveis na base de dados electrónica do SNIRH. Foi assim utilizada a informação disponível no Sistema Nacional de Informação e Recursos Hídricos (SNIRH) e nos relatórios anuais de qualidade das águas balneares publicados pelo INAG, obtendo-se os resultados apresentados nas Figuras 17,18, 19, 20, 21 e 22.

Figura 17 - Histórico de classificação da zona balnear Foz entre 1993 e 2008, segundo o Decreto- Lei nº. 236/98

Figura 18 - Histórico de classificação da zona balnear Gondarém entre 1993 e 2008, segundo o Decreto-Lei nº. 236/98

Evolução da Qualidade das Águas Balneares Classificação: Má Aceitável Boa

Caracterização da área em estudo 63

Figura 19 - Histórico de classificação da zona balnear Gondarém, considerando Interdições por parte da ARS

Figura 20 - Histórico de classificação da zona balnear Homem do Leme entre 1993 e 2008, segundo o Decreto-Lei nº. 236/98

Figura 21 - Histórico de classificação da zona balnear Castelo do Queijo entre 1993 e 2008, segundo o Decreto-Lei nº. 236/98

Evolução da Qualidade das Águas Balneares Classificação: Má Aceitável Boa Bann

Evolução da Qualidade das Águas Balneares Classificação: Má Aceitável Boa

Figura 22 - Histórico de classificação da zona balnear Castelo do Queijo, considerando Interdições por parte da ARS

O número de anos em que existe informação para as diferentes zonas balneares não é coincidente, o que está relacionado com o reconhecimento por parte do INAG das praias (ou conjunto de praias) como zonas balneares e, por outro lado com suspensões da monitorização. A Foz é considerada como zona balnear desde 2007, tendo apresentado a partir daí uma apreciação global de Boa. Gondarém é das zonas balneares que apresentam um historial mais completo, durante o qual a sua classificação segundo os 5 parâmetros principais alternou entre o Aceitável e Má, predominando a primeira. No entanto, considerando as interdições por parte da Autoridade de Saúde e as interrupções à prática balnear para obras, verifica-se nos dois últimos anos a manutenção de uma qualidade Aceitável. À semelhança da Foz, a zona balnear do Homem do Leme é monitorizada pelo INAG desde 2007, alternando nestes dois anos entre a classificação Boa e Aceitável. Por fim a zona balnear do Castelo do Queijo é das quatro zonas balneares a que apresenta resultados menos positivos, no entanto no ano de 2008 verifica-se já uma melhoria da qualidade da água.

Uma análise global às classificações das quatro zonas balneares indica uma tendência de melhoria nos últimos dois anos, fruto do trabalho e projectos já desenvolvidos. A comparação entre as Figuras 18 e 19 e entre as Figura 21 e 22 demonstra que, em alguns anos, embora a classificação das zonas balneares do Castelo do Queijo e Gondarém não fosse Má, as zonas balneares encontravam-se interditas pela Autoridade de Saúde. Este facto acentua a falta de consenso na utilização de salmonelas para interdição da prática balnear. Na nova Directiva relativa à qualidade das águas balneares, a salmonela não faz parte dos indicadores de poluição fecal, pelo que a utilização deste parâmetro pode causar incompatibilidade entre a classificação das águas balneares por parte do INAG, e a vigilância sanitária realizada pela Autoridade de Saúde. Mesmo a utilização de salmonelas como indicador de poluição fecal levanta algumas questões, já que quando foi especificado o valor de zero para as salmonelas, a Directiva de 1976 reflectia os meios técnicos e científicos a esta data (Azevedo, 2009). Alguns trabalhos científicos têm demonstrado a presença de salmonelas em amostras cujos valores de coliformes se encontram abaixo dos valores limite impostos ou mesmo na ausência destes indicadores (Azevedo, 2009).

Caracterização da área em estudo 65

Tabela 8 – Classificação das águas balneares de acordo com a Directiva 2006/7/CE, para dois períodos de análise

2007 – 2008 2005 – 2008

Enterococos intestinais E. Coli Classe Enterococos intestinais E. Coli Classe

Foz Excelente Boa Boa

Gondarém Excelente Suficiente Suficiente Boa Medíocre Medíocre

Homem do Leme

Excelente Excelente Excelente

Castelo do Queijo

Medíocre Medíocre Medíocre Medíocre Medíocre Medíocre

A classificação das águas balneares de acordo com a nova Directiva, representado na Tabela 8, reflecte o maior nível de exigência que esta constitui. As zonas balneares do Homem do Leme e Foz são classificadas pelo INAG com “Excelente” e “Boa” respectivamente, considerando a monitorização de duas épocas balneares. Já as zonas balneares do Castelo do Queijo e Gondarém obtêm ambas uma classificação de “Medíocre”, com base na monitorização realizada em quatro épocas balneares (2005- 2008).

Estes resultados salientam algumas incongruências relacionadas com o “período de avaliação” de quatro épocas balneares que é definido na nova Directiva, principalmente quando aplicada a águas balneares com melhorias significativas num passado recente. A zona balnear de Gondarém é exemplo desta fragilidade na aplicação da Directiva, já que a classificação das suas águas de acordo com os limites da nova Directiva para as épocas balneares de 2007 e 2008 é de Suficiente, atingindo mesmo uma classificação de excelente relativamente ao parâmetro Enterococos intestinais. Estes resultados espelham as medidas adoptadas pela empresa municipal Águas do Porto no sentido de melhoria da qualidade das águas balneares, pelo que nestes casos, praias urbanas sujeitas a pressões consideráveis e que começam a demonstrar melhorias significativas da qualidade das águas balneares, deveriam ser avaliadas com alguma precaução e em períodos de tempo que sejam representativos. Procurando compreender de que forma a utilização de percentis pode influenciar a classificação das águas balneares, e ao mesmo tempo observar a evolução da qualidade das águas balneares, foi realizada uma análise aos percentis dos dois parâmetros para as zonas balneares do Castelo do Queijo e Gondarém desde 2005 até às quatro primeiras acções de monitorização de 2009, os resultados são apresentados no Anexo 6. No período de análise estudado, é considerado o percentil de 15 amostras contínuas, sendo a análise repetida sucessivamente para os resultados de monitorização seguintes até 2009, obtendo-se 65 valores para Gondarém e 55 para o Castelo do Queijo (esta diferença está relacionada com o facto de durante a época balnear de 2005 no Castelo do Queijo apenas terem sido realizadas 10 acções de monitorização). A partir das Figuras 61, 62, 63 e 64 pode concluir-se que existe uma melhoria significativa da qualidade das águas a partir do fim de 2006 e durante 2007, 2008 e 2009. Gondarém apresenta melhorias significativas desde o início de 2007 relativamente à E. coli e desde o meio da época balnear de 2005 em relação aos Enterococos intestinais. Por seu lado o Castelo do Queijo verifica melhorias nos parâmetros avaliados desde o fim de 2006. Esta análise demonstra assim

uma melhoria evidente da qualidade das águas balneares nas últimas duas épocas balneares, mas também o risco associado à utilização de percentis em intervalos de tempo que abrangem estados de qualidade da água distintos.

CAPÍTULO 5

5

ESTABELECIMENTO DOS PERFIS DE ÁGUAS

BALNEARES DO PORTO