• Nenhum resultado encontrado

4. RESULTADOS

4.1. Caracterização da dinâmica interna de trabalho de uma EIF dentro do processo de

4.1.2. Direcionadores da Tarefa

A equipe ADE tem a responsabilidade de consolidar o trabalho que define os objetivos estratégicos e conduz o acompanhamento da construção dos objetivos táticos elaborados nos planos das diversas funções da empresa, além de promover e acompanhar o encadeamento entre eles (ADECO).

[...] a assessoria, ela é dividida em quatro núcleos hoje. O núcleo de inteligência competitiva antecipativa, o núcleo de inovação, o núcleo de planejamento estratégica e o núcleo de M&A (Merge and Aquisition). Todos esses núcleos, todos eles fazem esse papel de integração... então, assim, não é que tem uma pessoa que faz, mas cada núcleo desse tem que fazer. Porque todos esses núcleos atuam de forma corporativa, envolvendo a empresa inteira em todos os pontos [...] (ADECO)

O processo todo começa com as diretrizes da holding, tanto em termos de metodologia de planejamento, quanto no direcionamento e aprovação dos objetivos. Daí, o trabalho na ADE começa com o núcleo de inteligência competitiva, que passa as informações de possíveis movimentos competitivos para o planejamento estratégico que faz um diagnóstico detalhado e completo, com tendências do ambiente externo e análises do ambiente interno (ADECO). Com base nesse diagnóstico, é feito um trabalho de formulação da estratégia que culmina na definição dos objetivos que compõem o mapa estratégico e dos objetivos das diversas funções compondo o que se denomina de painéis de contribuição de cada área. A ADE, para o planejamento do período que corresponde de 2014 a 2018, contratou uma consultoria que fez parte, temporariamente, da EIF ADE, no núcleo de planejamento estratégico (ADECO).

Os objetivos individuais dos membros permanentes da EIF ADE estão ligados à tarefa principal da equipe que é entregar um planejamento da estratégia da empresa e a garantir a sua execução. Esse processo é único na organização e o processo é encadeado desde os objetivos estratégicos definidos no próprio planejamento da estratégia até os objetivos individuais de cada profissional (ADECO, ADEEN1, ADEEN2).

Entretanto, por observação, constatou-se que, quando se trata dos membros que compõem as EIFs temporárias ou permanentes criadas pelos núcleos da ADE, esses objetivos específicos da EIF não estão alinhados. Por exemplo, a maioria dos membros que compõem a EIF de inteligência competitiva não possui objetivos relacionados ao dela. Algumas funções, cujos membros fazem parte da equipe, tampouco têm relação com a tarefa de rastrear sinais competitivos fracos ou definir ameaças concretas. Entretanto, participam do processo pelo acesso cotidiano a formadores de opinião, entidades, associações, clientes, fornecedores, parceiros, órgãos do governo, e outros, que detém informações que podem gerar sinais de movimentos competitivos que eventualmente se transformarão em ações ou reações de inteligência competitiva. Da mesma forma, foram avaliados documentos que mostram pouca ou nenhuma congruência entre os objetivos da EIF de inovação e os dos membros oriundos de funções como relacionamento com o cliente, por exemplo. Essas funções participam da EIF com o intuito de contribuir com o processo por força da proximidade com o cliente e consequente percepção das suas necessidades. Entretanto, esse não é um objetivo formalizado para esses profissionais.

Apesar de os entrevistados ADEEN2 e ADECO atestarem que há uma formalização da liderança, na documentação contendo a estrutura hierárquica analisada da

organização não há o cargo hierárquico formal dessa líder. “Não, a liderança é formal [...] tem os papéis delimitados [...] bem estruturados” (ADEEN2). O documento, contudo, aponta que ela é uma Consultora Executiva, cargo da carreira técnica em “Y”, que lidera informalmente a EIF ADE. Entretanto, foi observado que todos acatam as suas decisões como sendo a sua superior imediata o que dá respaldo para as declarações dos entrevistados.

[...] Não, mas é como se fosse [...] Ela não tem só o papel consultivo não. Porque até o cargo dela é de consultora. Mas, assim, é coordenadora [...] mas é formal. Não é informal. Isso que eu quero colocar. O cargo dela é como consultora, mas, assim, não é informal [...] a forma que ela delineou, não é. (ADEEN1)

Segundo as declarações dos entrevistados, a liderança parece exercer um certo grau de influência nas lideranças das funções que compõem a EIF ADE.

Da mesma forma, na pesquisa documental, foi constatado que as lideranças exercidas por alguns membros da EIF ADE quando formam EIF de inovação, inteligência competitiva, planejamento estratégico e fusões & aquisições, não são formais. Portanto, assim como no caso da líder da ADE, quanto no das lideranças das EIFs formadas a partir dos seus membros, o fator influência da liderança nas diversas funções da organização é prejudicado (observação simples). No período de confecção deste trabalho, o pesquisador obteve a informação de que a líder da EIF ADE se desligou da organização.

O patrocínio da presidência é citado pelos entrevistados como sendo um fator de extrema importância para a condução dos trabalhos e para que haja reconhecimento do restante da organização na tarefa a ser executada nas EIFs constituídas pelos membros da ADE.

[...] Sim. Assim, tem que ter. A área de estratégia é uma área que só sobrevive se tiver patrocínio. Porque imagina você definir uma estratégia que não vai ser usada, não vai ser implementada, não serve para nada, né? Então, essa questão do patrocínio é essencial [...] (AENE1).

[...] Não adianta, isso é literatura de projeto. Se você vai fazer um projeto e não tem um patrocinador, um sponsor forte, não sai [...] Sempre tem que ter. Não adianta. Isso é preponderante, não adianta [...] (ADEEN2)

[...] Ah... eu não sei se é por causa do patrocínio... ou... eu acredito que sim... igual eu tava falando anteriormente, né? Porque, a gente está ligado a quem está, né... e está alinhado a estratégia e tudo... define a estratégia da empresa e tal... o que a gente pede, geralmente vem... a pedido dessa questão do sponsor, né? O senso de urgência... então, tudo leva a crer... eu não conversei isso diretamente com alguém, né, tudo leva a crer que a visão que eles têm de nós é que a gente... somos uma área muito

importante e que merece uma prioridade... nas atividades que a gente requisita. (ADEEN2)

Entretanto, a atenção às solicitações dos membros da ADE, segundo as suas impressões, não são totalmente dependentes do patrocínio. A senioridade, maturidade profissional, competência e seriedade dos profissionais que a compõem são características fundamentais quando precisam negociar entregas com as diversas funções da organização. (ADEEN2)

O pedido de demissão da líder da EIF ADE teve, segundo alguns depoimentos ouvidos durante a observação simples, a ver com a falta de formalização da liderança da EIF por parte do patrocinador presidência. Na entrevista, ADEEN1 citou mudanças no documento que mostra a estrutura organizacional que, em um primeiro momento, deixou de contemplar a liderança da ADE como assessoria da presidência. Mais tarde, voltou a figurar em uma errata. Isso foi fator decisivo na sua opção de saída da empresa.

Não... tem algumas vezes que tá mais com turbilhão e outras menos turbilhão [...] sai "bolinha", entra "bolinha" [..] Mas a "bolinha" permaneceu... então acreditamos que tem o patrocínio. (ADEEN1)

O “... sai bolinha, entra bolinha ...” mencionado na citação de ADEEN1 refere- se à representação gráfica da posição de liderança na estrutura de assessoria da presidência.

Quanto ao tema de reconhecimento e recompensa, a percepção colhida em entrevista (ADEEN1) e nas observações de conversas entre membros da equipe é de que a empresa passa por uma situação de transformação estrutural e as recompensas relacionadas a promoções de cargos e salários não estão sendo levadas em consideração. Assim, não é uma situação somente das EIFs compostas na ADE mas da organização como um todo. Além disso, formalmente, há um método geral de se avaliar, reconhecer e recompensar um empregado da empresa por meritocracia, que podem ocorrer somente duas vezes ao ano, uma no primeiro e outra no segundo semestre. As recompensas financeiras, então, estão baseadas nos objetivos corporativos e individuais que abrem a possibilidade de, dependendo do cargo, receber múltiplos da remuneração básica dependendo dos resultados alcançados corporativamente e/ou individualmente. Não há diferenciação de cargos e salários e/ou recompensa financeira por ser membro de uma EIF.

[...] você tem a recompensa, o elogio. Isso aí, você tem [...] a contrapartida de promoções, isso aí eu não tô percebendo não, viu? [...] tá todo mundo como especialista [...] então, é, assim, é meio... totalmente obscuro. Você não sabe o que você tem que fazer prá passar prá um cargo executivo não [...] (ADEEN1)