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A própria legislação se incumbiu de declarar quais são os direitos morais e patrimoniais do autor. No artigo 24 define quais são os direitos morais do autor, podendo citar dentre outros: o direito de reivindicar a sua obra, ou seja, se o autor verificar que a sua obra foi publicada sem a sua autorização, poderá reivindicá- la, a qualquer tempo e impedir que seja publicada. Tem o autor também o direito de ter o seu nome ou pseudônimo indicado na obra de sua autoria, de conservar a obra inédita e ainda retirar a obra de circulação, quando entender que se mantendo a sua utilização poderá afrontar seus direitos (BRASIL, 1998d).

Assim, verifica-se que o direito moral é aquele direito que dá o reconhecimento e a oportunidade de ter o autor o seu nome ou pseudônimo nas obras de sua autoria. Não se fala, para a garantia desse direito em remuneração, valores em dinheiro, mas sim no reconhecimento e possibilidade de verificação do autor da obra, cujo direito é inalienável e irrenunciável, ou seja, é garantia plena ao autor o seu direito moral. Esse direito não pode ser objeto de venda ou empréstimo, não podendo o autor, ainda, renunciar ao direito que a lei lhe concedeu.

Já o direito patrimonial é o direito concedido ao autor de negociar a publicação de sua obra, recebendo determinado valor. Quando o autor cede os direitos de publicação de determinada obra, não significa que ele está vendendo a obra, mais sim autorizando a editora ou quem quer que seja a publicar, cujo contrato realizado é de cessão ou edição da obra, onde, em referido documento, as partes estabelecem os direitos e deveres envolvidos na negociação.

No momento em que o autor cria uma obra, nasce com ela o seu direito autoral, formado pelo direito moral e pelo direito patrimonial, que é a possibilidade de ter o seu nome ou pseudônimo na criação e auferir benefícios econômicos dela. Os direitos patrimoniais, de acordo com a determinação legal, podem ser negociados total ou parcialmente, dependendo da vontade do autor e negociação entabulada pelas partes envolvidas.

A lei garante ao autor, em seu artigo 29 e incisos, o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica, uma vez que depende de autorização prévia e expressa dele a utilização da obra em qualquer modalidade de fixação, que existam ou que venham a ser inventadas no futuro (BRASIL, 1998d).

No inciso IX do artigo 29, diz a lei que para a inclusão e o armazenamento de conteúdo em computador, é necessária a autorização prévia e expressa, ou seja, antecipadamente e por escrito. A simples autorização verbal não é válida; agindo dessa forma não se estaria respeitando os direitos do autor.

É importante ressaltar que não são objeto de proteção as idéias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos matemáticos, os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócio, formulários em branco e suas instruções, textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais e demais atos oficiais, informações de uso comum, nomes e títulos isolados, aproveitamento industrial ou comercial das idéias contidas em obras.

No Brasil, o registro das obras protegidas é facultativo, porém se recomenda, como prova de anterioridade, o registro: das obras intelectuais, conforme a sua natureza, na Biblioteca Nacional, Escola de Música, de Belas Artes, entre outras, e do programa de computador, no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

A proteção legal dos direitos patrimoniais do autor, prevista em lei, perduram por 70 anos contados do ano subseqüente ao de seu falecimento. Protege a lei também, por 70 anos, contados de 1º de janeiro do ano subseqüente ao de sua divulgação, os direitos patrimoniais do autor, das obras anônimas ou pseudônimas, audiovisuais e fotográficas. A proteção para o

programa de computador é de 50 anos, contados de 1º de janeiro do ano subseqüente ao de sua divulgação.

Para contagem de prazos é de grande valia a menção de reserva. O editor, o produtor de fonograma, empresas de rádio e TV, o produtor cinematográfico devem indicar, na própria obra, a data da primeira publicação ou divulgação, que é o ponto de partida e referência na contagem dos prazos. Esse prazo é único, e não tem significado a contagem dos prazos das sucessivas edições, com modificações ou alterações de conteúdo, porque a proteção se inicia com a primeira publicação, e não se interrompe, nem se reinicia (ABRAÃO, 2002).

Quanto à definição dos direitos morais do autor, Bittar (apud CABRAL, 1988, p. 21) diz:

Os direitos morais são os vínculos perenes que unem o criador à sua obra, para a realização da defesa de sua personalidade. Como os aspectos abrangidos se relacionam à própria natureza humana e desde que a obra é emanação da personalidade do autor – que nela cunha, pois, seus próprios dotes intelectuais – esses direitos constituem a sagração, no ordenamento jurídico, da proteção dos mais íntimos componentes da estrutura de seu criador.

Já Cabral (1998, p. 21) diz que o direito moral nasce quando a obra é fixada em um suporte material. Citando Delia Lipszyc, Cabral (1998) arrola suas características básicas:

[...].

A) essenciais, porque sem eles a condição básica do autor em relação a sua obra perderia sentido. O autor tem o direito de identificar-se com tal. Ninguém pode negar-lhe esse direito.

B) extra-patrimonial, porque não é possível estabelecer um valor para o direito moral. O direito moral está fora do comércio.

C) inerente ao autor, pois está unido a sua pessoa.

D) é absoluto, porque seu titular pode opor-se a todos para defendê-lo.

E) é inalienável, porque, não sendo patrimonial, não pode ser objeto de qualquer transferência.

F) é irrenunciável, porque o autor dele não pode desfazer-se, mesmo que o queira.

Lapszyc (apud CABRAL, 1998) relata que o direito moral não pode ser embargado, executado ou expropriado, sobrevive ao próprio autor e não podem ser objeto de contrato. Qualquer estipulação contratual tendo em vista os direitos morais é nula de pleno direito.

Já Carboni (2003) diz que o direito do autor tem um princípio dualista, uma vez que a propriedade patrimonial pode ser adquirida por qualquer meio lícito e a propriedade intelectual surge apenas com a publicação da obra e sua efetiva materialização, e este poder do autor de tornar pública a sua obra, também o qualifica ao direito de realizar a exploração pecuniária dele, e complementa o seu pensamento:

É esse o princípio da concepção dualista do direito do autor, na qual essas prerrogativas pecuniárias e morais se desenvolvem separadamente, mas de tal forma que as segundas possam, às vezes, se opor ao curso das primeiras, para que seja assegurada a salvaguarda dos interesses espirituais do autor (CARBONI, 2003, p. 29).