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HIPÓTESES

Fator 3- Direito ao Suicídio

Apesar de tudo, se uma pessoa deseja se matar, ela tem esse direito (+) A vida é um dom de Deus, e só ele pode tirar (-)

Quem tem Deus no coração, não vai tentar se matar (-)

No fator 2 o item 3 é computado com sinal trocado (-) assim como os itens 2 e 3 no fator 3.

Questionário de conhecimento/habilidades clínicas em prevenção do suicídio:

Este questionário de auto-preechimento foi desenvolvido para este projeto. Inicialmente foram criadas 34 questões de múltipla escolha com cinco alternativas cada, sendo apenas uma a correta. Estas foram avaliadas por oito especialistas que eliminaram 13 questões consideradas como menos relevantes ou menos aptas para avaliar conhecimento/habilidades clínicas, de forma que a versão final contém 21 questões de múltipla escolha (vide anexos). A maior parte das questões (18) foi formulada a partir da apresentação de casos clínicos representativos das situações mais comuns em que o profissional de saúde se depara com pacientes em risco de suicídio (Ex; casos de depressão e dependência de álcool). Quatorze questões avaliaram diretamente habilidade de manejo em situações clínicas e as sete restantes conhecimento geral em prevenção do suicídio (Ex: conhecimento epidemiológico). Em relação às áreas temáticas: sete questões abordavam depressão e transtornos do humor, seis questões uso de substâncias psicoativas (predominantemente álcool), três conhecimento epidemiológico, duas funcionamento psíquico do indivíduo em risco de suicídio, uma acerca de estratégias de prevenção de suicídio, uma sobre intencionalidade suicida, uma acerca dos fatores de risco e de proteção, e uma sobre avaliação do risco de suicídio (vide anexo).

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Monitoramento – Não foram usados questionários ou escalas psicométricas,

usou-se a técnica da entrevista psicológica semi-aberta (Turato 2003). Estruturadamente apenas se colheu informações a respeito da repetição ou não de comportamento suicida e adesão ao tratamento. Foram anotados os diálogos visando avaliação qualitativa.

6. Procedimentos Capacitação:

A capacitação em prevenção do suicídio teve carga horária de 18 horas, divididas em 14 horas de exposição teórica e 4 horas de discussão de casos clínicos visando o aperfeiçoamento de técnicas de manejo. Os participantes traziam para a discussão casos que estavam sendo conduzidos naquele período na rede municipal de saúde e que os estava afligindo devido ao risco de suicídio. Os mesmos eram estimulados a expor suas próprias atitudes e preocupações na condução dos casos clínicos. A capacitação foi repetida três vezes para três turmas de abril a julho de 2007, nas dependências da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. Logo antes do inicio do curso, ao final e nove meses após o término do curso, foi aplicado aos participantes o questionário mensurando atitudes em relação ao comportamento suicida e o questionário de conhecimento/habilidades clínicas em prevenção do suicídio. Com a finalidade de reunir os participantes após nove meses do final da capacitação para a terceira aplicação do questionário, foi feito um mini-curso de quatro horas centrado na temática do suicídio na adolescência.

Conteúdo das aulas:

O conteúdo está apresentado com certa minúcia (vide anexo), pois em nossa visão o formato final do mesmo é um dos resultados importantes deste estudo, pois reflete a hierarquização dos conteúdos mais importantes do ponto de vista do grupo de prevenção de suicídio da Unicamp, e correlaciona-se diretamente com os resultados da capacitação. O mesmo originou-se em modificações sucessivas

53 de programas de prevenção do suicídio pregressos, os quais foram conduzidos pelo grupo de prevenção do suicídio da Unicamp. Exerceram maior influência no formato final desta capacitação, a capacitação de profissionais de saúde da rede pública no município de São Paulo, e das equipes de enfermagem do Hospital das Clínicas da UNICAMP.

O objetivo básico desta capacitação foi:

 Aprimorar nos profissionais de saúde a capacidade de detecção precoce e manejo de transtornos mentais que possam desencadear comportamento suicida;

 Avaliação do risco de suicídio de um indivíduo;

 Técnicas de manejo ou encaminhamento de indivíduos em risco de suicídio.

 Aumento da auto-percepção da atitude perante um paciente com comportamento suicida e aprimoramento da mesma

Foi entregue para todos os participantes da capacitação, digitalizados em um CD- ROM, o manual de prevenção do suicídio dirigido aos profissionais das equipes de saúde mental elaborado pelo grupo de prevenção do suicídio da Unicamp (Ministério da Saúde/OPAS/UNICAMP-2006) e todos os slides usados na capacitação (vide anexos). Foi entregue também em versão impressa o manual de prevenção do suicídio da Organização Mundial da Saúde (WHO-2000).

Monitoramento:

Central de monitoramento da adesão ao tratamento e busca ativa

As funções desta central, localizada no Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, foram: facilitar o agendamento dos pacientes que tentaram o suicídio, monitorar a adesão ao

54 tratamento usando-se de procedimentos de “busca ativa”, como telefonemas ou visitas domiciliares, visando motivar o paciente a manter-se em tratamento e/ou minimizar os obstáculos que podiam estar dificultando a adesão ao mesmo, (obviamente respeitando-se o desejo dos indivíduos e sua privacidade), e coletar dados acerca de novas tentativas de suicídio ou suicídios.

A central era gerenciada por uma psicóloga, contratada para gerenciar e executar o monitoramento dos pacientes. Tinha como recursos um computador e um telefone-fax.

O fluxo de pacientes neste monitoramento se dava da seguinte forma: quando um indivíduo dava entrada no Pronto Socorro do Hospital Ouro Verde devido a uma tentativa de suicídio, recebia o atendimento clínico habitual e quando da alta as equipes de saúde eram instruídas a encaminharem o mesmo para seguimento (em geral ambulatorial) para alguma equipe de saúde mental daquele distrito, e então era comunicada a Central de monitoramento. A seguir a psicóloga checava a chegada do paciente às equipes de saúde mental, estabelecia contato com as mesmas e iniciava o monitoramento por meio de telefonemas na primeira, segunda e quarta semanas após a tentativa de suicídio e também no segundo e sexto mês após a mesma.

55 1s 2s TELEFONEMAS 4s 2m 6m

A postura da psicóloga ao realizar as ligações foi previamente combinada: procurava-se favorecer o estabelecimento de vínculo com o indivíduo usando predominantemente de escuta acolhedora e intervenções não diretivas. O objetivo era a construção conjunta de uma narrativa a respeito do que ocorrera ao indivíduo. A partir da identificação de obstáculos subjetivos e objetivos ao tratamento procurava-se superá-los. Algumas informações como novas tentativas de suicídio, eram colhidas de modo semi-estruturado. Em resultados apresentamos sumarizados alguns exemplos representativos deste seguimento telefônico.

Na semana anterior ao início do monitoramento foi feito um treinamento de três horas em prevenção do suicídio com os integrantes da equipe de emergência do Hospital Ouro Verde que teriam maior participação na inclusão de pacientes neste monitoramento.