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CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE

1. diREitos HuMAnos

De modo geral os textos constitucionais estaduais trazem dispositivos que reiteram o reconhecimento da igualdade como princípio ou objetivo fundamental dos Estados,

valendo ressaltar o Preâmbulo da CE1 do Rio de Janeiro pela ênfase do discurso de combate intransigente à opressão, discriminação. A CE do Amazonas, por exemplo, considera relevante e de utilidade pública os programas ou campanhas que cultuem o repúdio ao racismo, preconceitos, discriminações. A CE do Ceará faz expressa proibição de qualquer forma de discriminação para acesso a cursos ou concursos dentro da carreira militar. Na LO2 do DF3 são referidas políticas de prevenção e combate à violência e à discriminação. Já a CE do Maranhão não dispõe de dispositivo expresso que ataque as causas das distinções entre brasileir@s, apenas referindo-se a uma vedação genérica de combate a discriminação com vistas à emancipação social. O mesmo com a CE do Mato Grosso que usa expressamente o combate a qualquer forma de discriminação e preconceito, dispondo em seguida de

um dispositivo que define a apuração de responsabilidade administrativa, econômica e financeira a quem agir em desconformidade com esses princípios.

Outro dispositivo que merece destaque está na CE do Pará que cria o Conselho de Desenvolvimento Econômico e entre as atribuições faz constar a garantia de um desenvolvimento econômico integrado que diminua desigualdades regionais e pessoais, chamando atenção para a preocupação com a subjetividade nesse contexto.

Especificamente as abordagens sobre sexo/gênero, algumas CEs (Amapá, Bahia, Pará

e LO do DF) dispõem de Capítulo específico dos Direitos da Mulher. Na CE do Ceará

há um artigo dispondo que o Estado deve assegurar o pleno desenvolvimento da mulher, garantindo exercício de seus direitos e liberdades em igualdade com o homem.

No tema da proteção aos direitos das crianças e adolescentes, diversas CEs dispõem de artigos que estimulam a guarda e acolhimento à criança abandonada, em especial a CE do Pará que institui ao Estado o acompanhamento do processo de adoção de criança ou adolescente órfã/ão ou abandonad@ e, a CE de Rondônia que institui incentivos fiscais e subsídios para acolhimento e guarda dessas crianças e adolescentes.

Interessante citar norma da CE de Sergipe que, ao tratar das disposições do direito ao meio ambiente equilibrado, faz uma referência de interesse das mulheres determinando que incumbe ao Poder Público, com auxílio de entidades privadas, estabelecer, controlar e fiscalizar padrões de qualidade e seus efeitos, incluindo a absorção de substâncias químicas através de dietas alimentares, com atenção especial para as potencialmente causadoras de câncer, mutações ou modificações do indivíduo durante a sua formação gestacional e de desenvolvimento.

A proteção à imagem é abordada nas CEs do Amapá, Bahia e Pará que impõem como dever do Estado a garantia da imagem social da mulher com dignidade, em plena igualdade

de direitos e obrigações. A CE da Bahia acrescenta que as mensagens que atentem contra a

dignidade das mulheres, reforçando a discriminação racial e sexual, devem ser impedidas. Um tema de grande relevância é o dos direitos das presidiárias. As CEs do Amapá, do Espírito Santo, do Pará, do Rio de Janeiro e Sergipe além de preverem mais detalhadamente as preocupações com a reintegração social d@s pres@s, algumas trazendo uma linguagem especificada, sejam homens ou mulheres, com escolarização e profissionalização, também distinguem os estabelecimentos prisionais por natureza do delito, sexo e idade, assegurando, às presidiárias, criação de creche contígua e atendimento por pessoal especializado, até os seis anos de idade, direito esse também contido na CE do Rio Grande do Sul. Acrescentando, na CE do Rio de Janeiro há expressa previsão do direito de visita e encontros íntimos

para ambos os sexos e em outro dispositivo, muito interessante, proíbe que a opção d@s

2 LO – tratando-se do Distrito Federal o que temos é Lei Orgânica, em virtude da natureza jurídica distinta dos demais Estados, ainda que sua competência possua similitides com os Estados e com os Municípios.

pres@s pelo trabalho não constituiam pretexto para qualquer tipo de favor. Nessa última CE, também há expresso o direito de optar por recolhimento da Previdência Social e FGTS para seus devidos efeitos.

Na LO do DF, também é prevista creche em tempo integral para filh@s das presidiárias, com profissionais especializad@s, além de assistência pré-natal e assistência integral à sua saúde. A CE de Goiás traz obrigação de lactário, berçário e creche. As do Mato Grosso do Sul e Roraima falam de creche e direito a permanecer com @ filh@ durante o aleitamento De forma indireta, mas que muito interessa às mulheres, nas CEs do Mato Grosso e Paraíba há expressa obrigação de exame médico completo, semestralmente, para @s pres@s. Na CE de Minas Gerais, há também referência genérica aos direitos d@ pres@ à assistência médica, jurídica, aprendizado profissionalizante, acesso a notícias e aos dados de seu processo. A CE do Paraná tem dispositivo que trata da assistência a homens e mulheres intern@s, egress@s ou albergad@s visando sua reintegração à sociedade.

A sexualidade/orientação sexual é muito pouco referida nas CEs de maneira geral,

porém, a CE do Pará e a LO do DF mencionam expressamente que o Estado, por atos ou agentes, deve garantir o bem de tod@s, independente de sexo, orientação sexual, origem, raça, cor, idades e quaisquer forma de discriminação.

Alguns mecanismos institucionais referente à políticas de direitos humanos são tratadas nas CEs. Ceará, DF, Mato Groso do Sul, São Paulo e Sergipe prevêem a criação do Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana, para tratar da defesa dos direitos humanos, algumas delas também prevendo a criação do Conselho dos Direitos da Mulher, como será tratado adiante. Interessante destacar dispositivo das CEs do Mato Grosso e Rio de Janeiro que asseguram a implantação de mecanismos para que ninguém seja prejudicad@ ou privilegiad@ em razão de raça, cor, sexo, estado civil, orientação sexual, convicções políticas, filosóficas, religiosas, deficiência física ou mental e qualquer outra particularidade ou condição, detalhando em seguida que isto deve ser observado em ritos ou procedimentos jurídicos.

Outros artigos trazem peculiaridades, a exemplo das CEs do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Sergipe há dispositivo que veda aos registros ou banco de dados públicos, informações sobre convicções, filiações e à vida privada e à intimidade pessoal. Assim também a CE do Ceará, valendo uma transcrição:

“Art. 214 - O Estado conjuga-se às responsabilidades sociais da Nação soberana para superar as disparidades cumulativas internas, incrementando a modernização nos aspectos cultural, social, econômico e político, com a elevação do nível de participação do povo, em correlações dialéticas de competição e cooperação, articulando a sociedade aos seus quadros institucionais, cultivando recursos materiais e valores culturais para o digno e justo viver do homem.”.