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Fase II – a partir do levantamento realizado na Fase I foram selecionadas 26 UBS, sendo identificados 126 vacinadores que atendiam aos critérios de inclusão

11 5,3 Fisiológico

A. Fatores humanos

B.2 Diretrizes governamentais

Nesta pesquisa foram consideradas como diretrizes governamentais, as instruções e regulamentações do programa de imunização dos três níveis de gestão do sistema de saúde, necessárias para o desenvolvimento das ações do PNI.

Fazem parte das diretrizes a definição do Calendário Nacional de Vacinação, os imunobiológicos disponibilizados à população, o tipo de enfrascagem das vacinas (monodose ou multidoses), a distribuição dos imunobiológicos e outros insumos, a estrutura da sala de vacinação e a educação permanente. Nessa categoria foram identificadas pelos vacinadores: apresentação dos frascos das vacinas e Calendário Nacional de Vacinação/esquema de vacinação.

B.2.1 Apresentação dos frascos das vacinas

Os frascos das vacinas variam em sua apresentação, conforme o laboratório produtor. Devido ao quantitativo desses produtos, alguns frascos são semelhantes nas formas, tamanhos, rótulos e tampas, apontado por vacinadores como um fator que poderia levar ao erro.

Se você olhar o frasco da hepatite e olhar o frasco da DTP, é igual, é verdinho com branco, igualzinho, é fazer uma com a outra. Se você não tiver esse hábito de conferência, tranquilamente você vai fazer uma vacina errada (...) (V004)

(...) Quando muda o laboratório, o frasquinho que era da tampinha azul, agora a tampinha azul já é de outra vacina e o tamanho dos frasquinhos também, isto pode dar bastante erro (...) (V115).

Após participar da entrevista, uma vacinadora mostrou alguns frascos de vacina que eram muito semelhantes, com rótulos pequenos e letras de tamanho reduzido, o que dificultava sua leitura e enfatizou que tais fatores influenciam na ocorrência de erros.

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B.2.2 Calendário Nacional de Vacinação

As alterações frequentes no Calendário Nacional de Vacinação, na percepção dos vacinadores participantes, incluindo-se as mudanças nos tipos de vacinas ofertadas, no esquema de vacinação, na dosagem e na população-alvo, contribuíram para a ocorrência de erros de imunização, como identificados em alguns discursos.

(...) eles não dão tempo de a gente assimilar as coisas e já estão mudando. Por exemplo, a questão da vacina da gripe, antes, ano passado, era meio [ml] para criança até dois anos. Até pouco tempo foi de 0,25 [ml], duas doses e daí isso confunde tanto e se você não prestar atenção você vai colocar 0,5 [ml] duas vezes. (V056)

(...) mudança no esquema de vacinação (...) Uma [vacina] que a gente aplicava com 18 meses, não é mais com 18, é com 13. (...) pode causar erro porque eu posso estar continuando fazendo o esquema antigo, entendeu? [expressão de aborrecimento] (V088)

(...) a gente fica muito tempo sem ir na sala de vacina, lógico que acaba gerando [erro], porque muda muito, os intervalos das doses, já tá tudo diferente (...) você acaba fazendo coisa errada pelas mudanças (...). (V003)

No decorrer das entrevistas observou-se que alguns vacinadores tinham conhecimentos equivocados sobre imunização, quanto à composição das vacinas disponíveis, confundindo as atenuadas com as inativadas, às contraindicações e ao esquema de vacinação, os quais, no final, foram esclarecidos pela pesquisadora.

Organização da sala de vacinação

Esta categoria se refere às condições disponíveis para a vacinação, quanto à estrutura da sala de vacinação, operacionalização do serviço e material instrucional.

B.3.1 Estrutura

Na presente pesquisa, compreendeu-se a estrutura como os equipamentos, mobiliário e insumos necessários a sala de vacinação, que podem interferir na segurança, como identificado nos discursos a seguir:

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(...) deveria ter uma maca, por exemplo pra fazer a BCG. Que seria melhor, e daí um espaço maior. Daí as vezes a gente leva pra outra sala, pra fazer a BCG. Então, sai de uma sala com a vacina vai pra outra. Talvez isso gera uma contaminação também. (V046).

(...) outro erro que acho é na organização da caixa, agora nós temos muitas vacina, e a caixa agora ficou espremida ali. Então você tem que ter uma concentração maior, (...)porque antes a gente espalhava, né? (...) agora tem que ter atenção redobrada, porque naquele recolocar você pode colocar a vacina errada e (...) uma colega vai fazer, já deu problema.(V069)

Em algumas UBS os refrigeradores com vacinas estavam posicionados fora das normas do PNI e não eram de uso exclusivo do programa de imunização, contendo no seu interior frascos de insulina. Ainda observou-se que o registro diário das temperaturas do refrigerador não era realizado como preconizado pelo PNI (Brasil, 2014c).

B.3.2 Operacionalização do serviço na sala de vacinação

Para a execução das ações do programa de imunização na UBS, somente a competência do vacinador não é suficiente, sendo necessário disponibilizar produtos, insumos, organizando o processo de trabalho na sala de vacinação de acordo com as normas do PNI.

(...) acho que foi feito um estoque muito grande [de vacina] e deixada essa vacina de data de validade atrás das de validade mais recentes [no refrigerador] (...) a gente não tinha colocado as datas de validade na parede (...) não observou e aí continuou fazendo a vacina vencida. [A voz da vacinadora demonstrava profundo pesar] (V001)

Foi observado em uma sala de vacinação, desvio da qualidade na conservação de imunobiológicos, em que um vacinador retirou do refrigerador, várias unidades de gelo reciclável, congelados e, sem verificar as suas temperaturas, os colocou diretamente dentro da caixa térmica. Em seguida, depositou sobre os gelos as vacinas para uso diário, sem controlar a temperatura interna da caixa térmica.

Após, aproximadamente, duas horas, verificou-se, com um termômetro a laser, que a temperatura do gelo e da vacina, naquele momento era 1ºC negativo, sendo informado, imediatamente, ao vacinador. Situação semelhante foi

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identificada em outras UBS, com temperaturas internas fora do preconizado pelo PNI, inclusive nos refrigeradores.

B.3.3 Material instrucional

A complexidade do programa de imunização observada na atualidade, com o aumento crescente da oferta de imunobiológicos, torna indispensável disponibilizar material instrucional ao vacinador, para a auxiliá-lo, sempre que necessário, a fim de evitar expor o usuário a riscos de EAPV e erros. Estão incluídos, um banner na sala de vacinação com o Calendário Nacional de Vacinação, bem como manuais e informes técnicos atualizados e comunicação interna sobre o programa de imunização.

Foi identificado, em algumas salas de vacinação, um banner com o Calendário Nacional de Vacinação desatualizado, assim como o material de apoio à sala de vacinação. Informações desatualizadas ou inexistentes, contribuem para que os erros de imunização aconteçam, discursos de vacinadores.

(...) Então eu vou ali e olho [apontou para o banner com o calendário de vacinação], só que tem coisa que não tem ali (...) Então, são coisas assim, daí você tem que ir no livro, no livro também não acha esta informação, então recorre ao distrito. Então, neste esquema básico já falta informação, é a primeira coisa que faz você errar. [A voz e a expressão facial demonstravam aborrecimento] (V030)

(...) o nosso banner está desatualizado né, as vezes, na hora, bate uma dúvida você bate o olho lá você visualiza, mas tem informações que não tem ali. (...) A nossa apostila que a gente tem lá na sala de vacina, também está desatualizada. (V038)