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Para a utilização desta metodologia, estabelecemos algumas diretrizes:

• primeiramente consideramos essencial delimitar, através da literatura correspondente, dos levantamentos durante observações e saídas a campo, na convivência com membros da comunidade e das peculiaridades da BHR, quais seriam as questões relevantes a serem aplicadas aos atores envolvidos com as questões da zona costeira;

• na segunda etapa, realizamos um trabalho de delimitação das aplicações dos questionários, estabelecendo que trabalharíamos com as entidades já engajadas no

projeto “Educação para o Desenvolvimento Sustentável”, pois pressupomos que as mesmas apresentam interesse pela questão ambiental, assunto ainda pouco importante para a maioria dos usuários da BHR;

• ao final tabulamos as respostas para posteriores análises.

As entrevistas formais ocorreram entre agosto e outubro de 2001.

Nesta pesquisa, não formalizamos regras de decisão para que os atores respondessem a entrevista. Apenas sugerimos um agendamento e as questões poderiam ser respondidas conforme conveniências. O conjunto do número de respostas variou consideravelmente, condição esta já esperada.

Foram agendadas 47 entrevistas; destas, 40 foram realizadas. Das 47, 10,63% se recusaram a responder e 4,25% se disponibilizaram a responder em outra oportunidade, porém não devolveram o questionário.

A aplicação do questionário reflete o planejamento participativo, o qual pode ser definido por Cornely (1978 apud De La Corte, 2001) como um processo político, com contínuo propósito coletivo e uma deliberada e ampla discussão para a construção do futuro da comunidade, em que participe o maior número possível de membros de todas categorias que as constituem. O autor ainda salienta que planejamento não é uma ação momentânea onde planejadores do governo convidem a população ou alguma de suas categorias para legitimar determinados projetos ou executar tarefas decorrentes de planos elaborados sem a participação da comunidade.

Cabe ressaltar que as entrevistas foram elaboradas de forma que abrangesse todos os envolvidos no projeto, sem discriminação ou tendências a interesses particulares.

A maioria dos dados coletados são não quantificáveis, visto que envolvem opiniões e visões dos atores, conforme sua intuição, subjetivismo, e principalmente experiências e vivências. Consideramos importante utilizarmos dados estatísticos e interpretações matemáticas para organizarmos os dados.

A partir da sumarização, tabulação e análise das respostas, foi possível identificar o nível dos problemas da BHR e da compreensão dos atores a respeito das questões fornecidas.

3.2.1 Roteiro do questionário/entrevista

O roteiro da entrevista foi elaborado, visando obter e levantar informações referentes às seguintes questões, dentre outras não menos importantes:

• há quanto tempo os atores conhecem a BHR e qual seu local de

origem;

• em qual instituição atuam e há quanto tempo a mesma encontra-se

inserida na BHR;

• ações que vêm sendo efetivadas nas instituições da BHR; • interesses institucionais na BHR;

• os principais problemas que os atores observam na Bacia, as ações importantes para solucioná-los e os obstáculos para que as ações sejam concretizadas;

• apontamento de perspectivas para solucionar os problemas;

• os atores que potencialmente apresentam condições para solucioná-los; • atividades que os atores podem desempenhar para solucinar os problemas; • conflitos em relação a atividades ou interesses de usuários que de alguma forma afetam a BHR;

• atuação em projetos envolvendo a gestão da Bacia;

• quais as melhores formas de divulgar ou engajar a população em um programa de orientação e educação ambiental para a BHR;

• grau de entendimento de alguns temas relevantes ao processo de GCI, considerando que os atores entrevistados compõe a lista de líderes na comunidade (professores, diretores e líderes comunitários);

• avaliar alguns temas do projeto “Educação para o Desenvolvimento Sustentável”, visando identificar suas perspectivas que os mesmos possuem e verificar se o projeto pode ser considerado um dos primeiros passos para o GCI. Convém mencionar que para elencar os problemas da BHR, solicitamos aos atores que listassem aproximadamente dez problemas ou preocupações com relação a área de estudo e o seu entorno, e a partir dessa lista que fossem elencados os três problemas que devem ser solucionados com prioridade, considerando os seguintes itens:

• analisar os problemas para determinar se a resolução de um deles terá um efeito positivo na solução dos outros;

• analisar qual será a postura da comunidade em que atua frente à resolução destes problemas;

• verificar o grau de dificuldade para por em prática a solução;

• verificar se o problema afetará um grupo diverso de pessoas numa determinada área;

• analisar se o problema está diretamente relacionado a um possível

gerenciamento de um ou mais recursos costeiros;

• analisar se a solução do problema poderá envolver ativamente a comunidade e demais interessados.

3.2.2 Fases do programa de GCI

A metodologia de GCI pode ser sintetizada em quatro fases4, as quais constituem um programa de gerenciamento: planejamento, adoção, implantação e avaliação, conforme o diagrama abaixo (figura 01). Tais fases devem ser integradas na geração de um processo de GCI que se caracteriza por ser cíclico, contínuo e dinâmico, e constituído por várias gerações, visando a sustentabilidade a curto, médio e em longo prazo. Todavia, em todas as fases deve haver revisões periódicas do programa, para acompanhar o progresso do trabalho e evitar falhas que possam se manifestar em etapas posteriores (Polette, 1997 apud Vianna, 1999).

Fase 01: Planejamento

Identificação do Tema e da análise

Visão do Programa: Metas e Objetivos

Seleção de Política e Implementação de

Ações

Desenho de estruturas de implementação

4

É de fundamental importância ressaltar que este processo deve ser contínuo, sendo requerido um grande espaço de tempo para a sua implementação. Segundo a WCC (1994 apud Polette, 1998), são necessárias entre 10 a 24 anos para este ser implementado e efetivado. Polette (1998), enfatiza que dentro deste escopo é importante salientar que a mudança comportamental será exigida através de programas de orientação e educação ambiental, os quais serão decisivos no contexto.

Fase 02: Adoção

Aprovação formal do

Programa/Plano

Figura 01: Fases do Processo de Gerenciamento Costeiro

Integrado Fonte: CRC (1996 apud Polette, 1998) University of Rhode Island (EUA)

Nesse contexto, o presente estudo corresponde aos dois primeiros estágios da fase de planejamento: Identificação do Tema e Análise, e Visão do Programa, incluindo Metas e Objetivos.

Tais estágios correspondem ao diagnóstico ambiental e sócio-ambiental que servem de estrutura para o programa de GCI da BHR (viabilizados também através do trabalho de campo), abrangendo:

• levantamento dos atores que indiretamente podem estar envolvidos nas primeiras etapas do processo de gerenciamento;

• levantamento e caracterização dos cinco principais problemas relativo à BHR; • apresentação do diagnóstico dos atores envolvidos;

• avaliação do diagnóstico.

Convém mencionar que estes estágios foram parcialmente abordados na pesquisa de campo, visando aplicá-los no entorno da Bacia.