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1. APONTAMENTOS HISTÓRICOS SOBRE A EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO DA

1.2. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

1.2.2. As estabilidades provisórias previstas na Constituição da República

1.2.2.1. Dirigente Sindical

O dirigente sindical possui direito à estabilidade no emprego atribuído pelos artigos 8°, VIII, da CRFB e 543, § 3°, da CLT – estabilidade com origem legal – por ser empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional. Tal garantia vem ao encontro com a Convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) n° 98/1949 que prevê a proteção contra quaisquer atos atentatórios à liberdade sindical em matéria de emprego, inclusive à liberdade de filiação do empregado a um sindicato ou sua participação em atividades sindicais.

A estabilidade sindical nasce com o registro da candidatura do empregado e se mantém até um ano após o término do mandato do empregado eleito, a fim de se garantir o livre exercício das funções do dirigente na defesa dos interesses daqueles que representa, estendendo-se, inclusive, aos suplentes.

A Súmula 369, do TST consolidou sua posição em vários aspectos importantes no tratamento da estabilidade do dirigente sindical. Houve recente

modificação no primeiro inciso da mencionada Súmula, que trata da comunicação da candidatura43.

O entendimento do TST era no sentido de que o direito à estabilidade nascia da comunicação do registro da candidatura, eleição e posse pela entidade sindical, ao empregador, conforme orientação do artigo 534, § 5°, da CLT. Agora, a estabilidade provisória no emprego está assegurada ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no artigo 543, §5º, da CLT. No entanto, é necessário que haja a ciência do empregador, por qualquer meio, durante a vigência do contrato de trabalho.

O segundo inciso da Súmula 369, do TST esclarece a polêmica havida sobre a compatibilidade do artigo 522, da CLT que limita o número de dirigentes sindicais e a liberdade sindical proposta pelo artigo 8°, da CRFB, ou seja, o sindicato pode se organizar da maneira como melhor lhe convier (tem liberdade para eleger quantos dirigentes quiser; não existindo intervenção do Poder Executivo em suas deliberações). Entretanto, para efeitos de estabilidade, vale o disposto na CLT, ou seja, o limite de três a sete dirigentes sindicais.

Quanto à eficácia da estabilidade, o TST também se posicionou de maneira bem clara: ela se estende apenas ao empregado enquanto representante da categoria que também pertence, ou seja, por se tratar de proteção que decorre do direito coletivo à estabilidade, o empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só gozará de estabilidade se exercer atividade na empresa pertinente à categoria profissional que representa. Se assim não for, o direito à

43 Súmula nº 369, TST: “DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item I

alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012. I - É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho. II - O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes. III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente. IV - Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade. V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho.”

estabilidade se esvazia. Tal justificativa também explica o inciso IV da Súmula 369. Ora, se a atividade empresarial se extingue, o corpo de empregados representado pelo dirigente da mesma forma se exaure e, assim, a atividade sindical, que é a razão de ser do direito à estabilidade, não tem como ser exercida no âmbito territorial de atuação do dirigente sindical eleito.

Para concluirmos a análise da Súmula, o inciso V dispõe que o direito à estabilidade não é adquirido no curso do aviso prévio, isto porque este instituto é uma “prorrogação” do contrato de trabalho que já se extinguiu quando da exteriorização da vontade para romper o vínculo contratual. Aceitar a aquisição da estabilidade nestes termos é privilegiar uma maneira fraudulenta de manutenção do emprego.

Importante destacar que a rescisão do contrato de trabalho do dirigente sindical por falta grave só poderá ser efetivada após decisão judicial proferida em inquérito judicial, vez que se trata de estabilidade absoluta. Entendimento reforçado pela Súmula 379, do TST44 e a Súmula 197, do Supremo

Tribunal Federal (STF)45.

Se a falta grave não for constatada, o empregado terá direito à reintegração ao emprego, que não poderá ser convertida em indenização. Mais uma vez a justificativa para tal interpretação é a natureza desta estabilidade: por ser coletiva não pode ser revertida em vantagem individual. Ou o dirigente sindical aceita reintegrar-se e continuar a desenvolver suas atividades em defesa dos interesses da coletividade que representa, ou não poderá abrigar para si a indenização referente ao período que duraria a estabilidade. A recusa à reintegração representa renúncia ao emprego. O artigo 659 da CLT reforça esta ideia ao conferir competência à Vara do Trabalho para a reintegração do dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador.

44 Súmula 379, TST: “DIRIGENTE SINDICAL. DESPEDIDA. FALTA GRAVE. INQUÉRITO JUDICIAL.

NECESSIDADE. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 114 da SDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.2005. O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos arts. 494 e 543, §3º, da CLT. (ex-OJ nº 114 - Inserida em 20.11.1997)”

45 Súmula nº 197, TST: “O empregado com representaç o sindical só pode ser despedido mediante

Analisados os principais aspectos desta modalidade de estabilidade, passamos a fazê-lo em relação ao membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).

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