• Nenhum resultado encontrado

2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS RELACIONADOS AO ENUNCIADO DA

3.3 AS GARANTIAS DE EMPREGO NAS RELAÇÕES CONTRATUAIS

3.3.1 ESTABILIDADES PREVISTAS NA CONSTITUTIÇÃO FEDERAL DE 1988

3.3.1.1 DIRIGENTE SINDICAL

O art. 8º, inciso VIII, da Constituição Federal62 prevê a estabilidade do

dirigente sindical, mas vale ressaltar que este direito não surgiu com a promulgação da Carta Cidadã, pois o dispositivo em comento apenas reproduziu o teor do art. 543, §3º da CLT63, o qual prevê que a garantia do representante sindical se inicia

com o registro da candidatura e se estende, se eleito, até 01 (um) ano após o mandato, o qual é de 03 (três) anos. Assim, percebe-se que esta estabilidade é assegurada desde 1943 e que a recepção e elevação da norma ao texto constitucional só reafirma a sua importância.

Essa estabilidade tem o escopo de proteger não só o empregado, mas também toda a categoria que ele representa. Ensina Ricardo Resende64:

A garantia de emprego, no caso, mira a legítima representação da categoria, livre do temor de represálias por parte do empregador, ou seja,

62Art. 8º - É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

63 Art. 543 - O empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional,

inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições sindicais.

§ 3º - Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação. (Redação dada pela Lei nº 7.543, de 2.10.1986)

visa à garantia da liberdade sindical. Exatamente por este motivo, a

estabilidade provisória conferida ao dirigente sindical lhe confere certa imunidade pela função desempenhada, e não em virtude de características pessoais. (Grifos do autor)

Reforçando mais ainda a sua intenção, tem-se que referida garantia se estende ao suplente do cargo de direção, sabendo que o limite de membros titulares e suplentes é de 7 para cada, conforme estatui o art. 522 da CLT65, confirmado pela

Súmula 369, item II, do TST:

Súmula 369, TST - DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item I alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 I - É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho.

II - O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes.

III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente.

IV - Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade.

V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho. (Grifos nossos)

Para adquirir essa “certa imunidade”, necessária é a observação de algumas considerações, quais sejam: a estabilidade só se aplica caso o empregado seja eleito para o cargo e não persiste se houver extinção do estabelecimento; a garantia está intimamente ligada ao exercício da atividade para a qual foi eleito o empregado; não se tem aplicação caso a candidatura ocorra na vigência de contrato por prazo determinado, bem como durante o aviso-prévio, mesmo que indenizado.

65Art. 522. A administração do sindicato será exercida por uma diretoria constituída no máximo de

sete e no mínimo de três membros e de um Conselho Fiscal composto de três membros, eleitos esses órgãos pela Assembleia Geral.

§ 1º A diretoria elegerá, dentre os seus membros, o presidente do sindicato.

§ 2º A competência do Conselho Fiscal é limitada à fiscalização da gestão financeira do sindicato. § 3º - Constituirão atribuição exclusiva da Diretoria do Sindicato e dos Delegados Sindicais, a que se refere o art. 523, a representação e a defesa dos interesses da entidade perante os poderes públicos e as empresas, salvo mandatário com poderes outorgados por procuração da Diretoria, ou associado investido em representação prevista em lei. (Incluído pelo Decreto-lei nº 9.502, de 23.7.1946)

Um fator primordial quanto a essa garantia é a comunicação ao empregador do registro da candidatura ou da eleição e da posse. A CLT prevê que tal comunicação deve ser efetuada por escrito e dentro do prazo de 24h do ato ensejador da estabilidade (art. 543, §5º, da CLT66), porém o TST já se manifestou no

sentido de que a comunicação pode ocorrer fora do referido prazo, mas desde que na vigência do contrato de trabalho (Súmula 369, item I, do TST67).

Outra forma de manifestação do referido direito é que ele confere ao empregado eleito diretor a garantia de que o mesmo só poderá ser dispensado por falta grave e mediante apuração em inquérito judicial e, no caso de descumprimento desta orientação, tem-se a dispensa por inválida (Súmula 379 do TST68).

Ainda, é imperioso ressaltar que essa garantia provisória no emprego é adstrita ao empregado diretor do sindicato, não se estendendo aos membros do

66 Art. 543 - O empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional,

inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições sindicais. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

§ 5º - Para os fins deste artigo, a entidade sindical comunicará por escrito à empresa, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, o dia e a hora do registro da candidatura do seu empregado e, em igual prazo, sua eleição e posse, fornecendo, outrossim, a este, comprovante no mesmo sentido. O Ministério do Trabalho e Previdência Social fará no mesmo prazo a comunicação no caso da designação referida no final do § 4º. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

67 SÚMULA 369 - DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item I alterada

na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho.

II - O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes.

III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente.

IV - Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade.

V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho.

68 Súmula 379 - DIRIGENTE SINDICAL. DESPEDIDA. FALTA GRAVE. INQUÉRITO JUDICIAL.

NECESSIDADE (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 114 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos arts. 494 e 543, §3º, da CLT. (ex-OJ nº 114 da SBDI-1 - inserida em 20.11.1997)

conselho fiscal nem ao delegado sindical, conforme entendimento explícito das Orientações Jurisprudenciais 365 e 369 da SDI-I do TST69.

Documentos relacionados