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3 INDÚSTRIA CULTURAL: ESCLARECIMENTO OU ALIENAÇÃO?

1.1 Educação, Psicanálise, Emancipação e Linguagem

1.1.1 Discurso e autonomia: qual a necessidade no Curso de Direito?

A pesquisa aqui lavrada sobre avaliação, Educação, emancipação e barbárie já a- presentou várias questões. Já foi discorrido sobre o esclarecimento, sobre a razão instrumen- tal, a barbárie e emancipação. Também discorreu-se sobre a relação entre a produção dos dis- cursos e a autonomia, tomando o discurso avaliativo como foco de análise. Compreende-se, então, que a construção de sujeitos emancipados passa pela formação de sujeitos capazes de produzir seus próprios discursos.

Para compreender-se mais profundamente essa problemática ocorrida também no ambiente escolar será necessário que nos deparemos com a concretude da realidade para que ela faça mais sentido. Elegeu-se, assim, o curso de Direito como campo de pesquisa. Isso se justifica por vários motivos, dentre eles, o que interessa mais aqui, neste momento, é que nes- sa área de conhecimento o texto escrito é matéria-prima de toda prática jurídica. Petições, despachos, sentenças, depoimentos, recursos, pareceres, provas documentais, etc. É partir de tudo isso que o jurista produzirá. O texto será fundamental para a atividade jurídica.

E ao produzir a partir dos textos escritos o jurista necessitará ter a capacidade de leitura e escrita bem desenvolvidas. Aqueles que não têm essas capacidades ampliadas encon- trarão muitas dificuldades na formação acadêmica e na prática judiciária ulterior, pois lidar

com palavras e fazê-las produzir uma ação no campo social é o ofício principal do jurista. Assim, a produção discursiva será uma condição fundamental para o exercício da profissão62.

Mesmo sendo necessária aos profissionais do Direito o desenvolvimento desta ca- pacidade discursiva, questiona-se: ela vem sendo desenvolvida atualmente? Os cursos de di- reito tem tido a preocupação de desenvolver tal capacidade? Quais orientações paradigmáticas no campo do direito permitem ou mesmo obstaculizam essa formação da capacidade discursi- va? Os cursos de direito têm sido orientados a reduzir essa capacidade ou elas tem se orienta- do a desenvolver essa capacidade discursiva?

Para responder a algumas dessas questões faz-se necessário percorrer um breve percurso histórico a fim de permitir ao leitor compreender essa problemática.

Ao longo do tempo histórico o Direito foi orientado por alguns paradigmas teóri- co-práticos. Na antiguidade heleno-romana, e até durante a Idade Média, o modelo que orien- tou o direito foi o jusnaturalismo. Segundo esta corrente o Direito positivo (a lei positivada) deverá ser fundamentado no direito natural, que é imutável, eterno, universal, justo, etc. Esta visão do direito entende que as leis da cidade deverão espelhar as leis eternas e imutáveis e- xistentes em outro plano físico.

Santo Agostinho (354-430), por exemplo, afirmava que existiam duas leis, a sa- ber, a lei temporal e a lei eterna. Aquela era caracterizada como falha, pecadora e injusta en- quanto esta era vista como perfeita e justa pois era oriunda de Deus. A lei eterna deveria ser o modelo da lei temporal, que só seria mais justa se fossa elaborada a partir da referência divi- na. Cabe observar que o modelo jusnaturalismo perdurou até a modernidade, até por volta do final do século XVIII (BITTAR, 2008).

De forma antagônica ao jusnaturalismo surgiu, no século XIX, o juspositivismo ou simplesmente positivismo jurídico. Para esta corrente o único direito válido é o Direito positi- vo, apresentado na lei positivada. O Direito natural é banido pelo Positivismo jurídico, pois seus adeptos acreditavam que ele tinha um conteúdo metafísico que não auxiliava de forma racional a construção e fundamentação de um sistema jurídico. O único direito válido é aquele

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É claro que se pode questionar dizendo que todo profissional do Ensino superior deverá saber ler e escrever, pois essas são condições necessárias para o exercício profissional. Contudo, nem todo profissional lida direta- mente com as palavras, como é o caso dos juristas. Ao se deparar com as leis, sentenças, pareceres, votos, etc., esse profissional lidará diretamente com as palavras uma vez que o que se espera dele é que possa produzir um texto para responder a uma demanda social. A petição feita pelo advogado e a sentença prolatada por um juiz são exemplos de textos típicos produzidos pelo profissional do direito. Um médico pode até escrever um texto e um engenheiro também, no entanto o que se espera deles não é exatamente isso, pois o que se espera de um médico é a cura de uma doença e do engenheiro um projeto para a construção de um prédio, de um navio ou avião. Assim, apesar de ler e escrever serem condições básicas para o exercício profissional de várias profissões nem todas elas tem como tarefa principal produzir textos como é o caso das Ciências Jurídicas.

produzido racional e legalmente pelo Estado. Todo direito produzido fora do Estado não será considerado válido. Qualquer direito que não estiver positivo na lei escrita não é direito, eis o que defendem os positivistas jurídicos.

Dentre os grandes representantes desse movimento podemos destacar o pensador austríaco Hans Kelsen (1881-1073), que elaborou a Teoria Pura do Direito. Kelsen defende que o direito deva ser purificado de todo fenômeno social. Isso quer dizer que para estudar as Ciências jurídicas será necessário separar o fenômeno jurídico de qualquer influência política, histórica, sociológica, filosófica, cultural, etc. O direito positivo deverá ser estudado de forma pura, apenas nos seus aspectos meramente jurídicos, sem levar em consideração outros ele- mentos não jurídicos. Além disso, a Ciência do Direito não deverá ser influenciada por ne- nhuma outra. Tal ciência não necessitará estar amparada em fundamentos sociológicos, filosó- ficos, históricos ou antropológicos. Kelsen defende que tanto o Direito quanto a sua Ciência deverão ser purificados (BITTAR, 2008). Cumpre lembrar que o positivismo de Kelsen influ- enciou e ainda gera grande influência no mundo jurídico hodierno.

Além dessas grandes correntes jusfilosóficas citadas, que dominaram boa parte da História do Direito Ocidental, outras foram engendradas pela contemporaneidade. Três gran- des paradigmas jurídicos são filhos de nossa época. O juspositivismo, as correntes não positi- vistas e o direito na concepção crítica. Para citar alguns representantes, destaquemos: Kelsen e Miguel Reale, representando a primeira corrente; Heidegger, Schimitt e Foucault como re- presentantes da segunda; e Marx, Gramsci, a Escola de Frankfurt, e Althusser representando a última vertente (MASCARO, 2010). Com efeito, os debates e os problemas contemporâneos produziram novos rumos e novas correntes do Direito.

Dentre esses debates destacam-se a relação entre o Direito e o Contexto social. Como já analisado, o Positivismo, em especial a vertente kelseniana, apartou o Direito dos problemas sociais, acreditando que aspectos não jurídicos contaminariam o estudo do Direito, que deveria voltar-se apenas para os aspectos estritamente jurídicos. A partir dessa posição, boa parte da formação, da teoria e da prática jurídica, orientada pelo Positivismo, deixou de lado as questões sociais.

Contrapondo-se a essa visão reducionista, em que o Direito se confunde com a lei, as suas teorias críticas colocaram na ordem do dia a relação entre ele, a lei e os problemas sociais. Esta corrente defende a tese de que o Direito existe antes da lei, e que é possível exis- tir direito sem lei. Ou seja: nem todo Direito ainda está contido na lei, mas para que as classes oprimidas possam garantir com mais efetividade os seus direitos, conquistados por meio da luta social (luta de classes), a lei deverá positivar tais direitos.

A dificuldade, alertam os adeptos dessa vertente, é que o aparato legislativo e a estrutura judiciária estão, quase na totalidade, nas mãos da classe dominante. São eles que filtram os direitos produzidos socialmente definindo qual deles será positivado na forma de lei. No entanto, caberá também aos oprimidos, por meio da luta de classe, produzida dialeti- camente, lutar para que seus direitos sejam incorporados pela legalidade oficial, pois, dessa maneira, a luta será amparada também na legalidade e não apenas na legitimidade. Na Améri- ca Latina e no Brasil essas ideias e esta postura são defendidas por um movimento jurídico denominado de Direito Alternativo, de orientação marxista (RODRIGUES, 1992).

Transcorrido esse breve percurso histórico, cumpre questionar-se: de que maneira essas correntes concebem o discurso jurídico e qual o papel dele para a prática judiciária? Mas, para responder a esta questão, será necessário abordar outro tema, a saber, o papel da interpretação na produção do discurso jurídico.

Pode-se inferir que, nos modelos jurídicos tradicionais – o jusnaturalismo e o po- sitivismo jurídico – a interpretação ocupará um papel menor. A expressão latina in claris ces- sat interpretatio (quando a lei é clara não necessitará de interpretação) orienta o jurista basi- camente nestas duas vertentes. Quando o jusnaturalista sabe a lei tem origem divina ou natu- reza humana perfeita não há necessidade de interpretar o que já por si só perfeito. O que Deus afirma em Sua lei não necessitará de interpretação. E mesmo a lei humana, se forma elaborada a partir da lei eterna e perfeita, também não carece de interpretação. O Positivismo, por seu turno, por acreditar que a lei positiva registrada nos códigos já passou por todo o processo legislativo válido, também dá a interpretação um papel secundário.

Na medida em que o Positivismo jurídico reduzir o Direito à lei a interpretação desta também se reduzirá. O método interpretativo utilizado por essa corrente majoritária no meio jurídico atual é o gramatical ou também denominado de literal. Originado na Escola da Exegese do século XIX, este método interpreta a lei a partir, e somente, do texto legal. Ne- nhum elemento fora do texto da lei deverá ser levado em consideração para orientar a inter- pretação do jurista. Tudo o que o jurista precisará para interpretar já estará contido na lei, bas- tando realizar-lhe somente a análise gramatical. “A situação se agrava com a atividade do juiz que, nesta escola, torna-se um escravo da lei.” (SILVA, 2009, p. 126).

Dessa forma, se o Positivismo jurídico orienta grande parte da formação, da teoria e da prática jurídica hodierna, é possível pensar que tanto os acadêmicos quanto os profissio- nais do direito formados sobre esta orientação não desenvolvam uma capacidade hermenêuti- ca fundada numa visão ampla e crítica; até mesmo porque o Positivismo, devido aos seus fun-

damentos doutrinários e epistemológicos, não necessita interpretar desta maneira para produ- zir sua prática jurídica, atendo-se apenas à letra da lei.

Se a formação e prática jurídica dependerem apenas do Juspositivismo a interpre- tação será reducionista, e a necessidade do desenvolvimento da capacidade discursiva de tal profissional não será tão necessária. Para que desenvolver um discurso autônomo, emancipa- do, se o que o mercado exige são profissionais que saibam ler apenas a letra da lei?

No entanto, entende-se que a prática jurídica poderá e deverá desenvolver-se a partir de uma hermenêutica ampla – que leve em consideração aspectos sociais, históricos, econômicos, etc. na interpretação da lei – a fim de propiciar transformações sociais em favor das classes menos favorecidas.

Um exemplo atual de como isso será possível é o movimento do Direito Alterna- tivo, já referido. Para este movimento jurídico de orientação marxista, o Direito e a Lei pode- rão tanto ser instrumento ideológico de opressão como também poderão transformar-se em mecanismo de luta social, em defesa dos interesses dos oprimidos. Para lutar em favor dessa classe utilizam-se da Hermenêutica de forma ampla, que leva em consideração elementos so- ciais para interpretar as leis. A letra da lei é morta se ela não puder ser interpretada em favor dos oprimidos. Será necessário buscar no âmbito do Ordenamento jurídico vigente interpreta- ções que fundamentem a luta dos espoliados contra os espoliadores. A interpretação, nesta visão, se caracterizará “[...] pela utilização das contradições existentes no sistema, bem como a vagueza ou ambiguidade de suas normas [...]” pois deverá “[...] o intérprete optar por aquela interpretação que esteja comprometida mais com a democracia e com os interesses das classes e grupos, menos privilegiado dentro do contexto social. O instrumento principal a ser utiliza- do [...] é a hermenêutica” (RODRIGUES, 1992, p. 182).

Por conseguinte, se na formação e na prática profissional tanto professores quanto alunos optarem63 pelas correntes marxistas do Direito – como o Direito Alternativo, por e-

xemplo – necessitaremos demasiadamente desenvolver uma capacidade hermenêutica ampla. Será preciso saber interpretar para além dos limites do texto da lei, mergulhado nos aspectos econômicos, políticos, históricos, culturais, etc., para poder-se entender o Direito em suas múltiplas determinações.

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É necessário observar que não se trata apenas de uma mera escolha, como se opta por uma cor de carro ou por uma roupa. A opção aqui diz respeito a um reconhecimento do pertencimento a uma classe ou grupo social. O jurista que segue o caminho do Direito Alternativo, por exemplo, se reconhece como pertencente à classe opri- mida, tornando-se sua voz jurídica. Neste caso ele se tornará um “jurista orgânico” pois reconhece que deverá lutar para a efetivação dos interesses da classe oprimida uma vez que ele próprio se sente pertencente a esta clas- se. Assim, não é uma simples opção mas o reconhecimento do pertencimento a um grupo ou classe, e dessa for- ma, passa a agir a e pensar orientado por determinado paradigma teórico-prático.

As Ciências Jurídicas não são só lei. E a lei precisará ser, sim, interpretada, pois “[...] interpretar é fazer da literal letra da lei um dado real da vida de existentes e palpáveis cidadãos e cidadãs. O estudioso do Direito que só aplica a lei em sua frieza [...]” – sem levar em consideração outros elementos além dos jurídicos – “[...] desconhece a verdadeira razão de ser do Direito, vale dizer, seu potencial transformador e equanimizador das relações soci- ais” (BITTAR, 2008, p. 571).

Além disso, como observa Ivan de Oliveira Silva (2009, p. 123),

a afirmação de que a norma é sempre clara e que referida evidência dispensa a ope- ração interpretativa não é mais aceitável, uma vez que o operador do Direito não se trata de um profissional robotizado que apenas segue comandos legislativos sem co- locar sua cognição e raciocínio durante sua atividade laborativa.

Quem poderá atribuir sentido ao texto normativo não será o legislador mas, sim, o interprete do Direito, pois esta é tarefa do “[...] sujeito-da-interpretação, ou do usuário da linguagem jurídica de modo geral [...]”. À propósito, é necessário frisar que o sistema jurídico não é completo, pois isto é um mito propagado pelo dominantes. Se ele não for completo “[...] pode, sim, apresentar soluções para necessidades aplicativas, para hipóteses de lacuna ..., mas nada disso se faz sem que o sujeito-da-interpretação atue construindo o sentido jurídico, pre- enchendo uma lacuna” (BITTAR, 2008, p. 569).

Assim, a interpretação se fará necessária para que o Direito possa atuar em favor das lutas sociais. Um jurista com uma capacidade hermenêutica ampla e crítica será uma arma fundamental para a luta de classes. Como um jurista orgânico, o profissional formado com esta orientação poderá auxiliar a organizar as massas para a luta social.

Dessa forma, desenvolver a capacidade discursiva é uma condição sine qua non para que isto tudo se efetive. Um jurista como um sujeito autônomo, com a capacidade de desenvolver um discurso próprio, poderá contribuir imensamente para o processo emancipató- rio, uma vez que ele mesmo se estará emancipando. Contrariamente, um acadêmico ou um profissional que tem uma visão jurídica estreita, baseada numa hermenêutica literal da lei, e que não desenvolveu uma capacidade discursiva, contribuirá, possivelmente, para a efetivação da barbárie.

Portanto, o autor desta dissertação defende que a formação jurídica contribuirá pa- ra a emancipação, suplantando a barbárie, na medida em que possibilitar a construção de su- jeitos capazes de desenvolverem discursos próprios. E se as avaliações escolares aplicadas no curso de Direito, como um dos elementos do processo formativo, permitirem tal desenvolvi-

mento, contribuirão demasiadamente para a efetivação deste projeto. Mas será que tais avalia- ções estão permitindo isso?

2 A AVALIAÇÃO NOS LIMITES DO CAPITALISMO

A partir desse momento debruçar-nos-emos mais detidamente na discussão sobre o conceito avaliação. Até então foram analisados conceitos mais amplos, tais como o esclare- cimento, emancipação e barbárie. Entretanto, como nosso objetivo maior é analisar a relação entre as avaliações e o processo emancipatório ou babarizante, agora serão estabelecidas as relações necessárias entre aquelas categorias e a avaliação.

Porém, não se poderá falar de avaliação sem pensá-la de forma ampla, numa visão de totalidade. Isto é, a avaliação não deverá ser entendida como um elemento isolado do pro- cesso educacional. Mesmo que muitos queiram apartar a avaliação de outros elementos soci- ais, numa visão dialética isto não será possível, pois a avaliação também é uma síntese de múltiplas determinações. E mesmo que, nesta pesquisa, tenhamos “selecionado” a avaliação como objeto de estudo jamais poderemos pensá-la sem relacioná-la com outros elementos.

Cabe lembrar, nesse momento, os ensinamentos de Marx e Engels (2007) sobre as estruturas que formam a sociedade. A base econômica que engendra uma sociedade qualquer é denominada de infraestrutura, espaço em que as relações de produção ocorrem. Por outro lado, o espaço das relações ideológicas e institucionais (direito, política, Estado, religião, arte, etc.) acontece no nível da superestrutura. Ademais, estas duas estruturas estão interligadas de forma dialética, um dependendo da outra; contudo a base de todas as relações é a infraestrutu- ra econômica. Ou seja, o modo de produção econômico, segundo os filósofos alemães, é a origem de todas as relações sociais.

Dessa forma, o Capitalismo, como modo de produção, determinará dialeticamente todas as relações produzidas no ambiente da sociedade moderna, seja na orientação política conservadora, seja liberal seja neoliberal. É por isso que o processo educacional hodierno, que ocorre no nível da superestrutura, não se separará das determinações capitalistas. Os interes- ses do Capital são transpostos também para o campo educacional, fazendo das escolas capita- listas um instrumento de formação de mão de obra e espaço de divulgação das ideologias bur- guesas.

Destarte, para uma compreensão mais clara da Educação será necessário conhecer as estruturas econômicas do capitalismo e perceber-lhes as implicações nas escolas. Educação e Capital estão estritamente vinculados nas sociedades de orientação capitalista.

Então, sendo a avaliação um dos elementos constitutivos do processo educacional – segundo alguns talvez seja o mais evidente no modelo de educação capitalista – ela não es- tará desvinculada dos interesses do Capital. O sistema produtivo tem grande interesse na ava- liação, visto que ela permitirá, por exemplo, classificar, estratificar e selecionar os “melhores” para ocuparem posições neste sistema. Assim, por meio dessa seleção as vagas de empregos serão preenchidas por aqueles mais “capazes” e “competentes”, atendendo aos interesses do Capitalismo hodierno.

Dessa forma, para compreender-se com mais profundidade o que é a avaliação se- rá necessário analisar as relações, geralmente implícitas, entre as concepções de aprendiza- gem, o currículo, o Estado e o mercado de trabalho e as formas de avaliação. É isso que fare- mos a seguir, buscando, brevemente64, apresentar tais reflexões.

Contudo, para começar-se a entender o que é e como se adota o conceito de avali- ação aqui será preciso, inicialmente, determo-nos na elucidação conceitual desta categoria. Mas, afinal, o que é Avaliação? Quais as relações entre a avaliação, emancipação e barbárie no capitalismo? Dito de outra maneira: no ambiente capitalista a avaliação está orientada para o processo emancipatório ou para o obscurecimento65 da razão? Serão apresentadas algumas

considerações sobre isso, a seguir.