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O DISCURSO DE POP MANAGEMENT: UMA ANÁLISE SOBRE A VIDA DO TRABALHADOR NA ATUALIDADE

Laila Caroline Franklin Vivian (UNIFAMMA)*

Maria Cecília de Souza Leme (UNICESUMAR)**

Thiago Silva Prado (UNIFAMMA)***

Resumo

Atualmente, diante do cenário da globalização, nos deparamos, nos mais diversos segmentos, com a presença do discurso da lucratividade, produtividade e da alta eficiência, esse discurso, é chamado na contemporaneidade de pop management. Nesse contexto, aspectos humanos e sociais do trabalhador têm sido desconsiderados, razão pela qual se torna imprescindível identificar de que forma esse discurso afeta o bem-estar e a subjetividade do trabalhador, visto que o discurso pop management tem exercido grande influência sobre os trabalhadores e sobre sua maneira de agir perante o seu trabalho.

Palavras-chave: Discurso. Trabalhador. Pop Management.

1 INTRODUÇÃO

No discurso gerencialista a única coisa que importa é o aumento da lucratividade e a eficiência dos processos, sem considerar os aspectos humanos e sociais do trabalhador. Sabe-se que nos dias de hoje a tendência está em um mundo cada vez mais competitivo e em busca de ganhos imediatos, para isso muitas empresas, no intuito de se destacar no mercado vêm investindo não só em tecnologias, mas também em pessoas.

* Laila Caroline Franklin Vivian. Especialista em Direito Aplicado pela EMAP – Escola da

Magistratura do Paraná. Bacharela em Direito pela PUCPR – Pontifícia Universidade Católica do Paraná e em Relações Internacionais pelo Centro Universitário Integrado. Maringá/PR. Professora no Centro Universitário Metropolitano de Maringá – UNIFAMMA. E-mail: laila_caroline@hotmail.com.

** Maria Cecília de Souza Leme. Mestranda em Gestão do Conhecimento nas Organizações

pelo UniCesumar. Especialista em MBA Gestão de Pessoas e Marketing e em Direito Administrativo e bacharela em Administração pelo Centro Universitário Metropolitano de Maringá – UNIFAMMA. Maringá/PR. E-mail: mari.leme@outlook.com.

*** Administrador, com especialização em Gestão de Pessoas e Marketing e também Educação

Especial e Neuropsicopedagogia; Psicopedagogo e Mestre em Ensino, UNIFAMMA, Maringá/PR, professor no Centro Universitário Metropolitano de Maringá – UNIFAMMA, correspondência Rua Izaias Francisco dos Santos, 1175C, Bom Pastor, Sarandi, CEP: 87114- 554. thiago.silvaprado@hotmail.com. (Coordenador do Grupo de Estudos Interdisciplinar – GEIFAMMA).

Nessa perspectiva, é necessário saber que a atividade humana na sociedade é expressada por meio do trabalho, ou seja, sua subjetividade, em muitas situações, é influenciada pelos processos produtivos e tecnológicos. Desse modo, muitos desses discursos têm surgido dos livros de autoajuda, sites de empreendedorismo, apresentando a receita do sucesso profissional e, oferecendo soluções para questões que se apresentam no dia a dia do trabalhador, as quais precisam por eles ser enfrentadas.

Nessa perspectiva, esse resumo buscou investigar a relação entre o discurso e a subjetividade do trabalhador nesse novo contexto do mercado de trabalho. Tendo como objetivos conhecer de forma teórica o pop management e sua influência sobre a vida dos trabalhadores, os quais podem desenvolver estágios de sofrimento pela obrigação de demonstrarem realização o tempo todo.

Como procedimentos metodológicos foram utilizados as pesquisas qualitativa e bibliográfica, onde foi elaborada uma breve revisão acerca do objetivo proposto. Marconi e Lakatos (2017), afirmam que a pesquisa qualitativa é aquela que permite um envolvimento maior dos pesquisadores com a temática, podendo estes investigar os fenômenos em sua profundidade, o que se complementa com a bibliográfica que se baseia em material científico já público anteriormente em diversas fontes, como revistas científicas e livros, por exemplo.

Um estudo dessa natureza se justifica por apresentar temas relevantes para diversas áreas do conhecimento. Primeiramente aos pesquisadores, pois a descoberta científica enriquece ainda mais os conhecimentos de cada um. Em segundo lugar a comunidade acadêmica, a qual pode produzir ainda mais estudos acerca do tema, sendo este relevante para áreas como psicologia, administração, sociologia dentre outras. Por ultimo, toda a sociedade se beneficia, conhecendo os mecanismos de exploração e dominação do capital.

2 DESENVOLVIMENTO

O discurso do Pop-Management é aquele que vê os processos organizacionais apenas como meios para buscar a eficiência. Nesse discurso,

a peça chave é o aumento da lucratividade e a eficiência dos processos, sem considerar os aspectos humanos e sociais do trabalhador.

Carrieri, Perdigão e Pereira (2016), apontam que atividade humana na sociedade se expressa por meio do trabalho e trazem aspectos estéticos a serem investigados, ou seja, os mesmos apontam que esses aspectos são as sensações e percepções, tornando os sujeitos expostos a um discurso gerencialista. Os autores seguem afirmando que é uma construção de modelos ideais e executivos que influenciam homens e mulheres que pretendem ter uma carreira de sucesso.

Em muitas situações, esse discurso se manifesta por meio de uma cultura organizacional, que é apresentada aos trabalhadores como devem ser seguidos, como eles devem comportar-se diante de algumas situações, tanto na empresa, quanto na sociedade como um todo (CARRIERI; PERDIGÃO, PEREIRA, 2016).

Os discursos gerencialista pregam aos trabalhadores uma visão de mercado de trabalho envolvendo suas vidas públicas e privada, estimulando certos comportamentos em suas vidas, tais como práticas competitivas e individuais, visando somente a produção, atendendo aos interesses organizacionais (CARRIERI; PERDIGÃO; PEREIRA, 2016).

Fundamental destacar que esse discurso se baseia nas seguintes crenças: a) progresso social se dá com o aumento da produtividade; b) a produtividade acontece também com a aplicação das tecnologias e, c) a aplicação das tecnologias acontecem através de uma força de trabalho disciplinada (WOOD JR.; PAULA, 2002).

Portanto, esse discurso tem exercido um papel fundamental para aumento da produtividade e dos resultados esperados no ambiente laboral (WOOD JR.; PAULA, 2002), todavia, olvidando-se que trabalhadores são seres, que possuem peculiaridades e não atuam como as novas tecnologias.

Chies e Marcon (2008, p. 133) em uma narrativa acerca deste tipo de acontecimento no ambiente corporativo, declaram que “o ser humano é vulnerável e frágil, e toda a sua tentativa ao longo da civilização é de encontrar meios de negar esta consideração e de sentir-se vivo em sua onipotência”. Essa fragilidade é o que abre as brechas necessárias para que os discursos gerencialistas entrem em ação.

Ainda para as autoras “deste modo, a literatura de auto-ajuda, ao lado da cientificidade e da religião, podem ser consideradas instituições humanas criadas para que o homem possa existir evitando confrontar-se com sua incompletude e evitando o sofrimento” (CHIES; MARCON, 2008, p. 134). Ou seja, em busca da perfeição pregada pela sociedade moderna os sujeitos necessitam buscar apoio, mesmo que imaginário, para os seus estágios de sofrimento e a todo tempo deve transparecer o máximo de realização.

Para Chies e Marcon (2008) a literatura pop management pode ser considerada como a religião do homem pós-moderno, como uma forma de superação ao seu estágio de sofrimento, pois, por mais que o ambiente corporativo caminhe para uma onde de falsa realização e negação do sofrimento humano, os sujeitos não devem se desfazer ou ignorar as subjetividades. Portanto, negar as limitações, os fracassos, o cansaço, pode no futuro ocasionar ainda mais problemas. O ideal então é um equilíbrio racional e consciente de todas as condições humanas e sociais.

3 CONCLUSÃO

Atualmente a realidade permeia em um mundo em que as máquinas vêm substituindo a mão-de-obra humana e, por consequência, o trabalhador vem ocupando um novo espaço no mercado de trabalho, isto é, a força de trabalho deixa de ser mecânica e passa a ser exigido não só a capacidade de executar as tarefas, mas também a forma como são analisados os problemas, bem como sua capacidade de enfrentá-los.

Esse novo contexto, vem moldando um novo modelo entre sujeito e atividade, de tal modo que a velha qualificação não corresponde mais as necessidades anteriores. O mercado está se apresentando cada vez mais competitivo, o que faz com que as empresas se coloquem de diferentes formas perante seus concorrentes, clientes e funcionários.

Desse modo, investir em produtos e tecnologias tem se mostrado insuficiente para se diferenciar no mercado e aumentar sua produtividade, sendo necessário investimento em sua matéria viva, isto é, em seus funcionários. E, é nesse cenário, que o discurso gerencialista vem tomando espaço na atualidade diante dos indivíduos no setor laboral, fazendo com que

os mais diversos segmentos adotem novas formas de trabalho e consigam analisar os novos métodos adotados pelas empresas.

O que não pode ocorrer é uma aceitação global de todas as imposições que são deliberadas pela sociedade pós-moderna, ou seja, o trabalhador deve estar consciente de que existem limitações em todos os campos da vida. Além disso, precisa ser instruído para agir e atuar criticamente em todas as situações, caso contrário, se torna uma presa fácil para os grandes detentores do capital, que em nome do aumento de sua lucratividade não tem limites e nem freios para sua perversidade.

REFERÊNCIAS

CARRIERI, Alexandre de Pádua; PERDIGÃO, Denis Alves e AGUIAR, Ana Rosa Camillo. A gestão ordinária dos pequenos negócios: outro olhar

sobre a gestão em estudos organizacionais. Rev. Adm. (São Paulo) vol. 49,

nº 4, p. 698-713, 2014.

CHIES, Patrícia Zandomeneghi; MARCON, Silvana Regina Ampessan. P Literatura de Pop-Management: a religião do trabalhador pós-moderno.

Contemporânea - Psicanálise e Transdisciplinaridade, Porto Alegre, n.06,

Abr/Mai/Jun 2008, p. 131-152.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia do trabalho científico: projetos de pesquisa, pesquisa bibliográfica, teses de doutorado, dissertações de mestrado, trabalhos de conclusão de curso. 8. Ed. São Paulo: Atlas, 2017. WOOD JR., Thomaz; PAULA, Ana Paula Paes de. Pop-management: contos

de paixão, lucro e poder. Organizações & Sociedade, v. 9, n. 24, p. 39-51,

OS DESDOBRAMENTOS DO CAPITAL SOBRE A GESTÃO DE

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