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adaptar-se e mudar seus comportamentos de vida, visto que, o maior tempo dentro de casa, pode ocasionar um aumento de atividades sedentárias (AMMAR et al., 2020).

Além disso, pode-se associar o aumento do TT encontrado neste estudo, com a exigência de adaptação por parte dos servidores e discentes para dar continuidade ao ensino de forma remota (TAEYMANS et al., 2021). Para este público, especificamente, não só o convívio social mudou, mas também o funcionamento da universidade, o qual demandou novos processos de ensino e adaptações quanto ao estilo de trabalho, como a utilização de plataformas online (KOSENDIAK et al., 2021).

À vista disso, essas mudanças nos comportamentos podem ter influenciado também os indicadores nutricionais, no qual, observou-se alterações no peso corporal, com o aumento do percentual de pessoas classificadas com obesidade e sobrepeso pela análise subjetiva do IMC. Esse panorama pode estar associado ao isolamento social como potencial fator de risco favorecendo tal situação, influenciando no gasto energético e potencializando um efeito causador de problemas à saúde ou agravante aos problemas já existentes (NOGUEIRA-DE-ALMEIDA et al., 2020). Ademais, NAF insuficientes relacionados com elevado CS são considerados fatores causadores de excesso de peso, por influenciarem o metabolismo basal dos indivíduos (PANAHI;

TREMBLAY, 2018).

No decorrer do isolamento social, a redução do NAF foi associada às alterações do balanço energético, induzindo assim, ao ganho de peso (BHUTANI; COOPER, 2020). Além disso, é importante ressaltar que o excesso de peso (obesidade e sobrepeso) são fatores de risco para desenvolvimento e agravamento de outras doenças crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão (COUNCIL OF THE OBESITY SOCIETY, 2008; KOLKENBECK-RUH et al., 2022) além da COVID-19 (NOGUEIRA-DE-ALMEIDA et al., 2020), entre outras.

Um estudo realizado durante a pandemia com 1491 adultos na Austrália por Stanton et al. (2020) constatou alterações negativas na AF em 48,9% dos indivíduos e na qualidade do sono (40,7%), destacando ainda o aumento do consumo de álcool e tabagismo, 26,6% e 6,9%, respectivamente. Em nosso estudo, também houve mudanças no uso de tabaco, no qual foram observados aumentos significativos nessa variável quando comparado o momento antes e durante pandemia (5,7% para 7,8%), e um aumento no consumo de álcool (64,1% para 64,9%). Nota-se ainda que o consumo de álcool nesse público era considerado elevado antes mesmo da pandemia. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas está relacionado com uma das

maneiras de enfrentar os sentimentos e situações estressoras (KOSENDIAK et al., 2021), assim como o consumo de tabaco (STANTON et al., 2020). Na qual, pode ser uma das explicações para o aumento dessas variáveis no presente estudo, visto que o período pandêmico fez com que todos mudassem suas rotinas, além de maiores preocupações e medo por conta da doença.

Durante o isolamento social, Koopmann et al. (2021) também identificou em seu estudo com 3245 pessoas um aumento no consumo de álcool e tabaco, sendo de aproximadamente 36% e 46%, respectivamente, com chances maiores entre indivíduos da meia-idade e associados com fatores estressores. Enquanto no estudo de Carreras et al. (2022) com 6003 indivíduos, constatou-se um aumento de 9,1%

para uso de cigarros entre a faixa etária mais jovem; alegando piora da qualidade do sono e de vida, além do sofrimento psicológico. Stanton et al. (2020) ressaltaram uma associação entre consumo elevado de fumo e álcool com uma piora dos sentimentos relacionados à saúde mental, destacando que aqueles que fumaram mais estavam sujeitos a maiores sinais de depressão, ansiedade e estresse (OR=1,09; OR=1,12;

OR=1,10), respectivamente, ao passo que, aqueles que elevaram o consumo de álcool também eram mais sujeitos à depressão, ansiedade e estresse (OR=1,07;

OR=1,08; OR ajustado=1,10). Não objetivamos analisar a saúde mental nesse estudo, impossibilitando assim, a afirmação sobre uma associação entre a piora da saúde mental com o elevado consumo de álcool e tabaco. Entretanto, encontra-se em andamento um estudo com características similares em nosso grupo de pesquisa, o qual investigará a existência dessa associação nessa mesma amostra.

Outros achados significativos ocorreram diante da associação entre NAF (Cam;

AFM; AFV), TT (TV e CT) e o IMC com o diagnóstico para a COVID-19. Evidenciou-se que os indivíduos que não tiveram COVID-19 durante a pesquisa também não atingiram as recomendações de Cam (71,6%) e AFV (63,9%), além de não elevar seu TT para TV (75,8%). Vale ressaltar que poucas pessoas da amostra foram infectadas pelo vírus, possivelmente, devido às campanhas e posicionamento da UFV frente ao período pandêmico e conscientização da comunidade acadêmica. Além disso, de acordo com Tison et al. (2020), lugares onde obtiveram baixas incidências de infectados para a COVID-19 também foram associados com uma diminuição da contagem de passos.

Todavia, o American College of Sports Medicine (2020) destacou a importância de manter-se fisicamente ativo durante o isolamento social, com intuito de minimizar

ainda mais os impactos perante ao diagnóstico da COVID-19. Nesse sentido, os resultados do estudo de Sallis et al. (2021) destacam que indivíduos inativos tiveram mais chances de hospitalização, internação na UTI e óbito quando comparados com aqueles ativos fisicamente, além de concluir que atender as recomendações de AF ao longo do período pandêmico teve associação forte na diminuição do risco de agravamento para a COVID-19 em infectados.

No presente estudo, observou-se um maior número de pessoas inativas do que ativas fisicamente, mesmo antes do período pandêmico, condizente com grande parte da população brasileira que já não alcançavam as recomendações de AF (BRASIL, 2020), exceto para a Cam, o que pode ser associado com o deslocamento de casa para a universidade e dentro da própria universidade durante as aulas presenciais.

Além disso, apenas 12,3% da amostra foram diagnosticados com a doença, o que inviabiliza constatar que manter-se ativo poderia ser um fator protetor contra o agravamento dos problemas desencadeados pelo vírus na nossa amostra.

Para Van De Weijer et al. (2022) apesar dos impactos e consequências perante a infecção da doença, não ser infectado também poderia gerar efeitos indiretos na saúde, em consequência das alterações comportamentais adotadas nesse período, como na alimentação, AF, qualidade do sono, entre outras (MARTÍNEZ-DE-QUEL et al., 2021; POELMAN et al., 2021). Portanto, a adoção de um estilo de vida não saudável, com elevado CS e inativo fisicamente, poderia resultar em impactos negativos no que diz respeito à saúde, independente do contágio da COVID-19.

Outros fatores interessantes para analisar sobre o contexto pandêmico e seus efeitos é sobre até que ponto esses afetaram o estado de saúde dos indivíduos.

Conforme Caetano, Silva e Vettore (2013) a AES é vista como um indicador seguro para referir ao estado de saúde, além de ser útil em grandes inquéritos populacionais.

Ademais, Lima-Costa et al. (2012) destaca que aspectos individuais conseguem influenciar nesta percepção. Para De Azevedo Barros et al. (2016) os aspectos sociais acabam interferindo na percepção e na adoção de estilo de vida relacionado à saúde numa determinada população, ressaltando os aspectos de nível socioeconômico, sexo, raça/cor, entre outros.

Considerando as associações entre a AES e número de sintomas relacionados a COVID-19 com as medidas sociodemográficas e comportamentais, destacam-se fatores influenciadores comuns para ambas, dentre eles: faixa etária, sexo, nível de escolaridade, renda, benefício do governo, mudança na saúde e diagnósticos de

doenças. Enquanto a raça/cor foi associada apenas a AES, além da AES influenciar no número de sintomas e vice-versa.

Levando em conta a infecção da COVID-19 e suas consequências para a saúde, alguns sintomas foram comumente relatados, como a tosse seca; fadiga;

cansaço; febre (DOCHERTY et al., 2020; WANG et al., 2020b) em alguns casos, podendo causar também dor de cabeça, diarreia, tosse com catarro, dentre outros (ROTHAN e BYRAREDDY 2020). Segundo Moreira (2021) foi observada uma baixa taxa de testagem para a COVID-19 no Brasil, diante do que se esperava, tanto em relação ao controle da doença, condescendências do isolamento social por meio das imposições econômicas e da inconsistência do sistema de saúde. Para Magno et al.

(2020) esta inconsistência resultou em mais desigualdade social e implicações de barreiras dificultosas para acesso e procura de recursos para saúde ao longo da pandemia, que por sua vez, refletiu no estado de saúde das pessoas.

Diante disso, os resultados do estudo de Magno et al. (2020) demonstraram que indivíduos entre 40 a 59 anos e homens apresentaram uma percepção da saúde moderada, enquanto aqueles com 60 anos ou mais tiveram uma possibilidade menor de não apresentar sintomas da COVID-19, ao mesmo tempo que, essa baixa probabilidade foi notada nos homens quando comparados com as mulheres. No estudo de Szwarcwald et al. (2021), as mulheres demonstraram piora do estado de saúde em comparação aos homens, o que também ocorreu com indivíduos de até 39 anos e com a renda afetada. Se tratando dos sintomas relacionados com a COVID-19 e seus aspectos influenciadores, Moreira (2021) encontrou em seu estudo que, as mulheres (OR=1,31); indivíduos amarelos e indígenas (OR=1,43) e pardos (OR=1,34), tiveram uma alta chance de apresentar todos os sintomas; sobretudo na faixa etária entre 37 a 53 anos ou mais.

Vale salientar que, indivíduos de idade mais avançada tendem a dispor de mais problemas de saúde, como DCNTs, declínio da funcionalidade, entre outros (FJELL et al., 2020) quando comparados aos mais novos, com isso, agravando o estado de saúde com o decorrer do tempo. Além disso, segundo Navarro et al. (2020), parece haver uma relação entre indivíduos mais velhos e renda, com uma melhor percepção da saúde. Para os mesmos autores, indivíduos mais velhos apresentam recursos financeiros reservados para utilização com o cuidado da saúde, o que pode estar ligado com mais oportunidades para garantia de serviços particulares de saúde, medicação e até mesmo na melhora da alimentação.

Boerma et al. (2016) considerado a diferença de gênero na percepção da saúde antes da pandemia, constaram que as mulheres demonstraram piora em todos os aspectos de saúde autoavaliados em comparação aos homens, notando ainda influência de aspectos sociais e biológicos, além de haver diferença quando associado à idade, relacionando está com a menopausa. Nota-se que as mulheres costumam ter mais autocuidado e preocupação com a saúde, outrossim, o uso do sistema de saúde é maior entre elas em quase todos os países (BOERMA et al., 2016). Em contrapartida, um estudo realizado por Bamia et al. (2017) com indivíduos da Europa e dos Estados Unidos, relatou que as mulheres declararam uma piora da AES quando comparadas aos homens. Por tanto, para Olsson et al. (2013) a diferença de gênero acaba causando consequências em relação à autoavaliação da saúde.

Outro aspecto que ocasionou a piora na AES e o relato de maior número de sintomas referente à COVID-19, foi redução da renda ou até a ausência desta durante o período pandêmico. Embora não receber o benefício do governo foi associado com menor chance de não apresentar sintomas e piora da AES. Para Garcia e Duarte (2020), era esperado uma preocupação perante ao âmbito financeiro das pessoas durante a pandemia, devido às medidas adotadas nesse período, em contrapartida, poderia impactar diretamente nas questões de saúde. Ademais, o sistema público de saúde precarizou-se mais, pelo fato da superlotação e contaminação em massa, com isso, idas aos hospitais para outros fins tornou-se arriscado, devido ao medo de um possível contato com o vírus. Segundo Pickett e Wilkinson (2015) a desigualdade entre renda e saúde apresenta uma relação de causalidade em efeitos psicossociais, na qual, rendas mais baixas podem reduzir as oportunidades relacionadas à saúde e bem-estar da sociedade ao longo da vida. Todavia, países com elevados gastos públicos e com incidência menor de desigualdade de renda denotam uma melhor saúde populacional, destacando a importância da economia e políticas públicas nesse âmbito (MCCARTNEY et al., 2019). Conforme Kino; Bernabé e Sabbah (2017) uma maior prevalência de estilos de vida não saudáveis parece estar relacionada em sua maior parte com locais de níveis socioeconômicos mais baixos, apresentando uma correlação com as demandas de falta de infraestrutura, incentivos, campanhas e informações adequadas frente à importância de manter um estilo de vida saudável.

Os resultados do presente estudo ainda revelam que não ser da cor branca; ter o ensino médio completo; autoavaliar-se com uma piora na mudança da saúde durante a pandemia e conter diagnóstico para uma ou mais DCNT, associou-se este

estudo com probabilidades elevadas para a piora na AES e alegar mais sintomas da COVID-19. Ao mesmo tempo que, manifestar-se com algum sintoma associou-se com uma pior AES e mostra maiores chances de apresentar mais sintomas quando comparado com ausência de sintomas.

No estudo de Szwarcwald et al. (2021) realizado durante a pandemia, demonstram que os brancos apresentaram uma melhor AES, o que pode estar ligado às condições de oportunidades e de renda impostas às pessoas brancas, pois o maior acesso a recursos financeiros viabiliza melhoria da saúde. Enquanto Moreira (2021) relatou que pessoas com nível de escolaridade superior obtiveram prevalência maior de apresentar todos os sintomas da COVID-19 (OR=3,18), este dado contrapõe o achado no presente estudo. Existe uma tendência de vinculação entre níveis elevados de escolaridade com maior conhecimento e preocupação com à saúde, por meio da autoconsciência (RAGHUPATHI e RAGHUPATH, 2020). Zajacova e Lawrence (2018) afirmam que pessoas com níveis maiores de escolaridade possuem um estilo de vida mais saudável e apresentam uma longevidade maior quando comparado aos indivíduos de menor escolaridade, além disso, é importante entender essa relação para minimizar as desigualdades de saúde populacional.

Ao relacionar a incidência ou não de DCNTs com mudanças de hábitos relacionados à saúde, Hamer et al. (2020) abordam a influência de um estilo de vida não saudável com alto risco de DCNTs, além de ter demonstrado uma maior predisposição para internações e infecções com a COVID-19, impactam diretamente no estado de saúde, o que podem ocasionar em percepções negativas sobre essa.

Outros fatores danificadores tanto em relação à longevidade quanto para o acometimento de DCNTs são o consumo de substâncias como álcool e fumo, baixa prática de AF, alimentação irregular e peso corporal (KASSEBAUM et al., 2016).

Durante a pandemia, Malta et al. (2021) concluíram que indivíduos com diagnóstico para alguma DCNT apresentaram menor NAF (OR= 0,77), com aumento do TT para TV (OR=1,16), assim, demonstrando maiores alterações nos comportamentos de vida na pandemia.

No estudo de Singh et al. (2021), os indivíduos que tinham condições crônicas de saúde apresentaram dificuldades em acessar as possibilidades de saúde durante a pandemia, no qual, dos 1734 indivíduos da Índia, constatou-se que 83% alegaram estas dificuldades, sendo 17% em dificuldades de obterem os remédios, além de 59%

ficaram sem renda, enquanto, diabéticos (OR=2,42) e hipertensos (OR=1,70) foram

associados com maiores dificuldades de obtenção dos remédios. Fatores estes que impactaram nos achados do presente estudo, ocasionando também na piora da AES.

Conforme o que foi citado anteriormente, entende-se que pessoas com diagnóstico de DCNTs apresentam uma tendência de complicações na saúde e com isso, tendem a relatar uma saúde debilitada, com menor qualidade de vida e dificuldades no acesso à saúde.

Outro fator para se considerar, segundo um estudo realizado por Malta, Bernal e Oliveira (2015) com o intuito de investigar as comparações sobre fatores de risco para DCNTs da população brasileira com e sem plano de saúde, destacou-se que aqueles com plano de saúde apresentaram um estilo de vida mais saudável. À vista disso, comprovando a importância dos fatores comportamentais e sociodemográficos para o estado de saúde, o qual, pode explicar os relatos e percepções referente à mudança de saúde durante a pandemia.

Além disso, diante da importância das medidas comportamentais de saúde sobre a prevalência e mortalidade para as DCNTs e elevada desigualdade de renda em todo o mundo, Barros et al. (2022) avaliou as mudanças comportamentais com relação aos diferentes níveis de escolaridade em adultos brasileiros entre 2013 a 2019 e encontraram diminuição significativa (consumo de tabagismo, IF, CS) além de um maior consumo de álcool, porém em oposição a essa modificação positiva, as desigualdades entre o nível de escolaridade permaneceram elevadas em 2019, para tabagismo (OR = 2,82), fumo passivo (OR = 2,88) e IF (OR = 2,02). Mostrando ainda, como o nível de escolaridade pode influenciar na adoção, acesso e conscientização sobre os comportamentos de vida saudáveis para impactar na percepção da mesma (BARROS et al., 2022). No presente estudo, evidenciou-se que a má qualidade de sono e o consumo de tabaco, esteve associado a piora na percepção de saúde com chances elevadas de sentir mais sintomas. Em contrapartida, o consumo de álcool influenciou apenas o relato de um maior número de sintomas da COVID-19 no decorrer do período pandêmico.

A qualidade de sono vem sendo um determinante importante para saúde física e mental, passando a ser algo preocupante ao decorrer da pandemia (PAIVA et al., 2021). Segundo Becker (2021) a má qualidade do sono debilita o sistema imunológico e tornando-o propício ao contágio de doenças (ONO et al., 2020), associando assim, com um quadro negativo do estado de saúde, que torna o organismo mais vulnerável a COVID-19.

Durante a pandemia, Clift et al. (2022) constataram uma relação causa-efeito entre consumo de tabaco e agravamento para a COVID-19, outro fator que pode impactar diretamente no estado de saúde, assim como o consumo de álcool, que demonstrou elevado risco para COVID-19 (DAI et al., 2022). O consumo elevado de tabaco, está fortemente relacionado com riscos e contribuições no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, entre outras (BARBERÍA-LATASA; GEA; MARTÍNEZ-GONZÁLEZ, 2022). Nesse sentido, salienta-se que este também é responsável por complicações relacionadas com doenças respiratórias, além disso, o controle sobre seu consumo está relacionado com prevenção de risco à saúde (MALTA; SILVA JR, 2013).

Por último, o NAF nas três categorias (Cam; AFM; AFV), tempo de TV e IMC impactaram de forma negativa somente a AES. Para Biswas et al. (2015) e Ekelund et al. (2016), o aumento do sedentarismo está associado com altas chances de mortalidade e complicações psicológicas. Fato este, constatado no estudo de Werneck et al. (2021b) com 43.995 brasileiros, no qual, baixo NAF e elevado tempo de TV, foram associados com sentimentos negativos da saúde mental (ansiedade, depressão, solidão) na pandemia.

Em contraste, a WHO (2020b) afirma que a prática de AF de forma regular (150 minutos de AFV a 300 minutos de AFM) poderá enfatizar um papel protetivo e de manutenção à saúde. Sendo válido reforçar que a adoção da prática de AF constante está associada à prevenção de morte precoce e agravantes à saúde (WARBURTON;

BREDIN, 2017; MONTEIRO et al., 2019; BRASIL, 2022) levando à influência na percepção do estado desta.

De Souza et al. (2021) evidenciaram uma associação entre atingir as recomendações dos diferentes NAF com redução de 34,3% de chance por hospitalização para a COVID-19. Em contrapartida, durante a pandemia, níveis insuficientes de AF foram associados com maiores chances de hospitalização (OR 2,26), e até mesmo ao óbito (OR 2,49), (SALLIS et al., 2021). Vale salientar também, sobre o impacto da IF perante ao balanço energético positivo, uma vez que este é afetado, causa uma condição inflamatória e propícia às complicações na saúde (NARICI et al., 2021) ou agravante aos problemas já existentes (NOGUEIRA-DE-ALMEIDA et al., 2020). Li et al. (2020b) ainda destaca sobre a relevância da promoção e adoção de comportamentos saudáveis ao longo da vida e sustentados durante a

pandemia, para diminuir os danos com a saúde e assim, mantendo uma boa qualidade de vida, refletindo na saúde.

Conclui-se perante a literatura que a AES é um fator confiável para descrever o estado de saúde e comportamentos ligados à mesma, por outro lado, para obter-se de um melhor estado de saúde é necessário apresentar um melhor bem-estar físico, mental e social (VAN LENTE et al., 2012; BASELMANS et al., 2019), fatores estes afetados durante a pandemia (WANG et al., 2020a; GRUBIC; BADOVINAC; JOHRI, 2020), podendo explicar os nossos achados.

Contudo, confirmou-se, assim, a hipótese inicial do nosso estudo, em que o período pandêmico promoveria um impacto negativo no estilo de vida das pessoas e que a longo prazo necessitará de mais incentivos e intervenções multidisciplinares para adotarem um estilo de vida mais saudável, para assim, amenizar as consequências do isolamento e promover a saúde em geral. Ademais, constatamos que fatores sociodemográficos, estado de saúde, comportamentos habituais e indicador nutricional foram determinantes na deterioração da AES e nos números de sintomas sentidos durante a pandemia.

Como limitações do estudo, os dados foram restritos a um período temporal da pandemia (antes e durante), porém foi deixado ao entendimento dos indivíduos o tempo em específico que eles lembravam das características para as respostas dentro desse período temporal, tornando os dados subjetivos; assim como a aplicação de questionário com respostas autorrelatadas (AF, CS, massa corporal e estatura) devido às condições vivenciadas no momento da pandemia. Além disso, o estudo não avaliou a prevalência da qualidade de sono antes da pandemia, mas somente durante, evidenciando em apenas um lapso temporal a influência do isolamento social, deixando de haver uma comparação entre momentos distintos. Por fim, também não foi aplicado o recordatório alimentar para avaliar as mudanças ocorridas na alimentação que poderiam impactar o indicador nutricional, não podendo afirmar taxativamente que a alimentação foi o fator influenciador no IMC.

Apesar do exposto, nosso estudo tem como pontos fortes um n amostral considerável e se destaca pela escassez de estudos envolvendo esse público antes e durante a pandemia, alertando por meio dos resultados a importância da intervenção multidisciplinar e da necessidade de mudanças de hábitos pós pandemia, objetivando prevenir problemas de saúde e promover uma melhor qualidade de vida.

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