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DISCUSSÃO

ATENÇÃO, ESTRESSE E SATISFAÇÃO COM A VIDA

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O estresse laboral tem surgido como uma área cada vez mais explorada nas pesquisas; são poucas as pesquisas focando o estresse ligado aos esportes de aventura extremo. Para alguns autores o contexto mais pesquisado é o da educação, uma área que tem despertado o interesse por parte dos pesquisadores. De uma forma geral, as comprovações científicas têm dado evidências às condições de trabalho estressante da profissão de instrutor, sendo importante a informação que todos os fatores de tensão e pressão que esses profissionais vivenciaram são bem variados e distintos (Correia, Gomes e Moreira, 2010).

É possível observar que não há diferenças entre o inicio e o final da jornada para os níveis de estresse, porém, observou-se que os indivíduos iniciam e terminam com níveis idênticos. Neste estudo observa-se que, o fator que influencia o estresse nesta atividade é a experiência como paraquedista e como instrutor, demonstrando um maior nível de estresse nos indivíduos com pouca experiência. Comparando com pesquisas semelhantes na área de educação encontramos uma concordância com o Valério (2009), onde ele faz a mesma afirmação, porém direcionado a classe de professores. Portanto, relacionando com outros trabalhos direcionados para a área de educação, este estudo concorda com Silva e Nunez (2009), quando ele fala que o nível de conhecimento limitado e pouca vivência na atividade parecem provocar um nível de estresse mais elevado.

Ribeiro (2010) afirma que é dada muita importância ao estresse e ao impacto que este causa na saúde física e mental, e como estas consequências minimizam as possibilidade de crescimento e desenvolvimento do individuo nas diversas áreas da vida. Estes fatores tem influência nos problemas de satisfação com a vida: desinteresse, falta de motivação, exaustão física e emocional, que de forma geral podem acarretar problemas com as instituições, com indivíduos e que podem reduzir a qualidade no desempenho profissional. Este estudo corrobora com o autor supra citado, pois os resultados da correlação entre o estresse profissional e o nível de satisfação com a vida, evidenciam que quanto mais elevado o nível de estresse corresponde a um

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menor nível de satisfação com a vida, e que, a situação inversa também é possível. Os indivíduos deste estudo apresentaram um nível pouco elevado de estresse, portanto a capacidade profissional não foi comprometida uma vez que não existiu diferença significativa e a tendência é terminar o dia da mesma forma que iniciaram. Baseado nos dados apresentados e discutidos anteriormente a H1 foi confirmada parcialmente, pois existiu diferença estatisticamente significativa somente na variável atenção concentrada, quando comparados os resultados das avaliações nos momentos 1 e 2.

Goldberger, Breznitz (1982) referem que o estresse está associado a diversos comportamentos psicológicos, tais como falta de motivação, problemas com processamento de informações, falta de concentração, dificuldades com memória e atenção. Este estudo não proveu evidências para concordar ou discordar, mas dentre os resultados que se obteve, mesmo com níveis de estresse moderados, existiu uma melhoria na atenção concentrada. Mas como estes autores não citam o nível de estresse que interfere nas variáveis citadas por eles, não existe forma de comprovar ou discordar dessa afirmação. Um dos motivos que podemos citar é o prazer que a atividade proporciona, como uma razão, para justificar a melhoria no nível de atenção e o nivelamento do resultado entre as duas avaliações, do estresse e da satisfação com vida. E que, apesar de trabalho e responsabilidades, é considerada por muitos como prazerosa e relaxante, que é o que Silva e Nunez (2009) sugerem, que a não disponibilidade do lazer podem influenciar negativamente na qualidade de vida e provocando estresse.

Já Linden et al. (2005) levantam a hipótese de que exposição excessiva ao estresse profissional pode influenciar nos processos motivacionais, nas atividades diária do trabalhador. Bem como nos processos gerais de informação, e que problemas com atenção concentrada poderia tornar difícil e cansativo o desempenho de um profissional. Os resultados dessa pesquisa concordam em parte com o autor, somente na parte que ele refere a atenção concentrada influenciar no desempenho laboral, mas dependendo da atividade ele pode ser o agente que combate o estresse melhorando a qualidade de vida e o humor, assim sendo, o trabalho proporciona uma quantidade de prazer que se opõe ao estresse, é o que ficou evidenciado neste trabalho, pois os

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resultados da correlação sendo negativa, como foi o caso deste estudo, apontam uma tendência, apesar de muito leve, a uma redução nos níveis de estresse quando os níveis de satisfação com a vida aumentam.

Se adicionarmos o fator de satisfação com a vida em níveis elevados, reduziria a chance de estresse profissional. Lucas et al. (2012) afirmam que essa satisfação está ligada a uma série de fatores que dependem de critérios pessoais e está relacionado diretamente com as experiências que o individuo teve durante toda sua vida. Outro fator importante que o citado autor refere, é a integração do sujeito em atividades físicas, desportivas ou de lazer, principalmente em grupos. Este estudo concorda em parte, uma vez que os indivíduos estudados neste trabalho fazem parte de um grupo de praticantes de uma atividade desportiva, se tornaram especialistas e instrutores nessa modalidade, pode influenciar diretamente na formação do construto de satisfação com a vida. Este estudo mostra que o nível de satisfação dos sujeitos estudados eram elevados no início e final do dia, não havendo evidências da influência da satisfação com a vida nos níveis de atenção, uma vez que o resultado das correlações foram negativas e estatisticamente não significativas.

Neste estudo foi constatado que todos os indivíduos estudados tinham um nível moderado de estresse e um nível elevado de satisfação com a vida. O construto satisfação com a vida sofre influência direta da situação de estresse, segundo Oliveira et al. (2009); Scorsolini-Comin e Santos (2010) e Segabinazi et al. (2010), quando afirmam que a satisfação é um conceito subjetivo e é construído a partir de um conglomerado de situações que influencia na opinião do individuo. Sofre influência de fatores como relacionamento com familiares, os filhos e a educação dos mesmos; saúde própria, dos membros da família, o próprio relacionamento conjugal ou pessoal, personalidade, recreação, desenvolvimento, conhecimento, criatividade e expressão pessoal. Assim como também tem relação com condições passadas, pessoas, necessidades, aspirações ou metas a atingir. Os objetivos a serem alcançados também tem destaque na influência dessa probabilidade multidimensional de determinação do modelo de satisfação. O conceito de satisfação com a vida pode ser resposta direta dos objetivos determinados pelo individuo, os meios utilizados

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para atingi-los e os resultados decorrentes da concretização dos mesmos, por isso pode ser classificado como um construto multidimensional. Dessa forma, este estudo corrobora com os autores supra citados, por perceber uma relação direta entre o estado de estresse com o nível de satisfação com a vida, percepção essa que foi reforçada com o resultado negativo da correlação entre estresse e satisfação. Revelando uma tendência a redução dos níveis de estresse sempre que os níveis de satisfação se elevem.

Analisando os resultados, o presente estudo suportou a afirmação dos autores Le Breton (2004), Morgan e Fluker (2006), Ryan (2003) e Spink (2001) quando afirmaram que o desporto de aventura é uma vertente esportiva que exige do praticante cautela e capacidade de manter a atenção constante no decorrer da sua prática. Observamos neste estudo que a atenção não só é uma componente permanente, como parece existir uma melhoria nos níveis de atenção durante a atividade profissional do instrutor de salto duplo no decorrer do dia de trabalho.

Quando os dados foram correlacionados, foi possível observar que a correlação entre os níveis de estresse profissional, satisfação com a vida e a atenção concentrada era negativa e não significativa no momento 1, não apresentando alteração no momento 2, apesar da melhoria no nível de atenção concentrada. Neste contexto, o resultado obtido foi positivo, pois, os indivíduos iniciaram o dia com um nível de atenção elevado e terminaram com a atenção concentrada classificada como médio superior.

Baseado nas informações anteriormente relatadas, a H1 é confirmada parcialmente e confirmamos a H2 e H3, pois não foi possível perceber influência do estresse profissional existente nos níveis de atenção concentrada. Dá mesma forma, não se percebeu nenhuma influência de níveis baixos, ou elevados, de satisfação com vida na atenção concentrada.

 

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