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6.1 DISCUSSÃO DA METODOLOGIA

Existem controvérsias na literatura sobre a compatibilidade de cor entre a pasta de prova e o cimento resinoso (RIGONI et al., 2012; ALGHAZALI et al., 2010; XU et al., 2014; KAMPOUROPOULOS et al., 2014; MOUROUZIS et al., 2018). Além disso, a cor do cimento resinoso pode modificar a cor final de restaurações cerâmicas, dependendo principalmente da espessura do material restaurador (VAZ et al., 2018; ALGHAZALI, N. et al., 2010). No entanto, até o momento não foi investigado a influên- cia do cimento no resultado da cor final de restaurações do tipo lente de contanto de resina composta.

Tendo em vista que a preservação da estrutura dental é extremamente impor- tante para manter a vitalidade pulpar, reduzir a sensibilidade pós-operatória e garantir boa adesão aos materiais restauradores, deve-se evitar o desgaste sempre que pos- sível (EDELHOFF, D.; SORENSEN, A. 2002; PEUMANS et al., 2000, CLAVIJO, V.; KABBACH W. 2015). Contudo, em casos onde o substrato é escurecido é necessário um preparo de maior espessura para atingir as características opticas desejadas (HI- GASHI et al., 2006; JÚNIOR, B.; BARROS, C., 2011; OKIDA et al., 2016). No entanto, a técnica restauradora do presente estudo é realizada com mínimo ou nenhum pre- paro dental e isso implica na confecção de peças ultrafinas com 0,3 a 0,5 mm de espessura. Além disso, o objetivo da técnica foi trabalhar simulando substrato vital sem clareamento dental, por isso, a cor de escolha da base foi A3.

Considerando que algumas pesquisas que avaliaram a influência do cimento resinoso e sua compatibilidade de cor com a pasta de prova, não trabalham com den- tes naturais pois, sua disponibilidade é limitada e envolvem comitê de ética, é possível tirar algumas conclusões utilizando disco de resina composta (XING et al., 2010; RI- GONI et al., 2012; MOUROUZIS et al., 2018; XU et al., 2014).

A cor do material restaurador foi selecionada, pois materiais com tons mais luminosos são comumente utilizados para a fabricação de facetas e/ou lentes de con- tato (KÜRKLÜ et al.., 2013). Além disso, a resina de esmalte apresenta maior translu- cidez se comparado à resina de dentina, ou seja, permite uma maior passagem de luz

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e, assim, é possível uma melhor avaliação do efeito dos materiais/estruturas subja- centes (RYAN, E.; TAM, L.; MCCOMB, D. 2010). Ainda, para as resinas compostas, é recomendado que a fotoativação seja realizada com aparelho de luz que tenha no mínimo 400mW/cm2 e com dose de energia mínima de 16J. Além disso, é importante saber que a intensidade da luz, bem como, sua efetividade diminui conforme a pro- fundida da restauração aumenta. Portanto, em resinas compostas de até 2mm fotoa- tivados com aparelhos de no mínimo 400mW/cm² é recomendado que o tempo seja de 40 segundos e para aparelhos de 800mW/cm2, deve-se fotoativar por pelo menos 20s (SOUZA, J. et al., 2014).

Segundo Brosh et al., (1997) a união entre resinas pode ocorrer de três ma- neiras: através da união química com a matriz orgânica, união química com as partí- culas de carga exposta e através de retenções micromecânicas da superfície tratada. Assim, o preparo mecânico da superfície (pontas diamantadas ou jateamento com oxido de alumínio) tem como objetivo aumentar a energia de superfície. Já o condici- onamento químico da resina com ácido fosfórico a 37% visa limpar a superfície que será unida. Em relação aos agentes de união, aplicar o silano se torna importante, uma vez que, é eficiente na união química com as partículas de carga da resina. Além disso, ele aumenta a capacidade escoamento do sistema adesivo nas superfícies ir- regulares. O sistema adesivo possibilita união química com a matriz orgânica da re- sina composta, tornando-se o material intermediário entre as resinas (BACCHI et al., 2010).

Prata et al., (2011) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar quatro métodos de remoção da pasta de prova de uma superfície cerâmica antes da cimen- tação e avaliar a influência da resistência de união a um cimento resinoso. Os grupos avaliados foram: G1(sem pasta try), G2 (banho ultrassônico por 5 minutos), G3 (ar / água por 1 min), G4 (ácido fosfórico 37% por 1 min + ar / água por 1 min) e G5 (ácido fosfórico a 37% por 1 min + ar / água por 1 min + ácido fluorídrico a 10% por 1 min + ácido fosfórico a 37% por 1 min + ar / água por 1). O estudo concluiu que nenhuma das técnicas foram completamente efetivas na remoção da pasta de prova, no en- tanto, a presença de material remanescente não influenciou na resistência de união das.

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6.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Todas as hipóteses nulas do trabalho foram rejeitas. A primeira hipótese de que não há diferença estatística significativa nos valores de L* no grupo dos agentes cimentantes foi rejeitada pois a cor final das restaurações foi influenciada pelo agente cimentante utilizado, uma vez que, houve diferença estatisticamente significante entre os grupos. A resina Flow na cor A1 apresentou os maiores valores de luminosidade e foi semelhante aos valores obtidos com o cimento resinoso Neutral. O cimento Warm+ apresentou os menores valores de L*, reduzindo, assim, o valor da restauração final. Esses achados corroboram com o estudo de Xing et al., (2010) que observaram que o cimento pode alterar a cor de restaurações de cerômero, dependendo da cor do cimento e espessura do material restaurador. Ainda, foi demonstrado por ALGHAZALI, N. et al., (2010) e VAZ et al., (2017) que o uso de diferentes cores de cimento é útil na mudança de cor das restaurações cerâmicas. O intuito de ter diferentes cores de ci- mento é permitir restaurações clinicamente visível, bem como, alcançar uma combi- nação harmônica com os dentes adjacentes e conhecer essas diferenças é impres- cindível para o sucesso clínico (ALGHAZALI, N. et al., 2010).

A segunda hipótese de que não há diferença estatística significativa nos valo- res de L* no grupo dos materiais de prova foi rejeitada. A pasta de prova Warm+ se diferiu estatisticamente da pasta de prova Neutral (controle). As demais pastas foram semelhantes ao grupo controle. No entanto, a resina composta Flow A1 pré cura e o gel hidrossolúvel obtiveram os maios valores de L* e foram semelhantes entre si. Por Isso, ter mais de uma cor de pasta de prova pode ser necessário, uma vez que, dife- rentes cores se comportam de maneiras diferentes e vão influenciar na escolha do agente cimentante

A terceira hipótese de que não há diferença estatística significativa nos valo- res de ∆E entre os grupos avaliados foi rejeitada, pois houve diferença estatistica- mente significativa na compatibilidade de cor entre o agente cimentante e o material de prova de todos os grupos. No entanto, no grupo Warm+ essa diferença foi inferior a 3.3, que segundo RUYTER; NILNER, K; MÖLLER, B (1987) é clinicamente visível, apresentando os melhores resultados de compatibilidade. Já para os grupos Light+, neutral e flow A1 essa diferença foi maior que 3.3, portanto, visível clinicamente cor- roborando com RIGONI et al., (2012); ALGHAZALI et al., (2010); XU et al., (2014);

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KAMPOURO-POULOS et al., (2014) e MOUROUZIS et al., (2018) que observaram em seus estudos que não houve compatibilidade de cor entre a pasta de prova e o cimento resinoso. No entanto, a diferença de cor dos grupos Light+ e Neutral foram maiores mas muito próximas do que é considerado clinicamente visível. Cabe salien- tar que o grupo que apresentou maior variação de cor foi a resina flow A1 antes e após a polimerização, esse achado corrobora com o estudo de Kim et al. (2007) que obser- varam em seu estudo que mudanças nas propriedades ópticas e de cor ocorrem quando os compósitos de resina são polimerizados. Portanto em casos em que se irá utilizar a resina flow A1 como agente cimentante é preferível que se utilize o gel hi- drossolúvel, uma vez que, a variação de cor está próxima do limite que é considerado clinicamente visível (> 3.3), além disso, o uso do gel hidrossolúvel é mais prático e barato na rotina clínica. Apesar de haver diferença estatística entre as pastas de prova e o cimento correspondente, ainda assim, as pastas de prova apresentaram resulta- dos melhores quando comparados a resina flow pré cura e gel hidrossolúvel.

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