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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2 DADOS DOS EGRESSOS E AVALIAÇÃO EXTERNA

4.2.3 Discussão

A distribuição dos egressos titulados até o ano de 2016, entre os Programas do Ceunes reflete o tempo de criação dos Programas e das vagas ofertadas nos editais para ingresso. No primeiro trimestre de 2018 o PPGAT já havia formado 93 mestres, o PPGBT 94, o PPGEN, 88 e o PPGEEB 79. No entanto, há uma tendência de crescimento de matrículas maior sobretudo no mestrado em Energia e no de Ensino na Educação básica, programas que mais incrementaram o seu corpo docente e, portanto, com capacidade de oferecer mais vagas em processos seletivos.

O fato dos mestres titularem com idades relativamente elevada (como a média de 35 anos do PPGEEB) tem obviamente grande impacto na contribuição desses profissionais para a geração de renda e a elevação de sua produtividade. Naturalmente, quanto mais elevada a idade na titulação, menor deverá ser o número de anos que o indivíduo poderá trabalhar utilizando os conhecimentos adicionais adquiridos no Mestrado. O Gráfico 9 apresenta a idade média de titulação de mestres no Brasil, conforme pesquisa publicada no ano de 2015 pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

Gráfico 9: Representação da idade média dos titulados em programas de mestrado brasileiros em 2014, conforme pesquisa realizada pelo CGEE (1996-2014)

Fonte: Coleta Capes 1996-2012 e Plataforma Sucupira 2013-2014 (Capes, MEC). Nota: Elaboração CGEE

Percebe-se uma tendência de rejuvenescimento dos mestres brasileiros, que pode ser explicada pelo crescimento do número de Programas e, consequentemente,

da oferta de vagas, muitas vezes associadas ao oferecimento de bolsas de estudos. Ao analisar as idades dos egressos por áreas, os egressos das áreas das Ciências Biológicas foram considerados os mais jovens no ano de 2014 (com 28,2 anos de idade), enquanto os da grande área Multidisciplinar foram titulados com a mais elevada média de idade (34,8 anos) naquele mesmo ano, conforme apresenta o Gráfico 10 a seguir.

Gráfico 10: Idade média dos titulados em Mestrados no Brasil por grande área do conhecimento

Fonte: Coleta Capes 1996-2012 e Plataforma Sucupira 2013-2014 (Capes, MEC). Nota: Elaboração CGEE

A idade média encontrada (32,3 anos) parece ser elevada, no entanto, veio diminuindo lentamente ao longo dos últimos 19 anos. Em 1996, a idade média dos titulados era de 33,4 anos. A tendência ao declínio da idade média dos titulados é um fenômeno que se reproduz, de maneira geral, por todas as grandes áreas do conhecimento, com raras exceções. A idade média dos egressos dos programas do Ceunes se aproxima muito deste resultado encontrado pelo CGEE. No PPGEEB, os egressos tinham idade média de 35 anos, o que indica uma demanda reprimida de qualificação nesta área. Já a idade média na titulação nas demais áreas era de 29 anos no PPGBT e 31 anos no PPGAT e PPGEN, conforme tabela 5 apresentada no tópico anterior.

Quanto à Instituição da graduação do egresso, observou-se que em todos os programas a maioria dos egressos fizeram graduação na Ufes, A universidade proporciona ao aluno graduando a possibilidade de participar de grupos de pesquisa

desde a graduação, portanto, alunos que se identificam com a pesquisa científica vislumbram o mestrado como oportunidade de formação. Considerando o quantitativo de egressos deste curso que está no doutorado (24%), há uma tendência de aumento deste índice quando estes alunos do doutorado obterem a titulação e começarem a atuar profissionalmente, seja nas instituições de ensino e pesquisa, ou em empresas. Quanto à avaliação externa dos Programas do Ceunes, é importante ressaltar como a ausência de informações sobre autoavaliação e sobre acompanhamento de egressos na proposta do programa podem impactar negativamente nos resultados. Foi o que aconteceu no PPGBT, onde a falta de informação sobre o destino dos egressos impossibilitou a avaliação completa do impacto do Programa através do destino de egressos. Em contrapartida, o PPGEN demonstrou que há integração dos egressos com os órgãos localizados na região e o PPGEEB, apresentou, em sua proposta, que seus egressos se inserem na sociedade ocupando espaços importantes na comunidade educacional.

Há críticas na literatura quanto ao atual modelo de avaliação da Capes, por não considerar as especificações das áreas de conhecimento, mesmo que o processo de avaliação inclua comissões formadas por docentes representantes das áreas, pois os critérios podem privilegiar áreas cientificamente hegemônicas. Nos últimos anos, de fato, a avaliação no Brasil tem se pautado pelo imperativo da produtividade, sendo que a produção científica dos programas está associada aos resultados das pesquisas efetuadas pelos alunos e orientadores, que devem divulgar suas produções de forma transparente. O princípio da quantidade que contém a qualidade, é muito bem explicitado por Gramsci (1981):

Dado que não pode existir quantidade sem qualidade e qualidade sem quantidade (atividade prática sem inteligência, e vice-versa), toda contraposição dos dois termos seria um contrassenso. (...) onde é mais útil aplicar a própria força de vontade, em desenvolver a quantidade ou a qualidade? Qual é mais controlável? Qual é mais facilmente mensurável? Sobre qual dos dois é possível, construir planos de trabalho? A resposta parece indubitável: sobre o aspecto quantitativo. Afirmar, portanto, que se quer trabalhar sobre a quantidade, não significa que se pretende esquecer ‘a qualidade’, mas, ao contrário, que se deseja colocar o problema qualitativo da maneira mais concreta e realista (...). (Gramsci, 1978, p. 50).

A análise da pós-graduação e de sua avaliação no Brasil, em que pese sua relevância, legitimidade, expansão e desempenho, mostram uma maior ênfase em índices comparativos em âmbito nacional e internacional, tendo em vista a

produtividade do país no cenário internacional. Nesse sentido, a ênfase no quantitativismo tem sido amplamente discutida na academia, principalmente quanto à sua utilização como medida básica na qualidade dos cursos. Igualmente, a gestão dos programas tem sido espaço de conflito entre os pares, onde o coordenador do curso encontra-se constrangido pelas novas exigências da regulação oficial e pela necessidade de fazê-las aceitas pelo corpo docente e discente do Programa.

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