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Os resultados da presente investigação apontam importantes diferenças entre os dois grupos em estudo. Tais diferenças surgem a nível das caraterísticas de base (sobretudo a nível do género, ano frequentado, ausência de deslocação da residência habitual e, fundamentalmente, a nível da presença de relacionamento amoroso), bem como a nível das escalas psicológicas em estudo. As diferenças registadas nas escalas aplicadas denunciam o diferente modo como os dois grupos em estudo contactam com os sentimentos subjetivos, processam e respondem aos fenómenos emocionais do Outro, com recurso às competências empáticas.

O conjunto de instrumentos aplicados, na globalidade, faz sobressair maiores défices cognitivos-experienciais a nível emocional e empáticos no grupo de estudantes de direito, comparativamente ao grupo de estudantes de medicina. Todavia, naturalmente que só a aplicação de um desenho de estudo de cariz longitudinal poderia sustentar com maior fiabilidade a natureza de traço do constructo da alexitimia, através do autorrelato nesta população. Além disso, somente com um estudo adicional ou com outro desenho experimental poderia ser analisado o valor preditivo dos dados, isto é, o grau com que os resultados da presente investigação preveem o comportamento futuro dos indivíduos em análise. Assim sendo, as formulações e a discussão dos resultados aqui exposta será conduzida sobre o prisma das associações positivas e negativas, bem como dos efeitos de moderação, que as diversas variáveis estabelecem entre si.

Debatendo e respondendo às principais hipóteses formuladas para a presente investigação, sempre sob a consciência de que carecemos de estudos suficientes para confirmar as hipóteses anteriormente levantadas, este segmento será conduzido sobre a perspetiva de que se pretende fundamentalmente caraterizar os dois grupos no que concerne a padrões de regulação emocional, designadamente, níveis de alexitimia, níveis de empatia e presença de afeto negativo (ansiedade, depressão, humor geral e stress). Não obstante, parece provável que:

Hipótese 1(a)

O grupo de estudantes de direito apresenta maiores prevalências e graus mais elevados de alexitimia, caraterizados por dificuldades na identificação e expressão de emoções e por um pensamento preeminentemente externamente orientado.

A hipótese foi confirmada, tendo-se registado maiores prevalências e graus mais elevados de alexitimia (TAS-20) no grupo de estudantes de direito em todos os fatores analisados, apresentando um prejuízo particularmente mais evidente no seu padrão de pensamento.

Hipótese 1(b)

O grupo de estudantes de direito apresenta défices mais significativos de capacidade empática global.

A hipótese foi parcialmente confirmada, pois embora tenha sido registado um prejuízo mais frequente das capacidades empáticas globais (IRI TOT), bem como uma diferença média relativamente às mesmas entre os grupos em estudo (com o grupo de direito a registar prejuízos mais frequentes e valores médios ligeiramente mais baixos), essa diferença média foi muito reduzida.

Hipótese 1(c)

O grupo de estudantes de direito apresenta menor capacidade empática global, devido aos níveis mais elevados de alexitimia, menor consciência emocional, níveis de humor mais negativos e maiores índices de stress e de sintomas de ansiedade e depressão.

A hipótese foi confirmada relativamente ao facto de os estudantes de direito apresentarem menor capacidade empática global, sendo que essa diferença se revela quer a nível da prevalência quer a nível do grau (pese embora tenham sido registadas diferenças médias pouco relevantes). Quanto à influência dos níveis de alexitimia, consciência emocional, humor, stress e sintomas de ansiedade e depressão, o mais adequado será analisá-la sobre o prisma das associações estabelecidas. Ainda que tenham sido registados numa maior prevalência no grupo de estudantes de direito níveis mais elevados de alexitimia e menor consciência emocional (TAS-20), perfil de humor mais negativo, maiores índices de stress e maiores sintomas de ansiedade e depressão, a análise correlacional entre as escalas não registou associações negativas significativas da escala de empatia com nenhuma das outras escalas (embora tenham sido identificadas correlações negativas fracas, para este grupo de estudantes, entre a medida total de empatia (IRI TOT) com o padrão de pensamento operacionalizado (TAS-20 F3), com a capacidade de Fantasiar (BVAQ F), com o stress percebido (PSS-10), humor global (POMS TOT) e com os sintomas depressivos (HADS D)).

Hipótese 2

Em ambos os grupos, níveis elevados de alexitimia correlacionam-se negativamente com a empatia, especialmente com a dimensão afetiva da empatia.

Os dados resultantes da análise correlacional não sustentam na íntegra esta hipótese. Para o grupo de estudantes de direito apenas foram registadas correlações negativas fracas entre a medida total de empatia (IRI TOT) com o padrão de pensamento operacionalizado (TAS-20 F3) e com a capacidade de Fantasiar (BVAQ F). A dimensão afetiva da empatia, concretamente, apenas manifestou correlações negativas fracas com o padrão de pensamento operacionalizado (TAS-20 F3) e com a capacidade de Verbalizar emoções (BVAQ V). Para o grupo de medicina registaram-se apenas correlações negativas fracas entre a medida total de empatia (IRI TOT) e a sua dimensão afetiva, com a escala total de alexitimia (TAS-20 TOT), a capacidade de descrever sentimentos (TAS-20 F2), o pensamento exteriorizado (TAS-20 F3), e com o composto afetivo e subdimensões Fantasiar, Analisar e Emocionalidade da escala complementar de alexitimia (BVAQ). Foram ainda para este grupo, identificadas associações negativas moderadas entre a medida total de empatia (IRI TOT) e a sua dimensão afetiva com a capacidade de identificar sentimentos (TAS-20 F1).

Hipótese 3

A alexitimia detém um valor preditivo sobre os défices empáticos em ambos os grupos, sendo essa influência moderada pelos níveis de stress percebido, humor e sintomas de ansiedade e depressão.

A hipótese parece ter sido confirmada em parte. Quanto ao valor preditivo da alexitimia sobre os défices empáticos, os resultados da presente investigação não possibilitam predizer tal comportamento. Uma vez mais, possivelmente o mais adequado seja pensar neste ponto como uma associação positiva da alexitimia com os défices empáticos, e uma relação negativa das restantes variáveis com a empatia e positiva com a alexitimia. Nesse empenho, não foram registadas associações negativas estatisticamente significativas entre as escalas correspondentes, bem como com as restantes medidas, através da análise correlacional. Contudo, foram registadas associações negativas entre alguns domínios da alexitimia e da empatia (cf., tabela 9). Quanto à relação dos níveis de

entre alguns domínios da alexitimia (positivas) e da empatia (negativas) com a generalidade das referidas variáveis (cf., tabela 11). Neste último ponto, a análise dos efeitos de moderação entre as variáveis em estudo salientou em ambos os grupos que os sintomas de depressão aumentam com o aumento dos níveis de alexitimia, bem como uma influência dos níveis de stress nos sintomas depressivos. Particularmente no grupo de medicina observou-se uma forte influência dos níveis de stress na relação entre os sintomas depressivos e a alexitimia. Assim, os dados parecem salientar que os estudantes de medicina quando mais alexitímicos, são particularmente mais vulneráveis a sintomas de depressão na presença de elevados níveis de stress.

Hipótese 4

As variáveis stress, humor, ansiedade e depressão percebidas, bem como a variação que lhes está associada, influem na sua individualidade e no seu conjunto, a relação da alexitimia com os défices empáticos, numa constante interconexão entre si.

A hipótese foi parcialmente respondida no ponto anterior.

A análise correlacional aparenta sustentar em parte a hipótese erguida. Ainda que apenas tenham sido registadas algumas correlações para determinados fatores/dimensões/compostos da alexitimia (correlações positivas) e da empatia (correlações negativas) com algumas das restantes medidas, a análise comparativa denuncia (em termos de percentagens) que índices mais pronunciados e frequentes de alexitimia surgem em paralelo com défices mais frequentes e níveis médios mais baixos de empatia. As medidas de stress, humor, ansiedade e depressão, na sua generalidade, correlacionam-se significativamente (positivamente) entre si. Aparentemente o aumento de uma destas variáveis parece pronunciar o aumento das restantes (entre si). Esta inferência é confirmada pelo registo de correlações significativas entre as diferentes escalas que as subjazem. Assim, e tal como observado na hipótese anterior, as referidas variáveis aparentam possuir um papel individual e grupal na relação observada entre maior alexitimia-menor empatia.

Hipótese 5

Em ambos os grupos a níveis mais elevados de alexitimia/consciência emocional correspondem sintomas mais significativos de ansiedade e depressão, stress e índice de humor mais negativo, sendo essa associação mais evidente no grupo de estudantes de direito.

A hipótese foi confirmada na totalidade, embora as diferenças entre grupos registadas a nível dos sintomas de ansiedade se mostrem em termos médios menos importantes.

A problemática identificada no grupo de estudantes de direito relativamente aos défices cognitivo-experienciais a nível emocional e empáticos aparenta decorrer de uma complexa interação entre diversos fatores. Entre eles destacam-se preeminentemente padrões mais frequentes e maiores níveis de pensamento operacionalizado, maior frequência e maiores sintomas de ansiedade e depressão, especialmente maiores sintomas depressivos, e maiores índices e maior frequência de perceção patológica de stress. Estes registos mostram-se associados com perfis alexitímicos mais evidentes, oferecendo em parte um caráter explicativo de tais défices de identificação e expressão emocional, de modo diferenciado relativamente aos estudantes de medicina. Os registos de maiores prevalências de historiais de consumo de drogas no grupo de estudantes de direito, poderão (em termos de caraterísticas de base) justificar o desempenho alexitímico verificado. Tal inferência é congruente com a literatura anteriormente revista, que tem associado repetidamente a alexitimia a uma vulnerabilidade a diferentes formas de adição (Teixeira, 2017), sendo que evidências consistentes apontam que o consumo de drogas pode funcionar como modelador da excitação aversiva (Lumley et al., 2007).

Dificuldades de regulação emocional na amostra global

O estudo da alexitimia, dos níveis de consciência emocional, das competências de reconhecimento de emoções em si e no Outro salientou que os grupos se mostram bastante diferentes (ainda que nem todos os domínios aqui contemplados tenham alcançando significância estatística).

A análise dos resultados da TAS-20 TOT nas categorias definidas pelos padrões portugueses, salienta claramente um maior número de indivíduos com traços alexitímicos no curso de direito. São ainda registados níveis mais elevados de alexitimia neste grupo, comparativamente à amostra de estudantes do curso de medicina. Esta elevação é evidente no nível total de alexitimia, bem como ao nível das dificuldades em reconhecer sentimentos e em diferenciá-los das sensações corporais, dificuldades em descrever sentimentos a Outros e por um padrão de pensamento direcionado para o exterior, operacionalizado.

Os grupos obtiveram resultados significativamente diferentes para a subescala "Pensamento Externamente Orientado". Possivelmente, ao invés das maiores diferenças entre estudantes de áreas distintas se situarem no modo como gerem as suas emoções, situam-se no modo como orientam o seu pensamento. Este registo é semelhante a vários estudos, como os de Hošková-Mayerová & Mokrá (2010).

Nesse sentido, o grupo de estudantes de direito apresenta (comparativamente aos estudantes de medicina) uma pobreza na consciência emocional e fundamentalmente um estilo de pensamento operacionalizado, caraterizado pelo recurso a detalhes minuciosos do dia-a-dia e do corpo (como via direta para expressar emoções) e por uma incapacidade de elaborar estímulos emocionais. De acordo com várias perspetivas revisadas nos capítulos introdutórios deste estudo, a débil avaliação consciente e expressão verbal das emoções, contribui para o prejuízo da capacidade de dissipar a excitação emocional, conduzindo a um aumento dos níveis de tensão- manifestada através da somatização.

A utilização conjunta da TAS-20 com o BVAQ permitiu obter uma visão mais clarificada e completa do grau de alexitimia, possibilitando avaliar as dimensões da alexitimia de modo diferenciado e complementar. A análise dos resultados do BVAQ TOT nas categorias definidas pelos padrões portugueses salientou que os alunos do curso de direito se mostram mais frequentemente alexitímicos, dado congruente com os resultados obtidos através da aplicação da TAS-20. Ainda que a alexitimia surja numa maior prevalência na amostra de direito, os alunos do curso de medicina registam para a

escala global (BVAQ TOT) valores médios superiores à amostra de alunos do curso de direito.

Especificamente, e em termos de índices médios, o grupo de estudantes de direito parece apresentar um comprometimento mais importante na componente afetiva da alexitimia, de que resultam défices mais evidentes na capacidade de experienciar emoções (E) e na capacidade de imaginar, fantasiar ou sonhar acordado (F).

Relativamente à dimensão cognitiva da alexitimia, e contrariamente ao que seria esperado, a utilização desta escala complementar fez sobressair défices mais importantes (em termos de valores médios) nesta dimensão no grupo de estudantes de medicina (dados contrastantes com os obtidos através da aplicação da TAS-20, que apenas avalia a dimensão cognitiva da alexitimia). Neste ponto, o grupo de estudantes de medicina evidenciou défices mais evidentes na capacidade de identificar e diferenciar emoções (I) e na capacidade de refletir e explicar emoções subjetivas (A). O grupo de estudantes de direito apenas mostrou, para este domínio da alexitimia, dificuldades mais evidentes na capacidade de comunicar emoções verbalmente (V). Tal registo advém, fundamentalmente, do facto de os estudantes de medicina apresentarem com maior frequência prejuízos neste domínio da alexitimia, bem como nas subdimensões que subjaz, com exceção de verbalizar (onde manifesta predominantemente défices intermédios). Ainda que em termos médios os resultados das duas medidas (TAS-20 e BVAQ) não sejam totalmente congruentes, a análise da frequência com que os défices surgem, denota maiores prevalências de alexitimia no grupo de estudantes de direito, que salientam graus mais importantes de rigidez cognitivo-afetiva.

Ainda que as duas medidas de alexitimia aplicadas se debrucem sobre a faceta cognitiva da alexitimia (a TAS-20 em exclusividade e o BVAQ através das subdimensões I, V e A), não foram registadas associações positivas entre estas.

Alexitimia, défices emocionais e empatia na amostra global

Ainda que os resultados da presente investigação não tenham apontado associações negativas significativas da medida de empatia com nenhuma das outras medidas utilizadas e, fundamentalmente, com as medidas de alexitimia, existem estudos consistentes e sólidos que identificaram associações negativas fortes entre a alexitimia e empatia (e.g., Grynberg et al., 2010; Lyvers et al., 2017).

Logicamente a capacidade de identificar e descrever sentimentos subjetivos incide sobre a capacidade de identificar e de relacionamento com os sentimentos do Outro (Parker et al.,1993a). Atendendo a que a alexitimia se associa a défices na capacidade de reconhecer e descrever sentimentos em si e no Outro, facilmente se percebe a sua estreita relação com défices empáticos, sendo diversos os estudos que corroboram esta perspetiva. Pese embora não tenham sido registadas associações negativas significativas entre as medidas de alexitimia e empatia, e tal como anteriormente referido, foram identificadas correlações negativas moderadas e fracas entre alguns domínios da alexitimia e da empatia. Assim, da análise correlacional resulta que, aparentemente o aumento de uma parece pronunciar a diminuição da outra. Além disso, a análise comparativa denuncia que índices mais pronunciados e frequentes de alexitimia surgem em paralelo com índices menos pronunciados (mais baixos) de empatia (quer em termos médios quer em termos de prevalência).

Com base nos dados recolhidos, os alunos do curso de direito assumem com maior frequência índices mais baixos no nível total de empatia (≤ mediana), bem como na esfera afetiva da empatia (que se assumem significativos, embora não alcançando significância estatística). Estas observações são congruentes com o que Delphine Grynberg e associados salientaram em 2010, onde forneceram evidências de uma relação entre a alexitimia e pobres capacidades empáticas.

Quanto ao domínio cognitivo da empatia não foram registadas grandes diferenças entre os grupos em análise.

A consideração dos índices empáticos médios obtidos pelos participantes denota, no grupo de estudantes de direito, prejuízos mais acentuados na capacidade de adotar pontos de vista do Outro (TP), de vivenciar sentimentos de preocupação e compadecimento pelo Outro (PE) e maior desconforto pessoal em gerir contactos interpessoais tensos (DP). Foram, unicamente, registados para este grupo índices ligeiramente mais satisfatórios (comparativamente à amostra de estudantes de medicina) na capacidade de se envolver em situações fictícias (F).

Nesse sentido, os estudantes de direito patenteiam défices mais importantes no funcionamento interpessoal e nas competências sociais e empáticas. Assim, as suas interações sociais são caraterizadas pela menor empatia e por uma maior indiferença, distância e frieza pelo Outro.

Algumas teorias sustentam que o pensamento concreto, indexado pelo EOT, conduz aos défices empáticos. Os resultados da presente investigação não possibilitam predizer tal comportamento, contudo, se atentarmos nas relações estabelecidas entre o EOT e a medita total de empatia, percebe-se uma relação negativa fraca entre ambos. De acordo com Demers e Koven, 2015, existem teorias que sustentam que o pensamento externamente orientado prejudica a capacidade de mentalização. O prejuízo das capacidades de mentalização, tais como abstração e diferenciação (e.g., distinção entre o símbolo e o objeto simbolizado), dificultam os processos de representação e reflexão sobre os estados subjetivos e do Outro. Outras sugerem, com base nas fracas capacidades de mentalização que caraterizam o pensamento externamente orientado, dificuldades em utilizar a vida mental subjetiva de modo a compreender a vida mental do Outro. Isto é, as capacidades de imaginar os próprios desejos e sentimentos numa diversidade de situações são um requisito impreterível para prever os estados mentais do Outro.

Socorrendo-nos da literatura revisada na primeira parte deste estudo, parece pouco provável que as caraterísticas da alexitimia possam ser explicadas unicamente pelas influências socioculturais, nível educacional, género, ambiente familiar precoce, perceção subjetiva de saúde e variações na estrutura e funcionamento cerebral, pensando-se que todos os fatores interajam, e em conjunto com uma diversidade de outros fatores, concorram para a génese da alexitimia.

Como tal, considerou-se que o estudo da presença de um estilo particular de processamento cognitivo-afetivo no processamento emocional e das capacidades empáticas em populações de estudantes universitários devia considerar não só a avaliação dos mesmos sob diferentes metodologias, como também avaliar potenciais associações destes com possíveis variáveis concorrentes para a sua génese.

Neste ponto, realçamos no contexto da alexitimia, o registo ao longo dos anos de associações muito consistentes entre a alexitimia com a ansiedade, depressão, stress e défices empáticos. A literatura reporta ainda conexões entre ansiedade, depressão e empatia e uma relação do humor com o stress e preocupação empática.

Díade Alexitimia-Empatia: possível papel do stress, perfil global de humor, ansiedade e depressão?

Tal como anteriormente observado e descrito, a análise das correlações apenas registou associações negativas fracas e moderadas entre alguns domínios da alexitimia e da empatia. Por outro lado, as medidas de stress, humor, ansiedade e depressão, na sua generalidade, correlacionaram-se significativamente (positivamente) entre si. Aparentemente o aumento de uma destas variáveis parece pronunciar o aumento das restantes (entre si).

Quanto à relação da alexitimia e da empatia com as referidas variáveis, foram observadas relações negativas entre alguns domínios destas (alexitimia-relações positivas, empatia-relações negativas) com a generalidade das supramencionadas variáveis. Estas observações parecem sustentar um papel do stress, perfil global de humor e dos sintomas de ansiedade e depressão na relação observada entre maior alexitimia- menor empatia, contudo apenas um estudo de cariz longitudinal poderia sustentar com maior fiabilidade a predição/influência das variáveis em análise.

O comprometimento da vida emocional interna, identificado através de registos mais elevados de alexitimia na comunidade de estudantes de direito, poderá estar, portanto, envolvido com os níveis mais elevados de stress, maiores sintomas de ansiedade e depressão e perfis de humor mais negativos. Tal como anteriormente referido, ao atentarmos nas taxas de prevalência percebe-se que níveis mais frequentes de alexitimia e menos frequentes de empatia, bem como, índices médios de empatia mais baixos, surgem num cenário onde se registam padrões mais frequentes de stress patológico, de perfis de humor mais negativos e de sintomas de ansiedade e depressão. Tais observações são enquadráveis com vários estudos, embora estes tenham identificado associações mais importantes, de que se destacam os estudos de Onur e colaboradores (2013) que identificaram associações muito consistentes entre a alexitimia com a ansiedade, as investigações de Foran & O’Leary (2013) que associaram a alexitimia com a depressão, e as pesquisas de Lyvers e associados (2014b) que apontaram associações positivas entre a alexitimia e o stress.

A análise separada da componente adicional da escala de humor utilizada no presente estudo (EDT) realçou índices médios consideravelmente superiores desta componente na amostra de estudantes de direito. Tal registo é congruente com o perfil global de humor mais negativo identificado neste grupo.

Por fim, a análise dos efeitos da interação entre as diversas variáveis em estudo