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CAPÍTULO IV – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

1. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão discutidos os resultados obtidos referentes à avaliação do programa (PASM) na LSM. Primeiramente serão abordados os limites e fragilidades referentes quer ao desenho de investigação utilizado, quer ainda quanto ao instrumento de colheita de dados.

Assim, optou-se por recorrer a um desenho com grupo único sem avaliação de pré- teste. Como é referido na literatura, este tipo de desenhos comporta um conjunto substancial de ameaças à sua validade, o que implica alguma prudência na interpretação e na generalização dos resultados para a população.

Primeiramente o facto do desenho utilizado (case study design) não compreender a avaliação de pré-teste, o que de certo modo pode questionar a efetividade dos resultados da intervenção uma vez que não existe termo de comparação, ameaçando por isso a validade interna já que existe em certa medida falta de controlo. A escolha por este desenho, especificamente resulta das características da amostra, dado serem recém-licenciados em Enfermagem (15 dias após conclusão da licenciatura) com formação específica em termos de Enfermagem de saúde mental e psiquiatria, pressupondo por isso conhecimento neste domínio, ainda que não exista no currículo formação ao nível da PASM.

Neste sentido optamos por este desenho, já que as tradicionais ameaças à validade interna não se colocam dada a natureza do programa (intensivo e com duração de dois dias). Quando se referem as ameaças, falamos das relacionadas com a história,

maturação, mortalidade, exceção para a seleção uma vez que não se utilizou um

processo de seleção aleatória. Assim, poderão existir, decorrentes das ameaças referidas à validade interna, ameaças à validade externa. Contudo, pensamos que, ainda que existam constrangimentos, que os resultados obtidos são válidos e permitem aferir da qualidade do Programa de PASM.

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Relativamente à amostra de participantes, salientamos que a sua seleção foi feita numa base voluntária, partindo dos participantes que colaboraram com a comissão do 1.º Congresso Internacional de Literacia em Saúde Mental. Poder-se-á questionar se estes colaboradores não são desde logo os mais empenhados nestas questões da saúde mental. Contudo, não nos parece que a manifestação de interesse e a adesão a uma atividade como é um congresso, justifique de per si uma competência neste domínio, ainda que estes temas tenham sido abordados nas mesas do congresso. Deveremos pois ser cautelosos no que respeita à interpretação e alcance destes resultados.

É de salientar, ainda dentro dos limites, que o programa compreende um conjunto vasto de perturbações e que o questionário apenas avalia três problemas de saúde mental. Por exemplo, as diferentes perturbações de ansiedade, apesar de fazerem parte do programa, não são avaliadas pelo QuALiSMental. Assim, ainda que o instrumento seja válido e fidedigno (Loureiro, 2015), não cobre a totalidade das perturbações.

Assim, os resultados do programa merecem-nos uma leitura atenta, cuidada e cautelosa, desde logo porque os dados apresentados indiciam um impacto positivo na LSM dos jovens recém-licenciados que participaram no programa, tal como acontece noutros países que utilizam programa idêntico (Kitchener & Jorm, 2006).

O objetivo central do programa centra-se na aquisição de conhecimentos básicos em saúde mental e competências que permitam prestar a primeira ajuda a quem está a sofrer um problema de saúde mental ou ainda numa crise relacionada com a saúde mental, dando ênfase às cinco ações ANIPI.

Assim e relativamente à primeira componente (reconhecimento das perturbações mentais de modo a facilitar a procura de ajuda), observa-se, na globalidade das perturbações, que os participantes apresentam resultados satisfatórios, sendo praticamente assente que sabem identificar as situações e atribuir-lhe um rótulo adequado. Este dado é importante quando se sabe que o programa não tem como pressuposto a ideia de diagnóstico em saúde mental, mas tão-somente o reconhecimento dos sinais e a valorização dos sintomas, sendo a atribuição de rótulos fator relevante para o questionar e problematizar das situações apresentadas.

Ainda que a teoria da rotulagem (Scheff, 1966) e a versão modificação desta (Link et al., 1989) perspetivem numa forma inicial os rótulos como forma de estigmatização, certo é que os rótulos podem ter aspetos positivos, isto se pensarmos que o que está

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a ser rotulado é o problema e não propriamente a pessoa (Link & Phelan, 2010). Neste sentido, a utilização adequada de rótulos como forma de valorização do problema pode constituir-se como uma precondição para a procura de ajuda profissional.

No caso do PASM, o uso de termos adequados para identificar o problema descrito na vinheta verifica-se em todas as perturbações apresentadas, ou seja, as opções selecionadas com maior frequência absoluta para a vinheta da depressão, foram depressão (n=16), para a vinheta da psicose/esquizofrenia forma de forma equitativa os rótulos esquizofrenia (n=11) e psicose (n=11) e para a vinheta do uso/abuso de álcool foi abuso de substâncias (n=16).

Este facto faz-nos crer que a intervenção contribui para o aumento de conhecimento dos problemas e perturbações mentais, ainda mais quando verificamos que os processos adaptativos, muitas vezes traduzidos na expressão crise da idade, não são valorizados pelos participantes no programa. Do mesmo modo, por exemplo, o rótulo esgotamento nervoso apenas foi assinalado uma vez para a vinheta da depressão. Tratando-se de um termo utilizado socialmente mas que não é específico e não caracteriza de modo nenhum os problemas de saúde mental, estes resultados sugerem que os participantes detêm conhecimento acerca das perturbações mentais. Se levarmos em atenção os estudos realizados em adolescentes e jovens do 3.º ciclo e ensino secundário (Loureiro, Pedreiro et al., 2012; Loureiro, Barroso et al., 2013; Loureiro, Jorm et al., 2013; Loureiro, Jorm et al., 2014; Loureiro, Sequeira et al., 2014), em estudantes universitários (Correia, 2012) e inclusive profissionais de saúde (Gouveia, 2013), verificamos que estes resultados revelam um elevado reconhecimento do problema.

Comparando os resultados de outros estudos internacionais em que é avaliado o efeito/impacto do programa MHFA, os resultados são similares para o reconhecimento dos problemas e perturbações mentais. Contudo, os desenhos utilizados em termos internacionais são diferentes, implicando por exemplo três momentos de avaliação (pré, pós-teste e follow-up de seis meses) (Kitchener & Jorm, 2002; Kelly et al., 2011;O'Reilly, Bell, Kelly, & Chen, 2011). Ainda assim o reconhecimento na amostra deste estudo é comparativamente mais baixo no caso da esquizofrenia em relação a dois estudos realizados em amostras da população geral e estudantes universitários de farmácia (Kitchener & Jorm, 2002; O'Reilly et al., 2011).

No nosso caso do reconhecimento dos sinais da vinheta da esquizofrenia após a frequência do programa, verificamos que, comparativamente às vinhetas da depressão

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e abuso de álcool, o recurso aos rótulos psicose e esquizofrenia é inferior, no entanto, aumenta o recurso a outros termos para caracterizar a situação descrita, tais como doença mental e problemas psicológicos/mentais e emocionais. Esta mescla de termos assinalados pode indiciar, por um lado, uma valorização do problema descrito como grave e que decorre da utilização do rótulo doença mental, por outro a perceção de que os outros problemas (depressão e abuso de álcool) são menos graves e por isso não implicam o recurso ao termo doença mental.

Relativamente ao reconhecimento do abuso de álcool, verifica-se que apesar de o total da amostra referir o termo abuso de substâncias, mais de um quarto dos participantes nomeia o termo alcoolismo. Este dado parece sugerir um desconhecimento acerca do que é o alcoolismo e do que este implica em termos de perturbação. Este dado é preocupante quando estamos na presença de recém-licenciados em Enfermagem que frequentaram unidades curriculares no domínio da saúde mental e psiquiatria.

Concomitantemente é nesta vinheta que a utilização do rótulo doença mental apresenta menor frequência absoluta, o que pode traduzir-se naquilo que muitas vezes se centra no domínio do recurso a uma termo difuso designado de vício, em que o álcool não é perspetivado como uma substância psicoativa, tão pouco o alcoolismo é considerado uma doença. Esta análise é reforçada pela percentagem semelhante (cerca de 50%) dos que referem que se estivessem na situação do Jorge não sabiam se procurariam ajuda.

Também a intenção de procura de ajuda é um dado relevante nesta matéria. Por exemplo, a utilização do rótulo depressão é considerado um preditor da procura de ajuda e é também na depressão que se verifica uma maior intenção de procura de ajuda (Wright, Jorm, & Mackinnon, 2007). No final do programa e relativamente à depressão observa-se que 81,30% dos participantes manifesta intenção de procurar ajuda se estivesse nas condições da Joana.

No caso da esquizofrenia, os resultados são consistentes, isto porque a maioria dos participantes (62,50%) não sabe se procuraria ajuda, o que indicia aquilo que esta perturbação implica em termos de perda de contacto com a realidade, afetando a capacidade da pessoa na decisão de pedir ajuda.

Na segunda componente da LSM (Conhecimentos sobre ajuda profissional e tratamentos disponíveis), os participantes do programa reconhecem a necessidade das intervenções da ajuda formal nas três situações problema apresentadas, nomeadamente de um profissional de saúde, o que reflete aquelas que são as

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orientações do programa e sobretudo o modo como se procede ao acesso aos cuidados de saúde, incluindo os profissionais de saúde adequados.

Este dado pode indiciar também a compreensão e valorização pelos participantes no programa, das situações descritas nas vinhetas e do sofrimento que estas situações implicam para os seus pares. E, ainda que valorizem a ajuda informal (ex.: familiares, amigos), a ver pelas taxas de resposta bastante elevadas e que remetem para a importância que tem para a saúde mental a existência de uma rede social consistente, estas são inferiores à necessidade da intervenção da ajuda formal (médico de família; psicólogo, enfermeiro e psiquiatra). Ora, estes dados estão de acordo com as recomendações dadas para a prática clínica da saúde mental, que referem que no surgir dos primeiros sinais e sintomas de doença, as pessoas deverão dirigir-se aos centros de saúde e marcar uma consulta sendo que, se necessário, serão posteriormente encaminhados para os serviços especializados de psiquiatria (Ministério da Saúde, 2009).

Dado relevante é também o facto de os participantes considerarem prejudicial deixar a pessoa resolver sozinha os seus problemas. O reduzido número de jovens que faz referência à utilidade dos assistentes sociais e professores é um dado que, apesar de apresentar valores mais satisfatórios, é consistente com os resultados de outros estudos da literacia realizados no contexto português (Loureiro, Barroso et al., 2013; Loureiro, Jorm et al., 2013; Loureiro, Jorm et al., 2014). Não deixa ainda assim de ser preocupante que mesmo após a intervenção, um número substancial de indivíduos não selecionar o professor como útil. Uma das explicações poderá resultar das experiências de aprendizagem e do contato com os professores no contexto do ensino superior, em que o distanciamento exigido, assim como as questões de anonimato e confidencialidade podem não promover a relação de ajuda.

Em termos de medicamentos/produtos, a literatura diz-nos que existe uma visão negativa dos psicofármacos e da sua utilização, por parte dos jovens privilegiando produtos como as vitaminas e os chás, produtos que não estão sujeitos a prescrição médica e são de venda livre (Jorm, 2011, 2014). Neste estudo verifica-se que a intervenção contribuiu para uma visão mais correta, até porque os participantes têm noções muito básicas de psicofarmacologia, e isso está patente no facto dos antidepressivos e os anti psicóticos serem considerados úteis para a depressão e esquizofrenia, respetivamente. Ainda assim verifica-se que os medicamentos mais referidos pela amostra como úteis numa situação de abuso de álcool são os tranquilizantes/calmantes e os antidepressivos o que pode revelar uma visão

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associativa da depressão e do consumo de álcool. Pensamos que o programa necessita de uma abordagem mais estruturada da psicofarmacologia em termos de outras perturbações como o abuso de álcool.

Na componente (terceira) de conhecimento das estratégias de autoajuda para os problemas de saúde mental é de salientar a importância que os participantes atribuem as estratégias que implicam a ajuda profissional (Fazer terapia com um profissional especializado; Juntar-se a um grupo de apoio para pessoas com problemas similares; Procurar ajuda especializada de saúde mental), comparativamente as estratégias que poderão não requerer à partida acompanhamento, ainda que devem ser supervisionadas um profissional tais como fazer exercício físico.

O treino de relaxamento, a prática de meditação, a acupuntura ou ainda o envolvimento em atividades relaxantes como levantar-se cedo todas as manhãs e ir apanhar sol não são comparativamente valorizadas como as outras. Dois fatores poderão explicar estes resultados: ou desconhecimento da efetividade destas estratégias, mesmo após o programa, ou uma certa desvalorização relativamente às estratégias que implicam a ajuda de um profissional de saúde. Ainda assim é de salientar o facto de os participantes considerarem prejudicial utilizar bebidas alcoólicas como estratégia de relaxamento, assim como o consumo de tabaco, o que em certa medida se verifica já noutros estudos (Loureiro, Barroso et al., 2013; Loureiro, Jorm et al., 2013; Loureiro, Jorm et al., 2014).

Na componente de conhecimento e competências para prestar a primeira ajuda e apoio a alguém verifica-se que a intervenção realizada promove competências para a prestação da primeira ajuda pelos resultados que apresenta, uma vez que estão em concordância com as guidelines internacionais da PASM.

Dos resultados a realçar importa referir a valorização da abordagem e a escuta, traduzido no item ouvir os seus problemas de forma compreensiva e que vem ao encontro da primeira ação do ANIPI, nomeadamente Aproximar-se da pessoa,

observar e ajudar.

É salientar ainda neste contexto a valorização que é feita à procura e incentivo da ajuda profissional (marcar uma consulta no médico de família) e que está patente na ação Procurar ajuda profissional especializada incentivando a pessoa a obtê-la.

Merecem-nos referência o facto dos participantes no fim da intervenção considerarem útil perguntar se a pessoa tem tendências suicidas. Este último resultado contraria a

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tendência, observada em diversos estudos (Loureiro, Barroso et al., 2013; Loureiro, Jorm et al., 2013; Loureiro, Jorm et al., 2014), e em que os jovens consideram prejudicial esta estratégia. Este resultado é explicado pelos conteúdos abordados no programa onde é clarificado que a ideia de que questionar acerca do suicídio não coloca a ideia na cabeça da pessoa nem impulsiona a tomada de decisão para tal, proporcionando, pelo contrário, que a pessoa fale acerca daquilo que sente e procure ajuda (Yap, Wright, & Jorm, 2011; Yap & Jorm, 2012).

Também as estratégias como: Dizer-lhe com firmeza para andar para a frente; Sugerir que beba uns copos para esquecer os problemas; Não valorizar o seu problema, ignorando-o; Mantê-lo ocupado para que não pense tanto nos seus problemas são perspetivadas como prejudiciais, o que é salutar neste contexto da formação. Por exemplo, dizer a um jovem com firmeza para andar para a frente, pode contribuir para o isolamento da pessoa, que deixa de partilhar os problemas com os outros, agravando a situação de saúde (Yap et al., 2011; Yap & Jorm, 2012).

Ainda assim não é claro se este tipo de intervenções tem influência no comportamento quando os jovens forem confrontados com um problema de saúde mental (Yap & Jorm, 2012). Contudo, os objetivos do programa centram-se na aquisição destas competências e o conhecimento que julgamos necessário adquirir.

Os resultados apresentados na componente de conhecimentos acerca do modo como se podem prevenir as doenças mentais (quinta componente) é consistente com os objetivos do programa, isto porque os participantes acreditam que é possível prevenir as doenças mentais, nomeadamente com o estabelecimento de relações sociais próximas, contacto regular com os amigos, evitamento do consumo de drogas e outras substâncias como são as bebidas alcoólicas e ainda o exercício físico. Outro dado positivo demonstrado nesta componente e que, a nosso ver, está relacionado com aquilo que é ensinado no programa, prende-se com o facto de mais de metade dos participantes considerarem que evitar situações de stress não reduz o risco de desenvolver uma perturbação mental.

Em termos de intenção de pedir ajuda em situações semelhantes, observamos que os resultados são consistentes com a natureza dos problemas descritos e o que eles implicam, assim como com os contextos culturais e sociais em que ocorrem. Se no caso da depressão, a quase totalidade pediria ajuda se estivesse em situação semelhante, em termos de esquizofrenia, a maioria sabe que a doença compromete a decisão e reconhecimento da situação por parte de quem sofre. Já no consumo de

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álcool, pouco mais de metade pediriam ajuda, o que denota um certo constrangimento e desconhecimento daquilo que o álcool e os comportamentos de consumo representam para o indivíduo. É ainda de salientar que o uso e inclusive o abuso de álcool são comportamentos muito regulares nos estudantes de ensino superior, ainda que nem todos bebam e dos que bebem muitos não o façam em excesso. Contudo, estes resultados sugerem uma certa incapacidade de analisar criticamente o problema e pode decorrer de julgar o comportamento com um problema de saúde que poderá ter sido seu ou a que assistiu em colegas e amigos durante a frequência do ensino superior.

Por fim, quando questionados acerca da confiança para ajudar uma pessoa que está a desenvolver um problema de saúde mental semelhante ao descrito, observamos que nos três casos relatados, e após a frequência do programa, os participantes manifestam a sua confiança para intervir, ainda que em diferentes graus (desde confiante a muitíssimo confiante). Este resultado contribui para aquilo que tem sido afirmado relativamente ao efeito positivo do programa sobre a LSM dos participantes. Ainda que não seja possível, durante a formação em primeira ajuda, a apresentação de e o trabalho com casos práticos em contexto real, isto porque os casos são sempre apresentados e discutidos em termos de prática simulada, os resultados são muito satisfatórios, pois parece existir, fruto das elevadas taxas de prevalência de problemas de saúde mental nos jovens, conhecimento de casos ou situações semelhantes e que familiarizaram com estas questões.

67 CONCLUSÃO

O programa de PASM mostrou resultados satisfatórios em termos daquelas que são as três perturbações avaliadas, para todas as componentes da literacia em saúde mental. Estes resultados são consistentes com os resultados de estudos realizados internacionalmente com o programa.

A existência de um plano de ação ANIPI é um marco relevante que torna este programa inovador e capaz de nortear a ação durante a prestação da primeira ajuda e que pode garantir que a pessoa obtenha ajuda profissional.

Ainda que não tenha sido avaliada a componente dos comportamentos estigmatizantes e discriminatórios, este programa poderá ser utilizado com intuito de simultaneamente reduzir o estigma associado às doenças e doentes mentais que parece potenciar a recusa à procura de ajuda.

Em que medida o conhecimento e o saber revelados pelos participantes, que decorrem da formação em primeira ajuda, são sinónimos de competência, é uma questão que poderá ser analisada quando estes jovens enfermeiros se depararem com situações semelhantes no quotidiano pessoal e profissional. De qualquer modo, a utilização deste conhecimento adquirido e a sua utilização em prol da sua saúde ou daqueles que lhe estão próximos é um objetivo enunciado na definição do conceito de LSM.

Concluímos que existe um nível de literacia diferenciado consoante a tipologia das perturbações apresentadas e, simultaneamente, familiaridade com as questões abordadas, especificamente no uso/abuso de álcool. Independentemente dos conhecimentos transmitidos, os participantes parecem comungar de muitas daquelas que são as representações sociais das doenças mentais.

Os conteúdos abordados no curso são baseados na evidência científica resultante de vários estudos e, neste sentido, este programa melhora o conhecimento e competências, reduz as atitudes estigmatizantes e as promove ações de ajuda inicial face a pessoas com problemas de saúde mental.

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Os objetivos da primeira ajuda, nomeadamente, (a) preservar a vida enquanto a pessoa possa representar perigo para si ou para outros; (b) prestar ajuda de modo a que o problema de saúde mental não venha a tornar-se mais sério; (c) promover a recuperação da saúde mental; e, (d) providenciar conforto à pessoa que experiencia um problema de saúde mental, são o fundamento e a justificação para a necessidade de disseminar este programa no quotidiano, ainda mais quando a evidência produzida relativamente ao programa e as guidelines da intervenção estão bem documentadas na literatura.

69 BIBLIOGRAFIA

American Psychiatric Association (2002). DSM-IV-TR – Manual diagnóstico e

estatístico de transtornos mentais. 4ª edição. Porto Alegre, Brasil: Artmed.

ISBN: 972796-020-0.

Armstrong, G., Kermode, M., Raja, S., Chandra, P., & Jorm, A. F. (2011). A Mental health training program for community health workers in India: impact on knowledg and attitudes. International Journal of Mental Health Systems, 5(17). Cornally, N., & McCarthy, G. (2011). Help-seeking behaviour: a concept analysis.

International Journal of Nursing Practice, 17, 280-288.

Correira, S. I. P. (2012). Construção e Validação de um instrumento e Avaliação de

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