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Os resultados obtidos podem se agrupar em:

1) Efeitos da colestase e da vitamina C sobre o crescimento dos animais, medidos através dos valores de dos parâmetros α, e da curva logística; velocidade de crescimento, aceleração de crescimento; constante de variação de crescimento, ganho de peso observado dos 21 aos 49 dias e peso dos animais no final do experimento para estudo do crescimento dos animais;

2) Efeitos da colestase e da vitamina C sobre o peso e da composição da carcaça e do cérebro

3) Efeito da colestase e da vitamina C sobre os níveis séricos de vitamina A e E;

4) Efeito da colestase e da vitamina C sobre os níveis séricos de colesterol total; LDL- colesterol; HDL- colesterol; VLDL- colesterol e triacilgliceróis.

1) Efeito da colestase e da vitamina C sobre o crescimento dos animais:

a.) Efeito da colestase sobre os valores dos parâmetros α, β e ; V.C; A.C; C.A.C.; G.P.e P.F.:

Os animais com colestase, independentemente da administração ou não de vitamina C, apresentaram as seguintes variáveis significativamente menores que os animais sem colestase (ver tabelas 01 a 22):

• parâmetros α, β e da curva logística (sendo que o α nos dá uma idéia do peso máximo a que tenderia cada animal no fim do processo de crescimento; nos dá uma idéia da idade em que o animal atinge a maior velocidade de crescimento, e diminui a seguir e у se relaciona com a desaceleração na velocidade de crescimento);

• V.C aos 21, 25, 29, 33, 37, 41, 45 e 49 dias; • A.C. aos 21,25, 29, 33, 37, 41, 45 e 49 dias; • C.A.C.dos 21aos 49 dias;

• G.P. dos 21 aos 49 dias; • peso ao fim do experimento.

Esse efeito da colestase se explica pela má - absorção de lipídios e de vitaminas lipossolúveis e também, emparte, à incapacidade de elevar o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1 - insulin-like growth factor-1) em resposta ao hormônio de crescimento (GH). Essa incapacidade pode ser devida à diminuição da síntese desse fator em decorrência da lesão hepatocítica secundária à colestase ou à falta de elementos para sua síntese em decorência da desnutrição (BUCUVALAS, 1990 e 1993).

b.) Efeito da vitamina C sobre os valores dos parâmetros α, β e ; V.C; A.C; C.A.C.; G.P.e P.F.:

Os animais que receberam vitamina C apresentaram as seguintes variáveis significativamente maiores, independentemente da colestase (ver tabelas 01 a 22):

• parâmetros α, β e da curva logística; • V.C aos 21, 25, 29, 33, 37, 41, 45 e 49 dias; • A.C. aos 37, 41, 45 e 49 dias;

• C.A.C.dos 21aos 49 dias; • G.P. dos 21 aos 49 dias; • peso ao fim do experimento.

Esses resultados sugerem que a suplementação de vitamina C na dose empregada tem efeito estimulante sobre o crescimento de animais não- colestáticos semelhante ao efeito observado em animais colestáticos. Esse efeito parece ter sido semelhante em valor absoluto (S.A.= 192,43, S.D.= 211,46 e L.A.= 141,07; L.D.= 162,97), mas quando se compara o mesmo em porcentagem do grupo controle o efeito foi mais acentuado no grupo com colestase (a diferença entre as médias do peso final do grupo S.A. e S.D. foi de 19,03g, ou seja S.D. correspondeu a um aumento de 9,0% da média de S.A.e a diferença entre as médias do peso final do grupo L.A. e L.D. foi de 21,9g, ou seja L.D. correspondeu a um aumento de 15% da média de L.A.).

A vitamina C deve atuar mantendo crescimento e estimulando a osteogênese, pois é indispensável para a manutenção da substância intracelular do tecido conectivo, dos ossos e dentes e é um nutriente essencial envolvido na formação do colágeno (ELLENDER, 1996; SIMON & HUDES, 2001). A trabalhos experimentais YILMAZ (2001) e clínicos SIMON & HUDES (2001), têm comprovado a importância da suplementação de vitamina C para aceleração da regeneração fraturas ósseas. Sua carência determina alteração da osteogênese encondral, deformação óssea e, nos estados graves, há interrupção do crescimento, pois osteoblastos são incapazes de formar a matriz óssea (ELLENDER, 1996; LINVINGSTONE, 1997).

Os efeitos da vitamina C estimulando o crescimento não são influênciados pela colestase. Isto sugere que a ação da vitamina C, no modelo estudado, atua por mecanismos que não sofrem influência da colestase, ou seja, da má absorção de vitamina lipo-solúvel; da alteração no metabolismo de lipídios e lipoproteínas e da desnutrição.

Além do crescimento ósseo, outra explicação para o ganho de peso final ter sido mais acentuado nos ratos colestáticos que receberam vitamina C é o aumento do teor de gordura na carcaça observado neste grupo (ver discussão item 2).

c.) Interação:

A pesar do efeito da vitamina C ter sido mais acentuado no grupo com colestase, como discutido ácima, não houve interação (ver tabela 01 a 22).

2) Efeito da colestase e da vitamina C sobre o peso e composição da carcaça:

a.) Efeito da colestase, independentemente da administração de vitamina C, sobre o peso da carcaça:

Houve diminuição do peso fresco da carcaça (ver tabela 23) em ratos com colestase. Tal resultado está de acordo com os resultados discutidos no item 1.

b.) Efeito da vitamina C, independente da colestase sobre o peso da carcaça:

A vitamina C tem efeito sobre o peso da carcaça, tanto na presença quanto na ausência de colestase. Tal resultado está de acordo com os resultados discutidos no item 1.

c.) Interação:

A pesar do efeito da vitamina C ter sido mais acentuado no grupo com colestase, não houve interação (ver tabela 23). Tal resultado está de acordo com os resultados discutidos no item 1.

d.) Efeito da colestase, independentemente da administração de vitamina C, sobre o teor de água da carcaça:

A colestase aumentou o teor de água na carcaça (ver tabela 24). Nas hepatopatias, edema intracelular é secundário à desnutrição que causa depleção de ATP, diminuição da atividade da ATPase dependente de Na+ e de K+, que tende a reter Na+ e assim, água no intracelular; o edema extracelular é explicado pela hipoalbuminemia por diminuição de sua síntese por uma massa de hepatócitos reduzida, com conseqüente queda da pressão oncótica(PALMER, 1992 et al). O edema com retenção de sódio, observado nas doenças hepáticas crônicas, tem sido explicado por duas teorias:

1ª) chamada "teoria do hiperfluxo" - anormalidades primárias no rim resultariam em retenção de sódio com expansão do volume do líquido extracelular e subsequente formação de edema; em resposta, são desencadeados mecanismos que visam à prevenção do aumento excessivo do volume do líquido extracelular como aumento no volume sangüíneo, aumento do débito cardíaco, hipertensão arterial, supressão do sistema vasoconstritor e antinatriurético e ativação dos fatores natriuréticos, porém esses mecanismos não seriam efetivos pelo defeito primário na excreção de sódio renal;

2ª) chamada "teoria da vasodilatação arterial" - a retenção de sódio resultaria da ação de fatores neurohumorais sobre os rins (ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, estímulo na liberação do hormômio antidiurético e por aumento do tonus simpático); esses fatores seriam ativados em

resposta à diminuição do volume sangüíneo arterial efetivo (PALMER et al, 1992).

e.) Efeito da vitamina C, independentemente da colestase, sobre o teor de água na carcaça:

Não pudemos demonstrar interferência da vitamina C sobre os valores de porcentagem de água da carcaça, o que sugere que os mecanismos que levam ao acúmulo de água na carcaça são independentes da ação davitamina C (ver tabela 24).

f.) Interação:

Não houve interação, o que mostra que a vitamina C não interage com o efeito dacolestase sobre o teor de água na carcaça (ver tabela 24):

g.) Efeito da colestase, independentemente da administração da vitamina C, sobre o teor de gordura da carcaça:

Houve diminuição significativa na porcentagem de gordura da carcaça dos ratos colestáticos (ver tabela 25). Na colestase a absorção de lipídios está prejudicada pela ausência de ácidos biliáres livres no intestino e o aproveitamento e exportação de lipídios do fígado para outros tecidos está diminuída pela lesão hepática.

Colestases intra e extra-hepáticas estão associadas a mudanças no metabolismo e composição das lipoproteínas. As alterações mais acentuadas

são a formação de lipoproteína - X (ver discussão item 6), a diminuição da apolipoproteína A1 e A2 e o aumento da apoliproteina E (KOGA, 1985 et al; SEIDEL, 1987). Em decorrência há diminuição da lipase lipoproteica.

Alguns trabalhos demostram tais alterações:

YAMAMOTO (1978), determinou apolipoproteina A1 em pacientes com obstrução biliar extra-hepática e observou diminuição da apo A-1, geralmente acompanhada da lipoproteina X positiva.

SELIMOGLU (2001), observou em seu estudo que crianças com cirrose colestática tinham níveis de apolipoproteína A1 menores que crianças não colestáticas; a apolipoproteína A1 estava inversamente correlacionada com score de Malatack, score Child - Pugh, bilirrubina total, bilirrubina conjugada e tempo de protrombina; concluindo- se que a apolipoproteína A1 é um parâmetro sensível e específico de mau prognóstico para crianças cirroticas.

Com a diminuição da síntese da apoliproteinaA1 devido a presença da colestase (MELENDEZ, 1989), pode ocorrer catabolismo anormal e diminuição das lipoproteínas VLDLs (IGLESIAS,1996), que são os veículos de transporte dos aciltrigliceróis do fígado para os tecidos extra- hepáticos (MURRAY et al, 2002). Desta forma, a liberação dos triacilgliceróis da VLDL através da atividade da lipoproteína lipase, é afetada de tal forma que os ácidos graxos dos triacilgliceróis não são transportados adequadamente para as células adiposas (SHERLOCK, 2002; SCHARSCHMIDT, 1990), diminuindo a quantidade de gordura na carcaça.

Na colestase é comum, também, alterações no metabolismo intermediário como o aumento do GH e deficiência de IGF-1, que estimulam a lipólise e acentuam a perda dos estoques de gordura (RAMIRES & SOKOL, 1994; QUIRK et al, 1994). Sendo também uma explicação para o resultado.

h.) Efeito da vitamina C, independentemente da colestase, sobre o teor de gordura da carcaça:

Não foi possível demonstrar efeito da vitamina C, independentemente, da colestase (ver tabela 25).

i.) Interação:

Houve interação, a vitamina C atenuou o efeito da colestase sobre o teor de gordura na carcaça (ver resultados tabela 25).

Alguns trabalhos relacionam vitamina C e níveis séricos de apolipoproteína - A1:

OKAMOTO, 2002, observou em seu estudo com adultos uma associação positiva entre a ingestão de ácido ascórbico e a concentração sérica da alipoproteína - A1.

IKEDA, 1998 observou que ratos com defeito hereditário na biossintese do ácido ascórbico apresentavam significativa diminuição na concentração sérica da apolipoproteina A1 e que com suplementação de ácido ascórbico havia aumento na quantidade de Apo-A1

A suplementação de vitamina C provavelmente atenuou os efeitos da colestase, normalizando ou aumentando a produção da alipoproteína-A1 consequentemente de VLDL e da lipase lipoproteica, normalizando o transporte de triacilgliceróis para os tecidos e aumentando a porcentagem de gordura na carcaça no grupo com colestase, consequentemente evitando desnutrição.

Quadro 7:Teor de gordura corporal na colestase e interferência da vitamina C.

Colestase Vit. C Normaliza Apo1 Apo 1 VLDL Normaliza VLDL Normaliza / TG tecido ↓ TG tecido ↑ % gord carc ↓ % gord carc

3) Peso e composição do cérebro

a.) Efeito da colestase sobre o peso do cérebro, independentemente da administração de vitamina C:

A colestase diminuiu o peso fresco do cérebro (ver tabela 26). A diminuição do crescimento do cérebro (SOKOL, 1990) e o retardo do desenvolvimento mental (STEWART et al, 1989) encontrados na colestase tem sido atribuídas à desnutrição, secundária à má absorção de lipídios e de vitaminas lipossolúveis, aumento das necessidades basais; (PIETRO et al., 1989 NOMPLEGGI & BONKOUUSKY, 1994), alterações do metabolismo intermediário (WIESDORF et al., 1987; MUNRO et al., 1985).

b.) Efeito da vitamina C, independentemente da colestase, sobre o peso do cérebro:

Não pudemos demonstrar efeito da vitamina C, independentemente da colestase (ver tabela 27).

c.) Interação:

Houve interação, a vitamina C atenua a diminuição do cérebro presente na colestase (ver tabela 26), provavelmente por exercer efeito hepatoprotetor melhorando o aproveitamento dos lipídios e atenuando os efeitos da desnutrição (ver discussão item 2).

d.) Efeito da colestase, independentemente da administração de vitamina C, sobre o teor de água e de gordura do cérebro,:

Não pudemos demonstrar efeito da colestase sobre o teor de água e de gordura no cérebro (ver tabelas 27 e 28).

e.) Efeito da vitamina C, independentemente da colestase, sobre o teor de água e de gordura do cérebro,:

Não pudemos demonstrar a interferência da vitamina C sobre os o teor de água e de gordura no cérebro (ver tabelas 27 e 28).

f.) Interação:

Não pudemos demonstrar a interação da vitamina C com os efeitos da colestase sobre o teor de água e de gordura no cérebro (ver tabela 27 e 28).

4) Níveis séricos de vitamina A e E:

a.) Efeito da colestase, independentemente da administração de vitamina C,sobre os níveis séricos de vitamina A:

A colestase diminuiu os níveis séricos de vitamina A (ver tabela 29).

sua síntese hepática e a liberação de proteínas ligadoras de retinol também podem estar prejudicadas com a lesão do parênquima hepático (MEZEI, 1984, HARNOIS & LINDOR, 1997).

b.) Efeito da vitamina C, independentemente da colestase, sobre os níveis séricos de vitamina A,:

A administração de vitamina C não alterou os valores dos níveis séricos de vitamina A, o que mostra que a vitamina C não influiu na síntese, no transporte e no armazenamento da vitamina A (ver tabela 29).

c.) Interação:

Não foi possível demonstrar interação da vitamina C com os efeitos da colestase sobre os valores séricos de vitamina A (ver tabela 29).

d.) Efeito da colestase sobre os níveis séricos de vitamina E, independentemente, da administração de vitamina C:

A colestase diminuiu significativamente os níveis séricos de vitamina E (ver tabela 30).

Tal diminuição pode ser explicada por:

1ª) má absorção intestinal por falta de ácidos biliares no intestino (TRABER et al., 1994);

2ª) dificuldade na incorporação do tocoferol na VLDL, o que resulta em um rápido desaparecimento do tocoferol do plasma (DIMITROV et al., 1996; SOKOL et al., 1983; TRABER, 1990);

3ª) diminuição do VLDL (ver ítem 2 da discussão) (DIMITROV et al., 1996);

4ª) o estresse oxidativo decorrente da colestase (SINGH et al., 1992) diminue a regeneração do tocoferol.

e.) Efeito da vitamina C, independentemente da colestase, sobre os níveis séricos de vitamina E:

Não pudemos demonstrar efeito da administração da vitamina C sobre os níveis séricos da Vitamina E, independentemente da colestase (ver tabela 30).

f.) Interação:

A vitamina C evitou a diminuição dos níveis séricos de vitamina E na presença de colestase (ver tabela 30), o que pode ser explicado por:

1ª) ação da vitamina C evitando a diminuição da VLDL, consequentemente mantendo transporte da vitamina E;

2ª) acão anti-oxidante da vitamina C, (BURTON & TRABER, 1990), que evita o efeito do estresse oxidativo da colestase sobre a regeneração da

vitamina E, preservando seus níveis séricos (JAMES, 1999; NIKI, 1982 et al; PACKER, 1979 et al).

Tal resultado está de acordo com os achados de:

HRUBA et al (1982), que observaram níveis plasmáticos de tocoferol reduzido em cobaias que recebiam dieta com baixa quantidade de vitamina C.

BENDICH et al (1984), que observou o aumento do nível sérico de vitamina E nas cobaias que receberam dieta com adição de 10mg/Kg de vitamina C.

5) Efeito da colestase e da vitamina C sobre os níveis séricos de colesterol, LDL- colesterol, HDL- colesterol, VLDL- colesterol e triacilgliceróis:

a.) Efeito da colestase, independentemente da administração da vitamina C, sobre os níveis séricos de colesterol total:

Os animais com colestase apresentaram níveis séricos de colesterol total significativamente elevados em relação aos sem colestase, independentemente da administração ou não da vitamina C, (ver tabela 31).

Tal resultado pode ser explicado por algumas alterações na colestase na composição de lipoproteínas, as quais são precedidas por um aumento da concentração plasmática de fosfolipedes e colesterol. O primeiro evento é a regurgitação dos fosfolipedes biliáres para o plasma o que produz

secundáriamente efeitos principalmente no aumento do colesterol plasmático. Porque a hiperfosfatemia leva a aumento secundário do colesterol plasmático não está absolutamente claro. Regurgitação do colesterol biliar para a circulação (SHERLOCK & DOOLEY, 2002); pode não ser a única explicação, porque a infusão direta de fosfolípides na circulação dos ratos ou de emulsão lipídica em humanos, na ausência de obstrução biliar, causa hipercolesterolemia (SABESIN, 1982). Porém, é possível que o excesso de fosfolipedes biliáres promovam um direcionamento do colesterol pré-existente nos tecidos para o plasma (SHERLOCK & DOOLEY, 2002), a melhor explicação para a hipercolesterolemia é um aumento na síntese hepática de colesterol. Isto pode ocorrer como um mecanismo compensatório quando a lecitina regurgitada do canaliculo biliar distendido remove colesterol do fígado (SABESIN, 1982). COOPER et al (1974), mostraram que ratos adultos com obstrução seletiva do ducto biliar apresentavam aumento na síntese de colesterol no lobulo obstruido.

Outro mecanismo provável para a hipercolesterolemia é a redução da atividade de LCAT do plasma, enzima que é sintetizada pelo fígado e tem sua síntese prejudicada em muitos pacientes com doença hepática e sua atividade inibida pelos sais biliares do plasma. Essas alterações levam à diminuição da esterificação do colesterol livre nas partículas de HDL, prejudicando a troca de colesterol esterificado, que passa das HDL para as VLDL por colesterol livre, e que passa das VLDL para as HDL. Em decorrência há manutenção de níveis elevados de colesterol no plasma.(SMITH & THIER, 1990).

b.) Efeito da vitamina C, independentemente da colestase, sobre os níveis séricos de colesterol:

Os valores dos níveis séricos de colesterol total, apresentaram-se menores nos ratos que receberam vitamina C independentemente da presença ou não da colestase, do que nos ratos que não receberam vitamina C (ver tabela 31).

A diminuição do nível sérico do colesterol total pode ser explicado por ação da vitamina C no:

1º) aumento da transformação de colesterol em ácidos biliares (GUINTER, 1973; BEATTIE & SHERLOCK, 1987);

2º) aumento da LCAT, que promove a esterificação do colesterol (GUINTER & BOBEK, 1981).

Esta observação está de acordo com os achados de:

GUINTER (1973), observou que a deficiência crônica de vitamina C inibia a atividade do sistema 7α- hidroxilação do colesterol nos microssomos hepáticos, com a consequente diminuição do ritmo de biotransformação do colesterol em ácidos biliáres.

BJÖRKHEIM (1976) E GUINTER (1979), evidenciaram ação estimulante da vitamina C sobre o citocromo P- 450, que atua como catalisador da transformação do colesterol em 7α- hidroxicolesterol. O estímulo na transformação de colesterol em ácidos biliares poderia contribuir para diminuir o nível de colesterol sangüíneo.

FROEZE et al, 1975, induziu colestase obstrutiva em ratos e observou hipercolesterolemia, que foi inteiramente normalizada pela

administração de vitamina C. Observou que após a administração de colesterol C14 e vitamina C a radioatividade na urina estava elevada o que sugere um mecanismo que implique no aumento da eliminação de colesterol ou de seus metabolitos na urina.

c.) Interação:

Não foi possível demonstrar interação da vitamina C com os efeitos da colestase sobre os níveis séricos de colesterol total (ver tabelas 31).

d.) Efeito da colestase, independentemente da administração da vitamina C, sobre os níveis séricos de LDL:

Os animais com colestase apresentaram níveis séricos de LDL- colesterol significativamente elevado em relação aos sem colestase, independentemente da administração ou não da vitamina C, (ver tabela 32).

Sendo a LDL o principal transportador de colesterol para os tecidos, provavelmente o aumento do LDL-colesterol é secundário ao aumento colesterol total. O aumento, na colestase, da produção da apolipoproteína E, um dos componentes da LDL, (SEIDEL, 1987) está de acordo com essas observações.

Alguns trabalhos demonstraram resultados semelhantes:

WILLIAMS et al (1981); observou que ratos com ducto biliar ligado apresentavam níveis séricos de LDL- colesterol aumentado 72h depois da ligadura e que neste momento a atividade da LCAT não se apresentava alterada.

Estes dados sugerem que o aumento de colesterol e LDL- colesterol ocorreram independentemente do mecanismo de esterificação do colesterol sérico. Possivelmente no modelo estudado e neste determinado momento o acúmulo de colesterol e LDL- colesterol tenha ocorrido por outros mecanismos (ver discussão item 5 efeito da colestase sobre os níveis de colesterol total).

TALLET (1996), observou em seus pacientes colestáticos, aumento dos níveis séricos de LDL- colesterol.

SEWNATH (2000), observou após ligadura do ducto biliar em ratos, aumento dos níveis séricos de LDL- colesterol.

e.) Efeito da vitamina C, independentemente da colestase, sobre os níveis séricos de LDL-colesterol:

Os valores dos níveis séricos de LDL- colesterol apresentaram- se menores nos ratos que receberam vitamina C independentemente da presença ou não da colestase, do que nos ratos que não receberam vitamina C (ver tabela 32). Tal resultado está de acordo com os achados de:

OKAMOTO (2002), que moutrou associação negativa entre ingestão de vitamina C e concentração sérica de LDL- colesterol em adultos idosos.

KAMIYAM (2002), que mostrou níveis plasmáticos de LDL- colesterol aumentado em ratos com deficiência de ácido ascórbico.

f.) Interação:

Houve interação, a vitamina C interage com o efeito da colestase sobre os níveis séricos do LDL- colesterol (ver tabelas 32).

Provavelmente, tal achado se explica pela ação da vitamina C evitando ou atenuando os efeitos da colestase sobre os níveis de colesterol total e consequentemente de LDL- colesterol.

g.) Efeito da colestase, independentemente da administração ou não, da vitamina C, sobre os níveis séricos de HDL- colesterol: Não foi possível demonstrar efeitos da colestase sobre os níveis séricos de HDL- colesterol (ver tabela 33).

De fato, alguns trabalhos não demonstram alterações na HDL- colesterol na colestase:

WILLIAMS (1981); observou que após 72h da execussão da ligadura do ducto biliar, os ratos apresentavam alterações não significativas dos níveis séricos de HDL- colesterol.

LONGO (2001), observou níveis normais ou até elevados de HDL- colesterol em pacientes colestáticos.

h.) Efeito da vitamina C, independentemente da colestase, sobre os níveis séricos de HDL- colesterol:

Não pudemos demonstrar efeito da vitamina C sobre os valores dos níveis séricos de HDL- colesterol (ver tabela 33).

i.) Interação:

Não foi possível demonstrar interação da vitamina C com os efeitos da colestase sobre os níveis de HDL- colesterol (ver tabela 33).

j.) Efeito da colestase, independentemente da administração da vitamina C, sobre os níveis de VLDL- colesterol:

Não foi possível demonstrar efeitos da colestase sobre os níveis séricos de VLDL- colesterol (ver resultados tabela 34).

k.) Efeito da vitamina C, independentemente da colestase, sobre os níveis séricos VLDL- colesterol:

Os valores dos níveis séricos de VLDL- colesterol apresentaram-se menores nos ratos que receberam vitamina C independentemente da presença ou não da colestase, do que nos ratos que não receberam vitamina C (ver tabela 34).

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