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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Escala de Hamilton Depressão

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Após a análise dos resultados obtidos com este estudo de caso, podemos concluir que existem diferenças consideráveis entre o início e o final da intervenção psicoterapêutica positiva.

Existiu uma redução bastante acentuada nas pontuações obtidas, nos diferentes momentos, através da aplicação da escala de Hamilton para a depressão, com consequente alteração dos diagnósticos de enfermagem formulados inicialmente. A evolução observada na cliente no decorrer das intervenções foi bastante visível, nomeadamente na expressão facial da mesma, humor, postura e redução dos níveis de ansiedade. A cliente referiu várias vezes, durante as sessões, que “era uma das bênçãos do dia”, que se sentia “muito mais aliviada no final de conversar”, que “os problemas já lhe pareciam mais pequenos”.

Esta intervenção demonstrou que é possível realizar uma intervenção especializada estruturada e com resultados observáveis em contexto laboral. A cliente apresentou evolução positiva num curto prazo de tempo (6 semanas). Assim, a abordagem em contexto laboral é tão viável como num contexto institucional, necessitando apenas de mais sessões. Tendo em conta estes resultados para uma intervenção mais eficaz seriam necessários vários meses, para um acompanhamento adequado da cliente, prevenindo possíveis recaídas. No entanto os ganhos em saúde obtidos foram bastante visíveis, sendo que, não é de descurar o fato da cliente estar a realizar terapêutica antidepressiva.

No estudo realizado por Seligman (2011) a psicoterapia positiva causou mais alivio dos sintomas depressivos em todos os resultados avaliados do que o tratamento

139 habitual e do que os medicamentos. Assim, 55% dos clientes que receberam psicoterapia positiva, 20% dos que receberam o tratamento habitual e apenas 8% dos que, para além deste tratamento, tomaram medicação, alcançaram a remissão dos sintomas.

Os vários exercícios positivos desenvolvidos com a cliente, incluindo os trabalhos de casa propostos e realizados pela mesma poderão ter contribuído para a prevenção de possíveis recaídas, o que vai ao encontro do que refere Layous, Chancellor, Lyubomirsky, Wang e Doraiswamy (2011) no sentido de que ensinar os clientes a encontrar formas de aumentar as suas cognições positivas, emoções e comportamentos, mesmo sem a ajuda posterior do profissional, previne possíveis recaídas.

Os resultados obtidos neste estudo de caso vêm também ao encontro dos resultados obtidos na meta-análise realizada por Sin e Lyubomirsky (2009) que revelaram que as intervenções de psicologia positiva melhoraram significativamente o bem-estar dos clientes e diminuíram os sintomas depressivos.

O curto tempo disponível para o desenvolvimento da intervenção e o número de participantes na mesma ser de apenas um elemento foram duas dificuldades relevantes na obtenção de resultados observáveis da intervenção através da aplicação da escala de Hamilton para a depressão. No entanto, e apesar destas limitações, a mesma revelou-se uma ferramenta eficaz para a avaliação de intervenções mesmo a curto prazo como foi o caso desta.

CONCLUSÕES

A abordagem da intervenção em termos de estudo de caso revelou-se importante para a investigação tendo em conta que permitiu uma análise bastante detalhada da situação da cliente, permitindo explorar áreas para além da simples aplicação da escala de Hamilton para a depressão. Foi possível realizar uma observação mais eficaz e de acordo com os dados obtidos elaborar um plano de cuidados personalizado para a cliente.

Pode-se concluir que o objetivo da investigação neste estudo de caso foi atingido completamente. O impacto de uma intervenção psicoterapêutica positiva, em contexto de saúde ocupacional, numa cliente com sintomatologia depressiva foi considerável e foram alcançados resultados positivos (remissão da sintomatologia depressiva).

140 Apesar da evidência científica, encontrada através da pesquisa narrativa de literatura, descrever este tipo de intervenções como apenas realizado por profissionais principalmente da área da psicologia, os enfermeiros especialistas em Saúde Mental têm nesta abordagem aos clientes com perturbação depressiva um papel fundamental ainda a explorar.

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