• Nenhum resultado encontrado

A discussão do uso indevido de drogas no contexto dos programas de proteção é de fundamental relevância, uma vez que todos os fatos sociais como este, que acontecem em programas de proteção, função típica do Estado, devem ser valorados com a finalidade de ser verificada sua potencial gravidade para a sociedade, para o indivíduo e para o próprio Estado. Cabe a este, por meio de políticas públicas, fazer com que outras políticas públicas maiores, tenham efetividade. Não basta o Estado desempenhar a proteção de pessoas que colaboram com a justiça, mas também deve fazer com que a contribuição seja eficaz e qualificada. Por isso se justifica a intervenção de técnicos especialistas em diversas áreas do conhecimento na resolução do problema, bem como buscar sistematizar o assunto em estudos individualizados.

O presente trabalho foi extremamente proveitoso para estudante, uma vez que, juntamente com o estudo das às unidades de apresentados pelo curso, pode construir seu saber na seara dos direitos humanos, sobretudo no que tange ao usuário de drogas em programas de proteção. O estudante, desempenhando a função de pesquisador, pode ampliar seu horizonte de conhecimento, o que favorece um melhor desempenho como profissional atuante na área de proteção a testemunhas e também prestar um melhor serviço em prol do indivíduo protegido e da sociedade que se favorece do testemunho.

Por fim, salienta-se, em que pese escassez de material bibliográfico relacionado ao uso de drogas nos programas de proteção, bem como sobre programas de proteção em si, este trabalho acadêmico funciona como um pequeno passo em direção ao desenvolvimento do assunto em tela. Alguns progressos podem ser considerados como obtidos, como exemplo a constatação da falta de legislação específica sobre o tema, bem como a falta de manuais e até mesmo políticas públicas voltados para a solução do problema.

CONCLUSÃO

O ordenamento jurídico brasileiro, em respeito a adoção dos Direitos Humanos adotou como função do Estado a proteção da integridade física, psíquica e moral de daqueles que figuram como testemunhas de infrações penais. Essa função típica do Estado é executada por programas de proteção na esfera federal e estadual. No bojo desses programas são inseridas pessoas comuns, como demandas comuns e com problemas comuns a todo indivíduo, sendo sua única peculiaridade dos demais, o testemunho de práticas criminosas. Dentre essas mazelas que sujeitam indivíduos, dentre e fora de programas de proteção, está o uso de drogas. Nos programas de proteção, e fora deles, essa prática gera para os indivíduos conseqüências de ordem jurídica, psicológica e social.

Os Direitos Humanos, que têm fonte histórica em diferentes formas de fundamentação, em cada uma delas presentes a igualdade e a dignidade da pessoa humana como norteadoras, foram adotados pela Constituição Federal como princípio fundamental da República da Brasil. Entende-se que os Direitos Humanos são inerentes a todos os indivíduos, pelo simples fato de serem humanos. Diante desse compromisso, o Brasil, após a criação do Programa Nacional dos Direitos Humanos em maio de 1996, estabeleceu o Sistema Nacional de Assistência a Vítimas e Testemunhas, bem como outros programas responsáveis proteção dos seres humanos. São eles, dentre outros: o Programa Nacional de Proteção a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas, o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas, o Programa Nacional de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos e o Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte.

No interior de um programa de proteção, em regra, ocorrem práticas humanas iguais as realizadas em ambientes externos. Uma das situações bastante corriqueira nos programas de proteção é a questão do uso indevido de drogas. Esse problema social, assim como todos os demais, envolvendo o ambiente de proteção, deve ser solucionado, ou pelo menos amenizado, por meio da intervenção dos agentes públicos que os executam, sobretudo, no que concerne às implicações jurídicas, psicologias e social para o indivíduo passivo da proteção.

Sob o ângulo do Direito, o uso de drogas nos programas de proteção, de forma geral gera a exclusão do protegido, como medida jurídico-administrativa. Além dessa conseqüência pode existir outra de cunho civil, e outra de natureza penal, uma vez que o uso de drogas ilícitas constitui crime, ensejando o dever do Estado de reprimir o delito previsto no artigo 28 da Lei 11343/06. Em face da ocorrência dessa infração penal surge um conflito de

direitos fundamentais: proteger e a integridade física da testemunha ou reprimir a prática de uma conduta delitiva excluindo-a do programa de proteção?

Por sua vez, para a psicologia, diante da constatação do uso contínuo de drogas nos programas de proteção, o primeiro passo no sentido à resolução do problema consiste na conscientização do sujeito de sua toxicomania, de sua condição de dependência do uso de drogas. Posteriormente, cabe aos técnicos dos programas entenderem a relação do sujeito com a droga, e dessa forma encontrar os motivos ou os não motivos para se deixar as drogas.

Por fim, os profissionais do serviço social, cumprindo seu papel na resolução do problema, devem adequar as políticas públicas voltadas para o combate e tratamento do uso de drogas dentro dos programas de proteção, mantendo o cuidado para não se contaminar com o frequente coexistência de um discurso discriminatório e de estratégias de culpabilidade e condenação moral, que culminam numa espécie de, segundo Veloso e outros autores, “morte social” dos sujeitos que apresentam problemas com drogas. Em regra, são vistas como pessoas “malditas, “marginais”, porque se inserem na prática transgressora e fora da lei do uso de drogas ilícitas.

Conclui-se que a problemática do uso indevido de drogas está pode está presente em qualquer local onde houver potenciais usuários, ou seja, onde haja pessoas, ainda se for dentro de programas de proteção que visam a manutenção da integridade física de testemunhas ameaçadas. Essa problemática deve ser solucionada com o trabalho interdisciplinar da autuação de agentes públicos, técnicos em diversas áreas de formação, dentre elas a jurídica e psicológica e a assistencial.

Documentos relacionados