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O presente capítulo apresenta e analisa as informações colhidas no decorrer do estudo, encontrando-se estruturadas conforme o esquema a seguir:

Caracterização da escola: a escola foi descrita fisicamente e em alguns aspectos do trabalho pedagógico desenvolvido em Matemática, abordando as atividades mais importantes para este estudo (as listas extras de exercícios, a Revisão para o PAS e o processo avaliativo na disciplina mencionada);

1. Discussão dos resultados das entrevistas individuais desenvolvidas com a Equipe Técnica da escola e com a Equipe de Matemática e dos grupos focais realizados com os alunos do Ensino Médio.

2. Descrição das observações das aulas de Matemática.

4.1 – Caracterização da Escola

A instituição escolar onde foi realizado este estudo de caso pertence à rede privada de educação do Distrito Federal e localiza-se na Asa Sul, Plano Piloto. Foi fundada na década de 1980.

Ela oferece Ensino Fundamental nos períodos matutino e vespertino e Ensino Médio no turno matutino. A instituição também oferece aulas de música, informática, laboratório (de química, física e biologia), educação artística, língua estrangeira, educação física e plantão para esclarecer dúvidas.

Com cerca de 2000 alunos no Ensino Médio, a instituição atende, majoritariamente, aos níveis sócio-econômicos alto e médio. São aproximadamente 780 alunos na 1ª série, 600 na 2ª e 550 na 3ª série do Ensino Médio. O número de turmas, em cada série, é, respectivamente, 17, 13 e 12, sendo que a média de alunos por turma é de 46.

A escola possui dois diretores pedagógicos-proprietários e dois administrativos-proprietários e seu Ensino Médio possui sete orientadoras educacionais e 47 professores. Destes sete ministram a disciplina Matemática (um coordenador e professor da disciplina e seis professores).

Dos sete professores de Matemática, dois são do sexo feminino e cinco do sexo masculino, incluindo aqui o coordenador da disciplina. As mulheres lecionam

na 1ª série, dois professores lecionam na 2ª, outros dois (inclusive o coordenador) na 3ª e um professor na 1ª e 3ª séries.

Em relação ao aspecto físico, a escola possui sete prédios (com um ou dois andares), sendo que quatro atendem aos estudantes do Ensino Médio; salas para professores; salas para orientação educacional; laboratórios de física, química, biologia e informática; quadras poliesportivas em ótimo estado de conservação e, em geral, acessíveis aos alunos; vestiários feminino e masculino; biblioteca; salas para estudo com monitores; salas para plantões das diversas disciplinas; auditório; restaurante; mecanografia; papelaria; ampla área verde e secretaria para atendimento ao público em geral.

Vale destacar a existência da secretaria de “vestibulares”, em que os alunos podem obter informações sobre os processos seletivos das instituições de Educação Superior de todo o país, evidenciando a função propedêutica do Ensino Médio da Escola.

As instalações físicas da escola são boas: as salas do Ensino Médio, em geral, são ventiladas e bem iluminadas. Todas possuem uma televisão, dois ventiladores, murais em que os alunos, professores, orientadoras e diretores colocam avisos, reportagens, fotos, etc. Entretanto, algumas salas não possuem espaço suficiente para a quantidade de alunos, ou seja, as carteiras (acolchoadas) ficam muito próximas umas das outras.

A escola possui um prédio onde se situam as salas que contam com a presença de monitores e alguns professores para auxiliar os alunos em seus estudos. São equipadas com ar condicionado e organizadas em salas de estudo individuais (com cabinas) e salas de estudo em grupo (com mesas redondas).

4.2 – Resultados das observações

As aulas de Matemática acontecem de forma tradicional, ou seja, aula expositiva e resolução de exercícios. Elas geralmente se desenvolvem das seguintes maneiras: aula teórica, quando o professor apresenta aos alunos algum conteúdo novo; resolução de exercícios, em que o professor resolve as questões junto com os alunos ou estabelece um tempo para que eles resolvam no mesmo momento em sala de aula e depois os soluciona; ou faz a resolução dos exercícios que os alunos solicitam porque encontraram algum tipo de dificuldade ao fazer em

casa. Essas aulas podem ser apenas teóricas, apenas resolução de exercícios ou as duas atividades mescladas.

Das 61 aulas observadas 21 foram teóricas (total ou parcialmente). Destas, em seis, aconteceu alguma forma de abordagem contextualizada; em quatro, alguma forma de abordagem interdisciplinar, e, em 11, não foi apresentada nenhuma dessas características. Em termos percentuais os valores são, respectivamente, 28,6%, 19% e 52,4%.

Cinqüenta e oito aulas com resolução de exercícios foram observadas. Destas, 30 tiveram resolução de exercício do livro didático; seis com resolução de exercícios das listas extras; uma com exercícios de provas de Matemática da escola; nenhuma com exercícios dos simulados de Matemática; 19 com exercícios da apostila de revisão para o PAS, e cinco com exercícios de outra fonte. Aconteceu de, na mesma aula, ter ocorrido mais de um tipo de resolução de exercícios ou ter “misturado” aula teórica com aula de resolução de exercícios.

Vale explicitar que os baixos índices de resolução de exercícios de provas de Matemática da escola e dos simulados ocorreram devido ao período de observação, já que a prática desse procedimento não coincidiu com a realização de simulados e provas, com exceção de uma aula observada na 2ª série no dia em que o professor entregou aos alunos testes corrigidos e optou por fazer as questões da avaliação no quadro.

Salienta-se ainda que apenas na 1ª série foram trabalhados exercícios advindos de outra fonte, que, por sua vez, era um livro adotado pela escola no início da implantação do PAS. Foi abolido por trazer exercícios e explicações “puras” de Matemática, sem a contextualização. Portanto, não atendia mais às demandas da escola e do PAS.

É fundamental para esta pesquisa destacar que, das 61 aulas de Matemática observadas, em 39 foi mencionado, de alguma forma, o Programa de Avaliação Seriada; em 24, foi mencionado o vestibular tradicional da UnB; em 18, o vestibular de maneira geral, e 19 foram aulas observadas já durante o período de Revisão para o PAS. Ou seja, o PAS foi mencionado em 63,9% das aulas observadas.

As menções ao PAS, de maneira geral, acontecem quando os professores falam sobre a possibilidade de determinado conteúdo ou determinada questão serem exigidos neste Programa.

Há de se destacar que a Revisão para o PAS trata-se de um período de um mês, em que seu eixo é a resolução de exercícios da apostila produzida pela própria escola. O caráter de ‘treinamento’ para o PAS – utilizando o termo dito pelos professores de Matemática – se acentuou nesse período. Em todas as aulas de revisão de Matemática para o PAS, o Programa foi mencionado. Entretanto, o mesmo não ocorreu nas aulas normais, já que nestas em 47,6% houve a menção. Portanto, pode-se dizer que, a cada aula da Revisão para o PAS, o Programa foi mencionado. Já no período de aulas ”normais”, a cada duas aulas houve a menção aproximadamente.

No que se refere à reação dos educandos em relação aos conteúdos ministrados, observou-se que os alunos se interessam mais pelo fato de que os conteúdos serão exigidos nas avaliações da própria escola. Os conteúdos serem objetos de avaliação do PAS torna-se secundário para os discentes. Estes se mostraram mais preocupados em alcançar boas notas nas avaliações e em passar de ano do que com o Programa, até porque este só acontece ao final do ano.

4.3 – Discussão dos resultados das entrevistas e grupos focais

A discussão dos depoimentos, a seguir apresentada, foi categorizada, como já mencionado, por tema: a) a finalidade do Ensino Médio; b) mudanças na escola e no trabalho pedagógico em geral; c) conteúdos da disciplina Matemática; d) avaliação. Cada tema foi subdividido por participantes da pesquisa, a saber: a) Equipe Técnica, que corresponde a um diretor e a duas orientadoras educacionais; b) Equipe de Matemática constituída pelo coordenador da disciplina de Matemática e por dois professores; d) discentes.

4.3.1 – Finalidade do Ensino Médio

Sabe-se que o Ensino Médio por ser a última etapa da educação básica e, portanto, a etapa imediatamente anterior à Educação Superior, sofre a influência direta dos exames admissionais que dão acesso às Instituições de Educação Superior.

Os resultados desta pesquisa ratificam essa afirmação. Tanto para o diretor quanto para as orientadoras educacionais, os professores de Matemática e os

alunos, a influência existe e está presente em vários aspectos do trabalho pedagógico, que serão explicitamente detalhados neste capítulo.

4.3.1.1 – Equipe Técnica

Quando questionada em relação à função do Ensino Médio, percebeu-se que a função propedêutica está presente nas respostas da Equipe Técnica, já que todos afirmaram que, dentre outras finalidades que serão explicitadas a seguir, ele também serve para preparar o aluno ao ingresso na Educação Superior.

Preparar o aluno para ingressar no Ensino Superior (Diretor).

No entanto, dois deles apontaram também uma outra função do Ensino Médio, a de preparar para o mundo do trabalho.

Preparação do aluno para exercer uma função no mundo adulto (DIRETOR). É preparar o adolescente para o mercado de trabalho, o mundo do trabalho (ORIENTADORA EDUCACIONAL B).

Indagados sobre o Ensino Médio na escola onde trabalham, todos afirmaram que a escola visa à preparação para a Educação Superior e dois mencionaram mais especificamente a preparação para o PAS:

Noventa e nove por cento de seus alunos [dos alunos da escola pesquisada] querem fazer ensino superior porque uma pessoa economicamente de maior poder aquisitivo, ela não aceita que seu filho não chegue ao ensino superior. (...) Então, o que se trabalha é ensinar o aluno a (...) saber enfrentar situações que vão ser colocadas dentro da universidade (DIRETOR).

Ainda mais agora, com o PAS, o Ensino Médio, eu acho que é literalmente uma preparação para o vestibular, né? (ORIENTADORA EDUCACIONAL A).

Ele é a preparação pro vestibular, pro PAS, é a preparação do futuro (ORIENTADORA EDUCACIONAL B).

4.3.1.2 – Equipe de Matemática

Quando questionada em relação à função do Ensino Médio, percebeu-se que a função propedêutica também estava presente nas respostas da Equipe de

Matemática (o coordenador da disciplina e dois professores), já que todos afirmaram que ele serve para preparar o aluno para ingressar na Educação Superior. No entanto, dois deles apontaram também uma outra função do Ensino Médio, a de preparar para o mundo do trabalho:

Seria pra dar uma formação básica pro aluno. Pra poder entrar, ingressar no curso superior com o nível mínimo de conhecimento (...) Mas hoje (...), no Ensino Médio, na minha opinião, tá se transformando aí num cursinho preparatório pra vestibular mesmo (PROFESSOR A).

Preparar para o ingresso na Universidade e para o mundo do trabalho (COORDENADOR).

Eu acho que o principal objetivo do Ensino Médio é dar ao indivíduo uma visão ampla de todo o conhecimento humano (...) ele vai ter uma visão ampla porque aí ele pode decidir qual dessas diversas áreas de conhecimento que ele vai ter interesse em seguir carreira, em aprofundar, né? (PROFESSOR B).

Indagados sobre o Ensino Médio na escola onde trabalham, todos afirmaram que a escola visa à preparação para a Educação Superior e dois afirmaram que a escola possui ainda uma preocupação com a formação para a cidadania e para a vida:

Se nós fizermos projetos maravilhosos, preparação para a cidadania adequada e esse menino não passar no vestibular, primeiro, ele não tá

satisfeito; segundo, o pai dele não tá satisfeito; terceiro, pra sociedade, a escola não é boa. Então, a escola precisa ter essa meta, agora ela não pode ter apenas essa meta, né? (PROFESSOR B).

Ele [o colégio] ta conseguindo conciliar as duas coisas (...): a filosofia dele [do diretor da escola] é preparar o aluno pra vida, não pro vestibular (PROFESSOR A).

Então, ele está sendo, ao mesmo tempo, preparado para exercer a cidadania, preparado para ingressar no mercado de trabalho, né? Mesmo que ele não siga os seus estudos com o ensino superior, ele tem que sair daqui do Ensino Médio em condições de se encaixar em algum lugar no mercado de trabalho (PROFESSOR B).

4.3.1.3 – Discentes

Quando questionados em relação à função do Ensino Médio, percebeu-se que a função propedêutica está presente nas respostas dos alunos (três séries do Ensino Médio), já que 47,4% delas afirmaram que ele serve para preparar o aluno para ingressar na Educação Superior. No entanto, as respostas apontaram também

para outras funções do Ensino Médio: preparar para a vida (21,5%); aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental (15,8%); preparar para o mundo do trabalho (7,9%); ser mais uma fase ou etapa da vida (7,9%), como nos exemplos abaixo:

Pra entrar na universidade (ALUNO DA 1ª SÉRIE).

Serve como um acréscimo pra vida (ALUNO DA 1ª SÉRIE).

Eu acho que é mais uma fase da vida como todas as outras (ALUNO DA 1ª SÉRIE).

É onde acaba sendo revisão de todas as matérias do ensino fundamental. É onde você se prepara pra um outro passo, que é a faculdade. É basicamente isso (ALUNO DA 1ª SÉRIE).

Bom, o Ensino Médio é mais uma preparação pra você descobrir o que você quer pra sua vida. Assim, tipo, pra você escolher a faculdade e a sua profissão (ALUNO DA 1ª SÉRIE).

Eu acho que o Ensino Médio é quando você começa a ter mais consciência de responsabilidade porque você tem que estudar mais, você tem que se empenhar mais em realizar todas as suas tarefas (ALUNO DA 2ª SÉRIE). Eu acho que o Ensino Médio, primeiramente, seria mais pra te preparar pro vestibular mesmo. Mas acaba te preparando pra vida, né? (ALUNO DA 2ª SÉRIE).

Ué, ele serve pra passar no PAS, né? Pra passar no vestibular (ALUNO DA 3ª SÉRIE).

É uma etapa da vida que todo mundo tem que passar (ALUNO DA 3ª SÉRIE).

Percebe-se que os alunos mencionaram as finalidades que a LDB preconiza. Entretanto, há uma distorção no que se refere à ênfase em certas finalidades. De acordo com as respostas dos estudantes e das equipes técnica e de matemática, pode-se concluir que o Ensino Médio, em sua prática, enfatiza a preparação para o exame de ingresso na Educação Superior, enquanto que a LDB não faz nenhuma distinção ou valorização de uma finalidade em detrimento da outra e também não reduz a preparação para o prosseguimento dos estudos à preparação para um exame de admissão. A Lei estabelece que o Ensino Médio deve possibilitar o prosseguimento dos estudos – e não preparar o educando apenas para exames de admissão à Educação Superior, consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, aprimorar o educando como pessoa humana,

promover a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos no ensino de cada disciplina.

Quando indagados sobre a razão pela qual escolheram a escola pesquisada para estudar durante o Ensino Médio, as respostas dadas pelos alunos se apresentaram nas seguintes porcentagens: a) ensino de qualidade (32,6%); b) escolha da família ou influência dos amigos (22,4%); c) maior aprovação no PAS (20,4%); d) boa preparação para o ingresso nas instituições de Educação Superior de qualidade (14,3%); e) preparação para a vida, para o futuro e para o mercado de trabalho (8,2 %). f) por já estudar na mesma escola desde o Ensino Fundamental (2%);

Vale destacar que as únicas categorias que apareceram em todos os grupos focais foram o ensino de qualidade e o bom desempenho da escola no PAS. Isso pode ser explicado pelo fato de que a escolha da família está intimamente relacionada com o ensino de qualidade oferecido pela escola. E este, por sua vez, possui relação direta com o bom desempenho da instituição quando se trata de aprovação no PAS e à boa preparação para o ingresso de seu educando em instituições de Educação Superior de qualidade. Observa-se novamente o caráter propedêutico do Ensino Médio e o papel relevante do PAS para a comunidade e para vida escolar dos educandos, pois ele se tornou, para a maioria, o objetivo da última etapa da Educação Básica.

Os exemplos a seguir mostram os critérios utilizados para a escolha da escola e evidenciam a importância do PAS para a comunidade local.

Porque ela tem os melhores resultados no PAS (ALUNO DA 1ª SÉRIE). É uma boa escola e que vai preparar a gente pro futuro (ALUNO DA 1ª SÉRIE).

É uma das melhores escolas de Brasília: [...] ensino é bem puxado e tem muita aprovação no PAS e no vestibular (ALUNO DA 1ª SÉRIE).

Foi a questão dos amigos e também a fama da escola (ALUNO DA 2ª SÉRIE).

Ela tem um bom preparo aí dos alunos pro ensino superior (ALUNO DA 2ª SÉRIE).

Por causa dos professores, da estrutura e tudo, do tipo de cobrança, de como eles enfocam o PAS (ALUNO DA 3ª SÉRIE).

Mas minha mãe me botou aqui pensando que eu fosse passar no PAS (ALUNO DA 3ª SÉRIE).

4.3.2 – Mudanças na escola e no trabalho pedagógico

4.3.2.1 – Equipe Técnica

Ao serem perguntados sobre a influência que o PAS provocou ou provoca na escola e em seu trabalho pedagógico, todos os membros da equipe técnica concordaram que ela existe e que aparece sob vários aspectos do cotidiano escolar:

Foi o conteúdo trabalhado em sala, a própria didática dos professores, o professor teve de mudar um pouquinho. O tipo de avaliação da escola. Não que nós fizéssemos uma avaliação próxima à do PAS, mas você tem que ter uma avaliação onde o aluno pegue a prova do PAS e sinta assim: bom, eu já fiz alguma coisa assim (ORIENTADORA EDUCACIONAL B).

Um dos aspectos citados concerne a alguns procedimentos presentes na primeira e segunda séries do Ensino Médio que, antes do PAS, aconteciam apenas na terceira série. É o caso da realização de simulados para as três séries do Ensino Médio que, antes da implantação do PAS, acontecia apenas para a terceira série, como ressalta o Diretor da escola:

Apenas a alteração de participação em simulado, onde a gente vai ensinar o aluno a enfrentar esse tipo de questão (DIRETOR).

Outro aspecto é a cobrança dos pais, da sociedade e dos próprios alunos em relação ao PAS desde a primeira série do Ensino Médio:

A pressão que as famílias estão exercendo sobre os meninos. (...) Agora, você tem uma prova que não deixa de ser uma prova de vestibular para alunos de 14, 15 anos. (...) O aluno encara como se fosse um vestibular (DIRETOR).

A cobrança é maior. Hoje a gente vê que os pais procuram a escola. (...) Mas o que eles querem saber mais: Como é que foi a aprovação de vocês no PAS? O que vocês fazem pelo PAS? Tem simulado? (ORIENTADORA EDUCACIONAL B).

Eu acho que as cobranças estão sendo cada vez mais cedo dos meninos, né? Então, assim, o excesso de conteúdo, o excesso de cobrança (ORIENTADORA EDUCACIONAL A).

Questionadas se o seu trabalho sofreu alterações após a implantação do PAS, as orientadoras educacionais afirmaram que houve mudanças e que estas se

refletiram principalmente nas atividades com os alunos de primeira e segunda séries à medida que se começou a falar de escolha profissional e de acesso à Educação Superior também nas duas primeiras séries do Ensino Médio e não apenas na terceira. Além disso, elas viram a necessidade de trabalhar a organização de um plano de estudos para esses alunos, visando ao PAS. Ou seja, o que acontecia apenas na terceira série, passou a acontecer desde a primeira:

Mudou e teve que mudar. Hoje você já fala em escolha profissional com aluno de primeiro ano. A escola, como um todo, voltou pra isso. Hoje, já se tem que trabalhar a 8ª série pensando no PAS (ORIENTADORA EDUCACIONAL B).

O que acontecia no terceiro, agora acontece desde o primeiro. Plano de estudo que a gora a gente anda fazendo bastante com o menino desde o primeiro ano, né? Antigamente, era uma coisa exclusiva do terceiro (ORIENTADORA EDUCACIONAL A).

Quando questionada sobre as ações que a escola desenvolve no trabalho pedagógico, visando à preparação do aluno para o PAS, a Equipe Técnica afirmou que esta é uma preocupação da escola e apontaram alguns aspectos: o enfoque que os professores dão às aulas, pois estão preocupados com o conteúdo do PAS e com o incentivo aos alunos durante as aulas, sempre mencionando e comentando as questões do Programa em sala de aula; a realização de simulados que aproximam os alunos da prova do PAS; a maneira como as provas da escola são elaboradas, pois se assemelham à avaliação do PAS, além de cobrar os conteúdos do Programa; o conhecimento dos professores em relação ao que é e como funciona o PAS e a revisão voltada para o PAS que a escola promove no último mês de aula para o Ensino Médio.

Como mostram as falas a seguir, observa-se que a escola desenvolveu um

know how próprio para trabalhar a preparação de seus estudantes para o PAS, já

que este é um Programa de interesse da comunidade local. Assim, os professores que lecionam na escola devem conhecer o Programa, seus conteúdos e objetivos e desenvolver seu trabalho pedagógico para atender às demandas do Programa, principalmente no que se refere aos conteúdos e às avaliações.

É o professor ter conhecimento do que é, como funciona o PAS pra não ficar aquela coisa cada um fala de uma coisa; eu acho que o próprio conteúdo; a organização e a distribuição das aulas; a própria carga horária;

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