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SEÇÃO 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

1 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES GERAIS

Apesar da vantagem apresentada no primeiro ano do estudo pelo pomar clonal de sementes – PCS em termos de produção média de cones e quantidade de sementes produzidas por individuo em relação à área de produção de sementes – APS, no segundo ano do estudo a variação apresentada não foi suficiente para caracterizar uma diferença estatisticamente significativa. Nas duas áreas existiram matrizes/ clones que diferiram estatisticamente dos demais em termos de produção de sementes e não se observou qualquer padrão de produtividade, de forma que nem sempre os melhores indivíduos em um ano ocuparam posições de destaque no ano seguinte. Desta forma não é possível definir qualquer tendência de produtividade por área e nem por matrizes/clones de uma mesma área.

As sementes produzidas pelo PCS foram maiores quando comparadas às sementes da APS. Uma das razões atribuídas para o fato de pomares clonais produzirem sementes maiores que áreas de distribuição natural é o tamanho das copas. No estudo realizado por NOLAND et al. (2005) com Pinus strobus, os autores avaliaram a variação natural de sementes da espécie com relação ao tamanho, forma e classe de copa das árvores matrizes. As sementes foram maiores nas árvores com copas dominantes, maior porção de copa viva e menor relação entre altura e diâmetro.

Em termos de propriedades tecnológicas dos lotes de sementes a porcentagem de germinação foi maior para as sementes oriundas da APS (85%) que do PCS (67%). O número de sementes por quilo do PCS (38.483) foi estatisticamete superior ao da APS (34.890), ou seja, matrizes da APS produziram sementes mais pesadas que os clones do PCS, mesmo sendo menores em tamanho. Nas duas áreas existe diferença significativa na germinação, índice de velocidade de germinação - IVG e número de sementes por quilo das diferentes matrizes. Não existiu correlação entre a distribuição do tamanho das sementes e o número de sementes por quilo das famílias avaliadas. Conclui-se com isso que nem a distribuição dos tamanhos das sementes nem o número de sementes por quilo são indicativos do potencial germinativo do lote: a indicação das famílias que o compõem é o melhor indicativo deste potencial.

A formação de lotes de sementes de diferentes tamanhos não trouxe qualquer prejuízo ou vantagem do ponto de vista do ganho genético. Desta forma, apesar de alguns estudos apresentarem situações drásticas, como por exemplo, SILEN e OSTERHAUS (1979) com Pseudotsuga menziesii, onde 16 das 18 famílias avaliadas foram afetadas em diversos graus pela classificação de sementes (e seis perderiam mais de 50% de suas sementes com a desclassificação das sementes menores) é necessário observar o quanto essa mudança realmente reflete no valor genético do lote. No entanto deve-se considerar que os clones avaliados apresentaram um valor genético bastante semelhante. O mais alto valor genético foi de 20,6 cm (C 5) e o mais baixo foi de 19,6 cm (C 9), sendo a média 20,1 cm, nos dois anos. Caso esse valor fosse mais discrepante a influência das diferentes freqüências de cada clone no lote de sementes produziria maior efeito sobre o valor genético final do lote de sementes.

Ao uniformizar lotes de sementes pelo tamanho das sementes verificou-se que aqueles compostos por sementes maiores tiveram maior germinação e IVG. Uma vez, porém, que foi verificada uma maior porcentagem de germinação em sementes da APS, em geral de menor tamanho quando comparadas ao PCS, conclui-se que a diferença possa ser devido às famílias que formaram o lote de sementes o teste – todas oriundas do PCS. Mais importante que o tamanho da semente de origem é, portanto, a identidade das famílias que compõem o lote de sementes e em que proporção.

Esse fato fica ainda mais claro ao ser verificado que em viveiro não existiu influência do tamanho da semente nem na porcentagem e velocidade de emergência nem na biomassa seca das mudas. Para altura e diâmetro de colo, apesar de significativas, as diferenças entre os tamanhos de sementes na prática não merecem consideração. DUNLAP e BARNETT (1984) trabalhando com P. taeda também verificaram diferenças significativas na altura de mudas originadas das diferentes classes de sementes, 11 semanas após a semeadura. A vantagem por eles encontrada na altura das mudas originadas das sementes maiores sobre as mudas originadas das sementes menores, entretanto, foi de 30%, bastante superior ao aqui reportado. Na prática uma diferença de 1 cm (o que representou menos de 10% neste estudo) não justifica qualquer iniciativa de classificação de sementes por tamanho em viveiro. Por outro lado, a diferença superior a 20% na altura média de

mudas de diferentes famílias da APS e do PCS justifica a separação de sementes por família no momento da semeadura. Neste estudo, a separação de lotes de sementes segundo a família parece ser a única alternativa eficaz para a obtenção de canteiros com desenvolvimento uniforme, o que facilita o controle do crescimento e a classificação de mudas por ocasião do plantio.

Também no campo não se observou qualquer influência significativa do tamanho da semente na sobrevivência das mudas ou no crescimento em altura nove meses após o plantio. Mais uma vez ficou claro que é a diferença entre famílias que deve ser considerada.

Concluí-se, portanto, que o do tamanho da semente apesar de ter influência significativa para as propriedades tecnológicas do lote de sementes (germinação, IVG e número de sementes por quilo) não tem qualquer influência no desenvolvimento em viveiro (onde apesar de significativas as diferenças na altura e diâmetro de colo foram mínimas) e em campo. Recomenda-se, portanto, que a semeadura em viveiro seja conduzida por família para maior homogeneidade de crescimento e que seja feito o agrupamento de famílias de desenvolvimento semelhante na ocasião do plantio, sem a preocupação com o tamanho de semente de origem.