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SEÇÃO 1 ASPECTOS GERAIS

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.3 FATORES QUE INFLUENCIAM O TAMANHO OU PESO DE SEMENTES

O tamanho da semente é considerado um dos caracteres fenotípicos mais estáveis (PUCKRIDGE; DONALD, 1967; GALLAGHER et al., 1975). Juntamente com o tamanho, o peso é um dos principais parâmetros utilizados na classificação de sementes. São parâmetros altamente correlacionados entre si. A classificação por tamanho é mais rápida, porém o peso é mais apurado para determinações individuais (CHAISURISRI et al., 1992).

Segundo CLAIR e ADAMS (1991) em coníferas a variação na média do peso de sementes coletadas de diferentes árvores fêmeas é uma conseqüência de três fatores 1. a média do genótipo diplóide do embrião; 2. a média do genótipo haplóide do megagametófito, e 3. os efeitos ambientais comuns à árvore mãe. Os últimos dois fatores dizem respeito à planta-mãe. O tegumento da semente (2n), herdado apenas da planta mãe, também é determinante nos fenômenos de dormência e germinação de sementes (EL- KASSABY et al., 1992). Ainda, segundo BARNETT (1996) temos que menos de 15% do peso de uma semente de conífera é ocupado pelo embrião, que é a única porção da semente com um componente genético da planta masculina.

2.3.1 Fatores Ambientais

O tamanho da semente ou o vigor do embrião podem aparentemente ser aumentados por tratos culturais aplicados aos pomares de sementes e áreas de produção de sementes. O ambiente no qual a árvore matriz está exerce uma influência considerável no tamanho das sementes produzidas (SHEN et al., 1981). Em espécies de coníferas, rametes enxertados em pomares de sementes têm produzido sementes maiores que aquelas coletadas dos ortetes originais (SORENSEN; CAMPBELL, 1985). POWELL e WHITE (1994) analisando lotes de sementes advindo de pomares maduros de P. elliotti e lotes oriundos de áreas naturais constataram que sementes de pomares eram aproximadamente 15% maiores que sementes produzidas em plantações e áreas naturais. Sementes de P. sylvestris provenientes de pomar clonal foram 56% maiores que sementes dos ortetes segundo HADDERS (1963) e de acordo com o estudo de PARKS (1978), sementes de P. ponderosa provenientes de um pomar clonal foram cerca de 35% mais pesadas que sementes de áreas de distribuição natural da espécie.

Algumas justificativas para o fato de sementes maiores serem produzidas nos pomares e não em regiões de distribuição natural da espécie são diferenças de fotoperíodo, tamanho de copas, estações de crescimento e teor de umidade, e fertilidade, tudo isso mais favorável em pomares (SORENSEN; CAMPBELL, 1985).

No estudo conduzido por GRIFFIN (1975) foi avaliada a diferença entre sítios no número de sementes por quilo para P. radiata. Os melhores sítios (bons níveis de fertilidade e chuva abundante) produziram lotes de sementes com 14.500 sementes/ kg, enquanto que sítios mais pobres produziram lotes com 19.000 sementes/ kg, menores, portanto.

O tamanho das sementes varia com a fonte genética e geográfica, e as práticas de fertilização comumente utilizadas em pomares de semente geralmente aumentam o tamanho das sementes. MORGENSTERN (1969) encontrou correlações para Picea mariana entre as condições de umidade, temperatura e comprimento do dia no local de colheita de sementes e o tamanho das mesmas.

Fatores inerentes à própria posição das sementes na inflorescência e tamanho do cone influem no tamanho das sementes produzidas. Em coníferas, por exemplo, é sabido que as maiores sementes ocorrem geralmente na porção mediana

do cone (CHAISURISRI et al., 1992). No estudo realizado por MATZIRIS (1997) em dois anos consecutivos em um pomar clonal composto por 76 famílias de P. halepensis os resultados mostraram a existência de uma variação genética significativa entre clones para peso úmido e seco de cones, número e volume de sementes extraídas, peso e volume de 1000 sementes, porcentagem de sementes viáveis e comprimento e largura de cones, sementes e asas das sementes. Quanto maior e mais pesados os cones, maior e mais pesadas as sementes que estes continham. As correlações encontradas entre anos mostraram que a produção, tamanho e qualidade de sementes nos clones são características geralmente estáveis entre um ano e outro.

No estudo realizado por SORENSEN e CAMPBELL (1985) com Pseudotsuga menziesii, sementes provenientes de estróbilos isolados com sacos tipo kraft antes da iniciação floral apresentaram maior peso que sementes oriundas de polinização aberta. Quanto maior o período de permanência do estróbilo em isolamento, maior foram as sementes. Na média, 10 dias de isolamento aumentaram o peso da semente em 1%. Diferentes famílias responderam de modo diferente ao isolamento. A proporção estimada da variância para diferentes fatores e interações foram 75,9% para famílias, 20,3% para o período de duração do isolamento, 3,1% para a interação entre famílias e duração do isolamento, e 0,7% para sub-amostras.

Um aumento no peso da semente de 55% para P. elliotti (MARGEN; VOIGHT, 1960) e 39% para Acer sacchrarum foram obtidos através da aplicação de fertilizantes (CHANDLER, 1938).

2.3.2 Fatores Genéticos

O tamanho da semente parece estar sob forte controle genético (BAGHI et al., 1990), principalmente de origem materna, uma vez que a maior parte da dos componentes das sementes são de origem materna (TYSON, 1989; LINDGREN, 1982). Variação e herdabilidade para tamanho de sementes têm sido documentadas para um grande número de espécies, tais como Picea glauca (HELLUM, 1976), Acacia Holosericea (HELLUM, 1990), Pseudotsuga menziesii (CLAIR; ADAMS, 1991), P. sylvestris (LINDGREN, 1982), Santalum album (BAGCHI; SHARMA, 1989) e Acacia spp. (BAGCHI et al., 1990).

No estudo conduzido por OMOKHAFE e ALIKA (2004) analisou-se o comprimento, largura, volume e peso das amêndoas produzidas por 21 clones de Hevea brasiliensis aos 15 e 16 anos de idade. A interação entre clone e ano foi significativa e claramente manifesta na razão entre o comprimento e a largura das sementes. A herdabilidade estimada para comprimento da semente foi de 96%. Correlações significativas foram encontradas entre as características, indicando a possibilidade de ganho simultâneo em todas as características quando a seleção é aplicada em apenas uma delas.

LINDGREN (1982) estudando a variação do peso de sementes de 34 clones de P. sylvestris praticamente não encontrou sobreposição para o peso das sementes entre os clones com as sementes mais pesadas e os clones com as sementes mais leves. HELLUM (1976), também encontrou uma grande variação na distribuição de tamanho e peso de sementes de nove famílias de Picea glauca em dois anos consecutivos. A proporção de sementes de cada categoria de peso em cada clone não diferiu muito entre um ano e outro. O autor concluiu que a prática comum de se utilizar somente as sementes mais pesadas para a produção de mudas elimina uma grande porção da variabilidade genética do lote de sementes.

GRIFFIN (1975) avaliou 14 rametes de 30 clones de P. radiata e encontrou uma variação de 10.800 a 21.200 sementes por quilo em rametes do mesmo clone, dependendo do clone. A variação entre clones foi ainda maior.

SHEAR e PERRY (1985) encontraram diferenças significativas entre 19 clones de P. taeda no peso total das sementes, peso do tegumento, teor de lipídios e peso das mudas produzidas. O peso médio das sementes produzidas pela matriz na primeira posição do ranking foi 76% superior ao peso médio das sementes produzidas pela matriz classificada na ultima posição do ranking de produtividade (0,039g e 0,0221g, respectivamente). Os autores verificaram que estas diferenças podem refletir apenas a variação do peso do tegumento e não necessariamente a variação do conteúdo de substâncias de reserva, como citado por vários autores. Sugeriu-se para controle do tamanho da futura muda gerada a semeadura por clone de origem ao invés da semeadura por tamanho de sementes.

2.4 INFLUÊNCIA DO TAMANHO E PESO DAS SEMENTES NA GERMINAÇÃO E