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O estudo apresentou originalidade porque forneceu dados que avaliam o curso de medicina pelos alunos do primeiro ao sexto ano, com ênfase na educação geral, o que ainda não havia no Brasil. Embora não tenha sido uma avaliação 360º136, além

dos discentes, ouviram-se também docentes, assistentes pedagógicos e coordenadores.

O desenho da pesquisa inovou, articulando a abordagem qualitativa dos dados dos questionários discentes com as entrevistas dos responsáveis pelo ensino (docentes, assessores pedagógicos e coordenadores de curso). Não foram encontrados estudos publicados com este modelo.

O caderno de perguntas também mostrou originalidade por ser um instrumento metodológico que pode ser reproduzido em outros estudos, inclusive anualmente, com a possibilidade de realizar um estudo longitudinal.

Como visto na revisão da literatura, a departamentalização teve início em 1868 e favoreceu enormemente o desenvolvimento científico, porém desfavorecendo a integração. As duas escolas médicas estudadas foram criadas e tiveram sua história regida por esta lógica predominante.

A integração prevista no terceiro modelo de educação geral e que busca formar um bom profissional cidadão34 foi estimulada pela LDB17 e, claramente, pelas DCN de

2001 e 201418,19

A DCN de 2001, vigente quando o projeto desta pesquisa foi desenhado, definia em seu terceiro artigo, que se espera graduar um “médico, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a atuar, pautado em princípios éticos, no processo de saúde-doença em seus diferentes níveis de atenção”18. Ainda previa que

isto se desse “por meio de ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação à saúde, na perspectiva da integralidade da assistência, com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do ser humano”18.

A Diretriz de 2014 reforça esses objetivos, detalhando como deve se dar a contextualização do estudante nos diferentes cenários de aprendizagem e o necessário envolvimento com a saúde coletiva19, tendendo para uma formação mais

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Tanto o curso de medicina da UFBA como o da Unicamp optaram por adotar um currículo modular que busca manter os benefícios adquiridos no processo de especialização promovido pela criação dos departamentos, mas integrar de forma vertical e horizontal os conteúdos a serem ensinados56,59.

Assim, a palavra Integração parece sintetizar os objetivos da educação geral, do currículo modular e do necessário relacionamento entre o ensino e o serviço, onde acontece a atuação profissional, de forma a atender as demandas das DCN.

Os alunos da UFBA tiveram melhor desempenho nas questões de conhecimentos gerais, tanto no Enade de 2010 como de 2013. Isto condiz com a impressão da maioria dos alunos desta IES sobre sua missão: fornecer conhecimentos úteis à sociedade e desenvolver habilidades intelectuais.

Esta pesquisa buscou, entre outros aspectos, avaliar, a partir da percepção dos diferentes atores, se o curso médico de suas Escolas favorece esta formação geral para o futuro profissional. Nesse contexto, a formação geral é sinônima de educação geral como a “raiz; o instrumento gerador de toda formação, quaisquer que sejam seu conteúdo e finalidade”33.

Optou-se por um estudo descritivo, com questões estruturadas e abertas no questionário discente e entrevistas semiestruturadas para os responsáveis pelo ensino considerando que isto poderia levar à compreensão de dados quantitativos110,112 em razão da abordagem qualitativa107,115.

Para isto, foi usado o “multimétodo” ou “triangulação”104,112 que resulta da

combinação de métodos e de dados quantitativos e qualitativos, conectando as descobertas promovidas por ambos. As diferentes perspectivas trataram de um mesmo fenômeno. Enquanto a abordagem quantitativa objetivou destacar indicadores e tendências observadas, a abordagem qualitativa destacou valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões, de acordo com Flick (2009)108.

As análises quantitativa e qualitativa dos dados obtidos pela aplicação do questionário (n=1041) e pelas entrevistas (n=26), com base nos objetivos propostos, permitiram sintetizar relevantes aspectos. O número de respondentes foi superior àqueles definidos nos cálculos amostrais, com 471 discentes da UFBA e 570 da Unicamp.

A aplicação de questionários121 respondidos em formato impresso e os

enviados eletronicamente não geraram diferença significante nos resultados, como observado por Bongers e Van Oers (1998) quando aplicaram um questionário sobre

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o consumo de álcool133. Shafer e Dillman (1998) realizaram estudo aplicando

diferentes formas de contato com respondentes e concluíram que “técnicas utilizadas em survey por correio são igualmente válidas para surveys por e-mail”134.

Os questionários discentes deste estudo foram aplicados online ou respondidos na UFBA e Unicamp presencialmente com cópias impressas, porém apenas 12,5% e 11,7%, respectivamente, foram obtidas da primeira forma.

Os dados que caracterizam os estudantes das duas IES apresentam semelhanças, como era de se esperar. A percentagem de cada gênero reflete os resultados de estudos realizados em outras escolas médicas, com predominância do feminino, apresentando pouca diferença em relação ao masculino, o que é ratificado pelos dados demográficos da área médica no país50.

Houve grande número de discentes participantes, com 60% dos graduandos do curso médico da UFBA e 79% dos da Unicamp. Houve maior participação dos alunos do período Básico, com 56,1% da UFBA e 38% da Unicamp, particularmente do primeiro ano, em ambas as IES.

Com relação à faixa etária, na UFBA observa-se uma presença maior de estudantes com mais de 30 anos, representados por 6% dos respondentes, enquanto na Unicamp, a mesma faixa etária apresenta menos de 1% dos alunos.

As percepções dos discentes variaram entre os períodos Básico, Pré-Clínico e Clínico no que diz respeito ao grupo de questões sobre educação liberal / geral, registrando-se níveis de concordância e alguma discordância entre os discentes das duas Escolas Médicas. Saliente-se que não foi apresentada uma conceituação de educação geral aos respondentes e entrevistados, porque interessava conhecer suas percepções, uma vez que tais percepções podem promover uma forma de avaliação interna, identificando aspectos cognitivos e não cognitivos junto a todos os atores envolvidos no processo de ensino aprendizagem70.

A avaliação interna como forma de avaliação institucional, segundo Dias Sobrinho (2007) “não se esgota em nenhum relatório interno ou externo, nem em um único e isolado olhar. Deve ser dinâmica e prospectiva, contínua e aberta, como a realidade que ela quer compreender e transformar”10.

Nas duas Escolas, os alunos do Período Básico foram os que mais responderam e houve um equilíbrio entre o número de características positivas e negativas, todavia, verifica-se que o Período Básico da UFBA apresentou maior

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número de características negativas, fato que verifica possivelmente em razão do maior número de respondentes do período.

Na Unicamp, poucos respondentes afirmaram ter cursado disciplina em outro Instituto ou Faculdade durante o curso. Contudo, é importante ressaltar que, desde 2013, alunos que entraram pelo ProFis (Unicamp, 2010) cursaram dois anos de disciplinas em diferentes áreas. Na UFBA, mais de 20% dos alunos cursaram disciplinas fora da Faculdade de Medicina.

O contato com outras culturas, com outras áreas do conhecimento e a precoce inserção no mundo do trabalho para conhecer como poderá ser sua atuação como cidadão efetivo na área médica refletem uma educação liberal / geral3,7,36.

O número total de intercambistas foi muito grande, porém este número é bem maior na UFBA (8,9% contra 3,1% da Unicamp). Isto também pode estar relacionado à melhor formação geral observada na UFBA.

Mas nas duas Escolas os percentuais apresentaram crescimento do período Básico até o Clínico, o que pode sugerir um amadurecimento dos estudantes ao longo do curso. Dentre os países onde realizaram o intercâmbio, os alunos da UFBA referiram Canadá, Austrália, Suécia, Irlanda, Inglaterra, França, Espanha, e os da Unicamp participaram de intercâmbio na Polônia, Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Escócia, Alemanha e Canadá. Apesar dos alunos de ambas Escolas se queixarem da falta de tempo para outras atividades, há alunos que cursaram disciplinas em Economia, Física, Música, Bacharelado Interdisciplinar em Saúde, Direito, Matemática (Cálculo I e Geometria Analítica).

Nas duas IES há contato com pacientes desde o primeiro ano. Na UFBA, os alunos que mais referiram contato com pacientes foram os do período Pré-clínico (86,6%), seguidos do Clínico (83,3%) e Básico (72,3%), enquanto na Unicamp, os alunos do Período Clínico foram os que mais referiram tal contato (94,0%) sendo possível observar uma distribuição uniforme dos percentuais nos dois outros períodos (74,1%, 64,6%, respectivamente). Desta forma, ambas proporcionaram integração de teoria e prática. Entretanto, a literatura refere a carga de estresse e de angústia gerada nos jovens alunos nessa fase inicial do curso de Medicina82.

Neste contexto, as respostas refletem a literatura acerca da educação geral como um instrumento de formação independentemente de seu conteúdo ou finalidade33, assim como a emergência global da educação geral no resto do mundo36

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A maioria dos alunos das duas Escolas reconhecia ter recebido o conteúdo de Ética na Ciência e Profissional. Os alunos puderam assinalar também os períodos já cursados. Apesar do eixo longitudinal de ética, alunos referiram seu estudo nos períodos Básico e Pré-Clínico, com menor prevalência no período Clínico. Isto pode estar relacionado ao fato de os alunos estejam distinguindo o que seja a disciplina de Ética ministrada nos três primeiros anos do curso e os conteúdos que perpassam os anos seguintes do curso. Como o fato foi verificado nas duas Escolas, trabalhos futuros poderão ampliar o entendimento desses achados.

Acerca dos conteúdos de Ética, o Relatório Síntese da primeira edição da Anasem (2016) aplicada aos alunos do segundo ano, em todas as Escolas Médicas, informou que “A prova de 2016 também revelou que há necessidade de melhor investigar o domínio de conteúdos relacionados aos princípios da ética e bioética, a conceitos de vigilância em saúde e aos referenciais do SUS”102. As falas dos alunos

refletem:

“Amadurecimento e formação ética” (UFBA, 284).

“Integração importante do eixo ético humanístico” (UFBA, 100). “Formação da parte humanística do aluno” (Unicamp, 414). “Aprendizado em relação a questões humanas/reflexões” (Unicamp, 476).

A missão da IES também integrou o conjunto de questões relacionadas à educação liberal / geral por refletir os ideais buscados pelos discentes quando optaram pela Instituição. Na pergunta (tabela 6), foram reunidos os alunos dos três períodos de cada Escola e os resultados foram muito interessantes, tanto que convidam para a continuidade da pesquisa visando a ampliação dos resultados obtidos. Há concordância entre as duas Escolas para a missão “Fornecer

conhecimentos úteis à sociedade e desenvolver as habilidades intelectuais do

homem” (38,9%, UFBA e 40,7%, Unicamp) e a mesma concordância indica um baixo

percentual quanto à missão de “Formar o homem e desenvolver suas habilidades

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as duas Escolas faz sentido uma “formação aplicada à sociedade”, em consonância com o modelo de Educação Geral centrado na cidadania efetiva33.

Todavia, as Escolas apresentam discordância quanto às duas outras missões, enquanto a UFBA prioriza a missão de “Formar, em nível inicial e avançado, os

profissionais demandados pela sociedade e pelo mercado” (35,4%), a Unicamp

prioriza “Formar novas gerações de pesquisadores e fazer avançar o conhecimento” (43,6%), escolha que reflete o campo das pesquisas científicas e a inserção dos alunos em projetos em grupos coordenados pelos docentes/pesquisadores da IES. As falas dos discentes consolidam suas percepções acerca da missão:

“Desenvolvimento de habilidades e conhecimentos necessários à

prática médica” (UFBA, 340).

“Discussão a respeito de questões da sociedade e culturais” (UFBA, 49).

“Aulas com foco na formação humana” (Unicamp, 432).

“Preocupação da formação sociológica com visão voltada para a saúde” (Unicamp, 555)

A partir da literatura selecionada no estudo, quatro asserções foram criadas para refletir o objetivo de cada período do curso (tabela 7). Estes objetivos guardam relação com a missão da IES (tabela 6). Os alunos indicaram quais deveriam ser os objetivos de cada período do curso e as respostas sugerem aproximações e diferenciações para cada um deles.

Não houve consenso quanto aos objetivos, entre os períodos das duas Escolas Médicas. Na Unicamp, os alunos respondentes dos três períodos concordam fortemente com o objetivo “Concepções fundamentais e métodos científicos das

disciplinas” (88,9%, 85,0% e 90,1%), enquanto na UFBA, verificou-se maior

concordância entre os alunos do Pré-Clínico e do Clínico (76,9% e 71,4%). Dentre os objetivos apontados pelos alunos da Unicamp, “Abordagem interdisciplinar, com

temas e problemas da sociedade contemporânea” e “Ideias e descobertas de um

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períodos Básico (73,7% e 70,0%) e Clínico (83,5% e 88,8%), respectivamente; enquanto para os alunos do Período Pré-Clínico da UFBA, a “Abordagem

interdisciplinar, com obras clássicas” foi assinalado como objetivo de 87,8%. As

aproximações com todos os objetivos apresentados, em maior ou menor grau, sugerem a integração de saberes buscada pelos estudantes ingressantes, mas que se prolonga ao longo do curso3.

Esses achados do estudo podem refletir os anseios dos alunos das duas Escolas que se encontram num processo de amadurecimento no terceiro e quarto anos e que reconhecem a relevância das disciplinas, os aproximando de um modelo de educação centrado em disciplinas3,32.

O posicionamento dos alunos do Período Clínico, nas duas Escolas, podem refletir a proximidade com a conclusão do curso e a conscientização de sua inserção no mundo do trabalho, onde terá que exercer a integração de saberes, por meio da cidadania efetiva3,32.

Algumas das falas que podem ser relacionadas aos objetivos assinalados, nas duas IES:

“A apresentação de casos clínicos e seminários torna o aprendizado mais fácil” (UFBA, 110).

“Muita aplicação prática do conteúdo” (UFBA, 488).

“Integração das diversas áreas do conhecimento” (Unicamp, 446). “Interdisciplinaridade (várias fases de um mesmo aparelho dadas ao mesmo tempo)” (Unicamp, 470).

O mesmo conjunto de asserções da tabela 7 foi apresentado aos alunos, numa questão ao final do instrumento (Q. 27), para que o respondente pudesse avaliar, numa escala Likert, quais deveriam ser os objetivos prioritários de cada período do curso, ou seja, naquela tabela, encontra-se a avaliação do real e na 8, a avaliação do ideal.

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Interessante observar que houve uma adesão maior de respondentes à questão relativa a como deveriam ser os objetivos, ou seja, os alunos se manifestaram mais na gradação de um modelo ideal, segundo suas percepções.

Há uma satisfação maior das disciplinas do Básico e do Pré-Clínico na UFBA, para a formação profissional, quando reunidos os que se encontram satisfeitos com os muito satisfeitos (61%, Básico e 55,1%, Pré-Clínico), mas na mesma IES, os alunos do Clínico não discordaram e nem concordaram, fato que sugere um posicionamento nem positivo e nem negativo. Os alunos da Unicamp parecem mais satisfeitos com as contribuições do período Clínico (62,4%) e, quando somados os satisfeitos com os muito satisfeitos, tanto os alunos do Período Básico (43,2%) como no Pré-Clínico (43,3%) encontram-se satisfeitos.

Essas contribuições das disciplinas para a formação profissional, em maior ou menor grau nas duas Escolas, podem ser refletidas nas falas dos alunos e representa uma tendência ao modelo de educação centrado em disciplinas4,33:

“Professores preparados para ministrar disciplinas” (UFBA, 61). “Disciplina de clínica do terceiro semestre e aulas muito instrutivas com professores competentes” (UFBA, 63).

“Disposição dos docentes para responder a diferentes questões” (Unicamp, 580).

“Ensino de práticas que têm relação entre si simultaneamente” (Unicamp, 405).

Quanto às contribuições das disciplinas para a formação cultural, na sua maioria, os alunos da Unicamp estão insatisfeitos ou preferiram não opinar, mas, quando somados os satisfeitos com os muito satisfeitos, 48,3% do Período Pré-Clínico encontram-se satisfeitos. Quanto aos alunos da UFBA, é evidente sua insatisfação, exceto no período Clínico, no qual mais de 70% não quiseram opinar. As falas dos alunos das instituições refletem sua posição quanto à falta de tempo para outras atividades:

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“Pouco tempo para realização de cursos extracurriculares” (UFBA, 393).

“Muita teoria, pouca prática, principalmente nas matérias de eixo humanístico e de medicina social e clínica” (UFBA, 219).

“Pouca formação humanística” (Unicamp, 562). “Não há tempo para fazer amigos” (Unicamp, 575).

Fieldler (2008), ao referir outros estudos, traz a questão relativa às adaptações pelas quais os alunos do curso de Medicina passam na fase inicial de curso, tais como “diminuição da socialização e da prática de exercícios físicos, além de aumento da depressão e consumo de álcool”82.

As finalidades da educação superior17 e as diretrizes curriculares18,19 integram

o processo de ensino aprendizagem da educação médica. Nesse processo, habilidades são constantemente aprimoradas, não só durante a formação acadêmica, mas também ao longo da atuação profissional44,47. Nos dados da tabela 10, os

estudantes referiram o nível de concordância acerca das habilidades aprimoradas em cada período do curso, portanto, os alunos de todos os períodos puderam se posicionar numa escala de cinco níveis (CN = Certamente não, PN = Provavelmente não, NTO = Não tenho opinião, PS = Provavelmente sim, CS = Certamente sim).

Nas duas escolas verifica-se que o nível de concordância é alto em relação à maioria dos constructos, quando somados “PS = Provavelmente sim e CS = Certamente sim” que alcançam percentuais superiores a 40%, para os três períodos nas duas Escolas: análise crítica, avaliação e resolução de problemas, escrita e

leitura, leitura em uma língua estrangeira, pensamento criativo, raciocínio lógico e argumentação, uso de ferramentas computacionais. Entretanto, os alunos do Básico

nas duas Escolas assinalaram sua discordância em percentuais de mais de 30% nos constructos análise crítica, avaliação e resolução de problemas, leitura em uma língua

estrangeira, pensamento criativo e uso de ferramentas computacionais.

Com relação aos respondentes que assinalaram NTO = Não tenho opinião, trata-se de neutralidade aceitável em questões com escala Likert, evitando a avaliação enviesada para duas alternativas positivas e duas negativas120. Porém, aparecem

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mais nos internos, o que pode significar menor disposição destes alunos a se posicionar, optando pela neutralidade.

Em relação às habilidades aprimoradas chama a atenção que a maioria dos alunos das duas escolas está satisfeita ou muito satisfeita, exceto os alunos do Básico da UFBA em relação ao pensamento criativo que, nas duas escolas estão insatisfeitos. No Clínico da Unicamp, a maioria dos alunos encontra-se satisfeita. Um número expressivo de alunos do Básico das duas instituições estava insatisfeito com

Avaliação e Resolução de Problemas, leitura em língua estrangeira e uso de ferramentas computacionais. Os das duas Escolas apresentaram satisfação em

relação à análise crítica. Tais habilidades integram as finalidades do curso superior38

e as DCN e guardam aproximação com as habilidades preconizadas pela educação geral58.

Quanto às questões mais específicas acerca da Educação Geral, ainda que no questionário não se tenha apresentado seu conceito aos alunos, estes quando nos primeiros anos do curso, apresentaram maior número de respostas que possibilitam deduzir que entendem a educação médica como formadora de profissionais que atuem na sociedade7, independentemente de consenso entre as duas IES.

A escrita e leitura e leitura em uma língua estrangeira mostram-se essenciais para os cidadãos inseridos num mundo globalizado, todavia, neste aspecto, as duas Escolas encontram-se insatisfeitas, sugerindo uma preocupação com uma formação mais ampla, uma formação geral que os habilite a uma atuação reflexiva, inclusive, por meio de competências como raciocínio lógico e argumentação. Suas falas apresentam as percepções que têm acerca da educação geral e da necessidade de as Escolas Médicas promoverem essas habilidades:

“Nos tornam indivíduos mais reflexivos” (UFBA, 328).

“Nos ensina que é necessário um discernimento diferenciado no que focar” (UFBA, 67).

“Integração importante da medicina social e formação humanizada” (UFBA, 99).

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“Discussão a respeito de questões da sociedade e culturais” (UFBA, 136).

“Instrumentalizam para conexão dos diferentes conhecimentos” (Unicamp, 443).

“Pode aflorar o pensamento crítico” (Unicamp, 583). “Contato com outras áreas / cursos” (Unicamp, 460). “Fazer vários amigos” (Unicamp, 560).

A importância da educação geral na formação médica revela-se por meio das da LDB, da DCN e do Projeto Pedagógico de Curso. Apesar de poucos terem respondido, os alunos reconhecem sua aplicação ao cotidiano da vida acadêmica, por meio das metodologias didáticas, oferta de disciplinas, coerência docente e avaliações. A maior parte dos alunos respondentes das duas Escolas pouco conhecem a LDB, alguns já leram as DCN, entretanto, muitos conheciam a estrutura curricular de seu curso, fato observado nos três Períodos de ambas as Escolas, com

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