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O presente estudo investigou os efeitos da fadiga muscular induzida por distintos protocolos de TR isométrico em homens idosos na capacidade de produzir força máxima e rápida em duas amplitudes de produção de força (i.e., 80 e 100% do pico isométrico). Após ambos os protocolos a CIVM e a TDTsub não sofreram reduções significantes. Já a TDTmax sofreu significante redução no protocolo isométrico sustentado logo após e 8 min pós-protocolo na janela de 0-50 ms. No entanto, o protocolo isométrico balístico não promoveu quaisquer reduções. Estes achados sugerem que treinamento resistido isométrico balístico de baixo volume é um método que não acarreta fadiga periférica em homens idosos.

5.1 EFEITOS DAS SESSÕES DOS PROTOCOLOS DE TREINAMENTO RESISTIDO A NÍVEL NEUROMUSCULAR E SUBJETIVO

Ao contrário do que foi apresentado em estudos prévios (HÄKKINEN; PAKARINEN, 1995; FERRI et al., 2006; WALKER et al., 2013; ORSSATTO et al., 2018), os presentes protocolos empregados não acarretaram em decaimento da CIVM, a qual seria o parâmetro clássico para evidenciar fadiga periférica. No entanto, este estudo difere dos anteriores supracitidos em diversos aspectos que circundam uma sessão de TR, tais como: volume, intensidade, velocidade, intervalo, tempo sob-tensão e modo de execução. A manipulação dessas variáveis afeta diretamente a instauração de fadiga muscular (TAYLOR et al., 2016). Conforme observado não houve declínio na CIVM após ambos os protocolos. Sabe-se que as reservas energéticas de ATP-CP são as únicas reservas de rápida ressíntese de potencial energético que contribuem para a continuação das máximas contrações musculares, porém são dependentes de tempo (CAPUTO et al., 2009). Por exemplo, no presente estudo o intervalo de recuperação entre as séries seguiu a razão esforço-pausa de 1:2 (P1) e 1:7 (P2) o que seria suficiente para ressíntese de substratos energéticos com os volumes de TR adotados no presente estudo (40 e 45 u.a.). Salienta-se que após o protocolo isométrico sustentado um participante aumentou o valor da CIVM após o protocolo isométrico balístico (P1) e durante o P2 três indivíduos aumentaram substancialmente os seus valores de CIVM pós. Estes resultados são inesperados apesar de ter sido realizado cinco dias de familiarização (tabela 1). Também é importante salientar que fatores externos que corriqueiramente ocorrem fora

ambiente das avaliações como estresse, má noite de sono ou problemas pessoais e familiares podem ter influenciado os resultados.

Por sua vez a instauração da fadiga muscular também pode ser avaliada mediante redução da força rápida (ORSSATTO et al., 2018; BOCCIA et al., 2018) e potência muscular (ASCENSÃO et al., 2003). Nesse sentido, o presente trabalho apresentou a redução na TDTmax após o P2 na janela 0-50 ms (figura 9) o que está em linha com trabalhos anteriores em jovens (BOCCIA et al., 2018). Porém, difere em parte em trabalho com idosos que evidenciou redução na TDTmax 0-50 e 0-200 ms (ORSSATTO et al., 2018). As janelas de análise da TDTmax podem ser separadas em prévias (~25 – 75 ms) ou tardias (~200 ms) a partir do começo da contração muscular. Adicionalmente, as janelas prévias são determinadas por mecanismos neurais enquanto que as janelas tardias por mecanismos contráteis (ANDERSEN; AAGAARD 2006; MAFFIULETTI et al. 2016; RODRIGUEZ-ROSEL et al., 2017). Devido ao envelhecimento os idosos têm redução na quantidade de unidades motoras e fibras musculares de contração rápida, consequentemente ocorre redução na produção de força (POWER et al., 2013). Com isso, esperava-se a redução nos intervalos prévios da TDTmax mesmo com volume de TR baixo.

Nesse sentido, Orssatto e colaboradores realizaram TR até a falha concêntrica utilizaram cargas média (60% de 1RM) e alta intensidade (85% de 1RM) em aparelho leg press horizontal e cadeira flexora. O protocolo utlizado pelos autores induziu reduções de 15-25% versus 6% do presente trabalho durante o P2 na mesma janela de TDTmax analisada. No entanto, não encontramos redução significante para a TDTmax 0- 200 ms como fora reportado pelos autores citados anteriormente (10-20%). Porém, é necessário enfatizar duas situações. Primeiro o volume total do P2 empregado no presente estudo difere do grupo intensidade média (83,5 u.a.), porém é similar em comparação com o grupo de alta intensidade (38,25 u.a.). Além disso, nossos dados de reprodutibilidade e confiabilidade trazem maior solidez aos presentes achados (tabela 3).

Importante salientar que a capacidade de produção de força rápida é preponderante para idosos realizarem as suas tarefas diárias e quiçá laborais (BYRNE et al., 2016; ORSSATTO, 2018), além disso a fadiga momentânea pode acarretar reduções nas tarefas diárias (ORSSATTO et al., 2018). Adicionalmente, o presente trabalho trouxe pela primeira vez a avaliação da fadiga muscular aguda em idosos a avaliação da TDTsub. Segundo Boccia e colaboradores (2018) a TDTsub estaria mais associada a

tarefas diárias em comparação com a TDTmax, pois na maior parte do tempo as tarefas diárias são realizadas a níveis submáximos da força (60-80% do máximo). No entanto, o presente estudo, não houve quaisquer redução em ambos os protocolos (P1 ou P2) para a variável TDTsub bem como os resultados encontrados de estudo anterior com meio- maratonistas (BOCCIA et al., 2018). Este fato pode ter ocorrido devido a baixa e insignificante redução da CIVM (<90%) pós-protocolo, que estaria distante do nível de torque almejado para desenvolver a TDTsub. Além das avaliações neuromusculares citadas anterioromente o presente trabalho também analisou o nível de esforço subjetivo despendido pelos sujeitos por meio da PSE adaptada ao exercício resistido OMNI-RES (FOSTER et al., 2001; ROBERTSON et al. 2003). Este é um método bastante simples e eficaz e já teve a sua validade ecológica avaliada em estudos anteriores (NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010; HADDAD et al., 2017). A PSE é uma importante ferramenta para controle de carga interna durante o treinamento. Adicionalmente, foram feitas 5 visitas prévias de familiarização dos métodos que garantiram bom entendimento e resultados dos participantes. No presente estudo a PSE média durante o P1 foi de 6,3±0,2 (2,5%) e pode ser classificado como “pouco difícil”, enquanto durante o P2 foi de 8,1±0,1 (1,0%) podendo ser classificada como “difícil”. Após o P1 não foram encontradas diferenças significantes entre o nível de PSE, mas houve aumento significante na PSE durante o P2. Porém, não foram encontradas diferenças significantes no nível da PSE após o exercício em ambos os protocolos. Em relação a escala visual analógica de dor também não foram observadas diferenças significativas após os protocolos 1 e 2. A PSE e a escala visual analógica de dor caracterizam dois métodos subjetivos de avaliação.

5.2 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Como todo estudo, este apresenta limitações visualizadas a posteriori. Devido a viagens e compromissos familiares oito dos 15 idosos anteriormente recrutados não puderam participar das sessões de treinamento após os cinco dias de familiarização. O que reduziu o poder estatístico do presente estudo. Adicionalmente, a falta de avaliação da atividade neural durante as avaliações de força máxima e rápida poderiam apontar outros potenciais mecanismos da fadiga muscular. Apesar disso, os dados do atual trabalho apresentam alto grau de confiabilidade de reprodutibilidade o que reduziu a variabilidade bastante comum nas análises de TDT. Outrossim, o presente trabalho traz

de novidade a comunidade acadêmica e que possivelmente transita no ambiente prática que o protocolo de treinamento resistido isométrico balístico pode ser uma maneira de menor fadiga e fadigabilidade para homens idosos fisicamente ativos.

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