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4 ANÁLISE DESCRITIVA DA QUALIDADE DOS DADOS DA POPULAÇÃO

5.5 Discussão dos resultados

Os dados de população e de mortalidade aplicados neste estudo são provenientes dos censos demográficos. Apesar de todas as vantagens que os censos populacionais oferecem, eles têm também desvantagens, pois requerem um maior número de entrevistadores, o que obriga a contratação de pessoas sem qualificações. Isso tem limitado a qualidade de informação colhida e processada. Mas para o caso de Moçambique, os dados do censo permitem estimar alguns indicadores de mortalidade que o registro civil que ainda não tem um banco de dados disponível.

Neste capítulo procurou-se analisar os resultados da aplicação gráfica dos métodos de distribuição de mortes, das probabilidades de morte de pessoas com idades entre 15 e 60 anos, do diferencial da cobertura relativa entre dois censos e das coberturas estimadas de enumeração de óbitos para cinco intervalos etários selecionados (15-59 anos, 25-59 anos, 25-69 anos, 30-64 anos e 30-74 anos). Ainda analisaram-se as esperanças de vida na idade adulta nos períodos entre 1987 e 1997 para Moçambique e entre 1997 e 2007 para Moçambique e suas regiões e as estruturas de mortalidade observadas nos anos 1997 e 2007 e dos períodos.

Os resultados encontrados neste capítulo refletem as características apresentadas pelos dados utilizados neste trabalho. Contudo, os resultados mostram a situação dos dados e dos indicadores de mortalidade adulta em Moçambique e em suas regiões. A avaliação dos dados de população que foi feita para os anos de 1997 e 2007 indica que existe uma maior preferência pelas idades terminadas pelos dígitos 0 e 5. O Censo de 1997 foi realizado no período pós-guerra civil que terminou em 1992 (INE, 2005), num período de muita agitação social e o de 2007 foi feito 10 anos depois. Esperava-se que ao longo

desse período de paz houvesse muita mudança no que diz respeito à qualidade de dados do Censo de 2007 comparativamente ao de 1997, mas os resultados não mostraram alguma melhoria. Pelo contrário, na maior parte das idades e regiões, principalmente para as mulheres a situação piorou, pois apresentam maior preferência pelos dígitos 0 e/ou 5. Isso é consequência do analfabetismo que é elevado nas Regiões Norte e Centro. Essas regiões concentram a maior parte da população de Moçambique. Para além do analfabetismo, a falta de conhecimento da importância da informação declarada por parte da população pode estar por detrás da má qualidade de dados de população em Moçambique. Moçambique (2009) aponta que há pouca consciência da população em registrar os nascimentos e outros eventos nos registros civis, o que pode influenciar nos dados declarados nos censos.

A preferência pelas idades com dígitos terminais 0 e 5 foi verificada também nos dados de óbitos de 2007. Infelizmente não é possível fazer uma comparação com os dados do Censo de 1997 porque não se conseguiu dados de óbitos em idades simples. Como foi visto nos dados de população, a Região Sul apresenta menores atrações e as maiores são registradas nas Regiões Norte e Centro. A maior parte das idades analisadas das Regiões Norte, Centro e do país apresentaram valores muito acima do valor de referência (149,4%). A qualidade dos dados de óbitos está relacionada com má declaração de informação sobre os óbitos ocorridos no domicílio nos últimos 12 meses anteriores ao censo. Como foi dito anteriormente, o analfabetismo e a falta de conhecimento da importância da informação sobre óbitos, conduz aos declarantes a fornecerem informações não concisas sobre o evento ocorrido.

Segundo Moçambique (2009) a população não registra os nascimentos, óbitos e outros eventos demográficos porque não sabe da importância, queixam-se da maior distância que separa os domicílios dos registros civis e falta de dinheiro para pagar o registro. Mas o questionário do censo é aplicado no domicílio. Por isso, o declarante não precisa de se deslocar da sua residência e não paga nada, ou seja, não tem algum custo. Por isso, a má declaração dos dados tanto de população quanto de óbitos está relacionada ao analfabetismo, ao erro de

memória e de referência, à falta de conhecimento da importância de dados declarados.

Para além da avaliação da preferência pelos dígitos terminais, foi feita também outra avaliação da qualidade de dados referente à subenumeração dos dados de mortalidade nos períodos intercensitários. Para Moçambique, tanto para as mulheres quanto para os homens, ocorreu a subenumeração dos óbitos nos dois períodos (1987-1997 e 1997-2007). Do período entre 1987 e 1997 para 1997 a 2007, se verificou alguma melhoria nas coberturas de óbitos, principalmente para os homens. Essa situação era de esperar, pois uma parte do período de 1987/1997 foi caracterizada pela guerra civil (INE, 2005), por isso foi um período de problemas políticos e sociais.

Para as regiões moçambicanas, a análise da cobertura de óbitos foi feita apenas para o período entre 1997 e 2007. Para todas as regiões, notou-se que as mulheres tiveram menor cobertura de óbitos que os homens, fato que foi encontrado em países como Zimbábue (United Nations, 2002), no Brasil (Agostinho, 2009). Na Região Centro de Moçambique, a diferença entre as coberturas de óbitos masculinos e femininos foi muito maior, o que deixou em dúvida neste trabalho se existe alguma razão que pode explicar esse problema. Foi também nessa região onde se verificou a menor cobertura de óbitos, principalmente para os óbitos femininos. A maior cobertura de óbitos foi observada na Região Norte, apesar dessa apresentar maiores problemas de dados que a Região Sul. A Região Sul, para o caso de homens, a menor cobertura de óbitos que a Região Norte está relacionada com a emigração. O fato de a Região Norte apresentar uma maior cobertura de óbitos não significa que os seus dados são de boa qualidade. A maior cobertura de óbitos verificada na Região Norte pode ser consequência de má declaração de óbitos, que teria sobre-estimado os óbitos enumerados no censo. Segundo Hakkert (2011), na pesquisa de follow-up realizado em Moçambique depois do Censo de 2007, notaram que em alguns domicílios onde haviam declarado ter ocorrido algum óbito, na verdade não havia ocorrido algum evento de óbito. Casos como esses podem ter colocado a Região Norte, que é a segunda mais povoada de Moçambique (capítulo 2), com maior cobertura de óbitos.

A aplicação de métodos de distribuição de mortes permitiu fazer ajustes de nível dos dados de mortalidade. Observou-se que o ajuste foi melhor para algumas idades e pior para outras. O maior destaque de não ajuste é das idades avançadas e menores, por causa de exagero e má declaração das idades. Para Moçambique e em ambos os sexos, o ajuste melhorou do primeiro período (1987/1997) para o segundo (1997/2007), em todos os métodos aplicados neste trabalho, possivelmente por causa de alguma melhoria dos dados de óbitos coletados no segundo período.

Um dos indicadores importantes de mortalidade adulta é a probabilidade de morte de pessoas com idades entre 15 e 60 anos. Moçambique não apresentou alguma melhoria no risco de morte na idade adulta durante os dois períodos analisados. Observou-se que as probabilidades de morte são elevadas quando comparadas com alguns países africanos da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), principalmente os insulares (Lopez et al., 2002). Do período entre 1987 e 1997 para o de 1997 a 2007, não se verificou alguma queda das probabilidades de morte de adultos. Pelo contrário, os adultos moçambicanos tendem a aumentar o risco de morte entre as idades 15 e 60 anos. A propagação e aumento dos níveis de HIV/AIDS (capítulo 2) é a maior causa do aumento de probabilidade de morte de um adulto em Moçambique.

Para as regiões moçambicanas, no período entre 1997 e 2007, o risco de morrer dos homens com idades entre 15 e 60 anos é maior na Região Sul comparativamente as outras regiões. O aumento das probabilidades de morte na idade adulta para a Região Sul é explicado pela maior prevalência de HIV/AIDS (GTM, 2008) e pela emigração clandestina (Muanamoha, 2008). Como foi dito anteriormente, quando os emigrantes não forem declarados nos seus domicílios, os métodos consideram como mortos, sobre-estimando a mortalidade dessa região. É possível que na Região Sul tenha acontecido uma omissão dos emigrantes clandestinos, o que teria aumentado o risco de morte da população.

Nas mulheres, no período entre 1997 e 2007, a maior probabilidade de morte foi constatada na Região Centro. Na avaliação dos dados, essa região apresentou os maiores problemas tanto no que diz respeito à preferência pelas idades terminais por certos dígitos quanto à omissão de óbitos. Também, segundo as

características das regiões moçambicanas apresentadas no capítulo 2, a Região Centro foi a primeira a registrar maiores níveis de HIV/AIDS em mulheres em 2001, o que pode ter aumentado o risco de morte delas durante o período entre 1997 e 2007. As evidências da influência da Aids são encontradas quando se analisa a Região Norte que apresenta menores prevalências e que como consequência tem as menores probabilidades de morte de pessoas com idades entre 15 e 60 anos.

Como consequência do aumento das probabilidades de morte de pessoas adultas em Moçambique, se observam menores esperanças de vida das pessoas de 15 e de 60 anos. Tanto os dados diretos como os ajustados indicam que as pessoas de 15 anos tinham em média menos anos para viver até a morte no período entre 1997 e 2007 que no período entre 1987 e 1997. Nota-se nesse caso a maior influência da pandemia de Aids que afeta Moçambique, pois essa tendência não é maior para as pessoas com idades de 60 anos, onde o efeito dessa doença é menor. Nessa idade, nos dois períodos, as pessoas tem um ligeiro aumento do número médio de anos que esperam viver até a morte.

Comparando com as esperanças de vida dos países continentais da Região Austral, nota-se que Moçambique está dentro do padrão regional. Mas quando se compara com as esperanças de vida aos 15 e 60 anos dos países insulares da África Austral, os moçambicanos têm um menor número médio de anos que esperam viver a partir dessas idades.

O impacto negativo das maiores probabilidades de morte da população adulta verificadas é também notável nas regiões moçambicanas. Nota-se uma queda das esperanças de vida aos 15 e 60 anos em todas as regiões. As Regiões Sul e Centro de Moçambique apresentam as menores esperanças de vida aos 15 anos, e uma defasagem de quase 10 anos entre as esperanças de vida calculadas com dados diretos e com dados corrigidos. Quando se analisa a Região Norte, que apresentou menores valores de probabilidades de morte na idade adulta, a diferença entre as esperanças de vida aos 15 anos calculadas com dados diretos e corrigidos é menor, de quase 5 anos.

O aumento das probabilidades de morte fez com que a estrutura de mortalidade em Moçambique e suas regiões mudassem. Quando se analisa as estruturas de mortalidade do ano de 1997 e de 2007, nota-se que tanto para Moçambique como para as regiões, em 1997 a maior mortalidade ocorria nas idades inferiores a 15 anos (FIGURAS C1 a C4, do ANEXO C). A estrutura de mortalidade do ano de 2007 indica que a mortalidade declinou nas idades menores a 15 anos, o que sugere melhorias na prevenção e tratamento de doenças que causavam maior mortalidade nessas idades. Ao contrário, em todas as regiões e no país, com exceção da Região Norte, a mortalidade aumentou nas idades adultas (FIGURAS C1 a C4, do ANEXO C). O aumento deve-se a elevação das prevalências de HIV/AIDS em Moçambique e nas Regiões Sul e Centro (GTM, 2008).

Nos períodos de 1987 a 1997 e de 1997 a 2007, fez-se uma análise das estruturas de mortalidade para Moçambique. Nesses períodos o padrão de mortalidade é o mesmo verificado em muitos países. Mas verifica-se uma mudança da mortalidade do período entre 1987 e 1997 para o período de 1997 a 2007. Os resultados indicam que entre 1987 e 1997 a mortalidade era maior nas idades abaixo de 20 anos. Essa situação foi revertida no período entre 1997 e 2007, onde se nota a diminuição da mortalidade nessas idades e aumento nas idades adultas. Ou seja, ocorreu uma melhoria na mortalidade nas idades menores, e piorou nas idades adultas. Isso é resultado da melhoria das condições de saúde nas idades menores e maior influência da Aids nas idades adultas. No período entre 1997 e 2007, a menor taxa específica de mortalidade se verificou no grupo de idades de 10 a 14 anos, o grupo conhecido como “janela de esperança” (GTM, 2008). Esse grupo recebe essa denominação porque é onde o efeito de HIV/AIDS é menor, pois a maioria das crianças afetadas pela transmissão vertical morre antes de alcançar essas idades. Além disso, as crianças do grupo de 10 a 14 anos ainda não estão muito expostas à vida sexual que é considerada a maior forma de transmissão de HIV/AIDS (GTM, 2008).

No período entre 1997 e 2007 fez-se uma análise comparativa do comportamento da mortalidade entre regiões moçambicanas. Na Região Norte, a mortalidade continua alta tanto quando analisada com dados diretos como com dados corrigidos. Ou seja, essa região moçambicana é que apresentou maiores taxas

específicas de mortalidade que as outras regiões. A mudança do nível de mortalidade é verificada na Região Centro quando se comparam as taxas específicas de mortalidade das calculadas com dados diretos e as com dados corrigidos. Houve um aumento das taxas específicas de mortalidade calculadas com dados corrigidos, o que sugere que nessa região houve uma omissão dos óbitos. Segundo Hill & Choi (2004), a omissão de óbitos provoca a subestimação das taxas de mortalidade. Dentre as regiões, a Região Sul apresentou as menores taxas de mortalidade na população menor de 20 anos.

Enfim, a mortalidade adulta em Moçambique do período 1987/1997 para o período 1997/2007 aumentou devido ao HIV/AIDS que afeta o país, pois as probabilidades de morte aumentaram do primeiro para o segundo período. O mesmo aconteceu com as esperanças de vida aos 15 anos, pois declinaram no segundo período (1997-2007), como consequência do aumento do risco de mortalidade provocado pela Aids. O grande ganho observado em Moçambique é a queda da mortalidade na população menor de 15 anos, o que sugere melhoria no controle e tratamento de doenças que provocam a morte nesse grupo de população.

6 CONCLUSÕES

O conhecimento da dinâmica de mortalidade de um território permite conhecer a saúde da população desse lugar. A existência de dados de população e de óbitos de qualidade permite gerar melhores estimativas de indicadores de mortalidade. Portanto, o conhecimento da qualidade de informação sobre população e de óbitos torna essencial, pois permite definir as metodologias necessárias para aplicar no estudo. Por isso, um dos objetivos neste trabalho foi de avaliar a qualidade dos dados de população e de óbitos dos anos de 1997 e 2007 para o Moçambique e as suas três regiões (Norte, Centro e Sul) usados no trabalho. Para avaliar a qualidade de dados de população foram selecionados e aplicados os índices de Whipple, de concentração em idades simples e segunda medida de Coale e Kisker. Para os óbitos, foram calculados também os índices de Whipple e de concentração em idades simples para o ano 2007 e as razões de óbitos de grupos de idades selecionados para os dados de 1997 e 2007. Os problemas mais frequentes encontrados nos dados de população e de óbitos são a má declaração de idade, exagero da idade com maior destaque nas idades avançadas.

Os resultados obtidos indicam a ocorrência de preferência de idades terminadas por dígitos 0 ou 5. Isso foi constatado em todos os grupos de idades analisados. Também foi encontrado nos resultados para a população o exagero de idade declarada nas idades avançadas, tanto para os homens quanto para as mulheres, mas com maior destaque para os homens. O exagero de idade declarada é comum nas idades avançadas para muitos países, pois às vezes quem responde o questionário do censo não é o próprio idoso. Para o caso de Moçambique muitas pessoas perderam os seus documentos durante o período da guerra civil que ocorreu entre 1976 e 1992 (Geffray, 1991; Moçambique, 2010), o que pode ter prejudicado a declaração da idade da população e dos óbitos com idades avançadas. Nos dados de óbitos, as razões aplicadas indicaram não haver indícios de exagero de idades declaradas, possivelmente pelo fato do padrão

(Brasil) usado para comparação já ter tido uma estrutura de mortalidade envelhecida.

É preocupante a situação da qualidade de dados de população e de óbitos em Moçambique, pois quando se compara os resultados de avaliação de preferência de idades terminadas por dígito 0 ou 5, exagero de idade e razões entre grupos de população, nota-se que de 1997 para 2007 não houve praticamente alguma melhoria. Em algumas idades o problema manteve-se e em outras aumentou. Considerando o período de dez anos que passou entre os dois censos (1997 e 2007), esperava-se uma melhoria significativa na qualidade de dados coletados no Censo de 2007.

Além dessa avaliação da qualidade de dados, foi feita também uma avaliação da cobertura de enumeração de óbitos em Moçambique e nas regiões, usando métodos de distribuição de mortes (equação geral de balanceamento (Hill, 1987), geração extinta (Bennett & Horiuchi, 1981) e geração extinta ajustado (Hill & Choi, 2004; Hill, You & Choi, 2009). Essa análise foi feita para o período intercensitário entre 1997 e 2007, e para o período entre os anos de 1987 e 1997. Constatou-se de forma geral que ocorreu, durante os períodos analisados, uma subenumeração de óbitos. Em alguns grupos de idade, aqueles sensíveis à emigração, para as Regiões Sul, Norte e para Moçambique, no período entre 1997 e 2007 apresentaram uma sobre-enumeração, com maior destaque para a Região Sul, onde ocorreu uma maior emigração ilegal para África do Sul (Muanamoha, 2008).

O ajuste foi satisfatório para algumas idades e pior para outras, principalmente nas idades avançadas e em alguns casos nas idades jovens. Para o período de 1987 a 1997, para Moçambique e em ambos os sexos, registrou-se uma maior subenumeração dos óbitos comparativamente ao período entre 1997 e 2007. Para esse período a tendência pode ser considerada como normal, pois foi um período caracterizado pela guerra civil e de movimentos de repatriamento e reassentamento da população deslocada e refugiada (Noden et al., 2011).

As estimativas de coberturas de óbitos variaram entre 52,9% e 106,7% para os homens e de 33,1% a 93,8% para as mulheres no período entre 1997 e 2007. As estimativas de óbitos sobre-enumeradas no período de 1997 a 2007 foram

obervadas no método de geração extinta, para os homens, em todos os grupos de ajuste selecionados.

Para medir a mortalidade adulta foram calculados probabilidades de morte de pessoas entre 15 e 60 anos de idade e esperanças de vida aos 15 e mais anos. No concernente às probabilidades de morte, observou-se que as calculadas com dados diretos para o período de 1997 a 2007 são mais elevadas que as do período entre 1987 e 1997 para Moçambique. A Região Norte tem menores probabilidades de morte de pessoas entre as idades 15 e 60 anos por ser menos afetada por HIV/AIDS que as outras regiões, no período entre 1997 e 2007.

As probabilidades de morte calculadas depois de ajustes mostraram que Moçambique aumentou as suas probabilidades de morte quando foram aplicados os métodos EGB e GEA. O risco de morrer na idade adulta em Moçambique aumentou de 1987 a 1997 para 1997 a 2007. Quando foram comparadas com as probabilidades de morte entre 15 e 60 anos obtidas por Lopez et al. (2002 apud Ngom & Clark, 2003) para o ano 2000, notou-se que elas são bem próximas, o que indica que os métodos geraram resultados robustos. As probabilidades de morte de idades entre 15 e 60 anos encontradas para Moçambique para o período entre 1997 e 2007 estão dentro do padrão dos países continentais da Região da SADC, que na sua maioria são aqueles países mais atingidos pela Aids. Mas quando se compara com os países insulares da SADC (Maurícias, Seychelles e Madagascar), que são menos afetados pela Aids, as probabilidades de morte de Moçambique são muito elevadas.

Quanto às esperanças de vida aos 15 e 60 anos, as estimadas com dados diretos são mais elevadas que as estimadas com dados corrigidos pelos métodos de distribuição de mortes. A diferença entre elas varia de região para região. Por exemplo, para Moçambique a diferença para homens foi de quase 7 anos e para as mulheres de 10 anos. Para a Região Centro a diferença foi muito maior, para os homens a diferença foi quase 12 anos, ao passo que para as mulheres foi superior a 19 anos.

Quando comparadas com as esperanças de vida de Maurícias, percebe-se que em Moçambique a pessoa de 15 anos espera viver menos tempo. Outra

comparação foi feita com as esperanças de vida aos 15 e 60 anos dos países da

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