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Neste capítulo é feita uma sumarização das análises e dos resultados obtidos na secção anterior. São também discutidos os estilos de compra dos consumidores jovens portugueses, representativos das gerações Y e Z.

Com base na revisão de literatura existente de anos anteriores, encontrou-se uma lacuna no que toca ao estudo de estilos de compra de roupa desportiva pelas gerações Y e Z de nacionalidade portuguesa, com a aplicação da ferramenta CSI, Consumer Styles Inventory, de Sproles e Kendall (1986) na indústria do vestuário, mais precisamente da roupa desportiva. A razão da escolha deste instrumento deve- se ao facto de ser frequentemente utilizado por investigadores de diversos países e, apesar da data do seu surgimento, o CSI continua a mostrar o quão importante este modelo ainda é. O mesmo permite agrupar os consumidores de acordo com diferentes estilos de compra traçando as suas características.

Quanto ao questionário, este permitiu obter 296 respostas das quais apenas 213 foram utilizáveis. Tal deve-se ao facto de, depois de introduzir os dados obtidos no software estatístico SPSS v25, 83 questionários não corresponderem à nacionalidade pretendida pela investigação. Especula-se que seja erro da própria plataforma de formulários Google Forms que não permitiu a coexistência de duas questões de filtro no mesmo grupo, a nacionalidade e se o consumidor compra roupa desportiva, assumindo apenas a segunda.

Deste modo, foram tidos em consideração um total de 213 questionários de inquiridos aleatórios, de ambos os géneros (feminino e masculino), pertencentes a diversos níveis de escolaridade, que serão discutidos à frente.

A investigação efetuada, com base nas respostas obtidas, resultou em nove fatores, nomeadamente “consumidor atento à moda e às novidades”, “consumidor perfecionista, consciente da qualidade”, “consumidor confuso pela oferta

excessiva”, “consumidor consciente da marca e do preço como indicadores de qualidade”, “consumidor recreativo e hedónico”, “consumidor impulsivo”, “consumidor economizador de tempo gasto durante uma compra”, “consumidor leal à marca” e “consumidor atento e consciente do preço”. É de destacar que destas nove dimensões duas coincidem na sua totalidade com os resultados propostos pelos autores do estudo original, sendo elas “consumidor confuso pela oferta excessiva” e “consumidor leal à marca”.

As dimensões que melhor explicam o público português da amostra em causa são a moda, o seu lado perfecionista e adepto de qualidade e, também, a confusão que sentem perante a oferta excessiva. Como se trata de um consumidor orientado e atento à moda e às tendências, este associa um sentimento de prazer à sua ida às compras por roupa desportiva visto que considera esta atividade como sendo divertida.

O facto de a segunda dimensão a ser encontrada ser relativa ao consumidor perfecionista, orientado pela qualidade, demonstra a tendência que este tem para adquirir produtos que, na perspetiva dele, contenham todas as especificações e atributos que lhe são importantes, com especial atenção à qualidade do artigo. Apesar da confirmação da dimensão relativa à confusão criada face à quantidade de informação disponível, o relato dos jovens entrevistados coincide com estudos anteriormente efetuados onde este fator não é unicamente negativo. A comunicação feita pelas lojas e marcas, quando claramente explícita, pode facilitar a escolha e o processo de compra ao consumidor, frequentemente com atenção no que toca à sua situação financeira (Sramova & Pavelka, 2019).

Consumidor consciente da marca e do preço como indicadores de qualidade é outra das dimensões com valores elevados, que mostram a grande preferência dos consumidores pelas marcas mais conhecidas. É por esta razão que os mesmos elegem grandes nomes presentes no mercado, como o caso da Nike e da Adidas,

pois além de compram um artigo de qualidade, na opinião deles, também estão a adquirir um produto que passa a mensagem com a qual eles se assemelham. No entanto, a lealdade foi a segunda dimensão a obter valores mais reduzidos, o que permite pressupor que os consumidores jovens portugueses, apesar de serem leais a certas marcas, estão dispostos a experimentar novos nomes emergentes no mercado.

A confirmação da dimensão da prática de uma compra impulsiva por parte dos jovens portugueses leva a entender que muitas vezes os consumidores têm tendência a adquirirem artigos sem pensar, chegando a se arrepender mais tarde. Contudo, como se trata de uma amostra populacional extremamente informada dos produtos existentes à venda, tal como corroborado por Valaei e Nikhashemi (2017), pode-se considerar que a sua copra por impulso seja devido à familiarização que estes tenham com as marcas às quais são leais.

Analisando as diferenças entre géneros na amostra em causa, averiguou-se uma maior predominância do grupo feminino com características hedónicas e recreativas, e uma especial atenção aos preços praticados no mercado. Isto vai de acordo com os resultados da análise qualitativa realizada nesta investigação o que é igualmente comprovado por Sung e Jeon (2009). Os mesmos autores ainda indicam que, de facto, são os homens que tendem a dedicar o mínimo tempo possível para a aquisição de um novo produto. Os valores mais elevados apresentados pelos homens neste aspeto revela que, estando eles familiarizados com as opções de produtos disponíveis em lojas, físicas ou virtuais, a sua conservação de tempo para uma compra é muito importante para eles. Do mesmo modo, com base no focus group efetuado, a diferença entre géneros mostra sem significativa, sendo o género masculino apologista de uma compra rápida, fácil de se realizar em minutos, enquanto as mulheres mencionam necessitarem, no mínimo, de uma hora e meia para a mesma tarefa.

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