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Os resultados mostram que 70 (100%) das entrevistadas são do sexo feminino, e que 14 (20%) trabalham em casa, segundo Pereira, 2008, tal cenário reflete uma proporção de mulheres na informalidade, desprotegidas de qualquer regulamentação que lhes garanta importantes direitos sociais, como carteira de trabalho assinada e licença – maternidade, compatível com a pesquisa executada das manicures no mercado informal de Belém.

Com relação à Escolaridade das manicures nota-se um predomínio de 22 (31,4%), daquelas que possuem nível médio incompleto, percebe-se, então, que a escolaridade é um fator preponderante para a escolha da atividade, tal achado é compatível com o encontrado nas pesquisas feitas em Belém por Pereira, 2008.

Quanto à qualificação profissional 41 (58,6%) das entrevistadas não realizaram nenhum curso de capacitação para ser manicure, segundo Garbaccio et al, 2013, nos salões de beleza, o risco potencial da transmissão cruzada de microrganismos entre manicures, pedicures e clientes é potencializado pela pouca qualificação e capacitação destes profissionais para as medidas de biossegurança.

Quanto ao conhecimento sobre hepatite B, 46 (65,7%) sabem o que é hepatite B, quanto a Hepatite C, 34 (48,6%) afirmam saber do que se trata, mas 35 (50%) não sabem.

No que diz respeito à forma mais grave da Hepatite, se é a B ou a C, 4 (5,7%) responderam ser a Hepatite B e outros 30 (42,9%) responderam ser a Hepatite C, mais uma vez observamos a falta de conhecimento pela maioria das manicures. Segundo as entrevistadas, o órgão mais acometido pela hepatite é o fígado, com 44 (62,9%), o que também revela um conhecimento inadequado.

É muito relevante notar na pergunta o que a pessoa sente quando está com hepatite 47 (50,5%), as entrevistadas responderam alteração da coloração da pele, este é um conhecimento do senso comum e também nos mostra a falta de informação

sobre a doença para a maioria das entrevistadas. Segundo trabalho feito por Gildo Junior, 2005, os principais sintomas são: astenia, dor abdominal. Os sinais mais observados foram palidez cutâneo-mucosa, eritema palmar e telangiectasia.

Quanto ao conhecimento como pega hepatite a via sexual foi apontada por , 26 (37,1%), sendo que 19 (27,1%) relataram que a transmissão se dá por contato de pessoa a pessoa e apenas 16 (22,9%) respondem que pegam hepatite em contato com o sangue. Tal achado é compatível com o trabalho feito por Gildo Junior no Amazonas em 2005.

Segundo Miyazaki, 2005 para a hepatite C foi apontoada a principal forma de transmissão as drogas endovenosas, seguidos por relações sexuais, hemodiálise e perinatal.

De acordo com Ferreira, 2000, a infecção persistente pode resultar em cirrose, insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular. Dentre as complicações existentes as mais evidenciadas pela amostra estudada foi à cirrose hepática com 40 (37%), seguida do câncer de fígado com 34 (31,5%) das respostas como a pergunta possuía as duas alternativas podemos inferir que as mesmas manicures marcaram cirrose hepática também marcaram câncer de fígado.

Sobre a imunização, segundo Strauss, 2000, não há vacina protetora até o momento para a Hepatite C. Segundo as entrevistadas, para hepatite B 29 (41,4%), afirmam que existe e para Hepatite C 49 (70%) não sabem, mas 14 (20%) afirmam que existe vacina. Sobre quem deve tomar a vacina para hepatite 49 (70%) afirmam que todas as pessoas.

Segundo as entrevistadas quem apresenta maior risco para contrair a hepatite são as pessoas que partilham objetos de uso pessoal como barbeadores, escovas de dente, alicates de unha sem esterilização com 30 (42,9%), e 19 (27,1%) atribuem o risco a quem pratica sexo sem uso de preservativo. O artigo de Lúcia Maia, 2011, apresenta outros riscos como drogas injetáveis e pela via vertical (de mãe para filho)

Quanto a atitudes em relação às Hepatites B e C, os resultados deste estudo foram classificados como inadequados, pois a prevalência das respostas não atingiu o patamar de 70 a 89%. Podemos verificar que a maioria das entrevistadas acha que para se evitar a Hepatite B e C deve-se usar preservativos 23 (32,4%), seguido de evitar partilhar objetos pessoais com 21(29,6%). Nota-se que poucas pessoas sabem sobre a vacina quanto à hepatite B.

Na pergunta como evitar a transmissão da hepatite no trabalho a grande maioria 35(47,9%) acha que a melhor forma seria os próprios clientes trazerem seus materiais, seguido de lavar o material em solução química. Aqui novamente podemos observar que as entrevistadas não tem conhecimento sobre a doença e principalmente sobre como evitar a transmissão da mesma. As manicures entrevistadas orientam os clientes a trazer seus próprios materiais.

Apenas 21 (29,6%) das entrevistadas afirmaram evitar partilhar objetos pessoais, aparelhos de barbear, escova de dente, brinco e cortadores de unhas; 23(32,4%) afirmaram usar preservativos. como forma de evitar pegar hepatite.

Quanto a prevenção, 35(47,9%) orientam o cliente a levar seu material, mas não há aqui, como afirmar a aderência da clientela – esse é o tipo de saber que pode ser passado de pessoa para pessoa.

Segundo as entrevistadas, 57 (81,4%) afirmaram limpar o material colocando direto na estufa e 62 (88,6%) esterilizam na estufa, mas apenas 24(34,3%) o fazem por um período de 30 minutos. Segundo as normas da ANVISA (ANVISA) NADAV/DIMCB/ANVISA 2009, os instrumentos precisam permanecer durante uma hora a 170ºC ou duas horas a 160ºC

Somente 5 (7,1%) apenas, afirmam lavar o material com água e sabão. Schunck, 2009, responsável por pesquisa feita no município de São Paulo, na qual observou, por 1000 horas, o trabalho de 100 manicures/pedólogos, constatou que embora as entrevistadas afirmem ter alguns cuidados no ofício, sequer lavam as mãos entre um e outro atendimento. Segundo a pesquisadora, a esterilização também não é adequada, muitas vezes por não se conhecer o procedimento.

Entretanto, um inquérito sorológico para hepatites B e C em manicures e pedicures do Município de Uruguaiana/RS (Mezzomo, 2011), revelou que embora os resultados apontassem baixa prevalência da hepatite B entre as profissionais, as participantes do estudo demonstraram estar muito conscientes quanto aos meios de prevenção que devem ser utilizados para proteger a própria saúde e a de suas clientes.

Nas questões relativas às práticas sobre as Hepatites B e C, 55 (74,3%) colocam pó cicatrizante sobre o ferimento e nenhuma entrevistada admitiu colocar o dedo direto no ferimento; 59 (84,3%) não usam luvas para atender suas clientes. 34 (48,6%) admitem usar instrumentário dos salões para fazer a própria unha. 55 (78,6%) negam entrar em contato com o sangue de cliente machucada. Não entrar em contato com o sangue da cliente que foi machucada é adequado, mas não suficiente.

Das entrevistadas, 46 (65,7%) responderam que já tomaram vacina para Hepatite enquanto 7 (10%) responderam que não tomaram. Citamos também que 16 entrevistadas (22,9%) responderam que não sabem se tomaram vacina ou não.

“A possibilidade do VHB resistir em superfícies e objetos na temperatura ambiente por um período de até sete dias e a sobrevivência em artigos usados por manicures e pedicures não reprocessados corretamente aumentam a chance de infecção pelo VHB e também pelo VHC, apresentando potencial risco de transmissão diretamente proporcional à freqüência do contato com sangue contaminado” (Garbaccio, 2013). Não se analisou neste trabalho, as normas de biossegurança, a estrutura física dos salões de beleza – sob a perspectiva dos parâmetros da Referência Técnica para o Funcionamento dos Serviços de Estética e Embelezamento sem responsabilidade médica, da ANVISA, NADAV/DIMCB/ANVISA 2009. Mas não se pôde deixar de notar que nenhum dos estabelecimentos entrevistados segue tais normas.

Verificou-se nas pesquisas que os salões de beleza funcionam normalmente em parte do lote onde reside a proprietária do estabelecimento. Não há preocupação com extintores de incêndio, aventais, equipamentos de proteção individual (EPI),

lixeiras em quantidade, nem salas reservadas para esterilização apartadas de copas.

O ambiente de trabalho desses profissionais oferecem riscos à saúde. É nesse sentido que se pode afirmar que há indícios de potencial risco de transmissão do vírus das Hepatites B e C nesse tipo de estabelecimento, pelas incidências de acidentes perfurocortantes com instrumentos compartilhados (lixas de unha, bacias, lâminas de barbear, alicates, tesouras, etc.). Os dados apontam para conhecimentos, atitudes e práticas inadequadas sobre as Hepatites B e C nos salões de beleza do Recanto das Emas/DF.

CONCLUSÃO

Através desta pesquisa feita em 70 salões de beleza da Cidade Recanto das Emas – DF pode-se observar que manicures e pedicures atuam em salões de beleza e como autônomas, pois podem trabalhar em suas próprias casas, fazendo pequenas adaptações em algum dos cômodos para receber os clientes, ou em domicílio, se deslocando até a casa dos clientes para realizar sua atividade.

Verifiquei através da análise dos dados e das discussões, que as entrevistadas tem pouco conhecimento das Hepatites B e C, além de não conhecerem as características e formas de transmissão da doença. Isto se deve ao pouco grau de estudo e falta de cursos profissionalizantes. Como a maioria das entrevistadas trabalha em casa ou em salões pequenos, não tem acesso a práticas modernas e higiênicas para prevenção de qualquer tipo de doença, incluindo a Hepatite.

Porém, verificou-se que tanto o grau de conhecimento, como as atitudes e práticas em relação à hepatite B e C são de pouco conhecimento. Como nem sempre se exige profissionalização da categoria, as questões teóricas sobre a profissão deixam a desejar. Não há noção específica do risco que correm em contrair patologias, tampouco há preocupação no uso de equipamentos de segurança individual. Não há diferenciação clara entre equipamentos de uso individual e único, descartáveis e os que podem ser utilizados por diversos clientes. Também não há diferenciação entre os que podem ser higienizados com limpezas feitas apenas com produtos químicos e aqueles nos quais a esterilização é necessária.

A hepatite viral é um problema de saúde pública com significativo nível de morbidade e mortalidade. Verificamos que as manicures e pedicures do Recanto das Emas desconhece a possibilidade de vir a ser portadora e ser um elo importante na transmissão do vírus da Hepatite B e C. Por isso, o estudo da incidência de hepatites virais tem tanta relevância: se não há como documentar o número de indivíduos atingidos e conseqüentemente, potenciais multiplicadores da doença; tem, ao menos, a oportunidade de verificar e orientar para observação do cartão de vacinas; pode alertar para as medidas de biossegurança com relação às doenças; e

por fim, pode promover informação, tornando as participantes do estudo co-responsáveis pela promoção da saúde e pela multiplicação do conhecimento.

Diante dos resultados encontrados nesta pesquisa, percebe-se à necessidade de estratégias para a mudança de hábito e costumes dessas profissionais. O fortalecimento da autonomia das profissionais como essência do processo educativo, além de considerar os saberes e opiniões, deve congregar os contextos das vulnerabilidades ambientais, sociais, culturais.

Porém necessita de articulação com a SES – DF por meio de subsecretaria de atenção primária a luz do processo similar a integração dos profissionais manicure e pedicure, para capacitar na atualização dos cuidados com saúde de forma permanente.

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