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A incidência de infecções fúngicas superficiais e profundas tem aumentado significativamente ao longo dos últimos 20 anos. Várias razões têm sido proposta para o aumento da incidência de infecções fúngicas, incluindo o aumento do uso de medicamentos antineoplásicos e imunossupressores, antibióticos de amplo espectro, próteses, enxertos e cirurgias mais agressivas (DONNELLY et al., 2008). Com a crescente resistência as drogas antifúngicas disponíveis comercialmente, pesquisas são realizadas no intuito de se obter alternativas de tratamento (LI, 2013). Por isso, autores estão realizando continuamente estudos na área de TFD, as quais têm mostrado efeito bactericida e fungicida em microrganismos orais (MAVER-BISCANIN, 2005). A alta taxa de mortalidade das infecções invasivas por cândida e disponibilidade limitada de agentes antifúngicos eficazes torna necessário desenvolver novas terapias antifúngicas. (LI, 2013) sendo importante notar que a TFD reduz a habilidade de a CA causar uma infecção sistêmica (KATO, 2013). A CUR entra nesse contexto sendo um composto natural capaz de inibir o crescimento CA, assim como atuar sinergicamente com outras drogas (GARCIA-GOMES et al, 2012), além de possuir potencial efeito fototóxico contra células de levedura (DOVIGO et al 2011)

Sendo assim estudou-se nessa pesquisa a possibilidade da TFD como tratamento complementar e adicional na eliminação da cândida.

A pesquisa, in vitro, avaliou o efeito o efeito antimicrobiano dessa terapia na fotoinativação de uma cepa de Cândida albicans, por meio do agente fotossensibilizador curcumina, nas concentrações de 15 e 30 μg/ml e da irradiação com um Diodo Emissor de luz (LED/455nm) (600mW/cm2) em um único tempo de incubação de 3 minutos.

Optou-se pelo uso da Curcumina, visto que, como já descrito anteriormente, ela tem um potencial antimicrobiano na TFD (DOVIGO et al., 2011; DOVIGO et al., 2011; ALVES, 2011; ANDRADE, 2011; ANDRADE et al., 2013, LEITÃO, 2014), se enquadrando em vários critérios de um ótimo fotossensibilizador, principalmente o de baixa toxicidade no escuro. Apresenta também máxima capacidade de absorção

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de luz em comprimentos de onda próximo ao azul (por volta de 450nm) (SHARMA et al., 2005; GARCIA-GOMES et al., 2012). Este espectro electromagnético é compatível com os aparelhos que empregam diodos emissores de luz (LEDs), os quais emitem luz numa estreita faixa de comprimento de onda. Os Leds são aparelhos com preços mais comumente usados e de fácil manipulação sendo encontrados na maioria dos consultórios odontológicos, mesmo nos sistemas públicos de saúde, pois são utilizados na fotopolimerização de resinas compostas.

O tempo de pre-irradiação de 3 minutos foi escolhido de acordo com a observação de alguns trabalhos revisados, onde Leitão (2014) avaliou a efetividade da TFD mediada pela curcumina associando diferentes concentrações (15 e 30) e

doses de luz (36, 108 e 180Jcm3) em culturas planctônicas de Cândida albicans num

TPI de 5 minutos concluindo que houve inativação total do microrganismo em todos

os parâmetros. Nesse estudo, a CUR de concentração de 15μg/ml e na dose de luz

36Jcm3 (1minuto), já foi eficiente. Isso serve de subsidio para se testar a elaboração

de novos protocolos no tratamento das infecções relacionadas à Cândida albicans.

Ribeiro et al. (2005) preconiza que o TPI ideal de um fotossensibilizador deve variar de 1 a 10 minutos, sendo esse tempo suficiente para que o agente fotossensível possa se ligar à célula microbiana, fotossensibilizando-a. De acordo com Lambrechts, Aalders, Van Marle (2005), o aumento nesse tempo de pré-irradiação não altera a quantidade de fotossensibilizador que entra na célula previamente à iluminação, nem tão pouco a efetividade da TFD, pois buscando entender o mecanismo de ação dessa terapia em Cândida albicans verificou-se, através de microscópio de fluorencência que o FS liga-se a membrana celular, mas pouco penetra para o interior da célula, e após irradiação ocorre um dano letal a membrana; observou ainda que aumentando o TPI não houve o aumento do influxo do FS para dentro da célula.

Alves (2011) observou em seu trabalho que o não houve diferença estatisticamente significante entre diferentes tempos de pré-irradiação por ele analizados (1, 5 ,10 e 20 minutos), concluindo que a inativação celular ocorreu de forma concentração-dependente e não tempo de pré-irradiação dependente.

No presente estudo a redução do tempo de pré-irradiação para 3 minutos não prejudicou a eficiência da TFD, visto que a cândida não cresceu no grupo da terapia

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fotodinâmica, concordando com os estudos acima citados. Trata-se de um resultado relevante quando se pensa parte clínica do tratamento, onde o tempo de sessão dea aplicação da terapia será menor.

A maioria dos estudos sobre fotoinativação de cândida investigam variações no tipo ou na concentração dos fotossensibilizadores e não variam as densidades de energia da fonte utilizada. Rossoni et al. (2008) usando o Laser como fonte de luz, verificou que densidades de energias mais elevadas proporcionaram maior inativação da Cândida albicans. Dovigo et al. (2011), utilizando o LED como fonte de luz, também observaram maiores índices de inativação com densidades de energias mais elevadas.

Nesta pesquisa observou-se completa inativação dos microorganismos independente da densidade de energia empregada ou concentração da Curcumina.

Nota-se nos resultados que o grupo controle da solução salina (Grupo 1) houve crescimento dos microrganismos, apresentando a média de crescimento mais elevada. Ocorreu uma leve diminuição no grupo LED (Grupo 2) quando se usou o LED com 1 e 2 minutos de aplicação, entretanto sem diferença significativa em relação ao grupo 1 (p>0,05). Observando que a luz emitida isoladamente não produz inviabilização celular da Cândida estudada. Esses achados corrobam com vários estudos (ALVES, 2011; ANDRADE, 2011; ANDRADE, 2013, DOVIGO et al., 2011; DOVIGO et al., 201; MARTINS, 2009)

Alguns estudos já confirmam o potencial terapêutico da curcumina, como seu efeito anti-inflamatório, antioxidante, antibacteriano, antifúngico e antitumoral (MARTINS et al., 2009; EPTEIN; SAMDERSON; MACDONALD, 2010; RAJASEKARAN, 2011). Isso deve justificar a redução de crescimento quando usado a Curcumina de 15 μg/ml e mais ainda a de 30 μg/ml, pois quando comparamos a alguns grupos notamos uma redução de UFC significante, onde se verifica que a média foi mais elevada quando foi utilizada a solução Salina, seguido dos grupos em que foram utilizados apenas a LUZ LED, e logo após dos grupos com apenas Curcumina 15 e Curcumina 30 e foram todas nulas quando foi utilizado o corante Curcumina combinado com a luz LED, sendo comprovada diferença significativa entre os grupos (p < 0,001), com diferenças significativas entre: cada um dos grupos

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solução Salina e Curcumina 30 e dos grupos com cada um dos outros grupos não combinados.

O efeito máximo de inativação celular foi no grupo de TFD, onde foi usado o Curcumina como fotossensibilizador combinado com a luz de LED, independente da concentração de CUR ou do tempo de irradiação pelo LED. Comprovando assim que a Terapia fotodinâmica com a Curcumina como fotossensibilizador e o LED apresenta toxicidade para Cândida albicans nos parâmetros aqui usados.

Esta pesquisa concorda com diversos estudos (ALVES, 2011; ANDRADE, 2013, LEITÃO, 2014), que também observaram a completa inativação das células de Candida albicans usando este mesmo fotossensibilizador associado ao LED. Sendo este um resultado bastante positivo, pois esse fungo apresenta-se como a mais prevalente espécie envolvida em infecções (LYON et al., 2011), representam uma das micoflora oportunistas da cavidade oral com especial importância para a saúde humana (GRICE, 2012), provoca micoses superficiais e doença sistêmica disseminada (PFALLER, 2007), entretanto Zeina et al. (2001) relataram que a Candida albicans, assim como outros fungos são menos susceptíveis aos efeitos da TFD que as bactérias gram-positivas, necessitando de maiores doses de luz e de maiores concentrações do agente fotossensibilizador. Ela diz que isso se deve ao fato da presença de membrana nuclear nos fungos, ao maior tamanho celular e ao menor numero de sítios para ação oxigênio singleto por unidade de volume.

Nesse trabalho, mesmo a TFD, com a curcumina em menor concentração obteve ação eficaz contra a cândida na eliminação total pela inativação de seu crescimento.

No estudo de Alves (2011), naqueles grupos onde não foram usados a TFD, não houve inativação das UFCs, provando que somente o corante e apenas a irradiação sem corante não foi capaz de inibir o crescimento dos microganismos de maneira satisfatória. No entanto, os grupos que foram irradiados associados ao corante ao LED (TFD) com o tempo de 6 e 3 minutos, mostrando-se sensíveis a esta terapia. No presente trabalho a inativação já ocorreu no tempo de 1 minuto, assim como no trabalho de Leitão (2014).

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Esse trabalho traz, do ponto de vista clinico, muitas vantagens para a aplicabilidade dessa terapia, pois no tempo de pré irradiação de 3 minutos e de irradiação de 1 minuto as cepas de cândida já terem sido inativadas oferece um tratamento mais rápido e com menor desconforto ao paciente. Concordando com o que Maver-Biscanin, Stipetic-Mrvak e Jerolimov (2005) dizem: Que essa terapia é muito viável em paciente imunodeprimidos, idosos, ou crianças os quais se sentem incomodadas em casos de tratamento mais demorados, pouco afetivos e com efeitos colaterais. Sendo estes os principais motivos de queixa e desistência dos pacientes a tratamento.

Uma das grandes vantagens do uso da TFD é que ela não promove o aparecimento de resistência às cepas. O efeitos bioquímicos e funcionais da fotoativação incluem a inativação de enzimas e a peroxidação de lipídeos através do oxigênio singleto, causando danos a membrana celular, lisossomos e mitocôndrias. O oxigênio singleto gerado pela excitação do fotossensibilizador é um agente oxidante não específico, não havendo, portanto defesa celular contra o mesmo. Ainda não se relatou na literatura a ocorrência de mutações genéticas em microrganismos decorrentes da TFD. Outros fatores que contribuem para que os fungos não desenvolvam resistência é o fato de que o oxigênio singleto está presente apenas durante a irradiação e os fundos não são constantemente expostos ao mesmo como são os antifúngicos convencionais (DONNELLY; MCCARRON; TUNNEY, 2008). Sendo aqueles pacientes imunocomprometidos muito favorecidos com a TFD, visto que, são acometidos por infecções oportunistas recorrentes e os antifúngicos convencionais não surtem melhora no quadro.

Características ainda precisam ainda ser bem definidas e estabelecidas para o uso dessa terapia em clínica, como por exemplo, o protocolo correto no tocante a tempo de pré irradiação, concentração mínima que propicie o melhor resultado e sem apresentar efeito toxico para células teciduais.

Foi visto nesse estudo e por vários outros (DOVIGO et al., 2011; DOVIGO et al., 2011; ALVES, 2011; ANDRADE, 2011; ANDRADE et al., 2013, LEITÃO, 2014) que a TFD mediada pela CUR em associação com o LED é, in vitro, uma alternativa válida para inibição do crescimento da Candida Albicans. Sugere-se agora novos estudos in vivo para melhorar a técnica em condições clínicas.

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