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5.1. RAZÃO SEXUAL:

Macrobrachium carcinus apresentou uma distribuição regular durante todo período de

estudo. A proporção sexual encontrada foi de 1 macho para 1 fêmea (1M:1F) (X2=0,117; GL=1; p=0,73), proporção esperada para a população. No entanto, quando comparado por mês amostrado, este estudo mostrou que houve diferença significativa na proporção sexual a favor dos machos nos meses de fevereiro, abril, agosto/2014 e dezembro/2015 (p<0,05) e a favor das fêmeas no mês de agosto/2017.

Autores como Lima, Silva e Lira (2013) também constataram em sua análise da razão sexual para a população em geral de M. jelskii na Lagoa dos Índios/Amapá, que não houve diferença significativa, porém, quando comparados mensalmente, foi observado um predomínio de machos e fêmeas em diferentes meses , assim como ocorreu no presente estudo para M.carcinus, na região do BSF/AL.

Resultado semelhante a estes também se fizeram presente no trabalho realizado por: Fukuda e Bertini (2013) na região do Vale do Ribeira-SP com M. carcinus, onde não houve diferença estatística da proporção esperada de (1M:1F); por Queiroz et al. (2007) para M.

carcinus no Estuário Norte da Amazonas, Macapá/AP (1M: 0,8 F); por Mattos e Oshiro, 2009

para M. potiuna no Rio do Moinho/RJ; e por Mossolin et al.(2013) para a espécie do mesmo gênero, M. jelskii, no Estado de São Paulo (0,93 M : 1F), em nenhum desses estudos houve, para a análise geral, uma diferença significativa da esperada de 1:1, mostrando haver um equilíbrio populacional total atribuído pela ausência de desvio significativo entre os sexos, corroborando com os resultados encontrados no presente trabalho.

Já Tenório (2012) em seus estudos com M.carcinus em três localidades do Baixo Rio São Francisco (Pão de Açúcar, Propriá e Piaçabuçu) constatou que houve predominância de fêmeas em quase todo o período estudado, já no presente trabalho, essa distribuição geral entre o número de machos e fêmeas mostrou-se bem equilibrado, sendo dos 24 meses de coletas realizadas entre 2014/2017, em 12 meses houve predominância de machos e nos outros 12 meses as fêmeas predominaram.

Razão sexual diferente da esperada de 1:1, também foi encontrada por Santos e Fontelles-Filho (2016) em seu trabalho com M. acanthurus no estuário do rio Japaratuba/SE, no qual foi encontrada uma razão favorável aos machos com diferença significativa (1,4M: 1F). Lima, Cruz e Silva (2015) para M. surinamicum na foz do rio Amazonas observou

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predominância significativa a favor das fêmeas (1M: 1,6 F); por Costa, Mattos e Machado (2016) para M. amazonicum em dois lagos de várzea da Amazônia (1M: 2,6F) e Tamburus, Mossolin e Mantelatto (2012) para M. acanthurus na costa norte do Estado de São Paulo (1M: 1.8F).

De acordo com Wenner (1972) razões sexuais desviadas da proporção esperada de 1:1 são amplamente difundidas entre os crustáceos. Os desvios na proporção de sexo podem ser uma consequência das diferenças de tamanho, mortalidade e taxas de natalidade entre machos e fêmeas entre outros fatores, como taxas de muda, dispersão, reprodução e migração diferencial (BOTELHO et al. 2001).

5.2 PERÍODO REPRODUTIVO

As 142 fêmeas ovígeras coletadas durante todo o período de estudo foi observada com maior frequência entre os meses de dezembro a abril, com pico reprodutivo no mês de fevereiro, havendo um período de repouso nos meses de junho a outubro. Os períodos de alta atividade reprodutiva para M. carcinus coincidiram com os períodos mais quentes do ano, onde foram registradas as temperaturas mais elevadas, durante os quatro anos de estudo. O que sugere que a incubação e a desova para essa espécie ocorreu sazonalmente para todo o período estudado na região do Baixo São Francisco/AL, entre a UHE de Xingó e a foz do rio, corroborando com os resultados encontrados por Tenório (2012) quando encontrou em seus estudos, realizados em três localidades do BSF, que o período reprodutivo para M. carcinus ocorreu em determinados meses (agosto a abril), havendo também um período de repouso (outubro), sendo considerado o pico reprodutivo no mês de fevereiro quando houve um maior número de fêmeas ovígeras capturadas, assim como ocorreu no presente estudo.

Os resultados do presente trabalho corroboram também com os encontrados por Fukuda e Bertini (2013), na região do Vale do Ribeira/SP, os quais mostraram que a atividade reprodutiva para M.carcinus se concentrou nos meses mais quentes do ano (outubro a abril), com a maior porcentagem de fêmeas ovígeras nesta época.

Já Lima, Da Cruz e Silva (2015), encontraram em seu trabalho com fêmeas ovígeras de Macrobrachium surinamicum, na foz do rio Amazônia, período reprodutivo contínuo com picos reprodutivos de março a julho, diferente dos resultados encontrados para o presente trabalho com M. carcinus, espécie do mesmo gênero, onde as fêmeas ovígeras estiveram presentes em apenas determinados meses do ano, durante o período de estudo.

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Assim como ocorreu também nos estudos realizados por Soares, Oshiro e Toledo (2015) com Macrobrachium jelskii no Rio São Francisco/MG, onde fêmeas ovígeras foram registradas durante todos os meses de coleta. A maior frequência ocorreu em janeiro a montante e novembro a jusante, ocorrendo no período chuvoso-quente para ambos os meses. Argumento semelhante foi encontrado no presente trabalho para M. carcinus, a jusante do Rio São Francisco/AL, com maior ocorrência de fêmeas ovígeras em fevereiro, considerado período quente para a região.

Os diferentes meses de períodos reprodutivos encontrados por diferentes autores de acordo com cada região de estudo, dá indícios de que a época reprodutiva de M. carcinus apresenta variação, conforme a região geográfica estudada. Porém, o pico reprodutivo, para as espécies analisadas, ocorreu invariavelmente em meses quente e/ou quente-chuvosos com temperaturas mais elevadas, sendo provavelmente esse o padrão reprodutivo para a espécie, independente da região.

5.3 FECUNDIDADE:

A fecundidade absoluta estimada para a população de M. carcinus analisada para o presente trabalho foi de 1.333,33 a 121.583,33 ovos, mostrando-se inferior à observada por Lara e Wehrtmann (2009) em pitus provenientes da Costa Rica (América Central), que encontraram fêmeas de M. carcinus portando um número de ovos entre 14.420 a 242.437 por fêmea.

Em estudos feitos por Müller et al. (1999) com Palaemonidae na bacia hidrográfica do Ratones (SC), o número de ovos encontrado para as duas fêmeas ovígeras de M. carcinus amostradas foi de 7.728 e 10. 186 ovos/postura, número bem inferior ao encontrado no presente trabalho. Macrobrachium carcinus apresenta fecundidade bem superior a muitas outras espécies do mesmo gênero, bem como M. brasiliense, M. potiuna e M. jelskii (GARCIA-DÁVILA, 2000; ANTUNES e OSHIRO, 2004), a fecundidade para essas espécies não ultrapassam a quantidade de 200 ovos por fêmea, porém, as espécies citadas são todas de pequeno porte.

A fecundidade no presente estudo foi também superior àquela estimada para M.

amazonicum, com fecundidade variando entre 115 e 1765 ovos, M. acanturus com

fecundidade individual estimada entre 740 a 17.769 ovos e M. olfersii com fecundidade individual variando de 445 a 9052 ovos (SENA e MELO, 2010; VALENTI, MELLO e LOBÃO, 1989; AMMAR, MULLER e NAZARI, 2001). No entanto, estas três espécies são

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de médio porte. O fato de Macrobrachium carcinus produzir maior número de ovos comparado a outras espécies do mesmo gênero possivelmente deve estar associado ao seu porte, que é um dos maiores entre todas as espécies de Macrobrachium, podendo o adulto atingir um comprimento total de 170–250 mm para os machos e de 130 a 170 mm para fêmeas ovígeras, segundo Melo (2003) e Coelho et al. (1982), com isso possuem maior ovário e espaço abdominal aumentado para a incubação dos ovos, produzindo grandes quantidades de ovos. Os resultados do presente estudo mostram que as fêmeas ovígeras foram, em sua maioria, de grande porte e que o número de ovos que carregaram em seu abdômen aumentou conforme o tamanho da fêmea foi aumentando.

5.4. TAMANHO DA 1ª MATURAÇÃO SEXUAL (L50)

De acordo com Freire, Marques e Silva. (2012), o tamanho de primeira maturação sexual (L50) é um fator de extrema importância em que conduz a utilização sustentável dos estoques pesqueiros evidenciando tamanhos mínimos de captura do estoque avaliado e conduz medidas de ordenamento pesqueiro da espécie na área estudada.

O tamanho de primeira maturação sexual (L50) para Macrobrachium carcinus no presente estudo foi estimado em 14,86 mm de CC para fêmeas e 14,94 mm CC para machos. Atingindo o tamanho de primeira captura para a população com 28, 23 mm CC para fêmeas e 28, 17 mm CC para machos, estes valores mostraram-se superiores ao encontrado por outros autores para espécies do mesmo gênero como: M. surinamicum na Baía do Guajará-PA, o L50 encontrado para fêmeas foi de 5,47 mm CC e para machos 8,85 mm CC (CAVALCANTE, 2012). No entanto, Lima, Cruz e Silva (2015) na foz do rio Amazonas (Amapá e Pará) encontraram para fêmeas de M. surinamicum o comprimento da primeira maturidade (L50) estimado em 23,7 mm CT.

No estuário do rio Japaratuba-SE, Santos e Fontelles-Filho, (2016) encontraram para a população de M. acanthurus um tamanho de primeira maturação igual a 11,9 mm de CC.

Bentes (2011) encontrou em seus estudos com M. amazonicum na regiao das ilhas de Belém-Pará, o valor de L50 estimado em 11, 5 mm de CC para machos e 11, 2 mm de CC para fêmeas. Em M. potiuna, estudado por Antunes e Oshiro (2004), na serra do Piloto/ RJ, a maturidade sexual foi verificada aos 6,1 mm de comprimento de carapaça.

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