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5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.4 DISCUSSÕES

Esta seção pretendeu analisar conjuntamente os resultados obtidos nas seções anteriores, com objetivo de identificar relações de causa e efeito entre esses resultados e responder ao problema de pesquisa definido na introdução.

A partir do referencial teórico apresentado no Capítulo 2, foi possível constatar que tanto a literatura (RISTOFF, 2008; SCAGLIONE 2011; CREUTZBERG E CASARTELLI 2014 e

outros) quanto a regulação da educação superior apontam para a necessidade de interação entre os processos de planejamento e avaliação interna. Contudo, não existe uma orientação definitiva especificando como deve acontecer esse diálogo. Esse fato pode ser claramente observado pela pluralidade de maneiras que as universidades federais realizam essa interação em seus PDIs.

No âmbito da UFSM, os resultados obtidos por meio dos procedimentos adotados para verificar como se deu a interação entre os processos de avaliação interna e planejamento estratégico na construção do PDI 2016-2026 (seção 5.1) demonstraram que não há indícios de uma articulação efetiva. Ainda que o texto do PDI mencione a utilização dos resultados da Pesquisa de Autoavaliação Institucional como pano de fundo para a construção do mapa estratégico, trata-se de uma menção isolada, uma vez que o documento não especifica de que forma esses resultados foram utilizados. Além disso, pode-se inferir que participação de representantes das Comissões Setoriais de Avaliação nas reuniões com a comunidade interna também não configura indício concreto de interação, já que o formato pré-definido dessas reuniões não contemplou a apresentação dos resultados das pesquisas de Autoavaliação Institucional e Avaliação Docente, nem conferiu aos representantes uma atuação distinta dentre os demais participantes. Em outras palavras, ainda que representantes das CSAs tenham sido convidados a participar das reuniões, a participação ocorreu estritamente da maneira estruturada pela Comissão Executiva, sem considerar os resultados da avaliação interna.

A partir dos resultados obtidos na seção 5.1, foi possível concluir que a relação verificada entre os objetivos estratégicos e as questões que compõem os instrumentos analisados (subseção 5.2.2) é meramente acidental. Em consequência disso, a conexão entre as questões e os objetivos, quando analisados isoladamente, é, na maioria das vezes, superficial, uma vez que os temas abordados nas questões apenas tangenciam os (inúmeros) temas abordados nos objetivos. Um dos motivos identificados para a precariedade dessas associações foi a prolixidade dos objetivos estratégicos, que demandou a utilização não usual da técnica da análise de conteúdo para compreender o que, de fato, a Instituição pretende alcançar no período de vigência do PDI 2016-2026 (subseção 5.2.1). Mesmo após a preparação dos objetivos, ainda foi possível observar uma quantidade exagerada de aspectos a serem observados na sua verificação, impossibilitando, na maioria das vezes, uma associação precisa e definitiva com as questões analisadas.

Não obstante, o erro primordial identificado na construção do PDI 2016-2026 foi a falta de um rol definitivo de indicadores para a verificação dos objetivos estratégicos. A partir da relação inicial de indicadores apresentada no documento, foi possível perceber que as lacunas deixadas pela falta de outros indicadores quantitativos foram preenchidas por índices de

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satisfação (seção 5.1). Como os índices relacionados não estão contemplados nas pesquisas de autoavaliação, percebe-se que a intenção dos criadores do PDI 2016-2026 era ou de criar um instrumento próprio para a avaliação dos objetivos ou de que as pesquisas de avaliação interna fossem remodeladas de forma a contemplar a criação de todos esses índices. Essa segunda tendência pôde ser verificada com a opinião expressada pelo Participante 2 do grupo focal, membro da Comissão Executiva do PDI 2016-2026, de que o objetivo da avaliação interna é medir os resultados do PDI (seção 5.3).

Segundo a Lei 10.861/04, a avaliação interna tem como objetivo identificar o perfil e o significado de atuação da Instituição, considerando as diferentes dimensões institucionais. Embora não exista uma obrigatoriedade de que os objetivos estratégicos sigam as dimensões determinadas pelo SINAES, pode-se inferir que, no momento em que os gestores transferem uma parte significativa da responsabilidade de verificação desses objetivos para as pesquisas de autoavaliação, existe uma necessidade intrínseca de que esses objetivos estejam alinhados às dimensões pré-definidas que, para o processo de avaliação interna, são obrigatórias. A desconsideração dessas dimensões na estruturação do mapa estratégico do PDI é outro impedimento identificado para a interação efetiva e satisfatória entre os processos de planejamento e avaliação interna.

Além disso, outro aspecto ignorado pelos autores do PDI é que a CPA, conforme previsto na Lei 10.861/04, é uma comissão de atuação autônoma em relação a conselhos e demais órgãos colegiados existentes Instituição. Então, ainda que houvesse uma orientação da gestão para a reconstrução dos instrumentos de forma a atender as necessidades do PDI, caberia à Comissão decidir como conduzir o processo de avaliação interna na Instituição.

Não obstante, considerando o fato da avaliação interna ser um processo consolidado na Instituição, especialmente no que tange à pesquisa de Autoavaliação Institucional, o grupo focal entendeu que o cenário futuro mais viável de interação entre os processos de planejamento estratégico e avaliação interna no âmbito da UFSM seria a manutenção dos instrumentos utilizados com a inclusão de alguns temas pertinentes apontados durante a verificação da relação entre os objetivos estratégicos e questões.

Finalmente, em atendimento ao problema de pesquisa, é possível concluir que as pesquisas de avaliação interna aplicadas atualmente pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) podem ser utilizadas para medir os resultados institucionais de acordo com uma parcela dos objetivos traçados no PDI 2016-2026, sem prejuízo de outros indicadores, já que alguns objetivos não podem ser medidos por esse tipo de pesquisa.

5.5 PROPOSTA DE QUESTÕES A SEREM INCLUÍDAS NOS INSTRUMENTOS DE