• Nenhum resultado encontrado

Alguns trabalhos com enfoque no padrão estrutural já foram feitos no sistema TBV-TBR. Auler e Smart (1999) sugeriram desenvolvimento de cavernas por meio de controles estratigráficos e dobramentos suaves. Teixeira et al. (2001) mencionaram a presença de fraturamento paralelo aos eixos de dobras e com direção N-S e ENE-WSW.

A quantificação de direções preferenciais para estruturas e para os condutos do sistema TBV-TBR permitiu a elaboração de diagramas de roseta, projeções ciclográficas e de pólos. A distribuição espacial dos eixos de dobras e a similaridade direcional destes com os azimutes dos condutos indicaram a presença de padrão de interferência de dobras (domos e bacias). Este redobramento é responsável pela geometria e desenvolvimento de condutos cársticos e também estão relacionados com a formação de rotas preferenciais para o fluxo hipogênico. Os mapas estruturais da TBV-TBR representam os sistemas de anticlinais, que influenciaram na circulação de fluxo e controlaram o desenvolvimento de condutos.

A comparação de dados estruturais do sistema TBV-TBR com o padrão regional de deformação indica dois eventos deformacionais. O primeiro F1 corresponde a trend compressional N-S e NNW-SSE (Brito Neves et al. 2012, Caxito e Uhlein, 2013) provavelmente relacionados a eventos do Brasiliano (750-650 Ma) em carbonatos da Formação Salitre. O segundo evento F2, com trend compressional NNE-SSW e E-W, pode estar relacionado aos cinturões móveis ao redor do cráton São Francisco (Faixa Riacho do Pontal) ou pode ser deformação local.

Existe também controle estratigráfico para o sistema TBV-TBR. O carste se desenvolve principalmente nas unidades 1-3 (Cazarin et al., 2014, 2015). A unidade 1 inclui grainstones médios, a unidade 2 são grainstones finos com nódulos de chert e a unidade 3 são carbonatos microbiais. A unidade 4 atua com siliciclásticas e margas atua como barreira de fluxo (Cazarin, 2015). Uma vez que o fluxo atinge este nível ele circula lateralmente. A unidade 5 corresponde a grainstones com chert. A fig. 4.12 representa um provável modelo do sistema TBV-TBR. Este modelo considera o padrão de domos e bacias e fraturas N-S e E-W. Em meso-escala a distribuição de juntas e estilólitos corroboram os eventos F1 e F2.

A partir de dados estruturais dos condutos foi possível correlacionar a deformação do sistema cárstico hipogênico TBV-TBR com a tectônica regional relacionada à compressões na margem do cráton São Francisco (Faixa Riacho do Pontal). O sistema se desenvolveu nos eixos de anticlinais que formam padrão de superposição do tipo domos e bacias, com trend N-S (F1) e E-W (F2) e fraturas associadas a carbonatos neoproterozoicos da Formação Salitre. Os condutos das cavernas foram divididos em cinco domínios, com direções preferenciais NNE-SSW e E-W, que correspondem às principais direções para a dissolução hipogênica. As principais estruturas encontradas estão relacionadas com o evento Brasiliano, na margem norte do cráton São Francisco, entre 750-540 Ma.

Portanto, conclui-se que o estudo de estruturas geológicas em carstes carbonáticos é relevante para entender como as feições estruturais auxiliam no desenvolvimento de processos cársticos. Tais feições podem ter relação com a deformação regional e podem ser previstas.

Referencias

ALKMIN F.F., BRITO NEVES B.B. & CASTRO ALVES J.A., 1993. Arcabouço tectônico do Cráton do São Francisco - Uma revisão. In: J.M.L. Dominguez & A. Misi (eds.) O Cráton do São Francisco, SBG/Núcleo BA/SE/SGM/CNPq, p. 45-62.

ALKMIN F.F., CHEMALE Jr. F., ENDO, I., 1996. A deformação das coberturas proterozóicas do Cráton do São Francisco e o seu significado tectônico. Rev. Escola de Minas, 49, 1, 22-38.

ALMEIDA, F.F.M., 1977 O Cráton do São Francisco. Revista Brasileira de Geociências, 7, 4, 349-364.

AULER, A. S.; SMART, P. L., 2003. The influence of bedrock-derived acidity in the development of surface and underground karst: evidence from the Precambrian carbonates of semi-arid northeastern Brazil. Earth Surface Processes and Landforms, 28, 2, p. 157–168.

AULER, A.S.; SMART, P.L., 1999. Toca da Boa Vista, Bahia state – the longest known cave in the Southern Hemisphere. In: Schobbenhaus, C.; Campos, D.A; Queiroz, E.T.; Winge, M.; Berbert-Born, M. Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil.

BEZERRA, F.H.R.; TAKEYA, M.K.; SOUSA, M.O.L.; NASCIMENTO, A.F., 2007. Coseismic reactivation of the Samambaia fault, Brazil. Tectonophysics, v. 430, p. 27- 39.

BIZZI, L. A.; SCHOBBENHAUS, C.; VIDOTTI, R. M. et al. Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil: texto, mapas e SIG. Brasília: CPRM, 2003. 674 p. BONFIM, L.F.C.; ROCH, A.J.D.; PEDREIRA, A.J.; MORAIS, J.C., P; GUI-MARES, J.T.; TESCH, N.A. 1985. Projeto Bacia de Irecê. Salvador, CPRM. (Relatório Final). BRITO NEVES, B.B., SANTOS, R. A. dos, CAMPANHA, G. A., 2012. A discordância angular e erosiva entre os grupos Chapada Diamantina e Bambuí (Una) na folha Mirangaba-Bahia. Geologia USP, Série Científica 12, 99–114.

CAZARIN, C. L. CONTROLE FACIOLÓGICO DO SISTEMA CÁRSTICO HIPOGÊNICO DE CAMPO FORMOSO, BA: Sistema conduto-barreira. (Dissertação de Mestrado) - Rio de Janeiro: UFRJ / IGeo, 2015. 34f.

CAXITO, F. D. A., UHLEIN, A., 2013. Arcabouço tectônico e estratigráfico da faixa Riacho do Pontal. Geonomos 21, 19–37.

DOMINGUEZ, J. M. L., 1993. As Coberturas do Cráton do São Francisco: Uma Abordagem do Ponto de Vista da Análise de Bacia. In: Salvador, Sociedade Brasileira de Geologia, Núcleo (Bahia-Sergipe), p. 173-159.

FORD, D.C., WILLIAMS, P.W., 1989. Karst Geomorphology and Hydrology. Unwin Hyman, London.

FORD D.; WILLIAMS P., 2007. Karst hydrogeology and geomorphology. Wiley. 562 pp.

FORD, D.C.; EWERS, R.O., 1978. The development of limestone caves in the dimensions of length and depth. Canadian Journal of Earth Sciences, 15, 1783-1798. GUIMARÃES, J.T. 1996. A Formação Bebedouro no Estado da Bahia: Faciologia, Estratigrafia e Ambientes de Sedimentação. Salvador, (Dissertação de Mestrado), 155 f. Instituto de Geociências, UFBA.

GREMAUD, V., GOLDSCHEIDER, N., SAVOY, L., FAVRE, G., MASSON, H., 2009. Geological structure, recharge processes and underground drainage of a glacierised karst aquifer system, Tsanfleuron-Sanetsch, Swiss Alps.- Hydrogeology Journal, 17, 8, 1833–1848.

Grupo Bambuí, 2013. Disponível em: http://www.bambui.org.br/.

KARMANN, I. 1994. Evolução e dinâmica atual do sistema cárstico do alto Vale do rio Ribeira de Iguape, sudeste do estado de São Paulo. (Tese de doutoramento) IGC-USP. 241 pp.

KLIMCHOUK, A., 2007. Hypogene Speleogenesis: Hydrogeological and Morphogenetic Perspective. 106 pp.

KLIMCHOUK, A., 2009. Morphogenesis of hypogenic caves. Geomorphology, 106, 1-2, p.100–117.

KLIMCHOUK, A.; TYMOKHINA, E.; AMELICHEV, G., 2012. Speleogenetic effects of interaction between deeply derived fracture-conduit flow and intrastratal matrix flow in hypogene karst settings. International Journal of Speleology, 41, 161–179.

KOLEINI, M.; ROOY, J. L. VAN; BUMBY, A., 2013. Hypogenic Karstification and Conduit System Controlling by Tectonic Pattern in Foundation Rocks of the Salman Farsi Dam in South-Western Iran. International Journal of Environmental Earth Science and Engineering, 7, 5, p. 93–100.

KRESIC, N., 1995. Remote Sensing of Tectonic Fabric Controlling Groundwater Flow in Dinaric Karst. Remote sensing Environment, 90, 53, p. 85–90.

LAGOEIRO, L.E. 1990. Estudo da deformação nas seqüências carbonáticas do Grupo Una, na região de Irecê, Bahia. Dissertação de Mestrado, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, 105 p.

LOWE, D.J. 1992. The origin of limestone caverns: an inception horizon hypothesis. (Ph.D.dissertation), Manchester Polytechnic University,U.K., 512 p.

MISI, A., SILVA, M.G. Chapada Diamantina Oriental - Bahia: Geologia e Depósitos. Salvador: SGM, 194 p., 1996. (Série de Roteiros Geológicos).

MISI, A.., KAUFMAN; A.J., VEIZER; J., POWIS, K.; AZMY, K.; BOGGIANI, P.; GAUCHER, C.; TEIXEIRA, J.; SANCHES, A.; IYER, S. 2007. Chemostratigraphy correlation of Neoproterozic successions in South America. Chemical Geology 237, 143-167.

MISI, A., VEIZER, J., 1996. Chemostratigraphy of Neoproterozoic Carbonate Sequences of the Una Group, Irecê Basin, Brazil. In: Anais Congresso Brasileiro de Geologia. Sociedade Brasileira de Geologia, Salvador 5, 487–489.

OSBORNE, R. A. L., 2001. Karst Geology of Wellington Caves : a review Phases of Cave Development. Helictite, 37, 1, p. 3–12.

OSBORNE, R., ZWINGMANN, H., POGSON, R., COLCHESTER, D., 2006. Carboniferous clay deposits from Jenolan Caves, New South Wales: implications for timing of speleogenesis and regional geology. Australian Journal of Earth Sciences, 53, 377-405.

PALMER, A. N., 2011. Distinction between epigenic and hypogenic maze caves. Geomorphology, v. 134, n. 1-2, p. 9–22.

PALMER, A.N., 2003. Speleogenesis in carbonate rocks. Speleogenesis and evolution of karst aquifers, v. 1, n. 1, p.1-11.

PALMER, A.N., 2000a. Hydrogeologic control of cave patterns. In: Klimchouk, A., Ford, D., Palmer, A., Dreybrodt, W. (Eds.), Speleogenesis: Evolution of Karst Aquifers. National. Speleological Society, Huntsville, p. 77–90.

PALMER, A. N., 1991. Origin and morphology of limestone caves. Geological Society of America Bulletin, 103, p. 1–21.

ROMANOV, D.; DREYBRODT, W.; GABROVSEK, F., 2002. Interaction of Fracture and Conduit Flow in the Evolution of Karst Aquifers. Speleogenesis and evolution of karst aquifers, n. 1, p. 2–7.

SAURO, F.; ZAMPIERI, D.; FILIPPONI, M., 2013. Development of a deep karst system within a transpressional structure of the Dolomites in north-east Italy. Geomorphology, v. 184, p. 51–63.

STRINGFIELD, V.T.; RAPP, J.R.; ANDERS, R. B., 1979. Effects of karst and geologic structure on the circulation of water and permeability in carbonate aquifers. Journal of Hydrology, v. 43, p. 313–332.

SRIVASTAVA, N. K. 1986. Os Estromatólitos do Projeto Bacia de Irecê II. Natal:s./s.n./. 9p. Trabalho de consultoria para CPRM. inédito.

TENNYSON, R., TERRY, J., BRAHANA, V., HAYS, P., POLLOCK, E., 2008. KARST AQUIFER SYSTEMS Tectonic Control of Hypogene Speleogenesis in the Southern

Ozarks — Implications for NAWQA and Beyond. USGS scientific investigations report, p. 37–46.

TÎRLĂ, L.; VIJULIE, I., 2013. Structural–tectonic controls and geomorphology of the karst corridors in alpine limestone ridges: Southern Carpathians, Romania. Geomorphology, v. 197, p. 123–136.

TRAN, H., NGO, C., HOANG, Q., NGUYEN, Q., 2011. Structural controls on the occurrence and morphology of karstified assemblages in northeastern Vietnam: a regional perspective. Environmental Earth Sciences, v. 70, n. 2, p. 511–520.

WORTHINGTON, S.R.H., FORD, D.C., 1995. High sulfate concentrations in limestone springs: an important factor in conduit initiation? Environmental Geology 25, 9–15

WHITE, W.B., 1988. Geomorphology and Hydrology of Karst Terrains. Oxford University Press, New York. 464 pp.

YAN, C.; LUO, G.; WANG, Y.; CHEN, M.; ZHAN, Q., 2008. Compressive Structural Control on Karst Development. Sinkholes and Engineering and Environmental Impacts of Karst, p. 54–61.

Documentos relacionados